segunda-feira, 9 de novembro de 2020

BIDEN FALA EM MEDIDAS E TRUMP É PRESSIONADO PARA DESISTIR DE QUESTIONAR A ELEIÇÃO

 

Biden detalha medidas e Trump sofre pressão interna para admitir derrota

Campanha de democrata aponta quatro ações prioritárias: combate à pandemia de coronavírus, recuperação econômica, igualdade racial e mudanças climáticas; ex-presidente George W. Bush felicita vencedor e eleva número de republicanos que reconhece revés

Beatriz Bulla, correspondente, O Estado de S.Paulo

08 de novembro de 2020 | 21h55

 

WASHINGTON - O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, começou a trabalhar na transição de governo e atualizou neste domingo, 8, tem os planos de ação em um site que deve informar a população sobre o trabalho feito até a posse. Já o presidente Donald Trump voltou a questionar a lisura do processo eleitoral americano e não reconheceu a vitória do opositor, enquanto parte dos republicanos o pressiona para admitir a derrota.

 

A campanha de Joe Biden informou através do novo site as quatro prioridades imediatas de seu governo: o combate à pandemia de coronavírus, a recuperação econômica, igualdade racial e mudanças climáticas.

Entre as medidas já informadas do projeto de controle do vírus estão: dobrar o número de locais de teste de covid em sistema drive-thru e “imediatamente restabelecer” a relação dos EUA com a Organização Mundial da Saúde, “que – embora não seja perfeita – é essencial para coordenar uma resposta global durante uma pandemia”, diz o plano.


O presidente eleito Joe Biden e a vice-presidente eleita, Kamala Harris  Foto: Erin Schaff/The New York Times

Sobre mudanças climáticas, o time de transição informa que “Biden sabe como se posicionar ao lado dos aliados dos EUA, enfrentar adversários e se nivelar com qualquer líder mundial sobre o que deve ser feito. Ele não apenas voltará a comprometer os EUA com o Acordo de Paris – ele irá muito além disso”.

Durante a campanha, Biden afirmou que vai recolocar os EUA no Acordo climático de Paris no primeiro dia de seu governo. “Ele está trabalhando para liderar um esforço para fazer com que todos os principais países aumentem a ambição de suas metas climáticas domésticas”, diz o site. Em debate com o presidente Donald Trump, Biden falou que pretende reunir países para oferecer um fundo ao Brasil para comprometimento com a preservação da Floresta Amazônica.

O presidente eleito não teve compromissos públicos no domingo. Ele foi à igreja católica que frequenta em Wilmington, cidade onde vive. De lá, atravessou a rua para uma visita ao cemitério onde estão enterrados seu filho Beau, sua primeira mulher, Neilia, e a terceira filha, Naomi. Já Trump passou 4 horas e meia no seu clube de golfe, enquanto publicava mensagens no Twitter. Ele voltou à Casa Branca no meio da tarde. As únicas manifestações do republicano nos últimos três dias foram pelas redes sociais.

Em uma postagem no Twitter, Trump publicou na manhã de domingo uma fala do criminalista Jonathan Turley sobre a suposta “história de problemas eleitorais” no país. O presidente argumenta que houve fraude na eleição, mas segue sem apresentar provas. “Devemos olhar para os votos. Estamos apenas começando o estágio de tabulação. Devemos examinar essas alegações. Estamos vendo uma série de declarações de que houve fraude eleitoral”, teria dito Turley, segundo a publicação de Trump.

Também na rede social, Trump questionou o fato de a imprensa ter informado o resultado da eleição. Sem um órgão eleitoral centralizado como o Tribunal Superior Eleitoral brasileiro, o anúncio de vitória do presidente dos EUA é tradicionalmente feita pela mídia a partir dos dados de votos contabilizados fornecidos por cada Estado.

A agência de notícias Associated Press é reconhecida por projetar o presidente vencedor desde 1848 nos EUA. Em 2016, a agência declarou Donald Trump como vitorioso às 2h29 da madrugada posterior ao dia da eleição. Trump não questionou o fato de a imprensa anunciar o resultado na ocasião.

Pressão.

Cresce a pressão nos bastidores do Partido Republicano para que Trump reconheça a vitória de Joe Biden, embora publicamente o partido permaneça dividido. A principal manifestação do domingo partiu do ex-presidente George W. Bush. Ele é o único ex-presidente republicano vivo e, ao felicitar Biden e Kamala pela vitória, disse que “o povo americano pode confiar que essas eleições foram fundamentalmente justas, sua integridade será mantida e seu resultado é claro”.

O republicano e ex-governador de New Jersey Chris Christie disse em uma entrevista ao canal ABC que a resistência em parte do partido em reconhecer a vitória de Biden se deve ao fato de Trump insistir na ideia de contestar a eleição. “Se sua base para não admitir (a derrota) é que houve fraude eleitoral, mostre-nos. Porque se você não pode nos mostrar, nós não podemos fazer isso. Não podemos apoiá-lo cegamente sem evidências”, afirmou Christie, um aliado do presidente.

O senador pelo Estado de Utah e candidato à presidência em 2012 pelo Partido Republicano, Mitt Romney, disse que Biden é um “homem de caráter” e que pretende estabelecer um bom relacionamento com ele. Mas disse esperar que Trump “aceitasse o inevitável”. “Ele é quem ele é

O BRASIL NÃO SE INTEGRA COM O MUNDO

 

O Brasil briga com o mundo

Resistência em reconhecer vitória de Joe Biden é mais um episódio da desastrosa política externa do país

 

Por RICARDO CORRÊA

Na coluna Política em Análise, o editor de O TEMPO, Ricardo Corrêa, repercute a posição do governo brasileiro em relação à eleição de Joe Biden para presidente dos Estados Unidos e cita o isolamento do Brasil no cenário internacional.

 


 

Uma rápida consulta nos levantamentos mensais e acumulados da balança comercial brasileira não deixa dúvidas. Hoje, os maiores parceiros comerciais do país são: China, principalmente, União Europeia, Estados Unidos e Argentina. Em razão de posicionamentos ideológicos extremos, o Brasil caminha, neste momento, para ter atritos com todos eles ao mesmo tempo.

O caso mais recente é o da vitória de Joe Biden nas eleições norte-americanas. Quebrando uma histórica da diplomacia brasileira, o presidente Jair Bolsonaro, seus familiares e aliados fizeram campanha aberta para Donald Trump. Nunca esconderam que preferiam que o atual presidente continuasse no poder. Quando Biden, em um debate, afirmou que pressionaria pela preservação da Amazônia, a resposta foi a pior possível do ponto de vista diplomático. Bolsonaro disse que o Brasil, “"diferentemente da esquerda, não mais aceita subornos” e “infundadas ameaças”.

Mas a situação poderia começar a mudar se o comportamento fosse mais pragmático após a vitória de Biden. Ainda que Trump não reconheça o resultado, o novo presidente será o democrata, e o mundo inteiro já percebeu isso. Inclusive países governadores pela direita ou pela extrema-direita, como a Hungria, a Polônia, a Índia ou a Arábia Saudita. O Brasil optou por ficar no fim da fila e isso trará consequências graves.

Hoje, se o país ainda não enfrenta sanções internacionais pesadas pelo péssimo controle ambiental e por violações de direitos humanos, pode-se atribuir isso a ainda boa relação com os Estados Unidos. O atual governo brasileiro parece querer romper com essa única linha de defesa.

É bom lembrar que antes de criar constrangimentos diplomáticos com o presidente eleito dos Estados Unidos, o governo do Brasil já desancou por diversas vezes a população argentina por escolherem um presidente de direita, ataca diariamente a China, desqualificando a vacina vinda de uma empresa daquele país e ameaçando proibir a entrada da tecnologia chinesa no 5G e, por diversas vezes, já trocou farpas com os principais líderes da União Europeia em debates ambientais.

Hoje, o Brasil se isola no mundo. Abre mão da política da boa vizinhança. Compra qualquer briga que aparece. E isso terá consequências econômicas e políticas. Para preservar discursos eleitorais, o governo Bolsonaro coloca em risco empregos e investimentos no país, o que, muito em breve, custará caro para o país e também para ele.

LUCIANO HUCK PRETENDE SER CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

 

Huck intensifica conversas por 2022

Apresentador faz movimentos à esquerda e à direita em busca de articulação para uma eventual candidatura à Presidência da República

Por ESTADÃO CONTEÚDO

 

 


Luciano Huck pode ser candidato a presidente em 2022


Enquanto a eleição de 2022 não chega, o apresentador de TV Luciano Huck faz movimentos à esquerda e à direita em busca de articulação para uma eventual candidatura à Presidência da República. Nos últimos meses, Huck se reuniu com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), políticos, pesquisadores e representantes de setores empresariais. O encontro mais recente ocorreu com o ex-ministro da Justiça e ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, e foi visto com ressalvas pelos conselheiros e articuladores do projeto eleitoral de Huck.

O núcleo que acompanha os movimentos do apresentador vê Moro como um nome ainda muito ligado à direita. Embora tenha rompido com o presidente Jair Bolsonaro, sua passagem recente pelo governo federal poderia tirar o caráter centrista que os apoiadores de Huck gostariam de dar a uma eventual candidatura. O encontro entre os dois, que ocorreu no último dia 30 no apartamento de Moro, em Curitiba, foi revelado ontem pelo jornal Folha de S.Paulo. O Estadão confirmou que eles almoçaram juntos

Presidente do Cidadania, o ex-deputado Roberto Freire, que já abriu as portas do partido para Huck e tem atraído líderes de movimentos de renovação, disse ao Estadão que já sabia que Huck se encontraria com Moro. Ele defendeu o diálogo, apesar das diferenças políticas que tem com o ex-juiz, e afirmou que a prioridade para 2022 deve ser combater Bolsonaro.

"(Uma eventual união de Huck com Moro) é problemática? Claro que sim, mas (o debate) tem que começar agora para dar tempo de as pessoas se convencerem de que é importante unir oposições democráticas contra o bolsonarismo. Veja o que os Estados Unidos fizeram. Não vejo convergência entre meu partido e o Moro, mas prefiro a direita lavajatista do que Bolsonaro. Se a pessoa quiser se integrar, não podemos excluí-la por causa das companhias com quem ela andava", afirmou.

Nem todos os políticos que têm tido contato com Huck pensam desse jeito. Também defensor de uma frente democrática para enfrentar o bolsonarismo em 2022, Flávio Dino disse que Huck "explode pontes" ao se aproximar de Moro. "Existe uma rejeição profunda a Moro na política e no mundo jurídico. É visto como extremista e mau caráter. Quem com ele se junta explode pontes e abre mão de ser um aglutinador", disse.

Neste domingo, 8, antes de comentar o encontro entre Huck e Moro, Dino postou no Twitter uma crítica ao ex-ministro por ter gravado vídeo em defesa de Capitão Wagner (PROS), candidato a prefeito de Fortaleza, acusado pelo governador Camilo Santana (PT) de ter incentivado o motim de policiais em fevereiro. "Moro grava vídeo para um extremista líder de motim. Começou muito mal sua tentativa de se reinventar como referência do 'centro'", escreveu. Wagner nega ter incentivado o motim e diz ter atuado pelo fim da paralisação.

O governador do Maranhão é um dos principais interlocutores de Huck na esquerda, já foi apontado como possível vice em uma chapa com o apresentador e defendeu publicamente a aproximação entre o global e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem é aliado.

Renovação

O encontro entre Huck e Moro também repercutiu negativamente entre integrantes de movimentos de renovação política, como o RenovaBR e o Agora!, apadrinhados por Huck. Esses grupos tentam manter um caráter apartidário, recebendo integrantes de diferentes espectros políticos, e acham que a identificação de Moro com a direita pode atrapalhar a divulgação desta bandeira. Em nota, o RenovaBR, que tem Huck no Conselho Consultivo, disse que "questões políticas particulares" do apresentador "não dizem respeito ou afetam o trabalho" do grupo.

Procurados, Moro e Huck não responderam até a conclusão desta edição.

Em setembro, o Estadão mostrou que, durante a pandemia, Huck intensificou conversas com políticos mirando 2022. Em evento na Associação Comercial de São Paulo no dia 22 daquele mês, ele foi questionado se tinha "coragem" de ser candidato a presidente. "Estou aqui", respondeu. A declaração destoou de comentários anteriores em que o apresentador evitava sinalizar de forma objetiva se pretende ser candidato.

O apresentador tem conversado com várias correntes políticas, mas tem evitado ser assertivo sobre seu futuro político. Aliados de Huck temem que, uma vez que a pré-candidatura seja oficializada e ele se filie a uma sigla, o apresentador perca espaço na TV e entre grupos da sociedade que não querem se associar a um determinado grupo político.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...