segunda-feira, 9 de novembro de 2020

CENTRÃO QUER O MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA

 

Apagão no Amapá põe Minas e Energia na mira

Coluna do Estadão

 

 


Foto: Dida Sampaio/Estadão

Centrão quer aproveitar o triste episódio do apagão no Amapá para aumentar a carga sobre o Palácio do Planalto. O poderoso bloco parlamentar tenta, desde o ano passado, apear Bento Albuquerque da cadeira de ministro. Agora, o caos provocado pela falta de energia elétrica no Estado da Região Norte abriu uma janela de oportunidade e colocou a pasta de Minas e Energia em situação delicada: as previsões de restabelecimento total da normalidade são para o próximo final de semana. Albuquerque é almirante, ministro da cota da ala militar.

Me… Até bem pouco tempo atrás, o Planalto batia o pé dizendo que uma eventual troca no comando de Minas e Energia não estava no radar. O apagão, porém, gerou um “fato novo”.

…dá. Desde que o PSD de Gilberto Kassab ampliou seus espaços na área das comunicações do governo federal, outros partidos do Centrão não dão um dia de sossego para Jair Bolsonaro: também querem controlar setores estratégicos.

Olha… Governistas estavam incomodados com a maioria dos servidores federais ainda seguir em home office: incompatível com o discurso de retomada.

…o perigo. O descontentamento chegou até Paulo Guedes. O ministro publicou instrução normativa para retomada dos trabalhos presenciais, via Secretaria de Gestão. Quem é de grupo de risco ainda tem direito de ficar em casa.

Retrocesso. Aliás, diabéticos deixaram de ser considerados parte do grupo de risco. Procurada pela Coluna, a Saúde não respondeu.

Trilhos. Coordenador do plano de retomada econômica do governo paulista, Henrique Meirelles tem buscado investidores para o projeto do trem intercidades que ligará São Paulo a Campinas e, posteriormente, a São José dos Campos.

Trilhos 2. Um dos maiores desafios do secretário da Fazenda, acredite, é explicar para chineses, espanhóis, italianos, franceses e japoneses que não se trata do famigerado “trem-bala” da ex-presidente Dilma Rousseff. Apesar de moderna, a composição não terá altíssima velocidade e não ligará São Paulo ao Rio.

SINAIS PARTICULARES. 
HENRIQUE MEIRELLES, SECRETÁRIO DA FAZENDA DE SÃO PAULO

 

Só um… Enquanto Jair Bolsonaro ainda torcia pela vitória de Donald Trump na contagem de votos da eleição dos EUA, a Agricultura já estava com todos os  sinais de alerta ligados em grau máximo em relação ao novo governo do vitorioso democrata Joe Biden.

…aperitivo. O motivo? Recentemente, parlamentares do partido do presidente eleito apresentaram projeto que deixou assessores do ministério de cabelo em pé: o texto exige declarações de importadores de commodities, como soja e carne bovina, de que o produto não é originário de área desmatada.

Nova direção. Apesar de ainda não ter sido analisado, o projeto dá dimensão dos novos paradigmas que os democratas americanos devem adotar.

Lição. Em editorial no portal Virtú News, Luiz Felipe D’Ávila alerta: o País não tem nada a comemorar no resultado das eleições americanas. “Com Trump ou Biden, o investimento estrangeiro continuará distante do Brasil enquanto não aprovarmos as reformas de Estado e eliminarmos a insegurança jurídica.”

CLICK. Luís Felipe Belmonte, vice-presidente do Aliança pelo Brasil, criou o “Bolsobus”, que tem percorrido o DF coletando assinaturas para a criação do novo partido.

PRONTO, FALEI!

Randolfe Rodrigues, senador (Rede-AP): “O povo do Amapá já sofreu demais. Lutaremos até o pleno restabelecimento da energia elétrica contra os causadores da tragédia que vivemos.”

COM REPORTAGEM DE ALBERTO BOMBIG, MARIANA HAUBERT E MARIANNA HOLANDA.

Twitter: @colunadoestadao

 

 

PONTO DE PARTIDA PARA O BRASIL

 

Ponto de partida

É preciso corrigir distorções nas cadeias de produção, reduzir a desigualdade, promover a inclusão e enfrentar os graves problemas ambientais

Luiz Carlos Trabuco Cappi, O Estado de S.Paulo



O mundo enfrenta dois desafios intensos. O primeiro, mais sensível, é o controle da pandemia. E o segundo, mais incerto, é a retomada do crescimento econômico.

Confiemos na ciência. Os principais centros de pesquisas do mundo estão mobilizados para o teste e a produção de vacinas que nos protejam da doença. Já a volta ao crescimento dependerá de uma variável decisiva em tempos sombrios, a confiança.

Antes da pandemia, os principais líderes políticos e empresariais globais debatiam a necessidade de corrigir as distorções das cadeias de produção e comércio, buscar a redução da desigualdade social, promover a inclusão e enfrentar os graves problemas ambientais. Fóruns como o de Davos, polo do pensamento moderno, encaram com bastante ênfase o prenúncio dessa nova era.

O debate voltará com força, como consequência da própria pandemia. Agravou-se a má distribuição de riqueza, seja em um país, seja entre países, o que se tornou fonte de desequilíbrio geopolítico e de crises sociais, além de interromper de forma abrupta os ciclos de crescimento, cuja agenda passa a ser a da sustentabilidade e da geração de emprego.

O Brasil tem peso nessa discussão, por sermos um país em desenvolvimento, de dimensões continentais, com uma estrutura produtiva de envergadura e recursos naturais de importância global.

A sigla ESG, que foi tema de outro artigo, hoje mobiliza governos, investidores, gestores de recursos e empresas inovadoras. Projeta a criação de um mundo melhor, sem soberba e artificialismo.

“Os princípios ESG e o capitalismo de partes interessadas não são uma moda”, afirma o economista alemão Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial de Davos. “Não são apenas uma manifestação de líderes empresariais para mostrar sua responsabilidade social corporativa, mas sim parte integrante da gestão empresarial”.

Adotando essas práticas, as empresas espalham uma nova cultura. Os investimentos em fundos associados a esses princípios já formam patrimônio de mais de US$ 1 trilhão.

Está se construindo uma agenda de colaboração. Há iniciativas em todo o mundo que mobilizam setores econômicos, governos e personalidades influentes nos negócios, na política e na ciência. No Brasil, a pandemia gerou iniciativas unindo grandes empresas e bancos na pauta ambiental, além de fundos de solidariedade para o combate à Covid-19. Nesse cenário, o Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), fórum que reúne pecuaristas, instituições financeiras, frigoríficos e entidades da sociedade civil, esboça um novo pacto ambiental cuja ideia central é construir um modelo de rastreabilidade e monitoramento.

A grande questão é sistematizar os trabalhos e preparar politicamente essa pauta. Os acordos do clima estabelecem compromissos para redução das emissões de gases na atmosfera. Na vida prática, os governos que assinaram os acordos podem não ser os mesmos que vão aplicar as medidas dele.

É preciso segurança institucional, que começa a partir da convergência de compromissos entre empresas e sociedade, com participação da classe política, no esforço comum de provocar e buscar a adesão dos governos no enfrentamento dos problemas.

No nosso caso, a agenda ESG deveria se concentrar em quatro pontos: desigualdade social, mudanças climáticas, ética e investimento voltado ao crescimento.

O Brasil é o maior produtor e vendedor de alimentos do mundo, grande exportador de minério e player importante no mercado de óleo e gás, entre outros atributos que nos conferem relevância internacional; ao mesmo tempo, apresenta indicadores ruins na educação, na logística de transporte da safra de grãos, na infraestrutura de saneamento e no controle do desmatamento.

Que este ano dramático sirva de ponto de partida para uma virada civilizatória: olhar de outra maneira os objetivos da atividade econômica e do lucro, de modo a alinhar crescimento a resultados sociais e ambientais. Caberá à nossa geração a responsabilidade de redefinir esse jogo.

* PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO BRADESCO. ESCREVE A CADA DUAS SEMANAS

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...