domingo, 8 de novembro de 2020

FALTA PLANO DE SUSTENTAÇÃO DO GOVERNO PARA 2021

 

Governo aposta na sorte, sem roteiro e sem piloto

 

ROLF KUNTZ

 


A maior dívida do governo, neste momento, é um plano de sustentação econômica para 2021. Cuidar da outra dívida, aquela já superior a R$ 6,5 trilhões e a 90% do PIB, ficará mais simples se a atividade crescer, as empresas ganharem fôlego e houver melhores condições de emprego. Não pode haver maior prioridade que essa, o crescimento, para um país com cerca de 30 milhões de trabalhadores subaproveitados – em busca de emprego, desalentados, em compasso de espera ou insuficientemente ocupados. Sem retomada segura, nem o barateamento da mão de obra, uma fixação do ministro da Economia, resultará em contratações. Nenhum empresário normal contrata funcionários sem necessidade.

O desafio é especialmente complicado: prolongar a recuperação iniciada em maio, depois do grande tombo, e ao mesmo tempo reiniciar o conserto das contas públicas, interrompido para enfrentamento da pandemia. Nada parecido com um plano foi até hoje apresentado. A equipe econômica parece apostar na sorte, enquanto o presidente cuida de sua reeleição e das encrencas de seus filhos.

O Ministério da Economia projeta expansão econômica de 3,2% em 2021. É um número pouco menor que o do mercado, 3,3% na última pesquisa Focus. O Brasil atravessará um ano, em qualquer desses casos, sem atingir o patamar, já muito baixo, de 2019. Pior que isso: ainda estará longe do nível de atividade anterior à recessão de 2015-2016.

Mas até os míseros 3,2% estimados para 2021 dependerão de vento a favor. Para esse crescimento a equipe econômica só conta com a convergência de alguns fatores positivos. Isso fica bem claro em documento recente da Secretaria de Política Econômica.

Será possível prolongar a retomada, segundo esse documento, mesmo sem manter em 2021 o auxílio emergencial concedido aos mais vulneráveis. O consumo será em parte sustentado, de acordo com o texto, pela poupança acumulada na quarentena por famílias de renda média e renda média alta. Também se aposta numa recuperação do emprego informal, a partir da melhora do setor de serviços, e na manutenção de boas condições de crédito.

Em outras palavras, ninguém deve esperar, pelo menos do Executivo, ações voltadas diretamente para a sustentação da retomada. Estímulos dependerão do Banco Central (BC). Mas quem pode garantir a manutenção de juros estimulantes?

Juros baixos serão mantidos, prometem os condutores da política monetária, enquanto houver compromisso de responsabilidade fiscal. Mas esse compromisso pode ser ameaçado por ministros defensores de maiores gastos e por aliados fisiológicos. O conjunto se completa com um presidente em busca da reeleição e claramente inclinado a ações populistas.

O dia a dia do mercado reflete, nas oscilações da bolsa de valores, nas alterações da curva de juros e na instabilidade cambial, as atitudes do presidente. Nenhum outro agente foi tão favorável, em 2020, a quem especulou com o dólar. Mas o câmbio afetou dezenas de milhões de pessoas distantes do jogo financeiro. A alta do dólar é uma das causas da alta dos preços no atacado, 4,86% em outubro e 26,64% em dez meses, segundo números da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Parte desse aumento chegou ao varejo, prejudicando principalmente os mais pobres. A inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), bateu em 0,86% em outubro, a taxa mais alta para o mês desde 2002, quando chegou a 1,31%. O dado é do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O indicador da FGV mostrou 0,65% em outubro, depois de uma alta de 0,82% em setembro.

As pressões inflacionárias, ainda fortes, tendem a arrefecer, segundo o BC. Também essa expectativa é importante para a manutenção dos juros. Mas qualquer previsão é especialmente arriscada quando câmbio e preços podem ser afetados por um presidente concentrado em temas eleitorais e familiares.

Quanto ao ajuste fiscal, dependerá de fatores ainda muito incertos O documento oficial sobre 2021 menciona, entre outros itens, propostas de emendas constitucionais já enviadas ao Congresso, a revisão de marcos setoriais (potencialmente favoráveis a investimentos em infraestrutura), a reforma administrativa e a pauta de privatizações. Mas a reforma administrativa – pouco mais, de fato, que uma reforma de RH – produzirá efeitos pouco sensíveis em 2021. Quanto à receita de privatizações, dependerá de ações muito mais eficientes que as observadas até agora.

Mas falta saber como ficará o Orçamento de 2021. Em novembro, o assunto continua obscuro. Há quem ainda fale na criação da Renda Cidadã, mais custosa que a Bolsa Família. Mas de onde virá o dinheiro para custear uma despesa permanente? Além disso, ainda se discute o prolongamento do auxílio emergencial. Um governo planejador teria concentrado atenção nesse tema, cuidando de sustentar a retomada. Este é, neste momento, um objetivo mais acessível e muito mais importante que a Renda Cidadã. Mas quem dá atenção a detalhes como esse, na confusão de um governo sem rumo e sem unidade, chefiado por um presidente autocentrado?

 

JORNALISTA

 

COMENTÁRIOS INTERNACIONAIS SOBRE ELEIÇÃO DE BIDEN-HARRIS

 

Imprensa internacional comenta resultado da eleição nos EUA

 

dw.com

 

 

Por todo o mundo, a derrota do atual presidente americano pela dupla democrata Biden-Harris é motivo de celebração e esperança – mas também de advertências e até mesmo desconfiança.


 

© Tasos Katopodis/Getty Images Democratas Joe Biden (c.) e Kamala Harris (esq.) comemoram vitória em Wilmington, Delaware

Com manchetes como "Deus abençoe a América", poderosos veículos de mídia por todo o mundo saudaram a derrota de Donald Trump, embora advertindo ao presidente eleito, Joe Biden, dos enormes desafios que ele tem a enfrentar para fim de curar as feridas dos Estados Unidos, como prometeu.

No Brasil, a Folha de S. Paulo noticiou sobre o resultado das urnas no contexto da presidência de Jair Bolsonaro, que também tem atacado as instituições democráticas e rejeitado fatos científicos: "Derrocada de Trump pune ataques à civilização e carrega lições para Bolsonaro [...] Que os líderes do Brasil percebam o espírito dos tempos – ou morram, como Trump, que já vai tarde."

O jornal igualmente enfatiza o papel da vice-presidente eleita, Kamala Harris: "[...] mulheres negras mostram que não são apenas um eleitorado que ajuda outros a se elegerem, mas que se colocam como as que governarão e liderarão processos políticos".

Em artigo de opinião, O Globo anuncia que o "espaço" para o país "fica estreito com Biden": "O Brasil sob Bolsonaro já havia perdido importância na cena global. Para resgatá-la, será mais necessário ainda o trabalho profissional na política externa, que de nada valerá se o Planalto não souber se adaptar ao novo equilíbrio mundial."

Da Espanha, o El País registra: "O presidente brasileiro demora a digerir a derrota de seu aliado Trump: na tarde deste sábado, ainda mantém silêncio sobre o triunfo do democrata Biden nas disputadas eleições norte-americanas, Além disso, "a vitória de Biden é também um freio à onda nacional-populista mundial, que o tempo dirá se afeta Bolsonaro em âmbito interno ―e em que medida".

El Mundo, de centro-direita, classificou o vitória do democrata Biden como um adeus ao populismo trumpista, ao mesmo tempo que descreveu Kamala Harris como um "símbolo de renovação".

Na Alemanha, o Süddeutsche Zeitung abriu com "Que liberação, que alívio". O periódico de tendência esquerdista abordou o caráter conciliatório do discurso do veterano democrata de 77 anos, enfatizando: "De agora em diante, o assunto é novamente os EUA".

Sua futura vice é festejada como uma "mulher que faz história": "Para Joe Biden, Kamala Harris como 'companheira de corrida' não deixava de ter riscos, pois na pré-campanha ela o atacou duramente. Agora, eles conquistaram juntos a vitória na eleição presidencial."

Por sua vez o Bild, o tabloide mais vendido do país, estampou a foto do "perdedor da eleição", Trump, com a manchete: "Saída sem dignidade": "Ele perdeu, mas não quer ir embora. O presidente em exercício ainda se aferra ao poder com teorias de conspiração. Não vai lhe adiantar nada."

No Reino UnidoThe Independent celebra "Uma nova aurora para os EUA", com uma foto de Biden ao lado de Harris, chamando a atenção para a conquista histórica da primeira mulher não branca a ocupar a vice-presidência americana.

Sunday Times optou pela foto de uma mulher negra envolvida na bandeira americana, com a chamada: "Joe Dorminhoco acorda os EUA", uma alfinetada no candidato republicano derrotado, que repetidamente usou esse infantil apelido contra seu concorrente.

Em tom humorístico e bem local, o Ayrshire Daily News, lembrou que Trump é proprietário de um campo de golfe na Escócia, com a manchete: "Proprietário de clube de golfe em South Ayrshire perde eleição presidencial de 2020". Já o tabloide Sunday People simplesmente bradou em letras garrafais: "GOD BLESS AMERICA".

O maior diário da SuéciaDagens Nyheter, intitulou seu editorial: "Vitória agridoce: Biden vai lutar para curar os EUA", considerando a promessa do ex-vice-presidente de retornar à normalidade como uma "missão impossível": "O resultado do pleito mostra um país profundamente dividido, e será difícil para Biden realizar o programa de reforma que prometeu a seu núcleo eleitoral."

Sob a manchete "A eleição acabou, mas o conflito continua", o conservador Svenska Dagbladet alerta para a ameaça representada pelos muitos milhões de americanos que continuam a acreditar na perigosa retórica trumpista de que a eleição teria sido "roubada" dele.

"A metade do país – pelo menos a metade dos que votaram – pode ter uma insistente sensação de que algo está muito errado, após meses de batalhas e vozes questionando a própria eleição, de que o sistema eleitoral é fraudulento e indigno de confiança."

Daily Telegraph da Austrália, parte do império midiático do magnata Rupert Murdoch, também focou a esperada resistência por parte do atual presidente, um "petardo de fúria", que "simplesmente não vai aceitar a humilhação de aparentemente ter sido derrotado por um inimigo que percebia como débil e contra o qual nem valia a pena comparecer para lutar".

Como era de esperar, veículos ultraconservadores do Irã como o Resalat celebraram a queda de Trump, um líder que aplicou uma "política de pressão máxima" e sanções esmagadoras contra o país asiático, desde que abandonou o acordo nuclear internacional, em 2018. Ao mesmo tempo, contudo, o jornal expressou pouca simpatia pelo chefe de Estado eleito, Biden, afirmando: "O inimigo sem máscara se foi, o inimigo mascarado chegou."

Já o Vatan-e Emrooz se concentrou nas falsas acusações de fraudes nas urnas e nas apurações, tendo como manchete, antes mesmo do anúncio oficial da vitória de Biden e Harris: "O cemitério da democracia".

De modo semelhante, o diário Al-Akhbar, do governo do Egito dedicou um longo editorial às – infundadas – "violações" de escrutínio fraudulento, advertindo que "está na hora de os Estados Unidos pararem de nos dar lições de democracia".

AV/afp,ots

 

MORO E HULK CHAPA DE RESPEITO

 

Moro e Huck negociam aliança para disputar presidência em 2022, diz jornal

 

Poder360

 

 

O apresentador da TV Globo Luciano Huck e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro negociam uma aliança para as eleições de 2020. De acordo com informações publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo, eles tiveram um encontro na casa do ex-juiz no dia 30 de outubro.

 


O convite teria partido de Moro. No jantar, foram debatidos os pilares da candidatura hipotética. Seriam 3:

  • Liberalismo econômico
  • Combate à corrupção
  • Redução das desigualdades

Não ficou definido, segundo o jornal, quem seria o cabeça de chapa e quem ocuparia a vice. Essa definição teria ficado para o ano que vem, dada a distância atual para as eleições de 2022.

Ainda não está claro por qual -ou quais- partidos a dupla concorreria. Huck tem proximidade com o Cidadania. Moro, com o Podemos.

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...