sábado, 7 de novembro de 2020

TENDO CERTEZA NUM MUNDO DE INCERTEZAS

 

Certezas em meio à incerteza

 

Norberto Zaiet – Isto É

 

 

No momento que escrevo este artigo, a eleição


presidencial americana ainda não está definida. É possível que ainda não tenhamos o resultado nem mesmo quando esta edição da DINHEIRO já estiver nas bancas. Em meio à incerteza eleitoral, há uma série de certezas aparentes. A primeira, e mais importante delas: mantidas as tendências, o Senado continuará sob o controle republicano, e a Câmara, sob o domínio democrata. Independentemente de quem tenha as chaves da Casa Branca, esse é o desenho mais eficiente do ponto de vista dos mercados. Ele garante que muito pouca coisa polêmica saia do papel, do pacote de aumento de impostos de Biden até uma mudança completa do sistema de saúde americano, ou mesmo ideias mais radicais, como o “Green New Deal”. Em geral, mercados gostam de governos que atrapalhem pouco – por não concordarem em quase nada.

Entretanto, quando existe concordância, a engrenagem realmente se mexe. Foi assim com a aprovação do CARES Act (sigla para a lei de ajuda e segurança econômica sancionada por Trump em março que injetou US$ 2 trilhões na economia para atenuar os impactos econômicos da Covid-19), e com certeza a engrenagem irá se mexer outra vez depois que a sombra da eleição passar. Com Trump ou com Biden, uma segunda leva de estímulos deverá vir por aí, medida nos trilhões de dólares. Ela virá porque o desemprego ainda gira em patamares altos, e isso mobiliza democratas e republicanos.

Combinando isso ao cenário de juros baixos até onde a vista alcança, e com a expectativa de uma vacina eficaz nos próximos meses, o ambiente para a recuperação da economia americana parece montado e, com ela, o desempenho positivo dos mercados. Apesar de tudo, essa performance não será uniforme para todos os setores. Com Biden na presidência certamente teremos uma maior regulação em geral, em especial sobre o setor financeiro, que deve mostrar desempenho abaixo do seu potencial de geração de valor. O setor de óleo e gás vai certamente ver seus subsídios reduzidos ou eliminados, e o setor de saúde vai sofrer enormes pressões. No curto prazo, mesmo com estímulos fiscais, as chamadas ações de reabertura (companhias aéreas, hotéis, restaurantes e afins) sofrerão mais com Biden do que com Trump.

Uma eventual reeleição significa a continuidade das políticas atuais, especialmente relacionadas ao uso de tarifas comerciais como meio de proteger empregos nos Estados Unidos. Trump deverá trabalhar no seu legado, o que necessariamente passa por reconstruir e proteger, a qualquer custo, a trajetória de crescimento da economia que marcou sua gestão até o começo deste ano. O setor de tecnologia continuará crescendo, com Biden ou com Trump. Aí quem manda não é a eleição, mas a pandemia. De qualquer maneira é preciso ficar de olho: tanto republicanos quanto democratas concordam que o setor precisa de mais regulação, especialmente nas mídias sociais.

Quem está fadada ao fracasso é a indústria de pesquisas eleitorais, e com ela a mídia tradicional americana que a patrocina. Pela segunda eleição seguida, os institutos não conseguiram capturar o sentimento do eleitor. Aí a transformação precisa ser radical – e os métodos, revistos completamente. Quem previu Joe Biden muito à frente de Trump está vendo a eleição mais concorrida dos últimos 20 anos.

Mercados reagem negativamente a incertezas, e quando elas saem de cena a reação é de alívio. A continuar assim, Senado e Câmara em mãos opostas representam a certeza de que tudo vai ficar, mais ou menos, como está. Nem onda azul, nem vitória incondicional do ‘trumpismo’. Nesse mundo de extremos, o sistema eleitoral americano está buscando encontrar, outra vez, o equilíbrio, o meio do caminho, mesmo que através da convivência forçada. Não quero desmerecer a importância da presidência dos Estados Unidos. Uma vitória tanto de Trump quanto de Biden manda um recado relevante, especialmente em relação à liderança, estilo de comunicação e a busca (ou não) pelo equilíbrio entre os extremos. O chefe do Executivo é o fio condutor dessa busca. O recado principal, entretanto, está sendo dado. Que o presidente, não importa quem for, tenha a capacidade para compreendê-lo.

Norberto Zaiet é economista com MBA pela Columbia Business School de Nova York, sócio-fundador da gestora de investimentos Picea Value e autor da coluna Direto de Wall Street no site da DINHEIRO.

 

GUEDES FALA SOBRE PROVÁVEL VITÓRIA DE BIDEN

 

“Vamos dançar com todo mundo”, diz Guedes sobre provável vitória de Biden

 

Douglas Rodrigues

 

O ministro Paulo Guedes (Economia) disse nesta 6ª feira (6.nov.2020) que o Brasil seguirá seu relacionamento com os Estados Unidos caso o democrata Joe Biden vença as eleições norte-americanas.


© Reprodução/Itaú Em live com Itaú realizada nesta 6ª feira, Guedes disse que o Brasil está tendo “literalmente” uma retomada econômica em V –com recuperação tão rápida quanto a queda

“Nós vamos dançar com todo mundo, porque chegamos atrasados à festa. Vamos seguir nosso relacionamento. Agora, também não vou superestimar o fator político quando ele não é para ser superestimado”, disse Guedes, durante evento virtual organizado pelo Itaú.

O próprio presidente Jair Bolsonaro endossou a recondução de Donald Trump ao comando do país mais poderoso do mundo em outras situações. O brasileiro tem apostado em uma proximidade para tentar estreitar laços entre os 2 países.

Para Guedes, a possível mudança na presidência dos EUA não vai alterar da economia brasileira. “O coração da economia tá aqui, é capacidade de poupança interna, melhora do ambiente de negócios, taxação adequada”, afirmou.

O ministro disse, porém, que o governo buscará expandir a abertura da economia no mercado internacional nos próximos anos.

“Chegamos atrasados na festa. Quando nós chegamos já estava a maior briga. Todo mundo bêbado e brigando. Nós estamos dançando com qualquer 1. Estamos dançando com todo mundo. Falta pouco, a festa está acabando e temos que dançar para abrir a economia”, afirmou.

De acordo com Guedes, essa abertura será paulatina. Disse que, no momento, o Brasil se beneficia por ser fechado demais e não sofre tanto com as oscilações globais. “Temos que abrir sem ingenuidade. Somos liberais, mas não somos trouxas. Vamos chegar em 1 momento que está uma conturbação, uma destruição de emprego globalmente, as pessoas querendo nos condenar por meio ambiente, por isso e por aquilo? Espera aí.”

INFLAÇÃO PONTUAL

Durante o evento, o ministro Guedes disse que os recursos injetados na economia via auxílio emergencial resultaram numa alta pontual e transitória dos preços –principalmente no setor alimentício e da construção civil.

Segundo ele, a autonomia formal do Banco Central vai fazer com que a inflação fique sob controle. “Em vez de 1 aumento transitório e setorial, isso poderia virar 1 aumento generalizado e permanente de preços”, afirmou.

 

PROESSOS SOBRE PREJUÍZOS À PETROBRAS CAUSADO PELO GOVERNO DILMA

 

Após processos da Lava Jato, CVM adia retomada de caso sobre preços da Petrobrás

 

Mariana Durão

 


RIO - Após a conclusão da maratona de julgamentos de processos abertos contra ex-administradores da Petrobrás na esteira da Lava Jato, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deveria bater o martelo ainda em 2020 no caso que envolve a condução da política de preços da estatal no governo Dilma Rousseff. A sessão marcada para o dia 1.º de dezembro, entretanto, foi retirada de pauta "sine die", isto é, sem previsão de uma nova data.

A ordem partiu do diretor Henrique Machado, que pediu vista do processo administrativo sancionador em 13 de dezembro de 2018, deixando em suspenso o desfecho do caso no qual ex-conselheiros de administração da petroleira são acusados de violar o dever de lealdade à companhia, induzindo investidores a erro.

A lista é formada pelos ex-ministros Guido Mantega (Fazenda), Miriam Belchior (Planejamento), Marcio Zimmermann (Minas e Energia), Sérgio Franklin Quintella, o empresário Jorge GerdauLuciano Coutinho (ex-presidente do BNDES), Francisco de Albuquerque e José Maria Ferreira Rangel, então representante dos empregados.

O relatório de acusação afirma que houve descasamento entre as metas de endividamento e alavancagem divulgadas ao mercado nos Planos de Negócios 2013-2017 e 2014-2018 da Petrobrás e a execução da política de preços, anunciada em novembro de 2013. O conselho da Petrobrás segurou o reajuste dos combustíveis por quase todo o ano de 2014, período de eleições, a despeito de alertas da diretoria de que isso tornaria difícil cumprir as metas financeiras.

Para a acusação, essa dissonância entre a prática e os objetivos declarados da estatal induziu investidores a erro, além de ter resultado em prejuízos estimados em R$ 30 bilhões entre 2011 e o primeiro semestre de 2014.

Na primeira etapa do julgamento, o então diretor da CVM, Pablo Renteria, votou pela absolvição dos conselho, por considerar não haver provas suficientes de que tenham agido de maneira intencional para inviabilizar o atingimento das metas, induzindo os investidores da companhia a erro.

Ao pedir a absolvição dos acusados, Renteria levou em conta o fato de que as projeções disponíveis ao conselho não apontavam grande risco de descumprimento das metas. Além disso, destacou que a política de preços divulgada tinha como objetivos atingir os limites financeiros do plano de negócios em um prazo de 24 meses e, também, não repassar ao consumidor a volatilidade dos preços. Para ele, diante de "metas conflitantes", o conselho tinha discricionariedade para decidir o que fazer.

"Ao que tudo indica, (os conselheiros) optaram por dar preferência à estabilidade dos preços no mercado doméstico, ainda que assumindo o risco de comprometer o atingimento da meta relativa à alavancagem financeira dentro prazo estabelecido", disse no voto.

A área técnica e a Procuradoria Federal da CVM já reconheceram a possibilidade de a estatal observar o interesse público na condução da política de preços, o que inclui proteção aos interesses do consumidor.

Conhecido pelo rigor nas condenações, Machado solicitou acesso aos autos, indicando divergências com a posição do relator e alegando que "somente após uma análise mais detida, seria possível, em tese, afastar a constatação inicial de que os acusados se omitiram, reiterada e dolosamente, de promover reajustes nos preços, apesar das informações técnicas recebidas da Diretoria Executiva, que indicavam o descumprimento das Metas Financeiras no horizonte relevante".

Relator dos casos que apuraram irregularidades de ex-diretores e conselheiros da Petrobrás na aprovação de obras superfaturadas da refinaria Abreu e Lima e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), Henrique Machado pediu penas totais de R$ 16 milhões e a condenação de ex-conselheiros, como a ex-presidente Dilma Rousseff. Acabou sendo voto vencido nas sessões da última terça-feira, 3 de novembro.

Desde o dia 13 de dezembro de 2018, quando o julgamento do caso foi suspenso, o diretor pediu a inclusão e produção de novas provas no processo, como documentos de investigação do Tribunal de Contas da União a respeito, bem como dados e depoimentos da ex-presidente da Petrobrás, Graça Foster, encaminhados à CVM pelo Ministério Público Federal, que move Ação Civil Pública sobre fatos correlatos. Em um dos depoimentos, ela afirma que o ex-ministro e presidente do conselho da estatal, Guido Mantega, "tinha uma meta de inflação e os preços tinham que caber dentro daquela meta".

A nova relatora do caso na CVM, diretora Flávia Perlingeiro, negou os pedidos, por entender que os documentos não trazem fatos novos ou provas relevantes capazes de mudar os rumos do processo. Na decisão, ela lembra que a acusação da CVM não diz respeito à legalidade da condução da política de preços da Petrobrás.

Com a retirada do julgamento do processo da pauta, fica no ar a expectativa de sua retomada ou não ainda este ano. Se o caso não for repautado, será julgado sem a manifestação de voto a princípio divergente de Machado, já que seu mandato na CVM termina em 31 de dezembro.

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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