sexta-feira, 6 de novembro de 2020

HACKERS ATACAM OS ARQUIVOS DO STJ USARAM CRIPTOGRAFIA

 

Hackers usaram criptografia para bloquear dados e cobraram resgate do STJ

Segundo o Estadão apurou, um arquivo de texto foi deixado pelos invasores no sistema do tribunal com informações que exigiam pagamento para que os dados roubados fossem devolvidos; Ataques similares foram registrados nos sistemas do Governo do Distrito Federal e do Conselho Nacional de Justiça

 

 

Patrik Camporez, Breno Pires/BRASÍLIA e Paulo Roberto Netto/SÃO PAULO

 

 

Superior Tribunal de Justiça (STJ) afirmou nesta quinta, 5, que o ataque hacker que paralisou as atividades da Corte utilizou criptografia para bloquear o acesso aos dados roubados. O Estadão confirmou que invasões similares foram registradas nos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Governo do Distrito Federal. Em pelo menos dois casos, STJ e GDF, os ataques foram acompanhados de pedidos de resgate.

Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro declarou de que ‘alguém entrou no acervo do STJ, pegou tudo e pediu resgate’, o que sugeriria um caso de ransomware, no qual o hacker bloqueia dados da rede invadida e só libera as informações mediante pagamento.

 

Segundo o Estadão apurou, um arquivo de texto foi deixado pelo hacker no sistema do STJ com informações que exigiam pagamento para que os dados obtidos e criptografados fossem devolvidos. A mensagem indica um e-mail para que algum representante do STJ entre em contato para tratar do tema. Não foi descrito um valor para resgate. Uma fonte que teve acesso à informação disse desconhecer qualquer tentativa de contato posterior do hacker com o tribunal.

Em nota divulgada no início da noite desta quinta, 5, o presidente do STJ, ministro Humberto Martins, disse que cópias das informações sequestradas estão preservadas em sistemas de backup e que estão sendo conduzidos trabalhos para a reconstrução do ambiente de informática.

“O STJ esclarece que o ataque hacker bloqueou, temporariamente, com o uso de criptografia, o acesso aos dados, os quais, todavia, estão preservados nos sistemas de backup do tribunal. Permanecem íntegras as informações referentes aos processos judiciais, contas de e-mails e contratos administrativos, mantendo-se inalterados os compromissos financeiros do tribunal, inclusive quanto à sua folha de pagamento”, afirmou a nota.

No comunicado desta noite, o ministro Humberto Martins informa que as equipes técnicas do STJ e as empresas prestadores de serviço de tecnologia da Corte iniciaram procedimentos de recuperação do ambiente de informática. O Centro de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro também está dando auxílio na restauração dos sistemas. A previsão de retorno das atividades, por ora, é a próxima terça, 10.

 

Sede do Superior Tribunal de Justiça, em Brasília. Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O ataque aos sistemas do Governo do Distrito Federal, por sua vez, provocou a paralisação de todos os serviços pela internet oferecidos pelo governo. A Secretaria de Economia, que concentra os servidores de todas as pastas distritais, informou que acionou os protocolos de segurança e impediu que dados fossem roubados do sistema. Assim como teria acontecido no STJ, os invasores chegaram a emitir um pedido de resgate, que não foi pago.

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), segundo o governo, atua em conjunto com a Subsecretaria de Tecnologia (Sutic) do Estado para apurar a tentativa de invasão. Não há previsão, no entanto, de quando os serviços voltarão a funcionar. “Agora, a pasta age adotando protocolos de segurança para impedir a continuidade de ataques e reestabelecer o ambiente”, diz uma nota encaminhada pelo governo.

Já o CNJ alega que houve um “acesso não autorizado”, que já foi tratado ontem pela Diretoria de Tecnologia da Informação da instituição. Assim que perceberam o ataque, os técnicos do CNJ Desligaram o servidor e acionaram o backup do dos arquivos para análise forense.

Outros procedimentos foram a obtenção de logs para rastreio da invasão e a abertura de chamado junto ao serviço de análise forense do CNJ. Assim como no STJ, A Polícia Federal também foi acionada para investigar o ataque.

Investigação. A PF abriu inquérito nesta quinta, 5, para investigar o ataque. O pedido partiu do ministro Humberto Martins, e foi repassado aos investigadores pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça. Peritos já começaram o trabalho para analisar a extensão do ataque cibernético, identificar os invasores e definir de que forma poderão contornar os danos. Uma eventual relação da invasão com outros dois sistemas oficiais atingidos, do Ministério da Saúde e da Secretaria de Economia do Distrito Federal, também está sendo investigada.

“As diligências iniciais da investigação já foram adotadas, inclusive, com a participação de peritos da instituição. Eventuais fatos correlatos poderão ser apurados na mesma investigação, que está em andamento na Superintendência Regional da Policia Federal no Distrito Federal”, informou, em nota, a corporação.

Em nota, o ministro Humberto Martins declarou que a invasão foi detectada na terça, 3, durante o período da tarde. “Verificou-se que um vírus estaria circulando na rede de informática do tribunal e, como medida de precaução, os links para a rede mundial de computadores foram desconectados, o que implicou no cancelamento das sessões de julgamento e impossibilitou o funcionamento dos sistemas de informática e telefonia da Corte”, afirmou.

Desde então, ministros e assessores estão impedidos de utilizar e-mails e movimentar os processos na rede do STJ. Apenas decisões urgentes, como habeas corpus, liminares e mandados de segurança estão sendo ajuizados manualmente. Somente na quart,a 4, cerca de 2.500 decisões monocráticas deixaram de ser concluídas e publicadas no sistema do Tribunal e pelo menos 200 processos que seriam julgados pela plataforma virtual e 126 casos em discussões nas sessões colegiadas foram paralisados.

LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DO PRESIDENTE DO STJ, MINISTRO HUMBERTO MARTINS

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) detectou, no dia 3 de novembro de 2020, um ataque hacker durante o período da tarde, quando ocorriam sessões de julgamento. Verificou-se que um vírus estava circulando na rede de informática do tribunal e, como medida de precaução, os links para a rede mundial de computadores foram desconectados, o que implicou no cancelamento das sessões de julgamento e impossibilitou o funcionamento dos sistemas de informática e de telefonia da Corte.

O presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Humberto Martins, de imediato, solicitou providências à Polícia Federal, por meio de notícia criminis, para que procedesse às devidas investigações.

A pedido do presidente do STJ, o ministro da Justiça, André Mendonça, determinou a instauração de inquérito, que já tramita perante a Polícia Federal. O STJ está fornecendo todas as informações demandadas pela PF e acompanhando, passo a passo, os procedimentos investigatórios.

Em paralelo, a equipe da STI do STJ, juntamente com empresas prestadores de serviços de tecnologia do tribunal, a exemplo da Microsoft, iniciou os procedimentos de recuperação dos ambientes dos sistemas de informática do Tribunal da Cidadania. As empresas designaram equipes especializadas para auxiliar o STJ na recuperação do ambiente tecnológico.

O Tribunal também está contando com a colaboração do Centro de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro, para auxiliar a Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação do tribunal na restauração dos sistemas de informática.

O STJ esclarece que o ataque hacker bloqueou, temporariamente, com o uso de criptografia, o acesso aos dados, os quais, todavia, estão preservados nos sistemas de backup do tribunal. Permanecem íntegras as informações referentes aos processos judiciais, contas de e-mails e contratos administrativos, mantendo-se inalterados os compromissos financeiros do tribunal, inclusive quanto à sua folha de pagamento.

Na data de hoje (5), estão em andamento os trabalhos para reconstrução do ambiente de informática, mantida a previsão de retorno para o dia 10, nos termos da Resolução 25/2020, do Presidente do STJ.

Por sim, esclarecemos que, diariamente, serão prestadas novas informações até o completo restabelecimento dos sistemas de informática do STJ.

Ministro Humberto Martins Presidente do STJ/CJF

 

KASSIO TOMA POSSE NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

 

Kassio Nunes Marques toma posse como ministro do STF

Agência Brasil

 

 

 

Kassio Nunes Marques tomou posse nesta quinta-feira (5) como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Nunes Marques é o primeiro integrante da Corte indicado pelo presidente Jair Bolsonaro e deve permanecer no Tribunal até 2047, quando completa 75 anos.

A cerimônia foi rápida, com duração de cerca de 15 minutos. Devido à pandemia de covid-19, o evento foi acompanhado presencialmente somente por Bolsonaro, os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, além do procurador-geral da República, Augusto Aras, e do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz.

O novo ministro não discursou na cerimonia e apenas prestou compromisso para assumir o cargo. “Prometo bem e fielmente cumprir os deveres do cargo de ministro do STF, em conformidade com a Constituição e as leis da República”, afirmou.

Carreira

Natural de Teresina (PI), Nunes Marques tem 48 anos de idade e foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para ocupar a vaga deixada pelo ministro Celso de Mello, que se aposentou. Antes de chegar ao Supremo, atuou como desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, sediado em Brasília. Foi advogado por cerca de 15 anos e juiz do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Piauí.

Perfil

No dia 21 de outubro, o plenário do Senado aprovou a indicação do nome de Nunes Marques por 57 votos a 10. Antes da votação, durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o magistrado se definiu com perfil garantista. Para ele, o chamado "garantismo judicial" significa a aplicação da lei e da Constituição e não pode ser confundido com leniência.

“Sim, eu tenho esse perfil. O garantismo deve ser exaltado porque todos os brasileiros merecem o direito de defesa. Todos os brasileiros, para chegarem a uma condenação, precisam passar por um devido processo legal. E isso é o perfil do garantismo, que, de certa forma, pode estar sendo interpretado de forma diferente, inclusive com esse instituto do textualismo e do originalismo”, afirmou.

 

COM A ELEIÇÃO DE BIDEN O BRASIL SERÁ CONSIDERADO VILÃO AMBIENTAL

 

“Custo do Brasil no papel de vilão ambiental vai subir e será reforçado com Biden”, diz Christopher Garman, da Eurasia

 

El País

 

 

Mais do que um rompimento ideológico com os Estados Unidos, a eventual vitória de Joe Biden na disputa contra Donald Trump pela presidência americana deverá resultar em uma pressão sobre o Brasil na área ambiental. Na prática, isso pode provocar perda de negócios ou na mudança da política do presidente brasileiro Jair Bolsonaro. A avaliação foi feita pelo cientista político Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas do Eurasia Group, empresa de consultoria e análise de risco, em entrevista ao vivo ao EL PAÍS.

“O custo de oportunidade do Brasil ser colocado como vilão ambiental na história aumenta ao longo do tempo e isso vai ser ampliado se o Biden ganhar a Casa Branca.” Diante do maior incêndio no Pantanal em décadas e a sequência de desmatamento e de focos de queimadas na Amazônia, o Governo Bolsonaro apostou no confronto e acusou indígenas e ribeirinhos pelo desastre ambiental, quando, na verdade, a principal suspeita é que grupos desmatadores e grandes fazendeiros agiram em parte desses territórios.

Na conversa, que pode ser vista aqui na íntegra, Garman ressaltou que, independentemente de quem vencer as eleições, os Estados Unidos serão um país dividido, já que as bases do trumpismo permanecerão acesas, assim como a guinada à esquerda dos democratas. Sobre a relação com o Brasil, o cientista político afirma que as pontes não serão rompidas e crê que haverá pouca influência do pleito de agora na disputa pelo Palácio do Planalto em 2022. “A base do bolsonarismo tem raízes muito mais domésticas do que internacionais.” Na sua avaliação, o que deve ser levado em conta no Brasil é a maneira que Bolsonaro irá reagir à crise econômica decorrente da pandemia de coronavírus e à retirada do auxílio emergencial, que deixará de ser pago a partir de janeiro próximo.

Christopher Garman é mestre em ciência política pela Universidade da Califórnia. Há duas décadas acompanha os desdobramentos da política na América Latina. Antes de trabalhar na Eurasia, foi analista sênior na consultoria Tendência e bolsista no Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo.

A entrevista com o diretor da Eurasia faz parte da série de entrevistas multiplataforma ao vivo que o EL PAÍS faz desde maio. Pelos programas, já passaram cinco ex-presidentes brasileiros, políticos de todos os espectros, analistas e personalidades para debater a pandemia do coronavírus e a crise política no país e no mundo. No mês passado, os principais postulantes à Prefeitura de São Paulo foram sabatinados pelo jornal e pelo canal MyNews.

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...