terça-feira, 13 de outubro de 2020

PARA FREAR O AQUECIMENTO GLOBAL A AGRICULTURA PRECISA SE TORNAR CLIMATICAMENTE NEUTRA

 

Como a agricultura pode se tornar uma protetora do clima

 

Gero Rueter 

Visto com vilão, por emitir grande parte dos gases que causam o aquecimento global, cultivo de terras tem potencial para proteger o clima. Mas, para isso, mudanças em métodos e comportamento alimentar são necessárias.

 

© Getty Images Plantação de soja no Brasil (Mato Grosso)

O solo é particularmente importante para a proteção do clima, ao absorver uma grande quantidade carbono. Se esse carbono escapar, ele se liga ao oxigênio e forma CO2 – o gás do efeito estufa. Neste processo, a camada de húmus no solo desempenha um papel fundamental armazenando quatro vezes mais carbono do que o presente na atmosfera sob a forma de CO2.

Rico em nutrientes, o húmus consiste em partes de plantas mortas que foram decompostas por inúmeros organismos, como bactérias, fungos e minhocas. Ele mantém a fertilidade do solo, é um nutriente importante para o crescimento de novas plantas, além de ser fundamental para a proteção do clima, graças ao carbono armazenado.

Sua proporção nos solos varia bastante. Na média global, há mais húmus nas pastagens naturais do que nas terras aráveis, e é especialmente abundante em zonas úmidas e pântanos.

Como resultado de uma prática agrícola com muitas monoculturas, há anos que o solo vem perdendo cada vez mais húmus – o que significa um aumento cada vez maior CO2 na atmosfera. A razão é simples: em vez de preservar o húmus através da rotação de culturas e do cultivo de diferentes plantas, as monoculturas desgastam o solo. Embora os fertilizantes químicos garantam as colheitas e economizem mão-de-obra, o teor húmico do solo é cada vez menor.

Por meio da rotação das culturas e da incorporação de resíduos vegetais, os agricultores podem preservar e aumentar a quantidade de húmus, e, dessa forma, também a fertilidade natural do solo. Tais técnicas eram usadas antes do surgimento do agronegócio, quando não havia alternativas. Para garantir as colheitas, os agricultores dependiam de um solo fértil, e, portanto, da preservação de húmus.

Outro fator na perda mundial de húmus é o aumento global de terras aráveis. Cada vez mais elas são necessárias para o cultivo de ração animal destinada à crescente produção de carne. Para isso, zonas úmidas e pântanos, ricas em húmus, estão sendo drenadas; pastagens estão sendo convertidas em terras aráveis, e mais e mais florestas estão sendo queimadas. Isso faz com que o carbono, até então retido nas árvores, seja perdido e escape na forma de CO2. E assim a quantidade de húmus no solo segue diminuindo ano após ano devido aos métodos de cultivo.

Gases de efeito estufa decorrentes da indústria de alimentos

A perda de húmus e, portanto, de solo fértil, também é uma grande ameaça à alimentação mundial, avalia a Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a perda de húmus e florestas libera cerca de 5,8 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera a cada ano – ou seja, cerca de 11% das emissões globais de gases de efeito estufa.

Outros gases de efeito estufa surgem na agricultura por meio da pecuária, fertilização, produção intensiva de fertilizantes artificiais, pesticidas, processamento de alimentos, produção de embalagens e transporte.

No total, cerca de 31% do total das emissões globais de CO2 são geradas na produção de alimentos.

Para frear o aquecimento global, a agricultura precisa se tornar climaticamente neutra. Ela tem ainda o poder de reter o CO2 adicional da atmosfera por meio do cultivo de plantas. Um relatório especial do IPCC sobre uso da terra e segurança alimentar recomenda a redução de pastagens e terras aráveis em todo o mundo. Além disso, as florestas devem ser reflorestadas e o teor de húmus nos solos deve ser aumentando.

De acordo com especialistas, o reflorestamento é capaz de reter 3,6 bilhões de toneladas de CO2 por ano durante a fase de crescimento. Um aumento global de húmus, por sua vez, poderia reter outros de 2 a 5 bilhões de toneladas de CO2 por ano, segundo um recente estudo da Fundação de Ciência e Política (SWP).

Uma outra maneira de aumentar a absorção de CO2 é o uso do chamado biochar: materiais orgânicos, como madeira e resíduos de plantas, são carbonizados com a ajuda de calor, pressão e expulsão de oxigênio e, em seguida, introduzidos no solo. Dessa forma, o carbono aglutinado pode permanecer no solo por séculos e, em combinação com húmus e bactérias, aumentar significativamente a fertilidade do solo.

De acordo com o estudo do SWP, a aplicação global desta tecnologia poderia armazenar entre 0,5 e 2 bilhões de toneladas de CO2 adicional por ano.

Agricultura orgânica: um modelo sustentável

A agricultura industrial tem sido cada vez mais alvo de críticas. E isso não apenas por causa do equilíbrio de CO2, mas também por ser apontada como a principal causa da extinção global de espécies.

Iniciativas para melhorar as técnicas de cultivo existem em diversos setores, entre elas em uma estratégia da União Europeia batizada de "Farm to Fork". "A estratégia de biodiversidade e a estratégia 'da fazenda para a mesa' constituem o cerne do 'Acordo Verde' e representam uma nova interação mais harmoniosa entre natureza, produção de alimentos e diversidade biológica. Trata-se, afinal, da saúde e do bem-estar das pessoas" explica o Comissário da UE para a Proteção do Clima, Frans Timmermans.

Com o objetivo de proteger o clima, o Ministério do Meio Ambiente da Alemanha também pretende reduzir as importações de rações como a soja. "A regionalidade dos bens agrícolas produzidos deve voltar a receber um nível de importância muito maior, a fim de contribuir para uma redução correspondente no desmatamento das florestas tropicais para o cultivo da soja", disse uma porta-voz do ministério à DW.

Ao garantir o acúmulo de húmus sem utilizar fertilizantes sintéticos, pesticidas e ração importada do exterior, a agricultura orgânica reduz significativamente as emissões de gases de efeito estufa, tornando-se um modelo de proteção do clima e das espécies.

Outra chave para reduzir as emissões é diminuir o desperdício de alimentos. Estima-se que "um terço de todos os alimentos produzidos no mundo acaba no lixo", afirma Rosa Rolle, gerente de projetos do programa Perda e Desperdício de Alimentos, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

No total, são produzidos cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos que não são consumidos. De acordo com estimativas da FAO, isso representa cerca de 3,6 bilhões de toneladas de CO2 a cada ano.

Redução do consumo de carne e leite

Nos últimos 50 anos, a produção mundial de carne praticamente quadruplicou – e consequentemente aumentou rapidamente a demanda por terras aráveis para o cultivo de culturas voltadas para a produção de forragens, como soja, milho e trigo.

Segundo a Agência Alemã do Meio Ambiente (UBA), cerca de 71% das terras aráveis do mundo são atualmente usadas para pasto, enquanto apenas 18% são destinadas ao cultivo de alimentos. A fim de garantir a alimentação de uma população mundial crescente no futuro e, ao mesmo tempo, ter espaço suficiente para reflorestamento, os especialistas sugerem uma nova abordagem.

"Podemos consumir mais vegetais saudáveis e menos carne", diz Johan Rockström, diretor do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK) e copresidente da Comissão EAT-Lancet.

Em um relatório para uma vida e planeta saudáveis, a comissão recomenda um consumo médio de carne por pessoa em torno de 300 gramas por semana (16 kg/ano) e um consumo de laticínios de 630 gramas por semana (33 kg/ano). No momento, consome-se até sete vezes mais carne na América do Norte e do Sul, Europa e China. No caso de laticínios, principalmente na Europa e nos EUA, o consumo é quase oito vezes superior ao recomendado.

"Curiosamente, apenas mudar para uma dieta 'flexitariana', mais baseada em vegetais, pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa da produção agrícola aproximadamente pela metade", disse Rockström. A mudança na dieta "pode ajudar a manter todos saudáveis: o planeta e as pessoas".

Autor: Gero Rueter

PRESIDENTE TRUMP VOLTA À CAMPANHA POLÍTICA PARA A SUA REELEIÇÃO

 

AFP

"Me sinto poderoso", afirma Trump ao retomar a campanha eleitoral após covid-19

 

AFP

  

Ausente durante 10 dias pela covid-19, o presidente Donald Trump voltou na segunda-feira, na Flórida, à linha de frente da campanha eleitoral e afirmou que está em "plena forma", a três semanas das eleições contra o democrata Joe Biden.


© MANDEL NGAN O presidente Donald Trump pronuncia na Casa Branca em 10 de outubro de 2020

"Eu tive e agora dizem que estou imunizado", afirmou o presidente americano de 74 anos para uma multidão de simpatizantes - poucos usavam máscaras.

"Me sinto poderoso", completou.

"Vou caminhar nesta multidão (...) beijarei todos, vou beijar os homens e as magníficas mulheres", completou, sorrindo.

A equipe médica de Trump anunciou que ele testou negativo para covid-19 e que não era contagioso pouco antes de sua viagem para a Flórida, o primeiro de quatro estados chave que pretende visitar durante a semana para tentar reduzir a vantagem de Biden nas pesquisas na reta final da eleição dos Estados Unidos, programada para 3 de novembro.

Com o ímpeto habitual, uma semana depois de deixar o hospital, Trump repetiu as frases mais conhecidas da campanha, com cíticas a Hillary Clinton e à imprensa "corrupta", além de advertências alarmistas contra a "esquerda radical" e o "pesadelo socialista".

Também alfinetou o rival, que chama de "Joe, o dorminhoco", ao afirmar que o democrata não atrai "quase ninguém" em seus eventos de campanha.

Biden, que não participa em nenhum grande comício há vários meses, insistindo na necessidade de respeitar as recomendações das autoridades de saúde, apresentou suas propostas econômicas em Ohio na segunda-feira.

- "Há quatro anos..." -

"Adoro a Flórida", disse Trump no estado que pode ter novamente um papel crucial nas eleições.

O presidente minimizou as pesquisas: "Há quatro anos era a mesma coisa, diziam que iríamos perder na Flórida. Em 22 dias vamos vencer neste estado e ganhar mais quatro anos na Casa Branca".

No retorno à campanha, Trump tentou estimular sua base eleitoral com a notícia de que escolheu a magistrada conservadora Amy Coney Barrett para ocupar uma cadeira na Suprema Corte.

O Senado, controlado pelos republicanos, deve confirmar em breve o nome da juíza de 48 anos, o que inclinará para o lado conservador o principal tribunal do país pelas próximas décadas.

"Ela vai ser uma juíza fantástica", disse o presidente.

- "Mais irresponsável" -

A atitude de desafio do republicano estava presente antes de sair de Washington.

Na base militar Andrews, perto da capital, ele não estava de máscara, ao contrário dos agentes do Serviço Secreto responsáveis por sua segurança.

Pouco antes da decolagem do Air Force One, o médico da Casa Branca, Sean Conley, afirmou em um comunicado que Trump testou dado negativo para covid-19 "em dias consecutivos" em testes rápidos.

Os testes conhecidos como antigênicos são geralmente menos sensíveis que os exames moleculares tradicionais (PCR).

A questão da imunidade a covid-19 ainda não está clara, pois os cientistas não conhecem com precisão sua duração ou o nível de proteção oferecido pelos anticorpos.

Um estudo publicado na revista médica The Lancet Infectious Diseases mostra que um americano foi infectado duas vezes pela covid-19 em um mês e meio de intervalo e a segunda infecção foi mais grave que a primeira, o quinto caso de reinfecção registrado até agora no mundo.

No momento em que os Estados Unidos se aproximam de 215.000 mortes pelo vírus, Biden criticou a gestão de Trump no início da crise.

"Trump sabia como a doença era perigosa, mas não fez nada", disse Biden. "Por quê não nos advertiu?".

"Sua conduta irresponsável desde seu diagnóstico é inconcebível. Quanto mais tempo Donald Trump é presidente, mais irresponsável parece se tornar".

- Biden lidera em estados chave -

Além da Flórida, Trump viajará durante a semana a Pensilvânia, Iowa e Carolina do Norte para tentar reduzir a distância para Biden, que tem vantagem de dois dígitos na média nacional das pesquisas, de acordo com o site RealClearPolitics.

O presidente venceu nestes quatro estados em 2016, mas está atrás de Biden nos quatro este ano, de acordo com a média do mesmo site.

O democrata tem uma vantagem pequena em Iowa e Carolina do Norte, segundo o RealClearPolitics, mas lidera de maneira mais consistente na Flórida e Pensilvânia, com 3,7% e 7,1%, respectivamente.

Mais de 10 milhões de americanos, um recorde, já votaram para as eleições de 3 de novembro, por correio ou por voto antecipado, de acordo com os números divulgados na segunda-feira.

jca/ybl/zm/dga/mls/lda/rsr/af/fp

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...