terça-feira, 13 de outubro de 2020

BOM RESULTADO NUMA ELEIÇÃO NÃO GARANTE BOM RESULTADO EM OUTRA ELEIÇÃO

 

Bom resultado em eleição local não garante desempenho 2 anos depois

 

Rafael Barbosa

 

 

Há vasos comunicantes entre as eleições municipais e gerais, 2 anos depois. Só que inexiste 1 padrão claro entre eleger prefeitos e vereadores e depois ter sucesso (ou fracasso) nas disputas para os cargos de governador, deputado e presidente. Cada contexto eleitoral tem uma idiossincrasia própria.


© Ricardo Stuckert/Instituto Lula Lula e Temer em 2015. PT viu número de prefeitos eleitos despencar, mas elegeu a maior bancada da Câmara, 2 anos depois. Já o MDB alçou mais municípios, e perdeu deputados no período

Poder360 analisou os dados de eleitos por partido desde 2004.

MDB, por exemplo, conquistou 18% das prefeituras brasileiras em 2012. Em 2016, a taxa foi de 19%. No mesmo período, o partido viu o número de deputados federais despencar. No PSDB também foi assim.

PT perdeu 61% das prefeituras que tinha de 2012 para 2016, numa derrota acachapante que o colocou num patamar abaixo dos resultados que havia obtido em 2004. Era o 3º em número de prefeituras e passou a ser o 10º.

Logo depois, em 2018, o PT perdeu cadeiras na Câmara, assim como outros partidos tradicionais, mas elegeu novamente a maior bancada da Casa.


© Fornecido por Poder360

 

 

© Fornecido por Poder360

 

 


© Fornecido por Poder360

 

O infográfico abaixo permite comparar a força dos partidos nas eleições municipais X gerais. Fica clara a particularidade de cada pleito. O PSDB em 2016 elegeu 15% mais prefeitos do que em 2012 (799 ante 695). Mas viu o número de deputados federais cair quase pela metade de 2014 para 2018 (de 54 para 29).

O MDB é outro exemplo. Conquistou muitos municípios em 2008 (22%). E no pleito geral, 2 anos depois, perdeu deputados e governadores.

 

© Fornecido por Poder360

CIDADE DE SÃO PAULO

Há casos emblemáticos na história eleitoral brasileira quando se considera a cidade de São Paulo, a maior do país e sempre citada como laboratório de futuras eleições para governador e para presidente. Os resultados paulistanos corroboram a tese de que não existe uma lógica entre disputas locais e estaduais ou nacionais.

Em 1996, o Plano Real estava no auge. Debelou a inflação. Deu muita popularidade ao então presidente, o tucano Fernando Henrique Cardoso. O real valia cerca de US$ 1. Os brasileiros estavam com a autoestima nas alturas. Ainda assim, o candidato do PSDB a prefeito paulistano, José Serra, sequer conseguiu passar ao 2º turno (foram para a rodada final Celso Pitta, do PPB, e Luiza Erundina, do PT).

Só que a derrota tucana na cidade de São Paulo, em 1996, não impediu que o PSDB conseguisse reeleger FHC no 1º turno por mais 4 anos no Planalto na disputa de 1998. Para o governo paulista, o eleito foi o também tucano Mario Covas.

Já no ano 2000, Marta Suplicy, então no PT, conquistou a Prefeitura de São Paulo. Em 2002, Luiz Inácio Lula da Silva virou presidente da República. Também em 2002, o petista José Genoino teve expressivos 41,4% dos votos para governador paulista (quem venceu foi o tucano Geraldo Alckmin).

Com Marta na Prefeitura de São Paulo, Lula no Planalto e o PT tendo recebido muitos votos na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, a impressão era a de que a sigla se organizava para num futuro próximo ter uma certa hegemonia paulista. Não deu nada certo.

Em 2004, Marta tentou se reeleger prefeita e foi derrotada pelo tucano José Serra. Em 2006, para o governo do Estado, apesar da alta popularidade do então presidente Lula, que foi reeleito, o PT fracassou na disputa pelo Bandeirantes. O governador eleito foi José Serra, derrotando o candidato do PT, Aloizio Mercadante, que teve apenas 31,7% dos votos –menos do que o petista Genoino havia obtido 4 anos antes.

Agora em 2020, a disputa na cidade de São Paulo está sendo apontada como réplica da polarização nacional entre direita e esquerda. O presidente Jair Bolsonaro demonstra simpatia pela candidatura de Celso Russomanno (Republicanos). O prefeito paulistano atual, Bruno Covas (PSDB), tenta a reeleição e seu sucesso (ou fracasso) será creditado ao governador paulista João Doria. O PT tem 1 candidato que até agora não decolou na disputa, Jilmar Tatto.

Os dados históricos sobre eleições municipais não indicam, entretanto, que a vitória de algum candidato seja necessariamente a garantia de bom desempenho daqui a 2 anos para os seus aliados nas eleições de governador e presidente. E o inverso também é verdadeiro.

RELAÇÃO ENTRE ELEIÇÕES

Para o professor do Instituto de Ciência Política da UnB (Universidade de Brasília) Paulo Calmon, os 2 anos que separam uma eleição da outra é suficiente para reviravoltas no cenário político.

Além disso, o contexto é diferente. Os temas, também. Nos pleitos municipais, segundo o professor, o eleitor está “preocupado com sua cidade, sentindo na pele o que funcionou ou não”. Já nas eleições gerais, a estrutura é maior, as propostas são mais flutuantes.

Calmon afirma que não há “relação clara” entre o número de prefeituras conquistadas por 1 partido e a capacidade de eleger deputados federais e governadores.

A estrutura de cada sigla –ampliada (ou não) com o resultado do pleito municipal– no entanto, pode influenciar as escolhas para governadores e presidente. “O fato dos partidos terem recursos organizacionais, financeiros, mobilização de pessoas, o fortalece durante a campanha presidencial”.

Segundo o cientista político, a relação interna no pleito geral é clara –diferente do que ocorre com as interferências municipais. “A eleição para Presidência da República, muitas vezes puxa, traz com ela, os governadores”. Para exemplificar o caso, o professor afirma que, em 2018, muitos candidatos se aliaram à agenda de Bolsonaro. E obtiveram sucesso. O mesmo aconteceu com Lula.

Esse fenômeno é conhecido como coattail effect, que é a tendência de 1 candidato popular atrair votos para outros de 1 mesmo partido em uma eleição. O termo foi originalmente popularizado por Barry Ames (1994).

Calmon pondera que o apoio do presidente da República a 1 postulante a prefeito não pode ser “desprezado”, mas não é “tão importante quanto [o apoio] nas eleições para deputados e governadores”.

PREFEITOS NO G96

Há uma peculiaridade quando se observam as prefeituras por partido nas 26 capitais e nos 70 municípios com mais de 200 mil eleitores –em que há 2º turno.

O MDB conquistou o maior número de cidades brasileiras em 2016 (como mostraram os infográficos acima). O PSDB, no entanto, comanda mais municípios importantes no chamado G96. Tem em suas mãos 21,2 milhões de eleitores em 30 cidades.

© Fornecido por Poder360 

Tanto no infográfico acima, quanto nos publicados no início desta reportagem, percebe-se 1 ápice de eleitos do PT e do MDB em 2008. Os partidos tiveram relações próximas no período.

Em 2010, Michel Temer, emedebista, se candidatou a vice-presidente na chapa com Dilma Rousseff, do PT.

Essa estreita relação, vinda desde o governo Lula, alavancou a eleição de deputados e prefeitos entre filiados da sigla. O cientista político Paulo Calmon, já citado nesta reportagem, explica que a beneficiou ambos.

Depois, com escândalos de corrupção e uma intensa crise econômica, o PT foi perdendo poder. As prefeituras comandadas pelo partido caíram de 638 em 2012 para 254 em 2016.

As alianças de antigamente, segundo o professor, parecem não surtir mais tanto efeito. “Hoje, em grande medida, as alianças no congresso não orbitam em torno de partidos políticos, mas de bancadas e liderança. A influência do partido não acabou, mas cada vez mais está dividida”, diz.

 

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

DEBATE POLÍTICO SOBRE SOLTURA DE TRAFICANTE PELO STF

 

Após ministro do Supremo soltar traficante do PCC, parlamentares defendem mudar lei

 

Redação

 

 

SÃO PAULO - Após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello determinar a soltura de um traficante de São Paulo, parlamentares e políticos defenderam a mudança da legislação para coibir situações do tipo. O magistrado afirma ter se baseado em novo trecho do artigo 316 do Código de Processo Penal, incluído após a aprovação do pacote anticrime aprovado no Congresso em 2019. Segundo esse novo texto, o juiz precisa reavaliar a prisão preventiva a cada 90 dias - antes não havia prazo. Com a repercussão do caso, parte dos parlamentares falou neste domingo, 11, em revogar esse item da lei e outros reivindicaram aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da prisão em 2ª instância.


© André Dusek/Estadão O ministro do STF Marco Aurélio Mello

No Twitter, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), aliada do governo, foi uma das parlamentares que prometeram um projeto para retirar do Código de Processo Penal. Em resposta, a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP) lembrou que a medida foi aprovada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro. O ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública Sergio Moro disse, em nota, que foi contrário à inclusão no pacote anticrime deste trecho, que não constava na versão original.

Em entrevista à GloboNews, Maia rebateu as críticas de que a responsabilidade é do Congresso. Para ele, o Ministério Público, responsável pela investigação e pelo pedido de prisão preventiva, deveria renovar a solicitação para a Justiça em um prazo de 90 dias se quisesse manter o acusado na prisão. O presidente da Câmara não descartou revisão na lei, mas ponderou que não vê a legislação como problema. "Acho engraçado. Sempre se transfere para a política o desgaste e a polêmica. Por que a gente não cobra do procurador, independente que seja na 1ª ou na 2ª instância, por que ele não cumpriu o papel dele? Porque ele é pago para isso, ele fez concurso para isso, jurou a Constituição para isso."

A Procuradoria-Geral da República pediu a reversão da soltura, pleito que foi atendido pelo presidente do STF, Luiz Fux. Quando essa decisão foi proferida, no entanto, o traficante André do Rap, um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), já havia deixado o presídio em Presidente Venceslau, no interior de São Paulo. A suspeita da polícia é de que ele tenha fugido para o Paraguai.

O deputado federal Major Vitor Hugo (PSL-GO) cobrou que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), coloque na pauta a Proposta de Emenda Constituição (PEC) da prisão em 2ª instância. "Essa (é) a solução pra muitos dos nossos problemas. Impunidade que gera descrença na Justiça", escreveu o ex-líder do governo nas redes sociais.

O senador Álvaro Dias (Podemos-PR) também pressionou Rodrigo Maia sobre a acelerar a votação da PEC da prisão em 2.ª instância. O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, defendeu a proposta. Se não for aprovada essa medida, de acordo com o político pernambucano, “a lei seguirá beneficiando traficantes, homicidas e líderes de facções criminosas”.

 

ELEIÇÕES AMERICANAS

 

Joe Biden abre 12 pontos de vantagem sobre Donald Trump, diz pesquisa

 

Poder360

 


© Gage Skidmore e Tia Dufour/White House Pesquisas recentes mostram que Joe Biden (à esq.) ganharia de Donald Trump

Pesquisa Washington Post/ABC News mostra o ex-vice-presidente Joe Biden com 12 pontos percentuais à frente do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na disputa à Presidência do país. O democrata tem 54% das intenções de voto contra 42% do republicano.

O levantamento, divulgado no domingo (11.out.2020), foi feito de 6 a 9 de outubro –1 dia depois do republicano, com covid-19ter alta do hospital. Foram entrevistadas 1.014 pessoas por meio de ligações telefônicas. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais. Eis a íntegra.

© Fornecido por Poder360

ELEIÇÕES NORTE-AMERICANAS

Faltam 22 dias para o pleito. O 2º debate presidencial, previsto para 15 de outubro, foi cancelado na 6ª feira (9.out). A comissão organizadora determinou, 1 dia antes, que seria no formato virtual. Trump se recusou a participar por causa do modelo. O 3º (e último), previsto para 22 de outubro, continua incerto.

Mais de 9,3 milhões de eleitores já votaram pelo correio. Em 2016, eram 429.337 votos no mesmo período.

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...