quarta-feira, 7 de outubro de 2020

DILEMA DOS GOVERNANTES: ECONOMIA OU SAÚDE?

 

Economia ou saúde, o dilema dos governantes

 

AFP

 

O ressurgimento da pandemia da covid-19 na Europa ilustra o dilema que os governos vêm enfrentando há vários meses: impor uma nova quarentena, com o risco de estrangular a frágil recuperação econômica, ou aumentar gradativamente as restrições, sem garantia de parar a segunda onda.

 



© Tolga AKMEN Nesta foto tirada em 4 de julho de 2020, funcionário de bar usando máscara serve comida para clientes em Stratford, no leste de Londres© NICOLAS TUCAT Protesto contra fechamento dos bares em Marselha, França, em 2 de outubro

"Nos Estados Unidos, os feriados do Dia da Memória no final de maio e do Dia da Independência em 4 de julho foram seguidos por picos de contágio", disse recentemente em um artigo a francesa Esther Duflo, vencedora do Nobel de Economia.

A partir desse fato, Duflo propôs, para evitar um "surto catastrófico" da doença entre os idosos no Natal, estabelecer um novo confinamento em toda a França de 1o a 20 de dezembro.

"As compras de Natal podem ser incentivadas durante o mês de novembro e as lojas podem permanecer abertas para pedidos durante a quarentena", argumentou Duflo em uma coluna publicada no jornal francês "Le Monde".

Sua proposta não foi bem recebida por todos.

"Não sei se Esther Duflo tem o Prêmio Nobel de Psicologia", mas "um reconfinamento geral significaria o colapso do país", reagiu o presidente da principal organização patronal da França (Medef), Geoffroy Roux de Bézieux.

- "Permanecer humildes" -

Neste contexto e face a uma opinião pública cada vez mais relutante, entre manifestações contra a obrigatoriedade do uso de máscara na Alemanha e os protestos na França contra o fechamento dos bares, um confinamento geral e prolongado não parece ser uma opção para os governantes.

O governo irlandês, por exemplo, decidiu não seguir o conselho de seu comitê científico, que defendia a quarentena. Mas os irlandeses não podem mais deixar seu condado, para limitar a circulação do vírus.

Paris fechou suas academias e bares, e Bruxelas fará o mesmo a partir de quinta-feira, enquanto Hamburgo equipou suas escolas com purificadores de ar.

"Devemos permanecer humildes diante desse vírus, do qual ainda pouco sabemos e, sobretudo, ser muito reativos. Dizer que vamos nos reconfinar dentro de dois meses será tarde demais. Devemos fazê-lo assim que se constatar uma aceleração da epidemia", avalia Jonathan Benchimol, economista do Banco de Israel.

Israel foi o primeiro Estado, em meados de setembro, a decretar um novo confinamento da população. Mas, enquanto em março e abril, "tudo estava fechado, menos os shoppings, desta vez o confinamento é mais inteligente, tanto econômica quanto psicologicamente", afirma o economista.

Por recomendação do Banco Central, "as empresas com alta contribuição para o PIB e baixo risco de morbidade para trabalhadores e clientes, como alta tecnologia, indústria pesada, finanças e construção, foram mantidas abertas".

- "Bomba atômica" -

Como podemos evitar o maior número possível de mortes e, ao mesmo tempo, causar o mínimo de perturbações negativas na vida social e econômica?

"Esta é a equação complexa que os governos enfrentam", diz o diretor de pesquisa do CNRS (Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica), Pierre-Yves Geoffard.

E acrescenta: "A queda do PIB não é um número abstrato, é a explosão do desemprego, da pobreza e da precariedade".

Para ele, um novo confinamento é uma solução extrema, uma "bomba atômica".

"Na Suécia, o raciocínio é que, se as escolas forem fechadas, as crianças serão privadas de educação, embora saibamos que a educação é crucial para a saúde a longo prazo", aponta Geoffard.

É "a saúde de alguns contra a saúde de outros amanhã", completou.

Para este economista da saúde, a melhor estratégia a adotar contra a covid-19 continua sendo aquela que tem sido usada historicamente contra a maioria das doenças infecciosas: "testes, rastreamento e isolamento".

evs/meb/zm/mr/tt

 

PRODUÇÃO DE PETRÓLEO NO BRASIL CRESCE A NÍVEIS MUNDIAIS

 

Produção de petróleo no Brasil cresce mais do que a média mundial, diz Ineep

 

Fernanda Nunes

 

RIO - O Brasil se tornou o maior produtor de petróleo da América Latina. Nas Américas, está atrás apenas dos Estados Unidos e Canadá. De 2016 a 2019, a produção brasileira avançou 11%, enquanto a média mundial subiu 3,3%. "Os países do Oriente Médio estão perdendo importância e os países americanos, entre eles o Brasil, já são os principais fornecedores para os Estados Unidos", diz Rodrigo Leão, coordenador técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep).

A pesquisa da entidade demonstra que BrasilCanadá e Colômbia se tornaram agentes importantes da nova geopolítica de petróleo. Segundo estatística da petrolífera bp, de 2016 a 2019, o petróleo produzido no Brasil saltou de 2,59 milhões de barris por dia (bpd) para 2,88 milhões de bpd. O crescimento do pré-sal foi ainda mais expressivo, de 70%, saindo de 1,02 milhão de bpd em 2016 para 1,73 milhão de bpd em 2019, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Pré-sal pode colocar Brasil ao lado de países com grandes reservas de petróleo, como Venezuela, Canadá e Rússia. © Fábio Motta/Estadão Pré-sal pode colocar Brasil ao lado de países com grandes reservas de petróleo, como Venezuela, Canadá e Rússia.

Segundo o Ineep, o pré-sal se destacou como umas das maiores reservas de petróleo do mundo. Em sua pesquisa, ele ressalta que estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) projeta que o pré-sal vai contribuir com um acréscimo de mais de 60 bilhões de barris recuperáveis de petróleo, o que posicionaria o Brasil na lista das dez maiores reservas do mundo. Fora do Oriente Médio, essa reserva só fica atrás da Venezuela, Canadá e Rússia.

Além disso, de acordo com o Ineep, o pré-sal está entre as áreas com os menores custos de extração do mundo, próximo a Arábia Saudita, Rússia e Iraque. O campo de Búzios possui baixo risco e custo de extração do petróleo próximo a US$ 3 por barril.

Leão destaca que a Petrobrás e parceiros chegaram a gastar mais de U$ 100 milhões no primeiro poço (BM-S-10) antes de alcançar o pré-sal. Diante do alto custo exploratório, a Chevron desistiu do projeto e vendeu sua participação no bloco. Mesmo não encontrando petróleo nesse poço, a estatal brasileira apostou na continuidade do projeto e perfurou um segundo poço na área de Tupi (BM-S-11), onde encontrou enormes reservas de petróleo. Depois disso, novos poços foram perfurados com êxito.

"Isso permitiu ao Brasil, nos últimos anos, num contexto em que o País aumentou suas importações de derivados de petróleo, se tornar um exportador líquido de petróleo. De acordo com a ANP, entre 2016 e 2019, as exportações brasileiras de petróleo subiram de 0,84 mb/d para 1,23 mb/d. Com efeito, a participação das exportações no total produzido saltou de 32,2% em 2016 para 42,8% em 2019", afirma o pesquisador.

Ele destaca ainda que a ascensão de Brasil, Canadá e Colômbia, atualmente aliados dos Estados Unidos, tem possibilitado a formação de um mercado regional de petróleo capaz de reduzir a dependência americana das importações da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). "Ao mesmo tempo, a demanda dos países árabes foi reduzida, e, com isso, as Américas têm elevado sua capacidade de influenciar a trajetória dos preços e do ritmo da produção global, aumentando as tensões com os grandes produtores tradicionais", ressalta Leão.

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...