quinta-feira, 10 de setembro de 2020

QUEREM TIRAR O MINISTRO DA ECONOMIA PAULO GUEDES

 

Saída de Guedes da articulação ajuda governo, diz líder

 

Simone Iglesias e Martha Beck

 

 


(Bloomberg) -- O presidente Jair Bolsonaro mudou a estratégia para tentar aprovar a agenda de reformas no pós-pandemia. O ministro da Economia, Paulo Guedes, saiu da linha de frente para dar lugar aos ministros da Casa Civil, Walter Braga Netto, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, na interlocução direta com o Congresso, disse o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), em entrevista.

A saída de cena de Guedes do contexto da articulação política ajudará o governo, segundo o deputado, na casa há mais de 20 anos e que assumiu recentemente a liderança substituindo Vitor Hugo (PSL-GO). Ele diz que, em votações anteriores, acordos feitos por Guedes e sua equipe com deputados e senadores acabaram desautorizados por outros ministros ou pelo próprio Bolsonaro, o que criou desacertos.

“O que estava acontecendo muitas vezes é que a economia avançava em determinados pressupostos nas negociações com o Parlamento e depois o governo, ouvindo outros ministros, tinha opinião diversa”, afirmou Barros.

“Me recolhi e estou enquadrado em um regime de articulação política”, disse Guedes nesta quarta-feira durante evento ao comentar a relação com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Acredito que será melhor para mim e para ele”, afirmou o ministro.

Guedes deu um passo atrás no diálogo com o Congresso depois de crescentes tensões com Maia, que chegou a dizer na semana passada que a interlocução com o ministro estava encerrada. Bolsonaro, que costumava se referir a Guedes como seu posto Ipiranga para questões econômicas, tem dado sinais ambíguos de apoio aos planos de austeridade do ministro.

O presidente tem gradativamente dado mais espaço para outros ministros se manifestarem em áreas que antes eram exclusivas de Guedes. E agora, Bolsonaro construirá um consenso interno antes de levar os assuntos ao Legislativo. “Quando formos para Maia com a posição do governo, teremos mais tranquilidade porque não haverá mais conflito”, disse Barros.

O Ministério da Economia enfrenta uma pressão crescente de outras pastas que estão tentando convencer Bolsonaro a aumentar os gastos públicos e flexibilizar regras de austeridade fiscal. Isso acontece em um momento em que o Brasil já gastou mais de R$ 600 bilhões para combater o coronavírus e em que a dívida bruta chegará a 94,6% do PIB até o final de 2020.

Tributária parada

A segunda etapa da reforma tributária está parada enquanto Bolsonaro decide se endossa ou não a criação do imposto sobre transações digitais, uma nova versão da extinta CPMF.

Essa é a razão de o governo ainda não ter encaminhado o texto complementar ao Congresso, disse o líder. Guedes sustenta que a medida abre caminho para a desoneração da folha de pagamento das empresas, permitindo que elas contratem mais no pós-pandemia. Congressistas, entre eles Maia, no entanto, são contra a ideia e não vêem espaço para a criação de mais um imposto, principalmente um que afetará toda a população.

Não há consenso, diz Barros. “Quando e se for para o Congresso, irá apoiado pelo governo”, completou. Quando houver acordo interno, a proposta do novo imposto será discutida com líderes dos partidos da base para medir se há viabilidade de aprovação. “Não adianta colocar uma proposta se não tiver acordo com os líderes, porque será apresentada só para desgastar o governo”, disse Barros.

O plano do presidente de criar um novo programa social também precisa de apoio do Congresso. O Renda Brasil precisa estar pronto até o final do ano para substituir o auxílio emergencial pago aos trabalhadores informais, mas ainda não tem verba ou espaço orçamentário.

Antes disso, o governo precisa que o Congresso aprove a PEC do pacto federativo, que vai permitir a realocação de dinheiro dentro do orçamento sem romper a regra do teto de gastos, única âncora fiscal que ainda resta ao Brasil.

Uma grande reformulação das carreiras do funcionalismo prevista na reforma administrativa também precisa do apoio de deputados e senadores. Ambas as propostas têm boas chances de serem aprovadas até o final do ano, segundo Barros. “Embora sejam temas complexos, o momento é propício”, disse ele.

MINISTRO LUIZ FUX ASSUME A PRESIDÊNCIA DO STF NESSA QUINTA FEIRA

 

Fux assume como presidente do STF nesta 5ª; conheça a trajetória do ministro

 

Nathan Victor

 

O ministro Luiz Fux toma posse na tarde desta 5ª feira (10.set.2020) como presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). A ministra Rosa Weber assume a função de vice. Ficam nos cargos por 2 anos.

 

© Fellipe Sampaio/SCO/STF Fux será empossado como chefe do Poder Judiciário nesta 5ª feira (10.set.2020)

A cerimônia será realizada às 16h no plenário da Corte. Contará com a presença apenas de autoridades dos Três Poderes, dos membros do Tribunal e de alguns familiares deles. Será transmitida pelo canal do Poder360 no Youtube.

Ao deixar a Presidência do STF, Dias Toffoli comporá a 1ª Turma do Supremo. O colegiado é formado por Rosa Weber, que o preside, e pelos ministros Marco Aurélio Mello, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

Luiz Fux foi advogado, promotor, juiz e desembargador no Rio de Janeiro antes de ser indicado, em 2001, ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 2011, Fux tornou-se membro do STF, escolhido pela ex-presidente Dilma Rousseff.

O novo chefe do Poder Judiciário é apoiado pela força-tarefa da Lava Jato. Em mensagens de 2016 que se tornaram públicas a partir de reportagens do The Intercept Brazil, Fux inspirou palavras de apoio de 2 expoentes da força-tarefa: o então juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. Moro escreveu: “In Fux we trust”. É uma paráfrase da inscrição nas notas de dólar, trocando-se “Deus” pelo nome do ministro. Significa, nesse contexto: “Em Fux nós confiamos”.

Em janeiro deste ano, Fux suspendeu a implantação do juiz de garantias. Assim queria Moro, à época ministro da Justiça. Seria 1 possível limitador a prisões antes da condenação. Fux reverteu liminar a favor da implantação desses cargos de juízes. A decisão revertida foi assinada pelo ministro Dias Toffoli, que se despede da chefia da Corte logo mais.

Luiz Fux chega ao comando do Supremo num momento em que a operação sofre baixas. Deltan Dallagnol deixou a coordenação em Curitiba para, segundo ele, cuidar da saúde de sua família.

Em São Paulo, 7 procuradores abandonaram a operação. A debandada foi por desavenças com a procuradora Viviane Oliveira Martinez. Ela é a chefe do 5º Ofício da Procuradoria da República em SP. O órgão é o responsável pela Lava Jato no Estado.

Relatorias

Entre os casos de grande repercussão relatados pelo ministro Luiz Fux, destacam-se:

  • a constitucionalidade das hipóteses de inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa;
  • a multiparentalidade ou paternidade socioafetiva;
  • a constitucionalidade dos aplicativos de transporte;
  • habeas data (ação em prol do livre acesso de qualquer cidadão a informações a ele próprio relativas) como garantia constitucional de proteção ao contribuinte;
  • a extradição de Cesare Battisti;
  • a quebra de sigilo bancário pelo TCU; e
  • federalismo fiscal.

Além disso, Fux votou a favor:

  • da invalidade de norma da reforma trabalhista que permitia trabalho de grávidas e lactantes em atividades insalubres;
  • e pelo enquadramento da homofobia e da transfobia como crimes de racismo;

O que vem por aí

Ao Poder360, o mestre em Direito do Estado Thiago Sorrentino, que foi assessor de Fux no STF, disse que o ministro deve dar prioridade à pauta econômica, aplicando uma versão da análise econômica do direito. Segundo Sorrentino, o magistrado tende a ser mais conciliador do que os presidentes anteriores.

“É mais fácil pressupor a posição dele em matéria financeira, tributária e econômica. Já em penal, é necessário ter mais parcimônia” ressalta. “É possível que Fux acomode a relação com o atual presidente da República, diante da natureza conciliatória dele”, completa.

 

Rosa Weber

A ministra será a 3ª mulher a assumir a Vice-Presidência e, futuramente, a Presidência de fato. Foi indicada em 2011 pela ex-presidente Dilma Rousseff. Rosa entrou no lugar da 1ª magistrada da Suprema Corte, a ministra Ellen Gracie, que se aposentou em 2011.

Rosa Weber veio da Justiça Trabalhista. É tida como a mais reservada dos ministros da Corte. São raras as entrevistas ou aparições na mídia e até para o próprio canal de comunicação do Poder Judiciário, a TV Justiça.

Um dos votos marcantes da nova vice-presidente do Supremo foi o que formou maioria e cravou o entendimento de que a execução da pena só pode ocorrer depois de esgotados todos os recursos.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...