terça-feira, 8 de setembro de 2020

COLUNA ESPLANADA DO DIA 08/09/2020

 

Recuo estratégico

Coluna Esplanada – Leandro Mazzini

 

 

O barulho do empresariado dos serviços ecoou no Palácio. O governo Bolsonaro recuou da tentativa de acelerar a Reforma Tributária do Executivo e pediu para retirar o regime de urgência para o Projeto de Lei que cria a Contribuição sobre Bens e Serviços, tributo que unifica PIS-Cofins criando uma alíquota de 12% para o setor e que trancava a pauta de plenário da Câmara a partir de hoje. Os deputados não poderiam mais votar outras propostas até que essa parte da reforma fosse deliberada.

A granel
O Governo quer mandar uma reforma fatiada e uma das propostas inclui a criação de um novo tributo sobre transações digitais para compensar a desoneração da folha.

Cidadania
O Tribunal Superior Eleitoral tem registrado considerável aumento de interessados em serem mesários na eleição de novembro. 

Acervo na estante
Por falar no TSE, a biblioteca da Corte eleitoral acaba de ganhar mais de 5 mil livros doados pela família do ex-ministro José Guilherme Villela, assassinado em 2009.

OVNI do marqueteiro
Os custos da atividade partidária do PSC estão no foco desde que seu principal dirigente, o Pr. Everaldo, foi preso na mesma operação que apeou do cargo o então governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Entre eles, figura o pagamento de R$ 1,7 milhão feito ao marqueteiro argentino Jorge Gerez, que cuidou da campanha de Pr. Everaldo à Presidência em 2014. A produtora de vídeo OVNI, vinculada a Gerez, também recebeu uma quantia semelhante.

Rodas desgovernadas
A briga surda entre o empresariado e o governo de Pernambuco causa crise sem precedentes nos transportes do BRT na Região Metropolitana do Recife. Os usuários estão prejudicados, pois metade das 42 estações foi depredada por vândalos. A PM parou de fazer a escolta dos veículos e linhas tiveram a operação reduzida. Ninguém assume a responsabilidade.

De quem entende
O cientista político Antônio Lavareda diz que a eleições nas capitais serão nacionalizadas. A pandemia, a crise econômica e a polarização política serão temas prioritários nas campanhas. Ele é autor de um terceiro livro sobre eleições municipais, lançado no último dia 2, com a também cientista política Helcimara Telles.

DPU ferve
A Defensoria Pública da União tem uma velada e acirrada disputa pelo comando do órgão. Envolve até implicância com um candidato que é contra o aborto.

Peso do malhete
Passa um calvário numa penitenciária do Piauí, para onde voltou a mando da Justiça, o jornalista Arimatéia Azevedo, suspeito de extorsão. Ele provocou muito o Judiciário

‘Seu’ Marcelo
Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente português, ganhou manchetes recentes ao salvar duas meninas numa praia do Algarve quando passeava de jet ski. Não é surpresa para leitores da Coluna em Lisboa que o conhecem. Rebelo dirige o próprio carro, entra na fila de supermercados e almoça entre comuns num tradicional restaurante lisboeta.

 

BOLSONARO FAZ PRONUNCIAMENTO NO DIA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL 7 DE SETEMBRO

 

Em pronunciamento no 7 de Setembro, Bolsonaro diz defender democracia, mas celebra golpe de 64

 

Amanda Pupo, Julia Lindner e Jussara Soares

 

 

BRASÍLIA - No dia em que o Brasil atingiu 127 mil mortos pelo novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro fez na noite de ontem um pronunciamento em que ignorou a pandemia, não destacou a agenda de reformas de governo e procurou dar ênfase à “liberdade dos brasileiros”. Bolsonaro afirmou ter compromisso com a democracia, mas, em cadeia nacional de rádio e TV, voltou a celebrar o golpe de 1964 – que deu início ao regime militar. Essa foi a primeira vez que o presidente se manifestou em pronunciamento desde abril. Durante a fala do Dia da Independência, foram registrados panelaços pelo País.

Sem mencionar a repressão da ditadura militar a opositores, Bolsonaro destacou que, nos anos 1960, “quando a sombra do comunismo nos ameaçou”, milhões de brasileiros foram às ruas “contra um país tomado pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”. “O sangue dos brasileiros sempre foi derramado por liberdade”, disse o presidente.

 

© Reprodução O presidente Jair Bolsonaro durante pronunciamento

Em tom nacionalista, afirmou que em 1822, na declaração de independência do Brasil, o País dizia ao mundo que “nunca mais aceitaria ser submisso a qualquer outra a nação”, e que os brasileiros “jamais abririam mão da sua liberdade”. Ele também fez referência à participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, quando o País “foi à Europa para ajudar o mundo a derrotar o nazismo e o fascismo”. “Vencemos ontem, estamos vencendo hoje e venceremos sempre.”

Afirmando compromisso com a Constituição, a democracia, a liberdade e a preservação da soberania, Bolsonaro disse que o País jamais abrirá mão de tais valores. “No momento em que celebramos essa data tão especial, reitero, como Presidente da República, meu amor à Pátria e meu compromisso com a Constituição e com a preservação da soberania, democracia e liberdade, valores dos quais nosso País jamais abrirá mão”, disse o presidente, que destacou a palavra democracia em seu pronunciamento. “A Independência nos deu a liberdade para decidir nossos destinos e a usamos para escolher a democracia.”

A escolha do presidente em enfatizar a defesa da democracia ocorre num momento em que Bolsonaro adota um tom mais ameno na relação com os demais Poderes. No primeiro semestre deste ano, o mandatário participou de atos antidemocráticos em Brasília e proferiu uma série de críticas a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que contrariaram os interesses do governo – como a suspensão da nomeação de Alexandre Ramagem para a Polícia Federal.

O presidente também usou o pronunciamento para ressaltar a miscigenação brasileira. Para Bolsonaro, o Brasil desenvolveu o “senso de tolerância”.

O cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB), avalia que Bolsonaro fez um pronunciamento "neutro". "Ele concentrou sua fala sobre a Independência do Brasil há 198 anos, um pouco sobre Império e sobre a República. Eu não chamaria exatamente de paz e amor, mas foi uma alusão à independência, sem ataques e sem ódio", avaliou.

Reprodutor de vídeo de: YouTube (Política de PrivacidadeTermos)

Para Fleischer, cabia ao presidente ter feito, pelo menos, uma pequena menção de solidariedade aos familiares de vítimas da covid-19. "Ele não fala nem hoje nem nos outros dias. É totalmente omisso em relação ao coronavírus. Se comparar com o presidente argentino (Alberto Fernández), que assumiu o comando nacional contra a covid, a diferença é radical", disse.

'Mita'

Durante o dia, o presidente participou da cerimônia do Dia da Independência, realizada no Palácio da Alvorada. Sem máscara, Bolsonaro chegou no Rolls-Royce conversível da Presidência para o evento, acompanhado de um grupo de cerca de dez crianças, e cumprimentou apoiadores. Algumas usavam máscaras, outras não. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foi chamada de "mita" pelo público.

Sem máscara, Bolsonaro chegou no Rolls-Royce conversível da Presidência para o evento, acompanhado de um grupo de cerca de dez crianças, e cumprimentou apoiadores. Algumas usavam máscaras, outras não. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foi chamada de “mita” pelo público.

Enxuto por causa da pandemia, o evento substituiu o tradicional desfile de 7 de Setembro, realizado na Esplanada dos Ministérios. A portaria do Ministério da Defesa que cancelou o evento apresentou como motivo o risco de aglomeração. No entanto, de acordo com a Secretaria Especial de Comunicação (Secom), entre 1 mil e 1,2 mil pessoas acompanharam a solenidade.

Estavam presentes autoridades como os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, além de ministros de Estado e chefes das Forças Armadas. Assim que Toffoli chegou à solenidade, simpatizantes de Bolsonaro gritaram para o ministro: “Supremo é o povo”. Alcolumbre, por sua vez, foi hostilizado com vaias. Entre os ministros, Paulo Guedes (Economia), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Fábio Faria (Comunicações) foram alguns dos presentes.

Com o desentendimento público entre Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Guedes, o presidente da Câmara dos Deputados optou por não comparecer à comemoração. Segundo a assessoria de Maia, o deputado não participou por estar no Rio.

Almoço

Depois da cerimônia, Bolsonaro ainda participou, junto de ministros, de uma confraternização na casa do secretário especial de Assuntos Estratégicos, almirante Flávio Rocha. O almoço contou também com a presença do presidente do STF. O convite de Rocha ocorreu justamente no momento em que o primeiro escalão diverge sobre gastos públicos na retomada econômica.

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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