Casos de Covid-19 na
América Latina e Caribe ultrapassam marca de 6 milhões
RFI
© AP - Rodrigo Abd
A região América Latina e Caribe, a mais afetada do mundo pelo novo
coronavírus, superou a marca de 6 milhões de infectados, enquanto a Europa
acelerou no fim de semana a adoção de novas restrições, diante do temor de uma
segunda onda. França registrou mais de 3.300 casos em 24 horas.
O novo coronavírus matou mais de 760.000 pessoas em todo o planeta e
infectou mais de 21,2 milhões.
Nos últimos sete dias, quase metade das mortes no mundo por COVID-19
aconteceram na América Latina e Caribe, região que contabiliza 237.829 vítimas
fatais desde o início da pandemia, de acordo com um balanço da AFP com base em
dados oficiais. A região contabilizava 6.024.138 de casos até sábado.
O Brasil, com 3,3 milhões de casos e 107.232 mortos, é o país mais
afetado da região. Apesar do balanço, os principais pontos turísticos do Rio de
Janeiro, incluindo o Cristo Redentor, reabriram para o público, após cinco
meses de interrupção das atividades.
"A reabertura do Cristo simboliza a reabertura do Brasil ao
turismo", disse o ministro brasileiro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Os visitantes devem usar máscara, manter a distância mínima de dois
metros e não poderão deitar no chão, algo habitual entre as pessoas que
buscavam o melhor ângulo para fotos diante da estátua gigantesca.
A pandemia não afetou a popularidade do presidente Jair Bolsonaro, que
menosprezou a doença e criticou as medidas de confinamento: 47% dos
entrevistados em uma pesquisa não o consideram responsável pelas mortes
provocadas pela pandemia.
Depois do Brasil, a lista de países mais afetados da região inclui o
Peru, que no sábado registrou o recorde de 9.507 casos em 24 horas e 219
mortes, para um total de 525.803 casos e 26.075 vítimas fatais.
O Peru registra o balanço mais grave em termos proporcionais, com 784
mortes para cada milhão de habitantes (a população total é de 32,9 milhões). O
Brasil registra 501 falecimentos por milhão de pessoas, entre uma população de
212 milhões.
No México (511.369 infectados e 55.908 mortos), o governo declarou 30
dias de luto nacional a partir do fim de semana.
A Argentina ampliou o isolamento social até 30 de agosto.
O Equador, que superou a marca de 100.000 casos e registra mais de 6.000
mortes, prorrogou até 13 de setembro o estado de exceção em vigor desde março.
Retrocessos na Europa
No mundo, os Estados Unidos lideram, com folga, a lista de países com os
piores números, com 168.446 mortos e 5,3 milhões de casos.
Mas na Europa, que está no meio do verão, o medo aumenta com uma
possível segunda onda do vírus e países como França e Reino Unido
intensificaram a imposição de novas medidas preventivas.
A França registrou mais de 3.300 novos casos nas últimas 24 horas, o que
não acontecia desde maio. A prefeitura de Paris ampliou no sábado o número de
zonas da cidade com uso obrigatório de máscara, poucos dias depois de adotar
pela primeira vez esta restrição que já estava em vigor em várias cidades
europeias.
O Reino Unido passou a aplicar uma quarentena de 14 dias aos viajantes
procedentes da França, Holanda e Malta. A medida já estava em vigor para
Espanha, Bélgica, Andorra e Bahamas
Na Espanha, com 3.000 infecções diárias nos últimos dois dias, o governo
decretou a proibição de cigarro nas ruas sem o distanciamento de segurança,
exceto quando for possível observar a distância de segurança de dois metros,
assim como o fechamento de discotecas e bares noturnos.
Em Berlim, os bordéis, que estão fechados há cinco meses devido ao
coronavírus, que deixou os estabelecimentos em uma situação financeira
insustentável, foram reabertos, mas as relações sexuais estão proibidas até
setembro. O único serviço autorizado no momento são as massagens.
Na Ásia, a Coreia do Sul reforçou as restrições em Seul e seus
arredores, no momento em que o país registra o maior número diário de novas
infecções em mais de cinco meses.
O vírus e o confinamento continuam deixando milhões de famílias na
miséria. "Não temos mais dinheiro", afirma Daniel Flores, que teve
que abandonar o volante de seu jeepney, um meio de transporte coletivo popular
nas Filipinas.
Avanços na vacina russa
Diante de um vírus que não dá trégua, a esperança passa por uma vacina.
As autoridades russas anunciaram no
sábado avanços na produção de sua vacina Sputnik V.
"O primeiro lote da nova vacina contra o coronavírus foi produzido
no Centro de Pesquisas Gamaleya", afirma o ministério da Saúde da Rússia
em um comunicado, a respeito do fármaco anunciado na terça-feira pelo
presidente Vladimir Putin.
Cientistas ocidentais, no entanto,
expressaram ceticismo e prosseguem com diversos projetos de vacinas.
Na América Latina, Argentina e México anunciaram durante a semana um
acordo para produzir, em todo continente, a vacina em estudo pelo laboratório
AztraZeneca e a Universidade de Oxford.
O Brasil não integra o projeto por ter os próprios acordos com
laboratórios e universidades.
O governo dos Estados Unidos, que investiu mais de 10 bilhões de dólares
em seis projetos de vacinas e assinou contratos que garantem a entrega de
centenas de milhões de doses em caso de êxito, prometeu vacinar os americanos
de maneira gratuita.
Em meio aos esforços e à luta contra o vírus, muitos países não
conseguem evitar a corrupção. O governo boliviano interrompeu uma licitação de
compra de reagentes para os testes da COVID-19 por supostas irregularidades no
processo.