Segundo a chegar aos 100
mil mortos, Brasil teve rápida alta de casos
Matheus Adler
© CARL DE SOUZA/AFP Funcionário
da Prefeitura do Rio faz desinfecção no Morro Santa Marta: população mais pobre
foi a mais afetada no BrasilO dia 8 de agosto de 2020 será lembrado como a data
em que o Brasil bateu a triste marca de 100 mil mortes pelo coronavírus. Mães,
pais, avós, arrimos de família, amigos. Pessoas com uma história e que tiveram
sonhos interrompidos pela COVID-19. Além de o índice ser assustador, o que
chama a atenção é a velocidade na qual se chegou ao alto número de vidas
perdidas no país.
Agora, o Brasil está ao lado dos Estados Unidos em relação aos países
que já registraram mais de 100 mil óbitos por COVID-19. A diferença é enorme em
relação ao México, terceiro lugar na lista global e segundo na América Latina,
com 51.311 vidas perdidas. O Reino Unido está em quarto, com 46.651 mortes.
O Estado de Minas fez um levantamento comparando o
Brasil, em número de casos e mortes, com outros países, para mostrar a
velocidade da doença em cada um deles: Argentina, Estados Unidos, França,
Itália, China, Índia e Rússia.
Nos EUA, a primeira morte por COVID-19 foi registrada em 1º de março.
Já em 6 de abril, o país chegou a 10 mil óbitos, ou seja, um intervalo de 36
dias, mesmo período de tempo que a Itália levou para chegar ao triste índice de
10 mil vidas perdidas, uma vez que a primeira vítima foi confirmada em 21 de
fevereiro, chegando à marca citada em 28 de março.
A França tem mais de 30 mil mortos por COVID-19, mas foi um dos países
que levou menos tempo para chegar aos 10 mil óbitos, uma vez que a primeira
vítima foi registrada em 26 de fevereiro, enquanto a marca citada de vidas
perdidas foi superada em 7 de abril. Um intervalo de 41 dias.
Já o Brasil vem em seguida com um dos menores intervalos de 10 mil óbitos,
com 53 dias. A primeira morte foi confirmada em 17 de março, enquanto em 9 de
maio o país chegou ao índice de 10 mil vidas perdidas. Os Estados Unidos, que
acumula mais de 100 mil mortes ao lado do Brasil, chegou à marca em 87 dias
depois do primeiro óbito e 51 dias depois de 10 mil vítimas.
Outros países levaram mais de 100 dias para se chegar aos 10 mil óbitos.
Caso da Rússia, por exemplo. Com 146 milhões de habitantes, o território levou
107 dias para alcançar a triste marca. O número de óbitos por lá é de pouco
mais de 14 mil. Outra localidade populosa, com 1,3 bilhão de pessoas, a Índia
levou 10 dias a mais que a Rússia para registrar 10 mil vidas perdidas. São
mais de 42 mil vítimas no país.
Ainda sobre países populosos, a China, com 1,4 bilhão de habitantes,
sequer chegou aos 5 mil óbitos. O território, que foi o epicentro da doença,
tem mais de 4.600 mortes. Abaixo das 5 mil vidas perdidas está a Argentina, com
mais de 3.800 vítimas.
Na América Latina, quem mais se aproxima do Brasil é o México, com mais
de 48 mil mortes, e que está em terceiro lugar no ranking em escala global,
levando 75 dias para chegar aos primeiros 10 mil óbitos.
Aceleração de casos no país
Em relação ao número de casos, o Brasil levou apenas 38 dias para chegar
às 10 mil notificações. A primeira delas foi registrada no dia 26 de fevereiro, enquanto
a marca citada foi batida no dia 4 de abril. Já no dia 3 de maio, ou seja, 29
dias depois, o país completou 100 mil ocorrências de COVID-19, chegando na casa
de 1 milhão 47 dias depois. A aceleração pode ser ilustrada ainda nos 27 dias
que o Brasil levou para chegar nos 2 milhões de pessoas infectadas.
© Spencer Platt/Getty Images/AFP Corpo
chega para ser cremado em Nova York: EUA tem os piores números da pandemia no
mundo
No dia 21 de janeiro, os Estados Unidos anunciavam o primeiro
caso de COVID-19. Já em 19 de março, o país chegou aos 10 mil
pacientes infectados. Uma janela de 58 dias. No entanto, os EUA levaram apenas
oito dias para dar um salto aos 100 mil atingidos pela doença. O primeiro
milhão de ocorrências de coronavírus foi registrado 47 dias depois.
O território americano chegou aos 2 milhões de casos 43 dias depois.
Desde então, a aceleração da doença passou a ficar maior, uma vez que os
intervalos caíram para 28 e 15 dias, atingindo 3 e 4 milhões de pessoas,
respectivamente.
Atrás dos Estados Unidos e Brasil na lista de países com mais casos
registrados de COVID-19, vem a Índia com mais de 1,5 milhão de pacientes
infectados. O primeiro caso foi registrado em 30 de janeiro, enquanto o número
de 10 mil ocorrências foi batido em 13 de abril. Um intervalo de 74 dias. Após
35 dias, o país chegou aos 100 mil casos. O primeiro milhão de notificações
veio após 59 dias.
A Rússia, por sua vez, se aproxima do primeiro milhão de casos. A
primeira notificação de COVID-19 no país se deu em 31 de janeiro. Foram 69 dias
para chegar aos 10 mil casos e apenas 21 dias para chegar aos 100 mil.
Atualmente o território russo tem mais de 860 mil notificações da doença.
A Itália, que assustou o mundo inteiro no início
da pandemia ao registrar números altos de casos confirmados,
levou 39 dias para chegar aos 10 mil pacientes infectados. Após 20 dias, o país
já tinha 100 mil ocorrências de COVID-19, chegando a 200 mil 29 dias depois. O
território italiano tem mais de 250 mil notificações atualmente.
Outro país que já registrou casos na ordem de 200 mil é a França, que
levou 55 dias para chegar aos 10 mil pacientes infectados e 24 dias para dar um
salto negativo para 100 mil notificações. Após 99 dias, o território francês
completou a marca triste de 200 mil pessoas com COVID-19.
A China, epicentro da doença no começo da pandemia, levou 62 dias para
confirmar 10 mil pessoas com a doença. Apesar de o coronavírus ter tido início
na China, o país sequer chegou aos 100 mil casos. O território chinês tem mais
de 90 mil infectados pela COVID-19.
Em relação à América Latina, o México – depois do Brasil – é o país que
mais registrou casos, ultrapassando a marca de 440 mil pessoas infectadas. Já a
Argentina tem quase 210 mil pacientes com a COVID-19.