segunda-feira, 3 de agosto de 2020

ASSEMBLÉIA DE MINAS RETOMA DEBATE SOBRE REFORMA PREVIDENCIÁRIA DO ESTADO

Hora de apagar o fogo: sob tensão, após falas de Zema, Assembleia retoma hoje debate sobre reforma

Evaldo Magalhães

 



Governador subiu o tom contra opositores à reforma; acusou sindicalistas de terem se beneficiado de “rachadinhas” no governo anterior

Passado o recesso regimental do meio do ano, de pouco mais de dez dias e adotado também em função da pandemia – já são 25 contaminados no Legislativo estadual, entre deputados (quatro, oficialmente) e servidores –, a Assembleia deve retomar, hoje, a tramitação dos projetos que tratam da reforma da previdência dos servidores mineiros.

Para aprovar o texto ainda em agosto, como pretende, ou, no mais tardar, até o final de setembro – novo prazo fixado pelo governo federal para que estados e municípios definam novas alíquotas de contribuição, sem sofrer sanções –, o Executivo precisará apagar um incêndio que o próprio governador do Estado iniciou.

Há menos de duas semanas, em live nas redes sociais, Romeu Zema (Novo) subiu o tom contra setores do funcionalismo e parlamentares contrários à reforma. Segundo o governador, alguns servidores ligados a sindicatos das diversas categorias do Estado estariam lutando contra as mudanças propostas pelo temor de perder privilégios conquistados na gestão anterior.

“O pessoal que estava acostumado com ‘rachadinha’ e não sei mais o quê, agora fica dando do contra. Escute com reservas quando a crítica partir desse tipo de público. Enquanto o Estado estava saqueando as prefeituras e mandando o nome de 240 mil funcionários públicos para o SPC, esse pessoal estava calado. Não falou nada”, disse.

Para o líder da oposição na Assembleia, André Quintão (PT), Zema tornou o próprio objetivo, de fazer a reforma previdenciária o mais rápido possível, ainda mais difícil que o inicialmente previsto. “Ele complicou ainda mais a tramitação (da reforma). Acirrou o clima político nos sindicatos, exatamente no momento em que o presidente da Assembleia (Agostinho Patrus) fazia o esforço de ouvir as entidades, tecnicamente”, disse.

Quintão se referia à decisão do dirigente da Casa de realizar um webinário sobre as alterações previdenciárias, na segunda semana de julho, e que acabou gerando um documento gigantesco com propostas de alterações nos projetos, feitas pelos servidores. “Foi uma live desastrada e ele está sendo objeto de ações judiciais dos sindicatos”, completou.

Já o líder do governo no Legislativo, o deputado Raul Belém (PSC), procurou minimizar, às vésperas do retorno dos trabalhos na Assembleia, os efeitos das declarações de Zema, apostando no diálogo como caminho para superar eventuais descontentamentos. “A gente tem conversado com deputados, especialmente da oposição, que se sentiram mais feridos com essa colocação do governador”, pontuou.

“Mas é importante destacar que ele tem um grande respeito pelo servidor público. Tem mostrado isso em gestos, como quando assumiu uma situação complicada do 13º, ou a dos servidores que estavam com nome negativado”, disse. “O governador tem tido zelo. Tenho certeza que o pensamento dele é de que o servidor não tem absolutamente culpa nenhuma do que esta acontecendo hoje no Estado”.

Segundo o governo estadual, que quer aprovar as principais mudanças previdenciárias para os servidores até a segunda quinzena de agosto, só a adequação de alíquotas de contribuição representaria uma economia de R$ 140 mi ao mês

 

Projetos integram lista de requisitos para regime

A polêmica reforma da Previdência em Minas, que tramita na Assembleia desde 19 de junho, é apenas um dos itens da extensa pauta que o governo precisa cumprir para aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do governo federal, sob pena de ter dívidas executadas e transferências voluntárias da União suspensas.

O programa prevê ainda mudanças na estrutura administrativa do Estado, por meio de projetos de lei, privatizações de empresas como a Cemig e a Codemig e um amplo contingenciamento de despesas, proibindo, inclusive, reajustes a servidores e concursos públicos.

O fato de ainda não ter aderido ao RRF pode custar a Minas, já nos próximos dias, um corte de R$ 136 milhões em repasses do Fundo de Participação dos Estados. Isso decorreria de pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, ao STF, para que o órgão suspenda decisão anterior que garantiu ao Estado, em 2019, adiamento de parcela de uma dívida bilionária com o Banco do Brasil, referente a um programa de obras rodoviárias.

Em relação à reforma previdenciária, as duas proposições do Executivo sobre o tema (uma Proposta de Emenda Constitucional, ou PEC, e um Projeto de Lei Complementar, PLC) foram fatiadas antes do recesso do Legislativo – algo que foi interpretado por analistas como uma primeira derrota da reforma. 
[/TEXTO]A partir de hoje, quando deve haver uma reunião de lideres da Casa para fixar diretrizes do semestre, ambas seguem caminhos diferentes: a PEC passa por uma comissão especial antes de ir a plenário; o PLC tramita por mais duas comissões (Trabalho, Previdência e Assistência Social, onde os debates entre quem é pró e contra a proposição prometem ser dos mais acalorados, e de Fiscalização Financeira e Orçamentária), após já ter passado por outras duas, para poder ir a votação.

O prazo inicial previsto pelo Executivo para aprovação de um dos itens da reforma – o que trata da elevação das alíquotas de contribuição dos atuais 11% para 14% – foi alterado na semana passada, graças a uma portaria do Ministério da Economia. Antes, a data limite era 31 de julho. Se não a cumprisse, o Estado sofreria cortes em repasses federais. Atendendo a apelos, o governo central ampliou o prazo para a reforma previdenciária nos Estados, igualando-o ao d os municípios: 30 de setembro.

O governo mineiro nem pensa, contudo, em usar dois meses e quer garantir a votação até a segunda quinzena de agosto. “Sei que é muito trabalho, mas acredito que conseguiremos a adesão de todos”, disse o líder governista, Raul Belém.

Já para a oposição, o plano de Zema dificilmente será cumprido, ainda mais em meio á pandemia. “Ficamos 20 dias só para fatiar o projeto. Agora, acho que só se avançará no tema com debates, preferencialmente, presenciais”, destacou o petista Quintão.

 

 

LOBO GUARÁ SOFRE AMEAÇA DE EXTINÇÃO

Escolhido para cédula de R$ 200, lobo-guará sofre ameaça de extinção

 

Agência Brasil

 

 

 

 

O lobo-guará, escolhido para ilustrar a nova cédula de R$ 200, está entre as 1.173 espécies da fauna ameaçadas de extinção. A estimativa é de que no Brasil vivam cerca de 24 mil lobos-guará, com maior concentração no Cerrado. Eles podem ser encontrados ainda, em menor número, na Mata Atlântica, no Pantanal e no Pampa.

A espécie sofre com a degradação do meio ambiente, avanço desordenado de atividades humanas sobre o Cerrado e centros urbanos, o que leva à perda de habitats. Também é afetada pelo aumento da caça, por atropelamentos e disseminação de doenças a partir do contato com cães domésticos.

“O lobo-guará é talvez a espécie mais icônica do bioma Cerrado. É um animal sempre associado à imagem dos vastos campos e savanas permeados pelas belíssimas veredas que compõem as paisagens especiais do Brasil central. É muito importante associarmos nosso patrimônio natural a símbolos de valor, mas isso precisa vir associado à consciência de que para sobreviverem necessitam que seu habitat natural esteja preservado”, destaca Reuber Brandão, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e professor associado da Universidade de Brasília.

O lobo-guará figura na lista de espécies ameaçadas do Portal da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, na categoria de vulnerável, e depende da preservação de seus ambientes naturais para continuar existindo.

Segundo a RECN, estima-se que cerca da metade da área original do Cerrado já tenha sido destruída. Incêndios florestais, obras de infraestrutura para energia hidrelétrica e demanda por carvão vegetal para a indústria siderúrgica também ameaçam o bioma.

“Precisamos entender que existe diferença entre valor e grandeza. Apesar da escolha da espécie para ilustrar as novas cédulas de real ser positiva, o valor destes organismos e da natureza brasileira é imensamente superior ao valor nominal do dinheiro. Nesse caso, a grandeza se traduz por meio de medidas efetivas pela proteção do patrimônio natural imenso, insubstituível e único. É atribuir valor à conservação da biodiversidade, do bioma Cerrado, das Unidades de Conservação de Proteção Integral e ao icônico e elegante lobo-guará”, avalia Brandão.

Lobo-guará

Elegante e discreto, o lobo-guará (chrysocyon brachyurus) é o maior canídeo silvestre da América do Sul. Ele pode atingir até um metro de altura e pesar 30 quilos. Sua pelagem laranja avermelhada, além da beleza, lhe confere alguns apelidos, como lobo-de-crina e lobo-vermelho. Sua gestação dura pouco mais de dois meses, com média de dois filhotes. Livre na natureza, vive cerca de 15 anos. Além do Brasil, é encontrado na Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru e Uruguai.

Segundo a RECN, o lobo-guará tem comportamento discreto, solitário e pouco ofensivo, preferindo se manter distante dos humanos. Geralmente, pode se alimentar de animais de grande porte, como os veados campeiros, ou pequeno porte, como roedores, tatus e perdizes, além de frutos típicos do Cerrado, como o araticum (Annona crassiflora) e a lobeira (Solanum lycocarpum), também atuando como importante dispersor de sementes.

Cédulas

O lobo-guará ficou em terceiro lugar em uma pesquisa realizada pelo Banco Central (BC) sobre quais animais em extinção deveriam ser representadas em novas cédulas.

Segundo o BC, a imagem da nota de R$ 200 ainda não está disponível porque está na fase final de testes de impressão. O lançamento está previsto para o final de agosto deste ano.

A tiragem em 2020 será de 450 milhões de unidades, equivalentes a R$ 90 bilhões.

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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