Trump anuncia sanções à
China e fim de status especial de Hong Kong
Presidente dos EUA assina lei com novas sanções contra empresas e
autoridades chinesas devido a lei de segurança nacional imposta por Pequim a
Hong Kong. China condena medidas e promete retaliação contra Washington.
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picture-alliance/dpa/AP/E. Vucci Trump:
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou ter assinado um
decreto para encerrar o tratamento econômico e comercial especial concedido a
Hong Kong, além de uma lei com a qual aplicará novas sanções a autoridades,
empresas e bancos chineses para punir a China por restringir a autonomia da
região. A lei foi aprovada com apoio bipartidário no Congresso americano no
início deste mês. Nesta quarta-feira (15/07), a China reagiu prometendo
retaliação.
Em entrevista coletiva nos jardins da Casa Branca, Trump disse que Hong
Kong agora será tratado da mesma forma que a China continental: "sem
privilégios especiais, sem tratamento econômico especial".
"Assinei um decreto que põe fim ao tratamento especial dos EUA a
Hong Kong. Agora, será tratada igual à China continental", inclusive na
imposição de sanções, disse Trump.
"Eles não terão privilégios especiais, nenhum tratamento econômico
especial, e não podem exportar tecnologias sensíveis para nós. Além disso, eles
já sabem que colocamos tarifas maciças sobre a China", completou o chefe
de governo, sugerindo que essas tarifas também serão aplicadas aos produtos de
Hong Kong.
O decreto presidencial determina o bloqueio da propriedade americana de
qualquer pessoa responsável ou cúmplice de "ações ou políticas que
comprometam os processos ou instituições democráticas em Hong Kong". Um
documento divulgado pela Casa Branca também afirma que as autoridades
americanas podem "revogar exceções de licença para exportação para Hong
Kong", e o decreto revoga tratamento especial para os portadores de
passaporte de Hong Kong.
O decreto de Trump representa mais um passo em relação a seu anúncio em
maio, quando ordenou que o seu governo minimizasse o tratamento preferencial
dado à região, um status que ajudou a transformar a ex-colônia britânica num
centro financeiro global durante as duas últimas décadas.
A medida é parte da retaliação de Washington pela aprovação da
polêmica lei de segurança nacional para Hong Kong, que tenta
proibir qualquer ato de "subversão contra o governo central chinês"
na área e que Trump vê como uma forma de oprimir o território.
"Hoje assinei uma lei que me dá novas e poderosas ferramentas para
responsabilizar os indivíduos e entidades envolvidos na extinção da liberdade
de Hong Kong", declarou.
O presidente se referia à Lei da Autonomia de Hong Kong, recentemente
aprovada pelo Congresso, que permite ao governo americano impor sanções contra
indivíduos e bancos estrangeiros que contribuíram para a suposta erosão da
autonomia do território semiautônomo.
"[Hong Kong] não será mais capaz de competir com os mercados
livres. Suspeito que muitas pessoas vão deixar Hong Kong, e teremos mais
negócios [nos Estados Unidos] por causa disso, porque acabamos de perder um
grande concorrente", opinou.
O anúncio do Trump veio horas depois que a China anunciou sanções contra
a empresa de armas Lockheed Martin, sediada nos EUA, e em meio à escalada das
tensões com Pequim sobre Hong Kong, a pandemia da covid-19 e outras questões.
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, a China criticou as sanções
dos EUA, dizendo que "difama maliciosamente" a lei de segurança
nacional imposta em Hong Kong.
"A China dará as respostas necessárias para proteger seus
interesses legítimos e imporá sanções a pessoas e entidades relevantes dos
EUA", afirmou o Ministério do Exterior chinês.
A entrevista coletiva de Trump desta terça rapidamente se transformou em
um longo comício, no qual o presidente, que provavelmente tentará a reeleição
em novembro deste ano, comentou uma a uma as promessas eleitorais do
pré-candidato do Partido Democrata, o ex-vice-presidente Joe Biden.
Segundo o republicano, o entorno de Biden vem sendo um presente para os
chineses e, caso ele chegue ao poder, aplicará uma ideologia única com relação
à Venezuela e abrirá as fronteiras dos EUA a criminosos com políticas de
imigração frouxas. "Todas as pessoas da América do Sul vão entrar aqui,
todas as pessoas de todos os países vão entrar aqui", advertiu.
"Como vice-presidente, Biden foi um dos principais defensores do
Acordo Climático de Paris, que era incrivelmente caro para o nosso país. Teria
esmagado os fabricantes americanos, permitindo que a China poluísse a atmosfera
com impunidade, mais um presente de Biden para o Partido Comunista Chinês'',
disse.