domingo, 5 de julho de 2020

QUEREM ACABAR COM A LAVA JATO


Lava-Jato chega ao momento mais crítico após contestações de Aras

Sarah Teófilo


 
  
© Rosinei Coutinho/SCO/STF


Depois de seis anos e tendo se tornado, para muitos brasileiros, símbolo do combate à corrupção, a força-tarefa da Operação Lava-Jato de Curitiba se vê envolvida em suspeitas de irregularidades e enfrenta, agora, críticas não só externas, como internas. A equipe, sob coordenação do procurador Deltan Dallagnol, recebeu ataques diretos da Procuradoria-Geral da República (PGR) e resolveu confrontar com o procurador-geral Augusto Aras.
Há, entre os procuradores, a certeza de que Aras quer centralizar as investigações sobre corrupção e, se necessário, proteger mais à frente o presidente Jair Bolsonaro, sobretudo por causa de seus três filhos –– Flávio, Carlos e Eduardo, cada vez mais enrolados com a Justiça. Mais: é latente o desejo do Palácio do Planalto de desconstruir a imagem do ex-juiz Sergio Moro, símbolo maior da Lava-Jato. O início da disputa entre PGR e a força-tarefa de Curitiba coincidiu justamente com a saída traumática de Moro do governo federal.
A guerra envolvendo a Lava-Jato vem ganhando capítulos bombásticos. Nos últimos dias, surgiram informações de que a força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba teria usado equipamento de gravação e interceptação telefônica de forma ilegal. Na quinta-feira, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas determinou a realização de diligências para apurar denúncia de uso dos equipamentos. Dallagnol nega, diz que são apenas aparelhos de gravação de chamada adquiridos em 2015 devido às ameaças sofridas pela equipe, sendo que os próprios servidores controlavam os registros.
Em ofício enviado a Aras, semana passada, a força-tarefa admitiu que o aparelho teria gravado, “sem querer”, algumas pessoas, depois de servidores terem saído do grupo e “esquecido” o terminal de gravação ligado. Eles citam três casos, chamam de “lapso” e afirmam que aconteceu sem conhecimento dos procuradores. Dallagnol garante que a informação sobre o aparelho de interceptação telefônica foi “plantada na imprensa”, depois da visita da subprocuradora-geral, Lindôra Araújo, a Curitiba. “(O aparelho) não faz grampo, não faz interceptação telefônica”, destaca.

Com o FBI
Outra polêmica foi a suposta ligação da força-tarefa de Curitiba com o FBI (a polícia federal dos Estados Unidos). Segundo Dallagnol, o contato nada teve de ilegal. Ele conta que entre 2016 e 2017, a Odebrecht montou um sistema de pagamento de propinas no Brasil e nos EUA que estava criptografado, e precisaram saber se os americanos tinham tecnologia para quebrar o código. “Foi um questionamento legítimo e lícito”, salientou. O procurador garante que, se houvesse alguma ilegalidade, advogados já teriam questionado. “Atos da Lava-Jato são examinados desde o princípio por três instâncias independentes do Judiciário”, afirma.
Não foi só. Levantou-se a suspeita de que a força-tarefa de Curitiba teria disfarçado os sobrenomes dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), em uma denúncia. Foram incluídos com sobrenomes menos conhecidos, “Rodrigo Felinto” e “David Samuel”. A mudança seria para que a investigação não fosse ao Supremo Tribunal Federal (STF), continuando na primeira instância. A força-tarefa justificou que a investigação não teve como alvo pessoas com foro privilegiado e que os nomes assim estavam porque não cabiam inteiros nas tabelas.
O cientista político Cristiano Noronha, da consultoria Arko Advice, aponta que a Lava-Jato vem passando por questionamentos há tempos. As dúvidas se potencializaram após Moro abandonar a magistratura para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro.
Professor de direito administrativo na Universidade de São Paulo (USP) e no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), e estudioso da Lava-Jato, Gustavo Justino de Oliveira avalia que houve uma politização da operação. “Ela se torna um movimento e, de alguma maneira, levou à eleição de Bolsonaro, que pegou carona no movimento do ‘lavajatismo’”, diz.
Oliveira ressalta também que a manutenção, por muito tempo, da força-tarefa fez com que se institucionalizasse, passando a concorrer com o próprio Ministério Público Federal (MPF). É a partir daí que, segundo o professor, surgem os conflitos com a PGR sobre autonomia. “Acho que ele (o procurador-geral Augusto Aras) percebeu uma concorrência desleal e descabida de uma força-tarefa que vem se institucionalizando, atuando há muito tempo, e acaba concorrendo em termos de autonomia com a cúpula do MPF”, frisa.
Para o cientista político e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) Ricardo Ismael, a tentativa de esvaziamento da Lava-Jato tem relação direta com Bolsonaro, que se apoiou no discurso anticorrupção gerado pela operação, indicou Moro a um dos seus ministérios e, agora, se vê sem o ex-juiz e se aproximando do Centrão. “(Os partidos do Centrão) são forças conservadoras que não apoiam o fortalecimento da Lava-Jato”, explica.
Ismael também crê que está havendo uma “criminalização dos procuradores que atuam na Lava-Jato”. “Vamos voltar aos patamares de antes de 2014, quando político corrupto não era preso”, afirma.

sábado, 4 de julho de 2020

ALERTAS QUE DEVEM SER TOMADAS PARA A SUCESSÃO DO MINISTRO CELSO DE MELLO NO STF

A sucessão de Celso de Mello

 

 

Diante das afrontas do presidente Jair Bolsonaro e seu entorno ao Supremo Tribunal Federal (STF), as atenções estão voltadas para o nome que ele indicará para substituir o ministro Celso de Mello, que completará 75 anos em novembro – idade máxima para permanecer na ativa. Além de decano da Corte, ele é o relator do pedido de abertura de inquérito enviado pela Procuradoria-Geral da República contra Bolsonaro para apurar seu envolvimento em crimes denunciados pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. Mello também se tornou a voz de autoridade institucional do STF, respondendo às diatribes contra a democracia feitas por Bolsonaro.

Pela Constituição, a escolha de um ministro do STF é feita pelo presidente da República e o nome escolhido é enviado ao Senado, para ser sabatinado. Após a sabatina, a Comissão de Constituição e Justiça decide se o indicado preenche os requisitos de “reputação ilibada” e “notável saber jurídico”. Se for aprovado, a indicação será levada a votação em plenário onde, para ser confirmada, precisa ter o voto favorável de 41 dos 81 senadores.

Esse modelo de indicação é semelhante ao adotado nos Estados Unidos, cujas instituições serviram de inspiração para a construção do Estado brasileiro após a proclamação da República. Desde a Constituição de 1891, o modelo sofreu poucas alterações. Entre os pré-requisitos, a Carta exigia reputação ilibada e “notável saber”. A expressão “notável saber jurídico” surgiu na Constituição de 1934. As demais constituições – inclusive na época da ditadura militar – atribuíram ao Senado a prerrogativa de votar o nome indicado pelo chefe do Executivo. A exceção foi a Constituição fascista de 1937, que submetia a escolha a um Conselho Federal.

Ainda que nos Estados Unidos o mandato dos ministros seja vitalício, enquanto no Brasil ele expira aos 75 anos, a maior diferença entre os dois modelos não é de caráter formal, mas substantivo. Nos Estados Unidos as sabatinas dos indicados para a Suprema Corte são rigorosas e duram dias. Os indicados têm de demonstrar conhecimento de direito, de jurisprudência e de doutrinas jurídicas. Suas vidas e carreiras são minuciosamente escrutinadas. No Brasil, as sessões são protocolares. Costumam durar algumas horas e – com raras exceções, como nas sabatinas de Dias Toffoli, Edson Fachin e Alexandre de Moraes – os senadores se limitam a fazer elogios aos indicados.

Nos 131 anos de Brasil republicano, só foram rejeitadas cinco indicações – todas feitas por Floriano Peixoto. Nos Estados Unidos, em mais de 230 anos o Senado já rejeitou 12 indicações da Casa Branca e em 11 vezes a Casa Branca retirou os nomes indicados para evitar que fossem rejeitados. Há casos em que os próprios indicados declinaram da indicação, quando perceberam que seriam rejeitados, e em que os senadores impediram a votação, fazendo discursos intermináveis durante as sessões. Os últimos casos são exemplares. Um ocorreu em 1987, quando Ronald Reagan indicou Douglas Ginsburg, que foi rejeitado depois que se soube que fumara maconha quando adulto. O outro ocorreu em 2005, quando George W. Bush indicou uma assessora, Harriet Miers.

Considerada despreparada até pelos senadores governistas, só não sofreu uma rejeição humilhante porque desistiu da indicação antes do início da votação.

Diante das tensões institucionais que o País enfrenta, é de esperar que o Senado brasileiro se inspire no americano e passe a ser mais rigoroso nas sabatinas. Entre outros motivos, porque os nomes que têm sido aventados pelo Planalto para a vaga de Celso de Mello não são de ínclitos juristas, mas de bacharéis formados em cursos de segunda linha, sem maior experiência jurídica e notório saber. Se o Senado não tiver disposição para cobrar sólida formação jurídica e coragem de rejeitar indicações medíocres, ele estará comprometendo as instituições. Como pode a Suprema Corte zelar pela Constituição se passar a contar com um ministro sem preparo e que não hesitará quando tiver de optar entre os interesses obscurantistas de seu padrinho político e o Estado de Direito?

 

OS ESTADOS UNIDOS CELEBRAM HOJE DIA 04/07/2020 A SUA INDEPENDÊNCIA

Estados Unidos celebram Dia da Independência em meio a aumento recorde de casos de Covid-19


 


Os Estados Unidos celebram neste sábado (4) o Dia da Independência sob tensão, após terem registrado um novo recorde de infecções pelo novo coronavírus na sexta-feira (3). Criticado por sua gestão da pandemia, o presidente Donald Trump abriu as comemorações em Dakota do Sul, com discurso para apoiadores em que condenou movimentos antiracistas.

Os Estados Unidos registraram 57.683 infecções por coronavírus nas últimas 24 horas, de acordo com a contagem desta sexta-feira (3) da Universidade Johns Hopkins, superando pelo terceiro dia consecutivo o recorde de contágios da Covid-19 no país.

De acordo com os dados registrados pela instituição de Baltimore até as 21h30 de Brasília, o país contabiliza desde o início da pandemia 2.793.022 diagnósticos positivos da doença.

É a quarta vez nesta semana que os Estados Unidos registram recorde de contágios diários, com mais de 42.000 na segunda-feira, mais de 52.000 na quarta e 53.069 na quinta.

Segundo a universidade, o número de mortes nas últimas 24 horas foram 728, elevando o total de vítimas da doença no país a 129.405.

Celebrações

Muito criticado por sua gestão da pandemia, o presidente americano abriu as comemorações da festa nacional americana, com uma celebração no emblemático Monte Rushmore, em Dakota do Sul, onde estão esculpidos os rostos de quatro de seus antecessores históricos, George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln.

Durante um discurso que foi seguido de fogos de artifício, Trump falou para um público de apoiadores. “Nós vamos dizer a verdade, sem nos desculpar: os Estados Unidos da América são o país mais justo e mais excepcional que já existiu na face da Terra”, disse o presidente, afirmando que “os americanos são fortes e orgulhosos”.

Em pleno debate sobre a retirada de monumentos dedicados a generais confederados, considerados como símbolos do passado escravocrata do país, ele denunciou uma “campanha visando apagar nossa história, difamar nossos heróis, suprimir nossos valores e doutrinar nossos filhos.”

No discurso, o presidente também afirmou que “a desordem violenta que vimos em nossas ruas e em nossas cidades [...] é o resultado de anos de doutrinamento extremo e de parcialidade na educação, no jornalismo e em outras instituições culturais”.

Trump falou de maneira breve do aumento de casos da Covid-19 que, segundo o diretor do Instituto Americano de doenças infecciosas, “mantém o país em perigo”.

Em baixa nas pesquisas de opinião, Trump mantém a mensagem de que a crise do coronavirus está sob controle e que a economia americana vai voltar ao normal “mais forte” e “mais rápido que o previsto”, e que “2021 será um ano histórico”.

Namorada

A namorada de Donald Trump Junior, filho do presidente americano, testou positivo para a Covid-19, segundo o jornal New York Times. Kimberly Guilfoyle, advogada e ex-apresentadora da Fox News, é uma das principais responsáveis do financiamento da campanha de Trump, que tenta uma reeleição em novembro. Ela participou das celebrações no Monte Rushmore.

Guilfoyle, de 51 anos, soube que estava com a doença através de um exame de rotina feito em todas as pessoas em contato direto com o presidente e foi imediatamente colocada em isolamento, de acordo com o jornal.

“Ela está bem e deve fazer um novo teste para ter certeza, porque ela não tem sintomas”, declarou ao jornal outro alto responsável do financiamento da campanha do presidente americano, Sergio Gor. “Donald Trump Junior foi testado negativo, mas por medida de segurança, está isolado também e cancelou toda aparição pública”, disse.

Segundo o New York Times, Guilfoyle não viajou no avião do presidente para o Monte Rushmore. Donald Trump Junior, 42 anos, prevê ir para a costa leste dos Estados Unidos de carro após as celebrações, de acordo com o jornal citando fontes próximas do casal.

 

 

 

 

 

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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