domingo, 14 de junho de 2020

A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS VAI FAZER EFEITOS ECONOMICOS MAIORES NO BRASIL

Parada dura

Vittorio Medioli

 

Previsões científicas imprecisas, politização das pesquisas e uma abordagem sensacionalista pesarão sobre o acentuar-se de impactos (econômicos) significativos

Ninguém estava preparado para enfrentar esta pandemia. O surto inicial na China parecia distante, como foi a gripe aviária, que no Brasil passou longe de consequências catastróficas.

Constata-se também que, mundialmente, a condição de nação de regime democrático não facilitou os resultados. Melhor se saíram regimes centralizados e autoritários. A China foi o melhor: menos casos de contágio, menos óbitos, retorno à normalidade em prazo-relâmpago, venceu o confronto com Europa e Estados Unidos. Colherá os frutos de sua eficiência em larga escala, beneficiando sua população com maior emprego, renda e eliminação de pobreza para os próximos quatro anos, com reflexos que se sentirão na próxima década inteira.

O contrário também é verdadeiro, como aqui, no Brasil, e muito pouco comentado. Quantos morrerão, sofrerão, perderão emprego, aumentarão seus sofrimentos? Isso é secundário.

Para Marko Kolanovic, consultor do JP Morgan, nas principais economias, “previsões científicas imprecisas, politização das pesquisas e uma abordagem sensacionalista pesarão sobre o acentuar-se de impactos (econômicos) significativos”.

Ele observa que frequentemente medidas foram direcionadas como “resposta política indiscriminada quando aplicada como lockdown em regiões geográficas, proteção de determinados segmentos da população, sem avaliação dos riscos de paralisação de uma atividade econômica específica”.

Apenas a contaminação pelo coronavírus, já se sabe, não gera em si um risco expressivo de morte na população saudável; as consequências deletérias se limitam às pessoas com determinadas doenças crônicas e, ainda, tabagismo, alcoolismo, obesidade e idade avançada. Para esses indivíduos, a Covid-19 é um grave complicador de situações precárias preexistentes.

Na Europa, registraram-se óbitos com média de 75 anos; no Brasil é de 68. Não entram nos dados oficiais informações de doenças crônicas dos falecidos. Atribui-se ao coronavírus a causa da morte sempre que ele seja encontrado.

A grande maioria da população passa pelo contágio sem saber. Já dispõe de proteção natural suficiente para sequer passar da temperatura de 37°C ou tossir uma vez.

Lá onde a testagem é alta aparecem em grande número. À minha volta, paguei a testagem para 40 indivíduos, entre 30 e 55 anos; apareceram seis positivos, confirmados e reconfirmados. Transcorridos os 14 dias de isolamento, todos eles, sem ter tido qualquer sintoma, saíram negativados. Pois é, depois do susto e do desconforto de levar seus familiares a outros testes, nunca saberiam ter sido contagiados, não fosse a testagem de PCR que decidi realizar.

A imprensa tem informado com alarde a morte de pessoas mais jovens, sem dizer que não tiveram autópsia.

Analisando o boletim da Covid-19 de Betim, que recebo todos os dias, entre os 17 óbitos registrados em 85 dias, constam comorbidades gravíssimas: pacientes na fila de transplante, leucemia, infarto do miocárdio e diabetes, AVC com enfisema pulmonar, tabagismo e diabetes, sepse e diabetes. Todos apresentavam ao menos três comorbidades, apenas um faleceu por problema respiratório grave, não detectado em hospital particular que lhe deu alta.

Setores politicamente mobilizados têm apoiado medidas desproporcionais, sem medir os impactos propriamente sociais provocados por lockdown. “Fique em casa” é uma condição que precisa ser avaliada, não é panaceia. É recomendação que em excesso, como qualquer medicamento, se transforma em veneno e mata. Pior que não tem bula, posologia e cuidados. Desconhecem-se os efeitos colaterais e de longo prazo. Como um carrapaticida que em dose elevada pode matar a vaca e acabar com o leite da família.

A China já é o país que da pandemia tirou uma oportunidade ímpar, com reflexos sociais imediatos e ainda mais importantes no longo prazo. Não precisará de provocar na sua população desemprego, fome e miserabilidade que vários países enfrentarão já neste ano.

O Brasil será provavelmente um dos maiores perdedores, segundo analistas de várias derivações e continentes. Vai se encerrar, assim, em dezembro de 2020, uma década marcada por retrocessos, aumento da pobreza e do desemprego.

É preciso ter atenção. “Embora muitas vezes ouçamos que os lockdowns são motivados por modelos científicos e que existe uma relação exata entre o nível de atividade econômica e a disseminação do vírus, isso não é suportado pelos dados”, escreve Kolanovic.

Resta claro que, na falta de harmonia política e convergência de propósitos, e, ainda, no excesso de oportunismo de setores blindados de consequências, o lockdown se ergueu como medida “consagrada” e cobrada  pela maioria da população, ignara da conta que pagará.

No horizonte surgem momentos desafiadores.

 

NOTÍCIAS SOBRE O CORONAVÍRUS

+ As principais notícias sobre a pandemia de coronavírus +

Mundo tem mais de 7,7 milhões de casos confirmados e mais de 430 mil mortes. Nos EUA, número de mortos por covid-19 ultrapassa 115 mil. Brasil tem mais de 850 mil casos e 42,7 mil óbitos.

 



© picture-alliance/Photoshot/L. Kun Provided by Deutsche Welle

Resumo deste domingo (14/06):

Mundo tem mais de 7,7 milhões de infectados por coronavírus EUA ultrapassam 115 mil mortes por covid-19 Brasil tem de mais de 850 mil casos, 42,7 mil óbitos e 379 mil recuperados.

As atualizações estão no horário de Brasília (para atualizar, pressione Ctrl+F5):

05:00 – EUA registram mais de 115 mil mortos por coronavírus

De acordo com os números contabilizados diariamente pela Universidade Johns Hopkins, sediada em Baltimore (leste), até às 20h30 de sábado (hora local) os Estados Unidos haviam registrado 2.071.782 de casos de contágio.

Nas 24 horas anteriores, os Estados Unidos registraram 734 mortos devido à covid-19, elevando o total para 115.347 mil óbitos desde o início da pandemia, segundo a contagem realizada pela Universidade Johns Hopkins

O país continua a registrar cerca de 20 mil novos casos diariamente. A pandemia de covid-19 já provocou mais de 430 mil mortos e infectou mais de 7,78 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

No Brasil, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) apontou na noite de sábado que o país registrou mais de 892 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas. Com isso, o total de óbitos pela doença oficialmente identificados chegou a 42.720.

O país ainda registrou mais 21.704 casos confirmados, elevando o total para 850.514. No momento, o Brasil é o segundo país com mais casos identificados de covid-19 no mundo, atrás apenas dos EUA.

Os dados sobre mortes e casos do Conass são os mesmos informados neste sábado pelo Ministério da Saúde no Painel Covid-19. Já o ministério destacou o número de recuperados, que chegou a 379.245 neste sábado.

Resumo deste sábado (13/06):

Mundo tem 7,7 milhões de casos, 428 mil mortes e 3,67 milhões de recuperados Brasil tem 850.514 casos confirmados, 42.7208 mortes e 365.063 recuperados Presidente do Chile demite ministro da Saúde Onze bairros de Pequim voltam a adotar bloqueio por coronavírus

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GOVERNO NÃO CUMPRE ORDENS ABSURDAS E NEM ACEITA JULGAMENTOS POLÍTICOS


Bastidores: Ação do TSE explica nota de Bolsonaro sobre Forças Armadas

Tânia Monteiro e Daniel Weterman 


 

© Gabriela Biló/Estadão O presidente Jair Bolsonaro; nota foi assinada com o vice, Hamilton Mourão, e o ministro da Defesa, Fernando Azevedo 

BRASÍLIA – A nota assinada pelo presidente Jair Bolsonaro em coautoria com o vice, Hamilton Mourão, e o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, divulgada na noite de sexta-feira, 12, foi interpretada por integrantes do Legislativo e do Judiciário como um recado de que eles não irão aceitar uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contrária à chapa. Na nota, os três avisam que as Forças Armadas “não cumprem ordens absurdas” nem “aceitam julgamentos políticos”.
Ao todo, tramitam no TSE oito ações que investigam a campanha de Bolsonaro e Mourão. As mais delicadas são as que tratam do disparo de mensagens em massa pelo WhatsApp para atrair eleitores, o que é ilegal.
O recado de Bolsonaro foi dado horas depois de o relator dos processos, ministro Og Fernandes, anunciar que vai incorporar provas colhidas no inquérito das fake news que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. As investigações do Supremo estão adiantadas e miram apoiadores do presidente que teriam patrocinado os disparos em massa, entre eles o empresário Luciano Hang, dono da Havan, para atacar adversários de Bolsonaro antes de depois da eleição de 2018.
É o que justifica, segundo um ministro do Supremo, um dirigente do Congresso e três generais ouvidos pelo Estadão, a assinatura de Mourão como coautor. O endosso do ministro da Defesa provocou críticas entre generais. Oficiais ouvidos pelo Estadão interpretaram a nota como mais uma “ameaça velada” de Bolsonaro usando Exército, Marinha e Aeronáutica como se fossem instrumentos ao alcance de suas mãos. E a assinatura do general Fernando Azevedo no documento acaba dando a impressão de que as Forças Armadas estariam ao lado do presidente para qualquer aventura.
O entendimento de militares é que notas como essa interessam apenas ao presidente, que insiste nesse constante clima de tensão e enfrentamento para manter a sua militância ativa e aguerrida.
Nesse sentido, causa cada vez mais incômodo entre oficiais a presença de militares da ativa em postos políticos de ministros no governo, como é o caso dos generais Luiz Ramos, na Secretaria de Governo e Eduardo Pazuello, na Saúde. A avaliação é que isso permite uma interpretação errada de que as Forças Armadas apoiam os atos do governo. A defesa é para que, ao assumirem esses postos, eles deixem de ser militares da ativa e passem para a reserva.
Um oficial-general disse ao Estadão que as Forças Armadas não devem e não são fiadoras de posturas pessoais, ideológicas e de governo.
O texto conjunto foi elaborado na noite de sexta, 13, após o ministro Luiz Fux conceder uma decisão provisória delimitando a interpretação do artigo 142 da Constituição, que regula o emprego dos militares.
Na decisão liminar, Fux ressalta que a Constituição não permite ao presidente da República recorrer às Forças Armadas contra o Congresso e o STF. Ele também afirmou que não concede aos militares a atribuição de moderadores de eventuais conflitos entre os Três Poderes.
“Qualquer dos 3 poderes pode requerer as Forças Armadas na defesa da Constituição e da ordem. Nada a ver com tutela, moderação ou intervenção militar. Os 3 poderes são independentes e harmônicos, regulados pela Constituição. E só”, tuitou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Para os militares, uma completa “histeria” tomou conta do País e, a todo momento, políticos de todos os segmentos discutem “teses absurdas de golpe”, embora as Forças Armadas, segundo eles, estejam alheias a essas discussões.
Na visão dos militares, no entanto, o cabo de guerra não é puxado apenas por Bolsonaro, mas também tem participação do Judiciário.
No início do mês, o decano Celso de Mello, do STF, comparou a situação política atual do Brasil à da Alemanha nazista e disse que a intervenção militar pretendida por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro significa a instauração de uma “ditadura militar” no País.







AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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