sábado, 16 de maio de 2020

O MINISTRO DA ECONOMIA PAULO GUEDES É RADICALMENTE CONTRA O AUMENTO DE SALÁRIOS PARA OS SERVIDORES


'Vamos subir em cadáveres para fazer palanque?', questiona Guedes sobre reajuste a servidores
Idiana Tomazelli e Sandra Manfrini







BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou a tentativa de governadores de conceder reajustes salariais e outros benefícios a servidores em meio à pandemia e voltou a defender o veto a um trecho do socorro a Estados e municípios que permite esses aumentos. Em coletiva no Palácio do Planalto, o ministro comparou o lobby do funcionalismo por reajustes a uma tentativa de “saquear” o País pleno coronavírus e que “a sociedade vai punir quem subir em cadáveres para fazer palanque”.
Guedes também fez um aceno ao Centrão, bloco de partidos ao qual o Palácio do Planalto se aproximou em meio à crise política como forma de garantir sua governabilidade, ao refutar qualquer "toma lá dá cá" e dizer que se trata de um “centro democrático programático, não fisiológico”. Mas pediu ao Congresso Nacional que mantenha o veto prometido pelo presidente Jair Bolsonaro aos reajustes.
“O presidente disse 'conte comigo, nós vamos fazer esse veto'. Mas o presidente não quer que veto se transforme em exploração política (com derrubada)”, disse o ministro, solicitando “colaboração” do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nessa articulação. “O importante para Brasil não é só busca por popularidade”, afirmou Guedes, acrescentando que Bolsonaro “é popular, não populista”.“O pedido que faço é que não transformem isso (veto) em ato inútil”, disse o ministro.
O projeto de socorro a Estados e municípios foi aprovado no Congresso com um aval do próprio presidente para beneficiar o funcionalismo, principalmente da área de segurança, atropelando a orientação do ministro Guedes de garantir essa contrapartida ao socorro de R$ 125 bilhões aos Estados e municípios.
O congelamento integral garante economia de R$ 130 bilhões para União, Estados e municípios. Da forma como foi aprovado no Congresso, o texto dá alívio de apenas R$ 43 bilhões. Depois de dar o aval, porém, Bolsonaro avisou que atenderia “100%” ao pedido do ministro da Economia para vetar o dispositivo.
Aumento
O Estadão/Broadcast revelou, no entanto, que Bolsonaro segura a sanção da proposta e o veto aos reajustes para que policiais do Distrito Federal consigam ter aprovado seu aumento, prometido desde o fim do ano passado. Os recursos que pagam os salários das forças de segurança do Distrito Federal são bancados pela União.
Hoje, Guedes criticou a tentativa das categorias de pedir aumento. “É inaceitável que tentem saquear o gigante que está no chão. As medalhas são dadas após a guerra, não antes da guerra”, disse. “Que história é essa de pedir aumento antes porque policial vai trabalhar mais? Se policial trabalhar mais, ótimo, recebe hora extra”, acrescentou.
O ministro avisou que não se pode “deixar que se aproveitem de momento de fragilidade do País” para pedir aumentos salariais. “Vamos subir em cadáveres para fazer palanque? Vamos subir em cadáveres para se aproveitar do governo? A sociedade vai punir quem subir em cadáveres para fazer palanque”, disse.
Ao criticar o lobby pelos reajustes, Guedes fez questão de ressaltar que não vai faltar dinheiro para a saúde. O ministro, porém, pediu “respeito de parte a parte”.“Estamos lutando a bordo do mesmo barco. Vamos esperar chegar em terra firme, aí começa a brigar de novo”, disse.

O MINISTRO E EX-ASTRONAUTA MARCOS PONTES IRÁ PERDER O CARGO


Marcos Pontes é avisado por mais próximos que Bolsonaro pretende demiti-lo
Renato Souza 





© Ed Alves/CB/D.A Press

O ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, foi informado, por pessoas próximas e ligadas ao presidente Jair Bolsonaro, que ele pode ser demitido nos próximos dias. O chefe do Executivo pretende colocar no cargo um nome ligado a parlamentares do centrão. No momento, Bolsonaro cogita entregar o ministério para o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.
Ex-ministro do governo Temer, Kassab está afastado, há 500 dias, do  cargo de secretário-chefe da Casa Civil do governo de João Doria (PSDB) em São Paulo.  Ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal, acusado de receber R$ 58 milhões em propina da JBS entre 2010 e 2016.  Desde o ano passado, ele está afastado da gestão Dória por conta de um pedido de licença não remunerada.
A investigação é um entrave para a nomeação dele ao ministério, em razão dos prejuízos que traria para a imagem do presidente e seu governo. A alternativa, estudada pelo Executivo, é colocar um indicado de Kassab na pasta de Marcos Pontes. O astronauta, primeiro brasileiro a ir ao espaço, decepcionou a comunidade científica e de tecnologia ao não ter posições firmes em meio a perda de verba para a comunidade científica e universidades.
Ele também não se posicionou contra demissões em seu ministério, como  Ricardo Galvão, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Pontes, que tem trajetória acadêmica, científica e foi militar da Força Aérea Brasileira (FAB) tem ficado apagado no governo e não ganhou apoio popular como Damares Alves, dos Direitos Humanos e Henrique Mandetta, que ocupou o Ministério da Saúde.
Na cúpula do Ministério da Ciência e Tecnologia a demissão de Pontes é dada como certa e a equipe dele já está avisada. O governo vê como a pasta mais fácil de trocar, sem gerar novos capítulos em uma crise que afeta a política nacional.

AS IDEIAS DE BOLSONARO SÃO LOUCURAS OU SÃO VIÁVEIS


Parece loucura, mas tem método

Bolívar Lamounier






É lógico que uma democracia representativa digna do nome não tem condições de se firmar onde a ética da impessoalidade do Estado não se desenvolva; e tal ética, por sua vez, não se consolida se as Forças Armadas se mantiverem no universo do populismo ou do caudilhismo. Em qualquer país, a inexistência de harmonia entre essas esferas institucionais cedo ou tarde dará ensejo a retrocessos e, no limite, ao próprio rompimento da ordem constitucional. No Brasil, tal situação ficou claramente exemplificada nos episódios da renúncia de Jânio Quadros (1961) e do desgoverno de João Goulart (1961-1964).
Em 1945, logo ao regressar da guerra na Itália, o marechal Mascarenhas de Moraes deu o cartão vermelho para o ditador de plantão, o Sr. Getúlio Vargas, e exigiu a realização de eleições e a convocação da Assembleia Constituinte, como viria a ocorrer em 1946. Mesmo nos 21 anos (1964-1985) em que exerceram autoritariamente o poder, os militares não permitiram a personalização do poder, como era tradicional na América Latina.
No período recente, o populismo e a corrupção dos oito anos de Lula, aos quais se seguiram a incompetência e o voluntarismo econômico de Dilma Rousseff abortaram a retomada do crescimento econômico, mas o desarranjo institucional não chegou a se configurar plenamente, graças, é certo, ao penoso processo do impeachment de Dilma, Mas comparado ao ciclo Lula-Dilma, o momento atual suscita preocupações bem maiores.
A partir da eleição de 2018, a reação às sandices e tensões cultivadas pelo PT e o esvaziamento dos partidos de centro deixaram o espaço aberto para o surgimento de uma força política — o bolsonarismo — perigosa tanto na base quanto na cúpula. Na base, devido ao vazio de ideias, à hostilidade contra a ordem institucional e à agressividade dos adeptos de Jair Bolsonaro. Na cúpula, o presidente em vez de apaziguar os ânimos, fomenta os antagonismos; em vez de observar a liturgia do cargo que ocupa, não perde uma chance de desmoralizá-lo. Será tal comportamento uma simples emanação de idiossincrasias ou peças de uma estratégia que parece ser loucura, mas pode ter método. Fato é que, alternando ameaças e gaiatices, Jair Bolsonaro parece empenhado em esticar a corda, em testar limites e em debilitar os anticorpos ainda existentes no Congresso, no STF e nas Forças Armadas. É um filme que já vimos muitas vezes, mas nunca tendo no papel principal um personagem tão manifestamente descerebrado.
O bolsonarismo é uma força política perigosa, agressiva e hostil à ordem democrática

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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