Um bilhão de pessoas confinadas no mundo pelo novo coronavírus
AFP
© Piero Cruciatti Mulher em frente ao cemiterio de
Bergamo
Quase um bilhão de pessoas passam o fim de semana
confinados pelo novo coronavírus, que já deixou pelo menos 12.725 vítimas
fatais em todo o mundo, enquanto parte dos Estados Unidos e países da América
Latina implementam medidas já impostas em algumas regiões da Europa.
Do Rio de Janeiro a Madri, passando por Paris ou
Nova York, a pandemia, que surgiu na China em dezembro, mudou completamente a
vida do planeta.
Os países tentam conter a força contagiosa da
Covid-19 com restrições drásticas em relação à circulação de populações
inteiras, do fechamento de escolas, fábricas e negócios à imposição de
teletrabalho.
No total, a epidemia já causou 12.275 mortes em
todo o mundo e 291.420 pessoas infectadas, de acordo com o último balanço da
AFP.
Pelo terceiro dia consecutivo, a China continental,
onde o novo coronavírus foi relatado pela primeira vez em dezembro, não
registrou nenhum novo contágio, representando um raio de "esperança para o
resto do mundo", segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Com 4.825 óbitos, a Itália já é o país com o maior
número de vítimas fatais. A taxa de mortalidade no país é de 8,6% dos casos
confirmados.
Foi o primeiro país do Velho Continente a ordenar o
confinamento de toda a população há mais de 10 dias e, neste fim de semana,
continua a fortalecer suas medidas antes dos estragos da pandemia.
Em número de mortes, Itália e China (3.255) são
seguidas pelo Irã (1.556), Espanha (1.326), França (562) e Estados Unidos
(288).
A Espanha relatou um aumento de 32% em novas
mortes.
No total, mais de 900 milhões de pessoas em cerca
de 35 países são afetadas por restrições de movimento. Destes, cerca de 600
milhões em 22 países têm uma ordem de confinamento obrigatória, como na França,
Espanha ou Itália, onde são aplicadas multas a quem desobedecer.
Na América Latina, a Bolívia ordenou que os
cidadãos ficassem em casa a partir de domingo e a Colômbia disse que o
isolamento obrigatório começaria a partir de terça-feira.
A partir deste sábado, as praias do Rio de Janeiro
serão proibidas para os amantes do sol, levantando preocupações entre os
vendedores ambulantes, que não sabem como sobreviverão com apoio limitado do
governo.
A Guatemala, por sua vez, anunciou a aplicação de
um toque de recolher parcial para retardar o avanço do vírus, que causou 17
casos e uma morte.
Em outros países, como o México, cujas autoridades
resistem à repressão à pandemia da Covid-19, muitos decidiram tomar as rédeas e
se proteger da ameaça do vírus.
Na Venezuela, os cidadãos improvisam invenções e
proteções ancestrais na ausência de curas e remédios acessíveis aos bolsos.
'Você não e invencível'
Nos Estados Unidos, Califórnia, Estado de Nova
York, Nova Jersey, Illinois, Pensilvânia e Nevada decretaram a suspensão de
todas as atividades não essenciais, apesar do fato de que o confinamento total
do país tenha sido descartado por enquanto pelo presidente Donald Trump.
As três principais cidades do país, Nova York, Los
Angeles e Chicago, estão em quarentena e quase 100 milhões de pessoas estão
trancadas em suas casas, 30% da população de 330 milhões.
O governador do Estado de Nova York, Andrew Cuomo,
alertou os nova-iorquinos neste sábado que o isolamento deve se estender por
meses.
"Não acho que seja questão de semanas",
disse ele.
Nos esportes, a federação de atletismo dos Estados
Unidos se uniu a pedidos cada vez maiores pelo adiamento das Olimpíadas de
Tóquio.
Embora os idosos e os portadores de patologias
preexisitentes tenham sido os mais afetados até agora, o diretor-geral da
Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou os
jovens que "eles não são invencíveis".
- Casamentos adiados -
Depois de 25 casos na Austrália relacionados à
celebração de um casamento no sul de Sydney, as autoridades adotaram medidas
que causam um sério golpe nessa indústria florescente e forçam casais
inconsoláveis a anular suas cerimônias de matrimônio.
As autoridades fecharam a famosa Bondi Beach em
Sydney no sábado, lotada, apesar da proibição de encontros com mais de 500
pessoas. O número total de casos na Austrália é de pelo menos 1.072.
Emprego ameaçado
A economia mundial sofre todos os dias a suspensão
das atividades e até 25 milhões de empregos são ameaçados na ausência de
respostas coordenadas em nível internacional, alertou a Organização
Internacional do Trabalho (OIT).
Contratar gigantes da distribuição como Walmart e
Amazon e fazer compras em supermercados ou internet não compensará a destruição
de empregos.
A União Europeia anunciou na sexta-feira a
suspensão das regras de disciplina orçamentária.
A medida sem precedentes permitirá que os
Estados-Membros gastem mais no combate à desaceleração econômica.
Os legisladores americanos retomaram as negociações
no sábado para chegar a um acordo sobre um pacote de ajuda emergencial de 1
trilhão dólares, em meio a temores de consequências econômicas generalizadas da
pandemia.