Covid-19:
carioca vai à praia, apesar de decreto proibir aglomerações
Agência Brasil
Ensolarado, último sábado do verão levou milhares
ao banho de mar
Nem mesmo o medo do
coronavírus e de um decreto que proíbe a aglomeração de pessoas na cidade foram
suficientes para impedir milhares de cariocas de ir à praia neste sábado (14)
de sol, no último fim de semana do verão. Os banhistas ouvidos pela reportagem
da Agência Brasil afirmam que ainda é cedo para evitar o banho de mar e que o
ambiente aberto e ventilado não representa risco.
Na sexta-feira (13),
o governador do estado, Wilson Witzel, editou um decreto fechando espaços
públicos, como cinemas e teatros, e chegou a dizer que a Polícia Militar
poderia evacuar as praias, se fosse necessário, para impedir aglomerações de
pessoas. Porém, o hábito de pisar na areia ou de caminhar no calçadão está
arraigado na cultura do carioca e será difícil de ser modificado.
“Nós estamos ao ar
livre, com muito vento. Acho que isso não é uma coisa legal neste momento. Pode
ser que haja necessidade. Caminhar faz parte da minha vida. Se eu não fizer
isso, como eu vou ficar? A praia não é uma aglomeração em que as pessoas entram
em contato toda hora”, disse o engenheiro João Antunes Moreira, que caminhava
pelo calçadão de Ipanema enquanto tomava uma latinha de cerveja.
Apesar do medo
gerado em vários países pelo coronavírus, muitos turistas podiam ser vistos
pela orla carioca, sem demonstrar maiores preocupações. Nenhuma pessoa usando
máscara foi avistada pela reportagem, em pouco mais de uma hora de trabalho na
praia.
“No Líbano, o
governo fechou as praias, os ginásios, as escolas e os shopping centers, mas
aqui no Brasil eu não acho que será possível retirar todas essas pessoas da
praia. Eu mesmo não estou com medo, tanto é que estou aqui. Cheguei faz três
dias e vou ficar mais duas semanas”, disse o bancário libanês Oussama Hraiv,
que ainda pretende ir a São Paulo, Salvador e Fernando de Noronha.
Para os que
trabalham na praia e dependem de banhistas e turistas para sobreviver, a medida
do governo, de evacuar as praias, não parece uma ideia de fácil execução. “Eu
acho impraticável isso, porque já basta o calor que a gente tem dentro de casa.
Ficar impossibilitado de se refrescar no mar... Aí a gente vai estar vivendo
uma penitência social. Acho que morre mais gente de bala perdida do que de
coronavírus”, disse o pintor Fábio Fragoso, que expõe telas coloridas no
calçadão de Ipanema.
Mesmo pessoas mais
idosas, que fazem parte do grupo de risco para o coronavírus, consideram
exagerada a medida do governador Witzel de evacuar as praias, se preciso, para
evitar aglomerações. “Eu acho exagerado, mas a gente tá aí para cumprir",
afirmou o aposentado Valmir Redua.
"Temos que
manter uma distância razoável do outro, pelo menos de 1 metro. Eu não vejo
problema, não. Se ficar muito colado, aí é complicado”, afirmou o aposentado,
que tomava uma água de coco na praia do Leme, junto com a filha Monique
Medeiros, que também não demonstrava maior preocupação: “Acho que atividade em
lugar aberto, se não for em grandes multidões, dá para manter.”