sábado, 14 de março de 2020

CRISE DOI CORONAVÍRUS AFETA O GOVERNO E O CONGRESSO


Rodrigo Maia e Paulo Guedes transformam crise do coronavírus em campo de batalha política


© ADRIANO MACHADO (Reuters) Bolsonaro e Guedes no dia 20 de fevereiro, em Brasília. 

O combate à disseminação do coronavírus virou uma batalha política em Brasília. Se não bastasse o presidente Jair Bolsonaro e seu entorno quererem confrontar os meios de comunicação sobre a divulgação de boatos sobre sua contaminação pelo vírus, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, entraram em rota de colisão e teceram críticas um ao outro.

O primeiro a disparar foi Maia. Na quinta-feira, depois que o Ministério da Economia anunciou cinco medidas financeiras para tentar amenizar a contaminação, o deputado falou que as propostas eram tímidas: “Guedes não tinha uma coisa organizada ou não quis falar. Se olhar os projetos, tem pouca coisa que impacte a agenda de curto prazo ou quase nada”. A afirmação foi feita ao jornal Folha de S. Paulo.
As cinco medidas da economia anunciadas oficialmente foram: antecipação da metade do 13º salário de aposentados e pensionistas, suspensão da prova de vida dos beneficiários do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), redução dos juros do empréstimo consignado, redução de impostos sobre importação de produtos médico-hospitalares e maior agilidade na liberação desses produtos importados nas alfândegas.
Já nesta sexta-feira, provocado por jornalistas sobre a fala de Maia, Guedes fez uma promessa: disse que até segunda-feira o Governo apresentará novas propostas. Pincelou duas delas: o reforço da atuação de bancos públicos e um possível adiamento do pagamento de impostos por empresas em dificuldades. “O presidente da Câmara está pedindo medidas? Em menos de 48 horas vamos soltar. Vocês vão ver, de hoje para segunda vai sair muito mais coisa”.
O clima entre Maia e Guedes esquentou porque, enquanto o Legislativo discutia maneiras de colaborar no combate à doença, o ministro cobrava empenho na aprovação de reformas econômicas. Sendo que as duas principais delas, a administrativa e a tributária, nem foram enviadas pelo Executivo ao Congresso. A gota d’água foi a derrubada do veto presidencial ao aumento de gastos com o Benefício de Prestação Continuada, na quarta-feira. A União passará a gastar até 20 bilhões de reais a mais ao ano com a mudança na regra aprovada pelos legisladores.
Logo após a derrubada do veto, Guedes, e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foram chamados para uma reunião de emergência na Câmara com Maia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Os parlamentares os convidaram para tratarem do combate à doença. Mas Guedes queria falar sobre articulação política. “Eu não estava elaborando um plano para o coronavírus. Eu estava em apoio às lideranças, porque nós do governo havíamos sofrido uma derrota do ponto de vista de estabilidade. Vocês veem a bolsa caindo, o dólar subindo, tudo isso é um problema nosso, de articulação política. É hora de união", afirmou a jornalistas nesta sexta-feira.
De onde tirar dinheiro
Na atual crise, o nó econômico é um dos mais difíceis de desatar nesse momento. Vários países do mundo, da Itália à Espanha passando pelos Estados Unidos, anunciaram pacotes de ajuda financeira também a empreendedores e pequenos negócios. A crise do coronavírus tem derrubado bolsas de valores ao redor do mundo inteiro e prejudicado a produção industrial, o turismo, o comércio e os serviços. Nesta semana, a Bovespa registrou dois dias com “circuit breakers”, que são interrupções obrigatórias após quedas vertiginosas das ações. Na quinta-feira, a bolsa despencou 14,78%, a maior redução em 22 anos. Conforme especialistas, todos os ganhos obtidos durante o primeiro ano do Governo Bolsonaro se perderam desde que o vírus começou a se disseminar e a interferir na economia, com o fechamento de indústrias, férias coletivas de funcionários e o cancelamento de eventos.
Em nota, o ministério, comandado por Paulo Guedes, afirmou que está buscando alternativas junto ao Legislativo. “Neste momento crítico, mesmo diante do exíguo espaço fiscal, o Ministério da Economia buscará, em conjunto com a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, a realocação ágil de recursos orçamentários para que não falte suporte ao sistema de saúde brasileiro”. Uma alternativa para engordar o caixa do Governo é destinar parte das emendas de deputados e senadores ao orçamento para o combate ao coronavírus. Conforme o relator da lei orçamentária, Domingos Neto (PSD-CE), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, solicitou a destinação de 4,8 bilhões de reais ao Legislativo. Os recursos seriam divididos entre o custeio de serviços de assistência hospitalar e ambulatorial e o incremento da atenção básica. Segundo Neto, os parlamentares concordaram em ceder o valor. Esses recursos, contudo, devem demorar alguns dias para serem liberados para União. Há duas possibilidades para a liberação desses valores: por meio de uma medida provisória ainda a ser editada ou pela votação do PLN04/20, um projeto de lei enviado pelo Executivo que discute a destinação das emendas impositivas. Essa última alternativa pode mais atrapalhar do que ajudar, não há acordo com o Congresso.

BOLSONARO TEM CORONAVÍRUS E FICARÁ DE QUARENTENA


Bolsonaro fará novo exame de coronavírus e ficará em isolamento

Tânia Monteiro e Jussara Soares 





© Foto: Adriano Machado/Reuters

O presidente Jair Bolsonaro terá de fazer um novo teste de coronavírus nos próximos dias e, até lá, ficar em isolamento, como antecipou o estadao.com.br. O presidente afirmou pelas redes sociais não ter sido diagnosticado com a doença. Um pouco antes, a emissora de TV americana Fox News informou que um primeiro exame teria dado positivo, creditando a informação ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Depois, ele negou ter dado a informação. O Estado pediu, oficialmente, cópia do resultado à Presidência, que não a havia fornecido até a publicação deste texto.

Segundo médicos da equipe que acompanha o presidente, as medidas fazem parte dos protocolos internacionais de combate ao novo coronavírus e serão necessárias pelo tempo que Bolsonaro passou ao lado do secretário da Comunicação,Fabio Wajngarten, diagnosticado com a doença na quinta-feira. O auxiliar fez parte da comitiva que acompanhou o presidente em viagem aos Estados Unidos.
Bolsonaro deve ficar em quarentena até começo da próxima semana
A quarentena do presidente deve durar até o começo da próxima semana para que se cumpra um prazo mínimo de sete dias após o último contato com a doença, segundo informou um integrante da equipe médica ao Estado, em caráter reservado. O último encontro de Bolsonaro com Wajngarten foi na madrugada de quarta-feira, quando retornaram ao Brasil.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que o tempo de incubação do vírus é de 14 dias. Em fevereiro, quando brasileiros foram repatriados da China por causa do coronavírus, todos tiveram que ficar em isolamento por 14 dias mesmo após os testes darem negativo. O grupo precisou refazer os exames a cada três dias.
O novo procedimento foi discutido entre os profissionais da saúde que prestam serviço à Presidência na tarde desta sexta-feira, 13 . Antes da nova orientação para seguir em isolamento, Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada e foi despachar no Planalto, onde ficou por cerca de 1h30. Segundo auxiliares, o presidente decidiu voltar ao trabalho tão logo recebeu o resultado, por volta de meio-dia, de que o teste para o coronavírus havia dado negativo. Bolsonaro não apresenta sintomas, segundo pessoas que estiveram com ele.
Ao deixar o Alvorada, o presidente parou para falar com alguns apoiadores em frente à residência oficial, mas tomou precauções. “Apesar de meu teste ter dado negativo, não vou apertar a mão de vocês”, disse, sem se aproximar da grade. . Apesar da recomendação médica, auxiliares temem que Bolsonaro queira cumprir agendas externas no fim de semana.


© Dida Sampaio/ Estadão O presidente da Republica, Jair Bolsonaro usando máscara, caminha da biblioteca para área privada do Palacio da Alvorada. Foto tirada na manhã desta sexta, 13.

Os demais integrantes da comitiva que acompanhou Bolsonaro nos Estados Unidos também deverão passar por novos testes para que seja descartada qualquer possibilidade de vírus. A maioria deles voltou de viagem no mesmo voo de nove horas usado por Wajngarten, mas não foi diagnosticada com a doença nos primeiros exames. O presidente estava em uma ala separada da aeronave, sem contato direto com o secretário.
A advogada Karina Kufa, que esteve com a comitiva brasileira em Miami, mas voltou ao Brasil em voo separado, foi diagnosticada com a doença ontem.
Ao noticiar o resultado negativo de seu exame, Bolsonaro voltou a atacar a imprensa. “HFA/SABIN atestam negativo para o COVID-19”, postou o próprio presidente nas suas redes sociais, acompanhado de uma foto em que aparece fazendo um gesto de “banana” em direção a jornalistas.
No final da tarde, em transmissão ao vivo no Facebook, Eduardo disse que não falou com ninguém da Fox News. “Gosto muito da Fox, assisto, sigo nas redes sociais. Mas deram uma ‘barrigada’”, afirmou o deputado, usando o jargão jornalístico para notícia errada.

Exame deve ser refeito após 12 dias, diz infectologista

O paciente que não apresenta sintomas de coronavírus e já recebeu um resultado negativo deve continuar em quarentena se o contato com a pessoa infectada tiver ocorrido há menos de 12 dias, disse o infectologista Celso Granato, diretor clínico do laboratório Fleury. Para ter certeza do resultado, é recomendado fazer o teste novamente após o período de incubação do vírus.
“O critério utilizado é o tempo que você teve contato com o infectado pela última vez. Se você ficar dentro do período de incubação e der negativo, o seu negativo vale apenas para agora. Não sei se vai continuar (até o fim da incubação)”, afirmou Granato.
No Brasil, três laboratórios estão credenciados para testes de coronavírus, mas o exame pode ser feito em outros hospitais. Segundo Granato, se o resultado der positivo, no entanto, deve ser validado pela rede credenciada. (COLABOROU BIANCA GOMES)




LULA JÁ NÃO GOVERNA. É GOVERNADO PELAS REDES SOCIAIS

  Brasil e Mundo ...