sábado, 22 de fevereiro de 2020

BOLSONARO QUER A TESLA MAS É POUCO PROVÁVEL NO BRASIL


Por que ter uma fábrica da Tesla no Brasil é algo improvável

Bruno Romani, Cleide Silva e Giovanna Wolf 






O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira, 21, que pretende atrair para o Brasil uma fábrica da montadora de carros elétricos Tesla. A afirmação animou fãs da marca no País, mas terá de superar grandes obstáculos para se tornar realidade, afirmaram analistas ao Estado. Isso porque o mercado brasileiro de carros elétricos ainda é muito pequeno e o portfólio da Tesla mira o segmento de veículos de luxo. Além disso, a empresa não se encontra num momento propício para se expandir para o País ou a América Latina.
“Do ponto de vista técnico, fábrica da Tesla no Brasil não faz sentido. Está mais para um sonho do que para qualquer coisa real. É um sonho de quem não entende do mercado de automóveis”, afirma Paulo Cardamone, da consultoria Bright Consulting.
No ano passado, foram vendidos no mercado brasileiro 538 carros 100% elétricos, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de um total de 2,26 milhões de automóveis comercializados no País. Com a importação por parte das montadoras de veículos elétricos, as vendas vêm crescendo anualmente, mas os números ainda são pequenos. Em 2016 foram 132 unidades. No ano seguinte, 137. Em 2018, um total de 176.
A Tesla comercializa apenas veículos 100% elétricos – um compromisso assumido por Elon Musk desde o início da história da empresa, em 2003. Se fabricasse carros híbridos, que aliam o uso de eletricidade a um motor a combustão, a empresa poderia ter um potencial de mercado maior, mas ainda pouco relevante. Em 2018, foram vendidos no País cerca de 11 mil automóveis com essa característica, de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).
E o panorama não é bom para o futuro: segundo projeções feitas por Cardamone, da Bright, o mercado de carros elétricos e híbridos no Brasil em 2030 poderá chegar a no máximo 100 mil veículos comercializados por ano.
O volume atual de importações de veículos da Tesla também não justificaria o interesse da marca pelo Brasil. Inaugurada em 2016 em São Paulo, a revenda Elektra – única no País a oferecer modelos importados da companhia de Elon Musk – só comercializou até agora 14 unidades da marca.
Quem quiser comprar um veículo da empresa por aqui – como o Model 3, Model S e Model X – terá de desembolsar entre R$ 450 mil a R$ 1,2 milhão. É algo até para os padrões do mercado nacional: o tíquete médio de um carro no Brasil em 2019 foi de R$ 80 mil; já o de um carro elétrico ficou em mais de R$ 300 mil.
Segundo Monique Angeli, diretora-geral da Elektra, a maioria das vendas é por encomenda, pois os clientes gostam de personalizar o veículo. A revenda não é representante oficial da Tesla no País, mas Monique afirma que há parceria com a fábrica americana para assistência e atendimento aos compradores.
Também há importações privadas do modelo, mas, de acordo com dados da Elektra, há menos de 25 unidades da Tesla rodando pelo País. Na visão de Monique, é possível que a marca queira ter uma distribuidora oficial no Brasil nos próximos cinco anos. “Mas não acredito que haverá uma fábrica, pois o Tesla é um produto de alto luxo e o volume de vendas não compensaria a produção local.”
Na visão de Ricardo Barcellar, líder para o setor automotivo da consultoria KPMG, haveria baixa demanda pela marca no Brasil justamente por conta dos altos preços. “A receita média do brasileiro é muito baixa, então talvez a Tesla tivesse que se adaptar por aqui, criando modelos mais baratos e talvez apostando em híbridos”, afirma.
Fazer adaptações é algo que parece não estar nos planos da empresa por agora – o veículo mais recente apresentado por Musk é o utilitário esportivo Cybertruck, que custa a partir de US$ 40 mil nos EUA. O valor é o mesmo praticado no outro modelo mais barato da empresa, o Model 3. Outra aposta da empresa é o Model Y, que começará a ser fabricado ainda neste ano e deve ter preços entre US$ 48 mil e US$ 61 mil.
Momento da Tesla
Além disso, a Tesla também passa por um ponto de inflexão em sua história. Apesar de ter demonstrado lucro de forma consistente em dois trimestres seguidos – os últimos resultados financeiros foram divulgados em janeiro –, a companhia tem histórico complicado: enfrentou desde problemas com linha de produção a falta de capital. A euforia com os resultados é recente.
Até aqui, os investimentos internacionais em fábricas foram na China e na Europa, que têm mercados potenciais muito maiores do que o brasileiro ou o latino. Em janeiro, a companhia inaugurou sua planta em Xangai, China, que tem capacidade para produzir até 500 mil veículos por ano. O próximo passo é uma fábrica em Berlim, Alemanha, que foi anunciada em novembro de 2019 e atualmente está em construção.
Na China, a empresa recebeu incentivos de pelo menos US$ 1,4 bilhão, com auxílio de bancos locais. O tamanho de uma possível fábrica brasileira ainda não está em discussão, mas é improvável que a empresa consiga receber esse volume de incentivos no País – uma política dessas poderia desagradar as marcas que já atuam no mercado brasileiro e têm em seu portfólio global veículos 100% elétricos, como a GM. “O custo de uma fábrica aqui é muito alto, por mais que a Tesla conseguisse uma otimização. Só o investimento na planta seria bastante robusto”, diz Bacellar.
Além disso, ainda há poucos incentivos para a aquisição de carros elétricos no País – há apenas a isenção de 35% do Imposto de Importação (II) e a redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – que era de 25% e hoje, dependendo do peso do carro, pode ficar entre 7% e 9%. Em alguns municípios, como São Paulo, há ainda isenção de IPVA e de rodízio. É pouco perto do que existe nos EUA, onde há políticas de reembolso governamental para quem adquirir um veículo elétrico.

RESUMO DAS NOTÍCIAS DA SEMANA


Fatos da semana: Cid Gomes, queda de braço pelo Orçamento e alta do dólar

Mahila Ames de Lara 





© Reprodução/YouTube O senador Cid Gomes invadiu uma manifestação da PM no Ceará com uma retroescavadeira e levou 2 tiros durante o protesto
O Poder360 reúne neste sábado (22.fev.2020) os principais acontecimentos da semana que se encerra hoje.
  • Cid Gomes: senador levou 2 tiros em Sobral, no Ceará, ao tentar atravessar bloqueio de policiais grevistas com 1 trator. O estado de saúde de Cid é estável. Depois do atentado, o presidente Jair Bolsonaro autorizou o envio das Forças Armadas para o Ceará para tentar frear a crise de insegurança pública no Estado.
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  • general Heleno: o chefe do Gabinete de Segurança Institucional foi flagrado em áudio onde reclamava que o Congresso estaria fazendo “chantagem” com o Executivo. Isso porque os deputados e senadores queriam uma lei para ter mais liberdade com o dinheiro do Orçamento do governo. Só assim cumpririam o acordo de manter parte dos vetos de Bolsonaro ao chamado Orçamento impositivo.
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  • disparada do dólar: na manhã de 6ª feira (21.fev.2020), a moeda chegou a ultrapassar a marca de R$ 4,40 pela 1ª vez na história. Do início do ano até aqui, o dólar já subiu mais de 9%. O ministro Paulo Guedes diz que esse é o novo normal da economia brasileira: juros em baixa e dólar em alta.

COLUNA ESPLANADA DO DIA 22/02/2020


Anistia

Coluna Esplanada – Leandro Mazzini







A bancada da bala na Câmara dos Deputados agilizou, ano passado, o projeto de lei 813/19 que concede anistia a policiais e bombeiros envolvidos em movimentos reivindicatórios. A articulação dos deputados de patentes – major, general, capitão, coronel e sargento – destravou a aprovação da proposta na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. O texto seguiu para a Comissão de Relações Exteriores, presidida pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), e está sob a relatoria do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE). O projeto anistia os que participaram de atos ocorridos em São Paulo, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Ceará, Pernambuco, Bahia e Sergipe.
E Sobral?
Caso seja aprovado, não é certo ainda que sejam incluídos os policiais amotinados em Sobral, onde aconteceu o atentado a tiros contra o senador licenciado Cid Gomes.
$uplente
Foi com o tiro em Cid que o Brasil descobre que o senador está licenciado desde 11 de dezembro (volta 10 de abril, espera-se). E o suplente é um desconhecido empresário do ramo de ensino superior, Prisco Bezerra.
Civil paulista
Dos 250 delegados nomeados pelo Governo de São Paulo neste ano, 20 não tomaram posse. O número alertou a categoria, que aponta desvalorização do setor.
Time Brasil..
O Palácio criou a Comissão Interministerial Brasil 100 Anos Olímpicos para elaborar festejos em 2020 envolvendo os Jogos. Haverá grande evento em Brasília, a 100 dias dos Jogos de Tóquio, como revelou a Coluna.
..em Brasília
A Comissão tem utilidade até 1º de março de 2021. Isso fortalece o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, que terá a vitrine durante os Jogos Olímpicos.
No azul
Em janeiro, o Ministério da Economia arrecadou R$ 18 milhões na venda de duas mansões na Península dos Ministros, no Lago Sul – área nobre de Brasília.
Tremor & temor
Caso curioso ocorreu ontem em Muriaé, 100 mil habitantes na Zona da Mata de MG. A terra tremeu duas vezes, constataram sismógrafos de Brasília e SP. Suspeita-se de implosão de pedreiras em bairros periféricos.
Pé na e$trada
Amparada – e beneficiada – pelo acordo de leniência com o Ministério Público Federal no Paraná, a poderosa e famigerada CCR Rodonorte pode concorrer na concessão da BR 101 em Santa Catarina. A empresa foi alvo de operações policiais por pagamento de propinas desde 1997, no trecho Curitiba –Apucarana – Jaguariaíva.
Veteranos..
O relator da MP 905, que cria o Programa Verde Amarelo, deputado Christino Áureo (PP-RJ), incluiu no texto a emenda do deputado federal Laércio Oliveira que facilita acesso de pessoas com mais de 55 anos no mercado. “Minha emenda estabelecia idade de 50 anos e ele aumentou para 55 anos e acrescentou que essa pessoa deve estar procurando emprego há mais de 12 meses”.

.. e novatos
O texto inicial da MP enviado pelo Governo já beneficiava jovens entre 18 anos e 29 anos, ao reduzir encargos trabalhistas para empregadores que optarem em dar o primeiro emprego nessa faixa etária. A emenda surgiu porque o Governo cogitou incluir trabalhadores com mais de 55 no programa, mas recuou com o impacto nas contas.
Efeito verão
O aumento no nível de emprego, registrado nos últimos dois meses de 2019, se deve às novas modalidades de contratação (trabalho intermitente ou parcial). A tendência, de acordo com a Instituição Fiscal Independente, vinculada ao Senado, é de que a redução na taxa de desemprego continue nos primeiros meses de 2020.

Com Walmor Parente e Equipe DF, SP e Nordeste
reportagem@colunaesplanada.com.br
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DEMOCRACIA RELATIVA DE LULA E MADURO CADA UM AO SEU MODO

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