terça-feira, 10 de setembro de 2019

GOVERNO QUER REGULARIZAR AS ATIVIDADES DE IOT (INTERNET OF THINKS)


Autoridades públicas começam a regular Internet das Coisas

Agência Brasil








A Anatel está com consulta pública aberta para ouvir a sociedade sobre quais regras devem incidir sobre esse sistema de tecnologias


À medida que crescem a adoção e a importância da chamada Internet das Coisas, o tema também desperta interesse e chama a atenção de autoridades públicas, de governos a agências reguladoras, passando pelo Parlamento.
Após o anúncio do Plano Nacional de Internet das Coisas pelo governo federal, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está com consulta pública aberta para ouvir a sociedade sobre quais regras devem incidir sobre esse sistema de tecnologias.
O termo Internet das Coisas (IdC, ou IoT na sigla em inglês) vem sendo adotado nos últimos anos para designar um ecossistema em que não apenas pessoas estão conectadas por meios de seus computadores e smartphones, mas também dispositivos estão interligados entre si, com usuários e com sistemas complexos de coleta, processamento de dados e aplicações de diversos tipos. Saiba mais.
Segundo o gerente de programas para software e soluções na nuvem para América Latina da consultoria global IDC, Pietro Dalai, o Brasil ainda está bem atrás de outras nações, embora numa posição boa na região, consolidando-se como o mercado mais expressivo. A IDC estima que o volume de recursos movimentado pelo ecossistema, considerando todas as fases da cadeia de valor, deve chegar neste ano a R$ 38 bilhões.
“O plano nacional de Internet das Coisas da China foi publicado 7 ou 8 anos atrás. O nosso estamos publicando agora. Mas em termos de implementação na América Latina a gente está bem. Temos uma infraestrutura de Tecnologia da Informação no país que já tem condições de suportar projetos de Internet das Coisas”, avalia o gerente da consultoria IDC.
Regulação
Parte importante das regras deste novo segmento será definida na consulta pública da Anatel, aberta no início de agosto. A sondagem visa “diminuir barreiras à expansão das aplicações baseadas em internet das coisas e em comunicação máquina a máquina”. Os interessados podem fazer contribuições por meio do site da Anatel até o dia 17 de setembro.
De acordo com o documento de explicação da consulta, um dos seus intuitos é avaliar se os modelos de negócio relacionados à IdC “podem ser abarcados na regulamentação atual” e como poderiam ser enquadrados do ponto de vista das regras vigentes. O debate inclui a reflexão se os serviços existentes - em geral previstos para a relação entre pessoas e máquinas - seriam adequados para comunicações entre equipamentos.
Entre as normas existentes atualmente, há aspectos acerca de exigência mínima de qualidade do serviço, obrigações relacionadas aos direitos do consumidor e formas de prestação do serviço. A Anatel quer saber se há necessidade de flexibilizar esses dispositivos, e de que forma. Entre os requisitos legais em avaliação na consulta, entram também as taxas e os tributos incidentes sobre o setor. Atualmente, a Anatel cobra um valor por aparelho. A consulta problematiza se este é o melhor modelo, dado o fato de que os equipamentos são menores do que smartphones ou computadores.
“Surge a incerteza se seria plausível manter o valor atual fixado para a TFI [Taxa de Fiscalização de Instalação] e TFF [Taxa de Fiscalização de Funcionamento] decorrentes de licenciamento das estações e se tais valores poderiam ser um empecilho”, pondera o documento da consulta. O texto também cogita estabelecer condições diferenciadas a depender do serviço e da empresa prestando.
Plano Nacional
As regras específicas em debate na Anatel estão relacionadas a diretrizes mais gerais definidas no Plano Nacional de Internet das Coisas (Decreto nº 9854 de 2019), anunciado em junho deste ano. Os resultados a serem perseguidos a capacitação profissional relacionada a essas tecnologias, a promoção da competitividade e da produtividade em empresas atuando no desenvolvimento de produtos e serviços de IdC e o fomento de uma maior inserção internacional do Brasil em relação a este tema.
Caberá ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) decidir as áreas prioritárias que receberão mais atenção e incentivos. Mas o decreto já elenca algumas: saúde, cidades, indústrias e atividades rurais. A seleção dessas áreas será realizada a partir de critérios de “oferta, demanda e capacidade de desenvolvimento local”. O Plano Nacional de IdC prevê a criação de projetos de fomento à implantação dessas inovações, como a criação de centros de competência para tecnologias inovadoras em IdC e um observatório nacional com foco no monitoramento do progresso da transformação digital no país, incluindo as políticas públicas voltadas a esse processo.
De acordo com o secretário de empreendedorismo e inovação do MCTIC, Paulo Alvim, já há duas câmaras funcionando para pensar ações específicas em dois temas: indústria e agricultura. Ele destaca que um dos grandes desafios é a qualificação da força de trabalho, uma vez que a adoção dessas tecnologias implica novos conhecimentos.
“Estamos mobilizando redes do Ministério da Educação e Sistema S [Sebrae, Sesc, Senac, Senai, Sesi...] no sentido de prontamente oferecer formação porque são empregos do futuro. Já tem um curso do Senai gratuito sobre o tema. Esta questão se tornou estratégica e estamos falando de setor que tem vagas mas não tem gente qualificada para ocupá-las. Temos que acelerar isso”, ressalta o secretário.
Na opinião do advogado especialista em direito digital e autor de livro Internet das Coisas, Eduardo Magrani, o plano tem um foco maior na dimensão comercial do tema, não tocando em aspectos importantes relacionados aos impactos desses novos dispositivos na sociedade, como a garantia de direitos e os riscos do ponto de vista ético. Segundo ele, o direito não está preparado ainda para o ambiente da IdC, cujas aplicações são feitas a partir de algoritmos e soluções baseadas em inteligência artificial.
“O plano de IdC não olha para essa nova era das coisas inteligentes, que agem retirando a autonomia do cidadão neste mundo hiperconectado. Problemas sérios de cibersegurança onde nem os fabricantes têm preocupação com segurança ou privacidade. Precisamos de barreiras mais fortes para que os padrões sejam altos. Neste universo, é importante garantir valores humanos na fase do design tecnológico, garantindo valores como privacidade e ética”, defende o advogado.
No Congresso Nacional
O tema da IdC também passou a ser objeto de iniciativas no Parlamento. O Projeto de Lei No 7657 de 2019, de Vitor Lippi (PSDB-SP), propõe zerar taxas de “estações móveis de serviços de telecomunicações que integram sistemas de comunicação máquina a máquina”, termo técnico para designar equipamentos relacionados ao ecossistema de IdC.
Em maio deste ano, a Comissão de Tributação e Finanças da Câmara dos Deputados aprovou relatório do deputado Eduardo Cury (PSDB-SP), que reforça a isenção da Taxa de Fiscalização de Instalação (TFI) e da Taxa de Fiscalização de Funcionamento (TFF), bem como as contribuições para o fomento da radiodifusão pública e desenvolvimento da indústria cinematográfica. Além disso, a redação desobriga a necessidade de licenciamento prévio.
Até o momento da publicação desta reportagem, a matéria estava em análise pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Como tramita em caráter terminativo, se for aprovada nesta comissão, deve ser encaminhada ao Senado Federal para apara ser apreciada pelos parlamentares.


COLUNA ESPLANADA DO DIA 10/09/2019


Peso do caixão
Coluna Esplanada








O pedreiro José Pio Júnior, morto por tiro de fuzil numa laje na Vila Kennedy enquanto trabalhava, é de uma rocinha chamada Cachoeira Alegre, distrito de Barão do Monte (MG). O governador Witzel, do Rio, que participa de velórios de PM, não vai ao dele.

Lista tríplice
Inconformados com a indicação de Augusto Aras para o comando da Procuradoria-Geral de República, cujo nome não constava na lista tríplice da categoria enviada ao Palácio do Planalto, procuradores pressionam senadores para tentar desengavetar a PEC 47/2013, que torna obrigatória a escolha de um nome da lista para o cargo de PGR. De autoria do ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), a PEC tramitou por cinco anos e foi arquivada em 2018. Além de inserir a obrigatoriedade de escolha PGR entre os indicados do Ministério Público Federal, o texto estabelece mandato de 4 anos e proíbe a recondução.

Radar ligado
Não vai nada bem a relação do presidente Jair Bolsonaro com os governadores do PSB na Paraíba e Pernambuco, a quem acusa de só falarem mal dele.
Mão de mil
O ex-senador Mão Santa, prefeito da bela Parnaíba (PI), filiou-se ao DEM, levou ficha de mais mil militantes, e ganhou a simpatia de ACM Neto, que o prestigiou na cidade.

Acabou...
Segue o inferno astral do deputado Luis Miranda (DEM-DF). O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, negou-lhe liminar para liberar o passaporte que a Justiça do DF mandou recolher. Seu partido cobra explicações sobre denúncias de abuso de poder na campanha e possível venda de votos (há ações no TRE). Além da fila jurídica de credores brasileiros na Flórida, segundo denúncia no Fantástico, da TV Globo.

...a vida boa
Correligionários do DEM aguardam explicações “convincentes”, mas avaliam que “dificilmente” o deputado escapará de processo disciplinar que pode terminar em expulsão da legenda. Miranda chegou a ser cotado para presidir o partido no DF, mas perdeu força após desgastes internos com o atual presidente regional, Alberto Fraga.

Para piorar...
O deputado não compareceu ontem na Sessão Solene em homenagem aos Administradores, que ele próprio convocou, e deixou dezenas a ver cadeiras vazias.

Conab cercada
Deputados da oposição, liderados pela bancada do PT, vão cobrar do presidente da Conab, Newton Araújo Silva Júnior, explicações sobre “plano de modernização” da empresa que resultou no fechamento de 39 unidades. Também querem informações sobre a execução dos programas de abastecimento alimentar e da agricultura familiar.

Colheita futebolística
Aliás, quem mandava na Conab na gestão de Michel Temer, o ex-deputado Jovair Arantes (PTB-GO), anda por outros campos. Foi visto domingo, na arquibancada do jogo Atlético de Goiás x Coritiba, na capital paranaense.

Tributária 
A aprovação da Reforma Tributária é uma das medidas “mais prioritárias” para melhorar o ambiente de negócios no país, com potencial de impacto significativo sobre a produtividade e o crescimento. É o que aponta o Relatório de Acompanhamento Fiscal de setembro, produzido pelo Instituto Fiscal Independente, vinculado ao Senado.

Déficit 
Além das injustiças sociais propiciadas pelo sistema atual, o essencial das mudanças propostas pela reforma da Previdência é conter o déficit fiscal, que cresce em torno de 5,2% ao ano. Garante o secretário de Previdência da Secretaria do Trabalho, do Ministério da Economia, Leonardo Rolim. Lembra que o déficit previdenciário da União foi de R$ 265 bilhões em 2018, e a previsão, para 2019, é de R$ 294,9 bilhões.
Esplanadeira
# Os Correios abriram inscrições para o concurso “Selo Postal Natal 2019”.
# O Prêmio Congresso em Foco, um dos mais importantes do país, será realizado dia 19 deste mês, no Porto Vittoria, em Brasília, quando serão conhecidos os parlamentares agraciados desta 12ª edição.
Com Walmor Parente e Equipe DF, SP e Nordeste

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

PENA DE MORTE EM DEBATE NOS ESTADOS UNIDOS


Trump usa brecha para levar pena de morte a Estados que proíbem execuções

Estadão Conteúdo







"Traga de volta a pena de morte", dizia o anúncio de página inteira veiculado em jornais de Nova York em 1989. Quem pagou foi o magnata Donald Trump, que defendia a retomada da pena capital. Nova York permanece entre os 21 Estados que não executam condenados, mas 30 anos depois, agora como presidente, Trump levantou a moratória federal de 2014 sobre a pena de morte, aumentando os riscos de um cidadão ser executado nesses Estados.

Com a decisão, anunciada em julho, seu governo comunicou que as primeiras cinco execuções estão programadas para ocorrer entre 9 de dezembro e 15 de janeiro de 2020. É quase o dobro de execuções conduzidas pelo governo desde que a pena de morte foi instituída para crimes federais, em 1988 - a pena capital voltou a ser permitida pela Suprema Corte em todo os EUA em 1976. A última execução do governo federal foi em 2003.

No corredor da morte federal americano há 62 condenados, mas críticos e advogados temem que esse número aumente em breve. Segundo a especialista Andrea Lyon, os processos federais quase quadruplicaram sob Trump. "Há tantos processos federais envolvendo pena de morte que os escritórios e ONGs não estão conseguindo encontrar pessoas qualificadas o bastante para ajudar (na defesa dos acusados)", disse Andrea ao Estado.

Advogada de dois homens que podem ser condenados à morte, Andrea afirma que as pessoas ficam surpresas com sua atuação em Illinois, um Estado onde a pena capital foi abolida em 2011. A grande mudança no país sob Trump, segundo ela, é o que passou a ser considerado crime federal passível de execuções.

"A pena de morte está em declínio nos EUA há muito tempo. O que tem acontecido, desde que Trump assumiu, é que promotores e procuradores federais estão retirando a jurisdição de casos ordinários que pertencem aos Estados e levando para a esfera federal. Isso é atípico e perturbador por muitas razões", disse.

Precedentes
De acordo com o Death Penalty Information Center, instituto que concentra informações sobre pena capital, a execução federal é autorizada para uma variedade de crimes que diretamente implica em interesse federal, incluindo terrorismo e espionagem.

No entanto, segundo o centro, nenhum dos cinco prisioneiros, cujas execuções foram agendadas para este ano, se encaixam nesse perfil. Apenas 1 dos 62 condenados, atualmente no corredor da morte federal, foi sentenciado por terrorismo - Dzhokhar Tsarnaev, que atacou com explosivos a Maratona de Boston, em 2013.

"O governo federal está impondo a pena de morte a Estados que a rejeitaram", afirma Andrea. "Procuradores federais deveriam estar processando políticos corruptos, indo atrás de fraudadores de bancos, fazendo coisas que o Estado não pode fazer. Mas, em vez de atuarem nesses casos, estão lidando com crimes de rua."

O problema desse cenário, na avaliação de Ruth Friedmnan, diretora do Federal Capital Habeas Project, é a precariedade desses processos. "Em vez de ser aplicada a um grupo específico de crimes hediondos de interesse federal, com advogados qualificados e recursos dos dois lados, a pena de morte federal é arbitrária, racista, tendenciosa e repleta de problemas na defesa e nos recursos científicos forenses", afirmou Ruth.

De acordo com Andrea, não há uma explicação clara para a federalização dos crimes, uma vez que a violência tem caído nos EUA nos últimos 30 anos - entre 30% e 40%. Em comunicado, em julho, o Departamento de Justiça afirmou, ao justificar sua decisão, que o governo devia "às vítimas e às famílias avançar com a sentença imposta pelo sistema de Justiça" e, por isso, seguia uma orientação do presidente para aplicar sentenças mais duras para crimes violentos.

A advogada, porém, vê uma tentativa de impulsionar a pena de morte no momento em que o apoio a ela vem se reduzindo nos EUA. A última pesquisa do Instituto Gallup, em 2018, mostrou que, pela primeira vez, menos da metade dos entrevistados (49%) disseram acreditar que a pena de morte é aplicada de maneira justa nos EUA.

A persistência da pena capital, segundo ativistas, é particularmente preocupante quando se considera os problemas que ela envolve como, por exemplo, os custos. De acordo com Andrea, é mais caro para o Estado conduzir um processo envolvendo uma pena de morte do que manter o prisioneiro detido. Além disso, nesses casos, a margem de erro é bastante alta e mais comum do que em outros crimes, segundo Andrea, por mexer muito mais com o aspecto emocional.

Veja quem está na fila para execução

Daniel Lewis Lee: Membro de um grupo racista que assassinou três da mesma família, incluindo uma menina de 8 anos.

Lezmond Mitchell: Matou uma mulher de 63 anos a facadas e obrigou sua neta, de 9, a assistir, antes de matá-la também.

Wesley Ira Purkey: Sequestrou, estuprou e matou uma adolescente de 16 anos e,em seguida, desmembrou seu corpo.

Alfred Bourgeois: Abusou, torturou e assassinou sua filha de apenas 2 anos e 6 meses. Sua execução está programada para janeiro.

Dustin Lee Honken: Com a ajuda da namorada, também condenada à morte, matou 5 pessoas, incluindo 2 crianças.

Para lembrar: Ataque no Central Park

Um dos casos mais emblemáticos envolvendo a pena de morte e o presidente americano, Donald Trump, foi a condenação de cinco adolescentes em um episódio no Central Park. Em abril de 1989, a polícia prendeu cinco garotos do Harlem - quatro negros e um latino - com idades entre 14 e 16 anos, suspeitos de terem estuprado e espancado uma corredora do parque.

Submetidos a interrogatórios agressivos comandados pela promotora Linda Fairstein, sem a presença de advogados e, por algumas horas, sem seus pais, eles confessaram. A vítima não se lembrava de nada em razão dos ferimentos na cabeça. Mesmo sem nenhuma prova, o júri os declarou culpados.

O anúncio de Trump pedindo a volta da pena de morte ao Estado de Nova York foi publicado nesse contexto. Os jovens ficaram entre 7 e 13 anos na cadeia até que, em 2002, o verdadeiro culpado admitiu ter praticado o crime, o que foi comprovado com testes de DNA. Os jovens foram soltos e Trump nunca se desculpou pelo anúncio. A história é contada na minissérie da Netflix Olhos que Condenam, da diretora Ava DuVernay.

Após a estreia da série, Fairstein entrou em desgraça. Petições online pediram o boicote de seus livros e sua expulsão de diversas associações. Depois de uma enxurrada de críticas, ela deixou organizações como a Safe Horizon e a Joyful Heart Foundation, que ajuda vítimas de violência sexual, e o Vassar College, onde estudou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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