O homem e a mídia
Manoel Hygino
Quer se queira,
ainda que não se queira, os jornais têm uma história e um papel importantíssimo
para a humanidade. A despeito de sua idade, eles são a síntese da vida dos
povos modernos, desde que surgiram os tipos. Depois, apareceu um novo tempo, o
dos instrumentos eletrônicos de comunicação, a mídia – como denominados
comumente. Eles representam a nova crônica, um novo tempo e ajudam a definir o
futuro das pessoas, das nações e dos povos.
Mas o jornal, a
despeito da concorrência, não morreu. Resiste. Em novembro de 2018, completou
cem anos a “Gazeta do Norte”, fundada em minha cidade natal por José Tomás de
Oliveira, advogado procedente do Nordeste, que se transferiu a Montes Claros,
onde constituiu família, gerou filhos e se dedicou à imprensa. Um dos filhos,
Jair, continuou, manteve a folha.
A Gazeta teve
precioso papel no desenvolvimento social e político da cidade e da região. O
correr dos dias se encarregou de revelar sua importância. Enquanto existiu,
abrigou não poucos jovens e, em suas páginas, expôs opiniões sobre episódios e
acontecimentos marcantes na vida municipal, estadual e nacional.
Quando Gandhi foi
assassinado na Índia, um rapazelho se indignou e decidiu redigir um texto, que
mereceu publicação. O meninote se entusiasmou e continuou e, em seguida, ousou
chegar às redações de Belo Horizonte, depois do Rio de Janeiro – capital da
República, dirigiu sucursal da maior revista editada no Brasil, foi diretor e
presidente de organização jornalística. Mas o semanário de José Tomás e de Jair
Oliveira cumpriu sua missão, e por múltiplas razões, encerrou de vez sua
circulação. Sic transit gloria mundi.
Décio Gonçalves
Queiroz, entrou em cena, nos anos 60, com “O Diário de Montes Claros”, em uma
cidade com 100 mil habitantes, que também assistiu ao lançamento de “O Jornal
de Montes Claros”, de Oswaldo Antunes, egresso de “O Diário”, de Belo
Horizonte. Dois periódicos, com expressiva tiragem, que caracterizavam uma
época nova e progressista para sua gente, não mais a aldeia provinciana e doce,
embora a fama brava, como observou o também jornalista Paulo Narciso,
bem-sucedido na imprensa da capital e que voltara à terra natal.
Os três jornais não
mais circulam, seus fundadores e proprietários já se foram: Décio em novembro,
e, com dor e respeito, faço o tríplice registro. Algumas folhas encerraram
atividades, mas a obra que construíram está em nosso espírito e coração. Em
outras palavras, não morrem propriamente. A história de cada um – jornal, e de
seus fundadores e dirigentes – perdurará muito, porque é como diz Paulinho
Narciso: as produções do espírito não se inclinam à lei da morte, e persistem e
prosseguem, duram, porque destinados a uma instância superior da vida evanescente.