Só existe vida nova se houver mudança
Simone
Demolinari
Final de ano vem
sempre com novas aspirações. Queremos aumentar os ganhos, mudar de emprego,
montar um negócio, comprar um imóvel. Almejamos também mudar alguns aspectos do
nosso comportamento – não queremos cometer os mesmos erros. A intenção é
grande, mas a questão é que nem sempre conseguimos colocar em prática. Se
pararmos para pensar, pode ser que cheguemos à triste conclusão de que o que
queremos agora é praticamente a mesma coisa que queríamos no ano passado.
Muitas vezes
desejamos profundamente algo, mas simplesmente não conseguimos sair do lugar.
Nem sempre por nossa culpa. Mudar é realmente algo muito difícil. Muitas vezes
superestimamos nossa capacidade e não nos preparamos o suficiente, e isso
favorece ainda mais o fato de fracassarmos rumo à mudança.
Mas, afinal de
contas, por que é tão difícil mudar nossa maneira de ser?
A mudança vai muito
além da nossa vontade. Mudar requer esforço, disciplina, privações,
determinação e várias outras atitudes que são imediatamente desprazerosas. Não
é fácil quebrar a inércia e abandonar padrões repetidos por anos. Além disso, é
preciso ainda lidar com a possibilidade do fracasso, e algumas pessoas, por não
se permitirem errar, temem inconscientemente a mudança por receio de não dar
conta dela. Com isso, ficam paralisadas, sem conseguir andar para frente.
Outra questão que
dificulta é o fato de a mudança não vir de apenas uma atitude. Para mudar um
comportamento, é preciso mudar no mínimo outros três. Alguns exemplos: quem
almeja ser mais tolerante tem também que aprender a aumentar a empatia, se
despir do ego e exercitar a compaixão. Já quem deseja aprender a dizer “não”
precisa estar preparado para lidar com a vergonha, a culpa, o remorso – três
freios que atrapalham sobremaneira a mudança.
O fato é que mudar
dá trabalho e passa antes pelo crivo da humildade e do amor próprio.
Ao contrário do que
dizem os manuais da felicidade, decidir mudar não é meio caminho andado. Se
fosse assim seria fácil perder dez quilos. Decidiu, já se foram cinco. Na
verdade, “decidir” talvez seja o passo mais importante por ser o primeiro, mas
em termos de resultado não altera em nada. A ilusão sabota o propósito.
Precisamos estar cientes do trabalho que virá. Após a tomada de decisão começa
um árduo caminho pelo qual não se sabe andar. Um caminho novo, que, embora
promissor, causa medo, insegurança e dor.
Aos que desejam
mudar é preciso ter em mente que mudança não obedece comando de voz. É preciso
esforço para vencer a luta entre duas forças poderosas: a razão, que sabe que a
mudança é necessária, e a emoção, que reage contra a decisão como um impulso
involuntário.
Empenhar esforços em
prol da mudança é fundamental para não se chegar no final do próximo ano
desejando as mesmas coisas de agora.
Coragem, força e fé – em Deus e em si –, e um feliz Ano Novo!
Coragem, força e fé – em Deus e em si –, e um feliz Ano Novo!