Quase metade dos órgãos federais não tem unidades contra corrupção
Agência Brasil
Faltando 14 dias para o fim do prazo
que o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) concedeu
para 197 órgãos e entidades federais estruturarem seus programas de integridade
a fim de “prevenirem, detectarem, remediarem e punirem fraudes e atos de
corrupção”, 79 ministérios, autarquias e fundações ainda não indicaram ao CGU
sequer o nome dos responsáveis por coordenar e monitorar as futuras ações de
controle interno.
Segundo
a Portaria 1.089/2018, que regulamenta a política de governança
da administração pública federal, cada órgão deveria ter constituído sua
própria unidade de gestão de integridade até 11 de maio deste ano,
informando ao CGU os dados de ao menos um servidor destacado para atuar
permanentemente na unidade, com acesso a todos os outros setores, inclusive aos
mais altos escalões do órgão ou entidade. A portaria também estabelece 30
de novembro como data limite para que os programas de integridade sejam
apresentados e aprovados a fim de serem postos em prática.
A lista dos 197 órgãos e entidades da
administração pública federal direta, autárquica e fundacional obrigados a
constituir suas unidades de gestão de integridade está disponível
no site do CGU.
Governança
Entre os 79 entes federais que ainda
não indicaram ter criado a unidade gestora estão a Presidência e a
Vice-Presidência da República, além de ministérios como o das Relações
Exteriores, Segurança Pública, Trabalho e dos Direitos Humanos, e as agências
Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), de Mineração (ANM), do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e do Cinema (Ancine), entre outros órgãos
federais.
Os 118 órgãos federais que
informaram ter criado instâncias para estruturar, executar e
monitorar seus programas internos de integridade e boa governança representam
quase 60% dos 197 obrigados a constituir suas unidades de gestão.
Outras oito entidades federais que não
constavam da relação inicial do CGU decidiram indicar suas próprias unidades
gestoras, aderindo voluntariamente ao programa de integridade. São elas a
Escola Superior de Guerra (ESG), Instituto Nacional de Câncer José Alencar
Gomes da Silva (INCA), Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF),
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Secretaria Especial de Agricultura
Familiar e do Desenvolvimento Agrário (SEAD), Hospital das Forças Armadas
(HFA), Hospital Federal de Ipanema (HFI) e o Instituto Nacional de
Cardiologia.
Unidades gestoras
A obrigação de indicar a criação da
unidade gestora era uma das exigências que os 197 órgãos federais
deveriam ter cumprindo dentro da primeira fase de estruturação de
seus programas de integridade, encerrada 15 dias após a publicação da Portaria
1.089, ou seja, em 11 de maio. A segunda fase do programa
termina no próximo dia 30.
Pela portaria ministerial, até lá, os
órgãos e entidades listados pela CGU deverão aprovar seus planos, que deverão
conter os objetivos, as ações de estabelecimento das unidades gestoras e a
forma como estas atuarão, além da indicação dos principais riscos para a
integridade institucional e as medidas para saná-los. A portaria também
estabelece que o plano de cada órgão deverá ser revisado periodicamente.
Durante a terceira e última fase de
estruturação do programa, os órgãos e entidades federais deverão executar as
medidas previstas no plano de ação aprovado, monitorando seu cumprimento.
Também deverão procurar expandir o alcance de seus programas de integridade
para as políticas públicas que implementarem, bem como para seus fornecedores e
outras organizações públicas ou privadas com as quais mantenham relação.
Presidência
Questionado a respeito do fato de 40%
dos órgãos e entidades ainda não terem indicado a unidade de gestão de integridade,
o CGU informou que “trabalha para que o maior número possível deles” não apenas
indiquem a criação da unidade gestora, mas aprovem seus planos de trabalho até
o próximo dia 30.
O ministério acrescentou que eventuais
descumprimentos da portaria ministerial serão tratados no âmbito de futuras
auditorias, lembrando que não lhe compete atuar junto à Presidência da
República e aos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores e órgãos a eles
vinculados.
Consultada na sexta-feira (16), a
Presidência não tinha se manifestado até o momento da publicação da reportagem.