Candidatura de
Lula é alvo de 16 contestações no TSE
Agência Brasil
A Justiça Eleitoral
pode, diante das notícias de inelegibilidade, negar de ofício, antecipadamente,
o registro de Lula
O prazo para
contestar o registro de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
se encerrou na noite de quarta-feira (22). Ao todo, foram feitos 16
questionamentos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a elegibilidade do
candidato do PT à Presidência da República. O TSE deve publicar em breve
um edital de intimação, com todas as contestações, a partir do qual começa a
contar o prazo de sete dias para que a defesa de Lula responda aos
questionamentos.
Dos questionamentos
apresentados, sete são impugnações propriamente ditas, protocoladas por outros
candidatos, partidos, coligações ou pelo Ministério Público Eleitoral (MPE),
que são as partes legítimas a impugnar candidaturas, de acordo com a legislação
eleitoral.
Entre as
impugnações, está a da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que é
também procuradora-geral Eleitoral. A petição foi protocolada pouco menos de
uma hora após o ministro Luís Roberto Barroso ter sido sorteado
relator do registro de Lula, no último dia 15.
Na contestação,
Dodge afirma que Lula – que figura como líder de intenções de voto nas
pesquisas eleitorais – está enquadrado na Lei da Ficha Limpa,
por ter sido condenado na segunda instância da Justiça Federal por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro, razão pela qual não está apto a
disputar a eleição.
As demais
impugnações, com argumentos análogos, foram feitas pelo candidato à Presidência
pelo PSL, Jair Bolsonaro, e sua coligação; por um deputado estadual do Partido
Novo; e por candidatos à Câmara dos Deputados pelo Podemos, PSL e DEM.
Outras nove das 16
contestações são as chamadas “notícias de inelegibilidade”, em que qualquer
cidadão pode informar ao TSE sobre situações que prejudiquem a candidatura de
algum candidato ao pleito deste ano. Todas elas abordam a mesma condenação de
Lula.
Julgamento
Pelo calendário
eleitoral, o TSE tem até o dia 17 de setembro para julgar os pedidos
de registro de candidaturas. Este também é o prazo final para que os partidos
substituam nomes nas chapas, exceto em caso de morte de candidato.
Como relator, caberá
a Barroso ditar o ritmo de julgamento no TSE. A Justiça Eleitoral pode, diante
das notícias de inelegibilidade, negar de ofício, antecipadamente, o registro
de Lula, mas o ministro tem indicado que deve aguardar todos os prazos
processuais antes de levar o caso ao plenário do TSE.
Observados os
prazos, a previsão é que o julgamento ocorra no início de setembro, após o
início do horário eleitoral na TV.
Em uma segunda
petição, Raquel Dodge tentou antecipar o julgamento, mas ainda não
obteve resposta do relator. Ontem (15), a defesa de Lula enviou aos
ministros da Corte Eleitoral um parecer assinado pelos ex-ministros do TSE
Henrique Neves e Fernando Neves, no qual defende o respeito ao prazo para sua
manifestação, de modo a garantir o devido processo legal.
Condenado a 12 anos
e um mês por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex em Guarujá
(SP), Lula está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba
desde 7 de abril. A defesa do ex-presidente busca garantir o direito de
ele recorrer em liberdade às instâncias superiores, o que suspenderia a
execução de sua pena.
Paralelamente, os
advogados tentam assegurar a participação do ex-presidente em atividades de
campanha eleitoral, como entrevistas, debates e no horário eleitoral da TV.