Em debate
presidencial morno, candidatos evitam confrontos
Rosiane Cunha
O primeiro debate
entre os candidatos à Presidência da República para as eleições de 2018
foi realizado pela TV Bandeirantes, na noite desta quinta-feira (9), em tom
bastante morno, evitando confrontos diretos. Oito candidatos participaram do
confronto: Alvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Geraldo Alckmin
(PSDB), Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSL), Guilherme Boulos (PSOL),
Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT).
O ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, candidato do PT, não participou porque não conseguiu
autorização judicial para deixar a sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde
está preso desde o dia 7 de abril, pela condenação na operação "Lava
Jato".
O debate, dividido
em cinco blocos, foi mediado pelo jornalista Ricardo Boechat.
Na primeira parte,
cada candidato respondeu a uma mesma pergunta e o tema escolhido foi a geração
de empregos. Em seguida, cada candidato fez perguntas para o candidato da sua
escolha.
Guilherme Boulos
abriu a rodada acusando Jair Bolsonaro de empregar uma funcionária fantasma em
seu gabinete. Bolsonaro se defendeu explicando que a funcionária não é fantasma
e estava de férias.
Questionado por
Gomes Gomes sobre a reforma trabalhista, Geraldo Alckmin defendeu as mudanças
promovidas pelo Governo Temer.
Ciro Gomes prometou
retirar mais de 60 milhões de pessoas endividadas do SPC. Alckimin
defendeu um Estado regulador e com menos despesa com ajuste fiscal. Álvaro
Dias perguntou a Bolsonaro sobre os altos indíces de violência, principalmente
contra as mulheres, além da desigualdade salarial entre gêneros.
Em seguida,
Bolsonaro defendeu castração química para os estupradores e disse que o Estado
não deve interferir na questão da desigualdade de salários entre homens e
mulheres. Álvaro Dias respondeu que a sua candidatura defende e valoriza as
mulheres.
Após isso, foi a vez de Geraldo Alckmin e Marina Silva falarem sobre saúde. "A população mais pobre, principalmente as mulheres, são as que mais sofrem pela falta de um atendimento adequado", disse Marina, que promete aperfeiçoar o SUS. Já Alckmin promoteu avançar no saneamento básico e melhorar a rede hospitalar.
Após isso, foi a vez de Geraldo Alckmin e Marina Silva falarem sobre saúde. "A população mais pobre, principalmente as mulheres, são as que mais sofrem pela falta de um atendimento adequado", disse Marina, que promete aperfeiçoar o SUS. Já Alckmin promoteu avançar no saneamento básico e melhorar a rede hospitalar.
Mudando de pauta,
Bolsonaro perguntou a Álvaro Dias sobre como o BNDES vai passar a agir em seu
governo. "Os recursos do BNDES não vão construir o metrô da Venezuela, mas
em Belo Horizonte", disse Dias.
2º bloco
O bloco seguinte do programa foi marcado pela rodada de perguntas dos jornalistas do Grupo Bandeirantes aos candidatos. Pelas regras, era permitido escolher um candidato para responder e outro para fazer uma réplica.
O bloco seguinte do programa foi marcado pela rodada de perguntas dos jornalistas do Grupo Bandeirantes aos candidatos. Pelas regras, era permitido escolher um candidato para responder e outro para fazer uma réplica.
Para Marina Silva, a
pergunta foi déficit nas contas públicas. Ela criticou o teto de gastos e
defendeu a retomada da credibilidade e do crescimento, além de uma reforma da
previdência. Meirelles disse que é preciso combater o endividamento e garantir
inflação e juros menores e Marina Silva rebateu dizendo não vai apelar para as
medidas "draconianas" do governo Temer.
Em nova rodada,
Alckmin e Bolsonaro responderam a uma pergunta sobre segurança pública.
Enquanto Alckmin disse que vai defender fronteiras, combater o crime
organizado e formar uma guarda nacional, Bolsonaro defendeu que população
possa comprar armas de forma livre.
Já Álvaro Dias e Cabo Daciolo responderam sobre violência contra as mulheres. Dias acabou desviando do tema, já Daciolo falou que o país precisa de mais "amor".
Já Álvaro Dias e Cabo Daciolo responderam sobre violência contra as mulheres. Dias acabou desviando do tema, já Daciolo falou que o país precisa de mais "amor".
Assunto polêmico e
de amplo debate, Ciro teve a oportunidade de responder questões sobre a
reforma trabalhista. Ele disse que vai buscar diálogo com o movimento
sindical. Cabo Daciolo disse que a crise econômica é uma farsa e defendeu uma
auditoria da dívida pública.
Outro assunto em
evidência e ainda mais polêmico atualmente, o aborto foi o tema de pergunta
para Guilherme Boulos e Marina Silva. "Ninguém é a favor do aborto. Somos
a favor que as mulheres tenham o direito de decidir", explicou o candidato
do PSOL. Já Marina disse que esse é um tema complexo, que envolvem questões
filosóficas, morais e religiosas. "Aborto não pode ser advogado como
método contraceptivo, defendemos o planejamento familiar para que as mulheres
não precisem recorrer a isso". Ela defendeu ainda um referendo para
decidir sobre o tema.
Bolsonaro e Ciro
falaram sobre educação. O primeiro defendeu o método de ensino dos colégios
militares. Já Ciro Gomes falou que o Ceará, seu Estado, possui 77 das 100
melhores escolas do Brasil.
3º bloco
Na tentativa de esquentar mais o debate, o terceiro bloco foi marcado pelo confronto direto entre os candidatos, seguindo a ordem de sorteio. Cada político pôde ser perguntado até duas vezes.
Na tentativa de esquentar mais o debate, o terceiro bloco foi marcado pelo confronto direto entre os candidatos, seguindo a ordem de sorteio. Cada político pôde ser perguntado até duas vezes.
Primeiro a ter a
palavra no novo bloco, Álvaro Dias insistiu no tema da corrupção e
questionou Alckmin sobre "Lava Jato". "Devemos reformar as
instituições. Não é possível continuar com 35 partidos e termos votos
proporcionais. Defendo voto distrital misto, o modelo alemão", disse o
tucano.
Já Meirelles
perguntou para Alckmin sobre o Bolsa Família. O tucanos disse
que "é um ótimo programa" e prometeu mantê-lo.
Álvaro Dias reforçou
que, caso eleito, convidará o juiz Sergio Moro para ser seu ministro da
Justiça. Enquanto Bolsonaro e Cabo Daciolo fizeram discursos contra a classe
política e se "venderam" como "o novo".
Alckmin questinou
Marina Silva sobre educação, que mais uma vez lembrou sua herança humilde e
como mudou sua trajétória com os estudos. "Sou um milagre da
educação, sei o que a educação pode fazer na vida das pessoas. Por isso, meu
compromisso é inarredável", ressaltou Marina.
Boulos
disse que Meirelles não é apenas o candidato do Temer. "Até porque
aqui tem 50 tons de Temer", disse. "Eu sou o candidato do
emprego", retrucou Meirelles, que mais uma vez lembrou de sua trajetória
como presidente do Banco Central na era Lula.
Ciro perguntou para
Bolsonaro como tirar 63 milhões de pessoas endividadas do SPC. Bolsonaro disse
que pessoas honestas acreditaram no governo do PT e repetiu a pergunta:
"Como você vai tirar essas pessoas do SPC?". Ciro falou em
refinanciar dívidas.
4º bloco
O quarto bloco seguiu com mais uma rodada de perguntas dos jornalistas. Álvaro Dias voltou a falar de institucionalizar a "Lava Jato" e criar uma "tropa de choque de combate a corrupção". Já Cabo Daciolo prometeu que vai acabar com a impunidade. "Os maiores criminosos do país são engravatados", disse.
O quarto bloco seguiu com mais uma rodada de perguntas dos jornalistas. Álvaro Dias voltou a falar de institucionalizar a "Lava Jato" e criar uma "tropa de choque de combate a corrupção". Já Cabo Daciolo prometeu que vai acabar com a impunidade. "Os maiores criminosos do país são engravatados", disse.
Após isso houve um
confronto de ideias entre Boulos e Bolosonaro. "Cortar privilégios de
militares... Que privilégios? Nós não temos fundo de garantia, não temos hora
extra...", disse Bolsonaro. "Auxílio moradia, auxílio terno, auxílio
viagem a Miami... Nós vamos enfrentar essa esculhambação", afirmou Boulos.
Já Alckmin falou em
simplificação, correção das alíquotas e também em tributar lucros e dividendos,
ao mesmo tempo que diminui impostos para o setor produtivo.
5º bloco
5º bloco
No quinto e último
bloco cada candidato fez suas considerações finais. Ciro Gomes prometeu criar 2
milhões de empregos já no primeiro ano de governo. Boulos disse que tem um
projeto novo para mudar o Brasil e repetiu "aqui não é o projeto dos 50
tons de Temer".
Já Marina destacou o
papel do Estado e sobretudo da educação. "Nós não podemos ser o país que
admira as exceções, temos que ser o país que admira as suas regras".
Jair Bolsonaro disse
que era o único "honesto, patriota e com Deus no coração e prometeu que
fará escolas sem ideologia de gênero. Álvaro Dias repetiu o tema da corrupção.
Cabo Daciolo
aproveitou o tempo para ler uma passagem da Bíblia. E Alckmin deu enfoque para
a redução do tamanho do Estado e da necessidade do ajuste fiscal. Meireles
apelou para os seus feitos em 15 anos de trabalho, dizendo que o eleitor
deve valorizar a experiência de governo.