quarta-feira, 8 de agosto de 2018

REFUGIADOS VENEZUELANOS NO BRASIL CADA VEZ É MAIOR


Fronteira do Brasil com Venezuela reabre, mas crise humanitária persiste

Estadão Conteúdo







Pouco antes de a fronteira ser reaberta, cidadãos do país vizinho fecharam a estrada que dá acesso à Venezuela em protesto

Após 14 horas de fechamento, a fronteira do Brasil com a Venezuela foi reaberta ontem, por decisão do Regional Federal da 1.ª Região (TRF-1). Nesse período, angústia e revolta marcaram a noite dos venezuelanos que dormiram na estrada, sem saber se seriam autorizados a entrar no Brasil. À noite, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou que o governo "tem consciência" da responsabilidade, inclusive humanitária, e avisou que o País vai "manter a fronteira aberta" com a Venezuela.

Anteontem, o juiz federal Helder Girão Barreto, da 1.ª Vara da Federal de Roraima, decretou, liminarmente, a suspensão da entrada de imigrantes venezuelanos no Brasil, "até que se alcance um equilíbrio numérico com o processo de interiorização (envio de refugiados para outros Estados) e se crie condições para um acolhimento humanitário no Estado". O debate se estende desde abril, quando o governo estadual solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o fechamento da fronteira ou o controle de entrada.

Anteontem, a ministra Rosa Weber negou esse pedido. No entanto, a decisão não afetava a questão do fechamento fronteiriço, determinado às 18 horas de anteontem. Ontem, o vice-presidente do TRF-1, desembargador federal Kassio Nunes Marques, suspendeu a liminar do juiz de Roraima. "A medida judicial ora impugnada, além de indevida, colocaria em risco o princípio da separação dos poderes, bem como vulneraria gravemente a ordem pública e administrativa."

A pé
Nas 14 horas em que o País ficou fechado aos imigrantes da nação vizinha, houve desespero dos que tentavam ingressar e protesto dos venezuelanos moradores de cidades próximas à fronteira. Até adolescentes venezuelanos que cursam o ensino médio no Brasil e são transportados em ônibus escolares oficiais foram impedidos de entrar em território brasileiro e deixados a pé.

"Foi uma situação de muito constrangimento porque a proibição era de um lado só. Brasileiros podiam entrar na Venezuela, outros estrangeiros podiam entrar no Brasil e só os venezuelanos eram barrados. Eu me senti muito mal como ser humano de ver essas pessoas sendo rejeitadas depois de viajarem horas, sem dinheiro para comida", afirma o taxista brasileiro Valtevy Gonçalves de Sousa, de 44 anos, que trabalha na fronteira.

Ele conta que, em dias normais, a fronteira já fica fechada durante a noite e a madrugada, então é comum que imigrantes fiquem esperando durante a noite para entrar no dia seguinte. A diferença foi que os refugiados não sabiam se seriam aceitos ou mandados de volta. Muitos não tinham dinheiro para a viagem de retorno. Era o caso da imigrante Maria Pino, de 47 anos, que viajava com a filha e o neto, de 7 anos. Ela percorreu cerca de 800 km de Maturín, no norte do país, até Santa Elena de Uairén, município venezuelano que faz fronteira com Pacaraima, em Roraima, para, após mais de 30 horas na estrada, saber da decisão judicial. Uma filha de Maria, que já mora há seis meses no Brasil, a esperava em Boa Vista, distante 215 km da fronteira.

"Quando soube da decisão comecei a chorar muito e me apeguei a Deus. Eles estavam sem dinheiro para comer. Todos os bens que tinham haviam vendido para comprar a passagem de ônibus", conta a empregada doméstica Soire de Los Ángeles Louvett Pino, de 32 anos.

A situação revoltou venezuelanos. Pouco antes de a fronteira ser reaberta, cidadãos do país vizinho fecharam a estrada que dá acesso à Venezuela em protesto. Por volta das 9 horas, a Polícia Federal reabriu a fronteira, mas o drama não acabou. Com a obrigatoriedade da vacinação para venezuelanos, também determinada pela 1.ª Vara Federal, os imigrantes tiveram de ficar na fila da imigração e da imunização. Maria e a família, por exemplo, permaneciam na fronteira aguardando liberação até as 20 horas de ontem. "Meu sobrinho está fazendo 7 anos hoje (ontem) e passou o dia inteiro nessa situação. Eu tinha até preparado um bolo, mas é só preocupação", diz Soire.

Futuro
Em Brasília, Carlos Marun reconheceu que existe um sério problema em Roraima, mas avisou que o governo federal não vai "optar por aquilo que parece mais fácil, que seria impedir que refugiados entrassem no Pais". "O País não tem essa tradição de não acolhimento. Não tomaremos essa medida (de fechar fronteira)", reiterou o ministro. 


COLUNA ESPLANADA DO DIA 08/08/2018


Mineirices

Coluna Esplanada – Leandro Mazzini 








A reviravolta em Minas Gerais com a retirada da candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM) ao Governo, agora candidato ao Senado para apoiar Antonio Anastasia (PSDB) ao Palácio, contou com articulações de Aécio Neves, Rodrigo Maia, ACM Neto e do presidenciável Geraldo Alckmin. A turma está tão animada com a coalizão que dá respaldo ao ex-governador paulista que já inspira cenários palacianos para 2019: eleito ou não senador, o advogado Pacheco é o cotado para ministro da Justiça se Alckmin vencer a eleição. Foi a condição do DEM para abrir mão da disputa no Estado. No pior dos cenários para Pacheco, ele vira secretário de Anastasia, se o tucano se eleger.
Artimanhas
Mas, principalmente, é o poder de Aécio e Maia apadrinhando um eventual futuro ministro que comandará a Polícia Federal, a mesma que investiga o tucano na Lava Jato.
Vice é.. vice
Não é a busca do voto feminino ou equidade de gênero na chapa. A escolha das vices de Geraldo Alckmin (Ana Amélia) e Ciro Gomes (Kátia Abreu) foi falta de opção mesmo.
Clube do bilhão
O TCU decide hoje (processo 10.213/2018-0) se avança no requerimento do Congresso Nacional, que quer acesso ao valor arrecadado pelo Sistema S em 2017. São bilhões..
Suplentes
O decano Francisco Dornelles (PP), ex-deputado, ex-senador, ex-ministro e ex-quase tudo no poder desde que Brasília surgiu, ainda dá cartas no jogo. O hoje vice-governador indicou os dois suplentes dos candidatos ao Senado na chapa de Eduardo Paes (DEM) ao Governo do Rio de Janeiro.
Os escolhidos
Para a suplência de Cesar Maia (DEM), a indicada pelo PP é Alice Tamborindeguy. O empresário Marcos Magalhães (PP), filho do ex-deputado estadual Mauro Magalhães, será o suplente de Aspásia Camargo (PSDB).
Olho neles
Aliás, em tempos em que vices emergem subitamente ao poder, vale ficar atento aos suplentes, que tradicionalmente têm mais chances de ocupar uma vaga no Congresso.
Que é isso?
Uma juíza de primeira instância do Espírito Santo, acolhendo ação do ex-governador Renato Casagrande (PSB), determinou a retirada do ar de seis sites de notícias que publicaram notícias citando o político. Sem notificação ou direito de defesa prévia.
Lupa virtual
Por falar em internet, o TCU está de olho nos portais do Governo e de estatais. Fiscaliza cada um deles para saber se têm canais para a Lei de Acesso à Informação.
Sindicalistas
A Central dos Sindicatos Brasileiros tem novo chefe. José Avelino, do Sindicato dos Metalúrgicos de Itatiba, ocupou o lugar de Antonio Neto (PDT), que disputará o Senado.
Outra do Chico
Após cantar no Festival Lula Livre na Lapa do Rio, Chico Buarque voou para Curitiba onde fez show de sua nova turnê no fim de semana no Teatro Guaíra. No término, plateia pediu bis. Ele voltaria, mas ao ouvir um grito “Lula Livre”, ele topou na hora: “Se é Lula Livre, eu volto”. Cantou.. Geni e o Zepelim.
Coro
Aliás, havia do contra também. Teve gente na plateia que vibrou no trecho “é rainha dos detentos” e “joga pedra na Geni”. Lula estava na cela-quartinho na sede da PF a 8 km dali.

Seguuura, peão
De hoje até o fim do grande evento, fiscais do Ministério do Trabalho vão circular pelo parque do Peão de Barretos. Ontem já autuaram empregadores por más condições de trabalho em montagem de estruturas. Há mais casos em investigação.
Diabetes 
O Brasil gasta mais de R$ 200 bilhões com a diabetes, doença que acomete grande fatia da população. O dado foi publicado pelo King´s College, da Inglaterra – afirma ainda que, até 2030, isso deve chegar a R$ 406 bilhões. Representantes dos maiores laboratórios se reuniram ontem com o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, para discutir soluções para a sociedade.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

CANDIDATOS AO GOVERNO DE MINAS GERAIS


Sete pré-candidatos são oficializados na corrida pelo governo de Minas

Lucas Simões e Rafaela Matias









Com o fim das convenções e os adversários definidos, começa pra valer a batalha política de 2018

Ao final da maratona das convenções partidárias, finalizadas ontem, os mineiros terão no jogo eleitoral sete pré-candidatos ao governo de Minas Gerais. É a primeira vez, desde a redemo-cratização, que o pleito não será polarizado. Estão no páreo o petista Fernando Pimentel, que tenta a reeleição, o senador Antonio Anastasia (PSDB), o ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB), o deputado federal Rodrigo Pacheco (DEM), João Mares Guia (Rede), Romeu Zema (Novo) e Dirlene Marques (PSOL).

O número de pré-candidatos pode ser alterado devido à situação eleitoral de Lacerda. Vetado pelo PSB, ele entrou na Justiça, mas pode desistir da empreitada.

Como o imbróglio envolvendo Lacerda ainda não teve um desfecho, muitos partidos, de médio e pequeno portes, decidiram postergar a definição sobre coligações para o prazo final de registro das candidaturas: 15 de agosto. Eles poderão fortalecer os palanques dos pré-candidatos já oficializados.

DEM

Também apresentando-se como via alternativa, o deputado federal Rodrigo Pacheco foi lançado pré-candidato do DEM ao Palácio da Liberdade em convenção ontem. Pacheco prometeu não desistir no meio do caminho. “O fato é que a política de Minas nos últimos dias andou muito tumultuada, há vários partidos que não se definiram. No momento, nós vamos buscar novas coligações e conversas com partidos que, a partir da frustração da candidatura de Marcio Lacerda, possam se realinhar”, afirmou.

PT

Na convenção petista realizada ontem, em Venda Nova, o governador Fernando Pimentel (PT) foi escolhido pré-candidato à reeleição e a ex-presidente Dilma Rousseff será o nome do partido para o Senado. Assim como no plano nacional, a escolha do vice foi postergada.

Na convenção, foi lida uma carta do ex-presidente Lula, escrita do cárcere, em Curitiba, e repleta de críticas, especialmente ao senador Aécio Neves (PSDB), que confirmou pré-candidatura a deputado federal. “Aécio Neves, que chegou a pedir recontagem de votos, após perder em 2014, está lançando um prato novo, meio diferente, que não tem muito a ver com a cozinha mineira nem é muito ecológico: o escondidinho de tucano. O povo mineiro não vai engolir essa receita indigesta nem para presidente, nem para governador, nem para o Senado, nem para deputado federal”, diz trecho da carta.

Fernando Pimentel também endossou o coro pela candidatura de Lula. “O povo vai votar em quem está do lado dele. Foi o povo que elegeu Dilma duas vezes e o Lula. E vai eleger de novo. Não importa se ele está preso”, disse o governador.

A convenção do PT foi marcada por críticas aos tucanos. Anastasia foi oficializado no fim de semana anterior, em 24 de julho, também com críticas ao rival.

Após guerra de decisões judiciais, Lacerda pode abrir mão em prol de chapa proporcional

O acordo nacional entre PSB e PT, que propôs a retirada da candidatura de Marcio Lacerda em Minas Gerais para apoiar a reeleição do petista Fernando Pimentel, ainda gera expectativa no cenário eleitoral. Isso porque, após uma rodada de negociações com o PSB nacional, Lacerda disse, em Brasília, em entrevista ao Uol, que, além da pré-candidatura dele, está em jogo a composição das chapas para deputados.

Ele admitiu que entrar com novos processos judiciais poderia inviabilizar os pré-candidatos do partido nas chapas proporcionais. “Isso criaria um caos no sentido de não ter candidato nenhum, a nada em Minas, nem a deputado. Não é essa nossa intenção”, afirmou. Mesmo assim, o ex-prefeito ainda tentava convencer o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, a voltar atrás e liberar a pré-candidatura. Até o fechamento desta edição, o encontro não havia terminado.

Hoje, estão marcadas novas rodadas de negociações. O fim de semana foi de batalha jurídica entre Lacerda e o PSB nacional. Ontem, à noite, o ex-prefeito informou que não pretendia mais ir à Justiça.







MEDIDAS PROTECIONISTAS DO EUA PODEM AFETAR O BRASIL


Medidas protecionistas norte-americanas preocupam Brasil a médio prazo

Agência Brasil









Segundo Jorge, eventuais impactos nas exportações brasileiras só serão sentidos depois de 2019

O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Jorge, disse nesta segunda-feira (6), ao participar de almoço-debate organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), na capital paulista, que as medidas protecionistas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump preocupam o governo brasileiro pelo risco de causar algum tipo de prejuízo a médio prazo. Segundo ele, eventuais impactos nas exportações brasileiras só serão sentidos depois de 2019.
O ministro citou como exemplo a soja, cuja produção brasileira concorre com a dos Estados Unidos na disputa do mercado consumidor na China. Segundo ele, até o momento, as exportações brasileiras do produto não foram prejudicadas e o país tem colocado seu produto na China a um preço basicamente similar ao que vinha exportando antes da medida de Trump.
Uma das preocupações, de acordo com Marcos Jorge, é que a China importe mais soja brasileira e o mercado interno seja desabastecido, encarecendo os preços do produtor nacional. “Aos exportarmos um volume maior [da soja], poderia faltar o insumo internamente para produção de ração ou aumentar internamente o valor para a produção importante como é a carne, o que poderia tirar nossa competitividade [de exportação da carne a preços competitivos]”, afirmou.
Jorge ressaltou que o governo brasileiro defende um equilíbrio comercial entre os países, salientando que qualquer desequilíbrio decorrente de uma medida protecionista pode trazer outros efeitos indesejados para as exportações brasileiras.
“Ao protegermos qualquer mercado, diminuímos a corrente de comércio mundial e estamos também diminuindo as exportações como um todo no mundo. Isso não é efeito desejável no Brasil, que tem focado em aumentar as suas exportações. O que defendemos e continuaremos defendendo é que não haja qualquer tipo de restrição ao comércio internacional, primando sempre pelo multilateralismo”, afirmou.
De acordo com o ministro, o presidente Michel Temer discutiu com o presidente da China, Xi Jinping, durante reunião na 10ª Cúpula do Brics, em julho, em Joanesburgo, África do Sul, a possibilidade de o governo chinês abrir uma cota para importação de produtos do beneficiamento da soja, como óleo e grão moído. “O governo está atento, nós temos feito o trabalho necessário para que não tenhamos eventualmente qualquer tipo de prejuízo para as nossas exportações”.