Há discussão
com Petrobras sobre política de preços e consumidor, diz Meirelles
Estadão Conteúdo
Meirelles considerou
essa questão como "relevante", defendeu também a revisão da
remuneração do produtor de etanol, mas evitou dar detalhes sobre possíveis
alterações nessas políticas de preços
O ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta terça-feira (6), em entrevista à CBN
Ribeirão, que o governo discute com a Petrobras uma política de combustíveis
"de maneira que um aumento de preços do petróleo no mercado internacional
não venha a prejudicar o consumidor, em última análise, e, por outro lado, uma
queda muito grande também não venha prejudicar, no caso, a própria
Petrobras". O comentário do ministro ocorreu após ser indagado sobre as
constantes altas no preço do etanol nos postos atrelados aos seguidos aumentos
da gasolina, desde que a Petrobras passou a adotar a nova política de ajustes
diários do combustível fóssil.
Meirelles considerou essa questão como "relevante", defendeu também a
revisão da remuneração do produtor de etanol, mas evitou dar detalhes sobre
possíveis alterações nessas políticas de preços. "O presidente Temer está
trabalhando duramente e tão logo se tenha nova política de preços definida, nós
vamos anunciar. Não gosto de falar de coisas que não estão definidas, por outro
lado é importante que transmitamos certo nível de confiança ao público, para
que ele saiba que tudo que está sendo anunciado será cumprido."
O ministro, no entanto, descartou o retorno da intervenção do governo nos
combustíveis, ao ser confrontado também com a revisão recente na política de
preços do gás de cozinha anunciado pela estatal, após a disparada nos preços do
insumo. "Esse governo não faz controle artificial de preços. Isso foi uma
política malsucedida no governo anterior que quase quebrou a Petrobras e
prejudicou o governo e o setor produtivo como um todo. Isso não será
feito", afirmou.
Política econômica
Na entrevista à retransmissora da CBN na cidade do interior paulista, Meirelles
voltou a defender a política econômica adotada no período em que está no cargo,
desde maio de 2016. Ele citou que, ao assumir, o Produto Interno Bruto (PIB)
recuava 5% nos 12 meses anteriores e que a situação foi revertida, com a alta
de 1% no ano passado e a expectativa de crescimento de 3% em 2018, com a
criação de 2,5 milhões de empregos.
Reforma da Previdência
O ministro cobrou que a reforma da Previdência seja votada assim que a
intervenção federal no Rio de Janeiro terminar, ou seja, no início de 2019, com
um novo governo. Ele atribuiu os rebaixamentos das agências de classificação de
risco ao Brasil, incluindo o mais recente, da Fitch, à não aprovação da reforma
previdenciária e afirmou que a adoção de minirreformas com projetos pontuais
enviados ao Congresso não é uma solução para a retomada da credibilidade do
País.
Juros ao consumidor
Meirelles descartou novamente a pressão do governo em instituições financeiras
para que reduzam juros ao consumidor, política, segundo ele, adotada sem
sucesso no governo anterior. "Os juros ao consumidor vão seguir caindo
desde que se mantenha essa política". Presidenciável, o ministro da
Fazenda afirmou ser "pouco provável" que população brasileira
"volte atrás" e escolha um candidato que defende uma "política
que fracassou". E emendou: "Se Brasil voltar a fazer políticas
erradas, vai voltar a ter recessão de novo."
O ministro, que anunciará se será ou não candidato entre o final de março e o
começo de abril, prazo final para a desincompatibilização de cargos, disse
discordar das propostas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a
economia, como o engavetamento da reforma da Previdência e a reversão de outras
reformas feitas no atual governo.
"Propostas que ele está fazendo (...) eu acho negativo e acredito Brasil
iria sofrer muito com isso e, quem sabe, voltar, à recessão", explicou o
ministro, que foi presidente do Banco Central nos oito anos do governo de Lula
(2003-2010). "Quando trabalhei com ele no governo como presidente do Banco
Central, concordamos que eu tivesse total autonomia e eu tive total autonomia.
Funcionou muito bem e o resultado disso foi um crescimento forte do Brasil com
inflação sob controle", concluiu.
Em resposta a
Meirelles, Petrobras afirma não cogitar rever política de preços
Estadão Conteúdo
A empresa declarou
que os preços praticados nas refinarias são "de sua exclusiva alçada"
Após o ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, afirmar que discutirá a política de preços da
Petrobras para que os consumidores de combustíveis não sejam tão afetados pelas
volatilidades internacionais, a estatal divulgou nota afirmando que em nenhum
momento foi cogitada "qualquer alteração nas regras atualmente aplicadas
pela companhia". A empresa ainda declarou que os preços praticados nas
refinarias são "de sua exclusiva alçada".
A Petrobras informou que o governo consultou a petroleira sobre as
cotações externas, "quando registrou preocupação com a volatilidade dos
preços para o consumidor final". À rádio CBN Ribeirão, no entanto, o
ministro da Fazenda falou pela manhã que "o presidente Temer está
trabalhando duramente e tão logo se tenha nova política de preços
definida", será anunciado.
Na nota em que se posiciona sobre as afirmações do ministro, a estatal
reafirmou que continuará ajustando os preços da gasolina e do diesel nas
refinarias diariamente, em linha com as cotações internacionais de petróleo. A
companhia ainda destacou o peso da carga tributária nos preços aos
consumidores. "E tendo em vista a formação do preço final ao consumidor,
onde a parcela da refinaria constitui menos de 50% no diesel e menos de 33% na
gasolina, qualquer medida cujo objetivo seja o de reduzir a volatilidade deverá
alcançar os demais componentes do preço, sendo que o principal deles é a carga
tributária, federal e estadual", traz a nota.