Temer defende
parlamentarismo para 2018 e diz que sofreu processo 'kafkiano'
Agência Brasil
O presidente
reforçou que vai levar adiante uma proposta de reforma político-eleitoral
O presidente Michel
Temer sugeriu que o Brasil adote um modelo parlamentarista de governo já para
as próximas eleições, em 2018, em uma entrevista concedida à Rádio Bandnews. Ao
responder a um questionamento sobre mudanças eleitorais e reforma política, o
presidente considerou que essa é uma hipótese que não seria “despropositada”.
“Eu acho que nós
poderíamos pensar, uma mera hipótese, num parlamentarismo para 2018, não é? Eu
acho que não seria despropositado. Pelo menos eu não veria como um
despropósito”, afirmou.
Na entrevista, concedida
nessa quinta-feira (3), o presidente reforçou que vai levar adiante uma
proposta de reforma político-eleitoral, elaborada em comum acordo com o
Congresso Nacional e o Tribunal Superior Eleitoral, com a intenção de que ela
seja válida para as próximas eleições.
Algumas mudanças, no
entanto, especialmente no que se refere às regras eleitorais, teriam ser
aprovadas nas duas casas do Congresso até o próximo mês, porque a lei prevê a
chamada anualidade, que garante que mudanças na legislação eleitoral somente
entrem em vigor se aprovadas até um ano antes do pleito. Outras leis teriam que
ser aprovadas com seis meses de antecedência da eleição.
O presidente também
negou que seu governo tenha ficado parado durante os últimos 70 dias, enquanto
ele enfrentava no Congresso o processo de análise da denúncia contra ele, feita
pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot, por corrupção passiva. Temer
ressaltou que, no período, foram aprovadas 12 medidas provisórias e a Reforma
Trabalhista.
O presidente
classificou o processo na Câmara como “kafkiano”, em referência ao escritor
Franz Kafka, que escreveu, entre outros, o livro O Processo, em que o personagem
Josef K. é investigado por um tribunal, mas desconhece qual é a acusação.
“Parece uma coisa
kafkiana. Você começa um processo de tentativa de retirar o presidente da
República sem um motivo sólido. Você sabe que há aquela história da gravação,
que foi feita por um cidadão que havia confessado milhares de crimes e, na
verdade, foi algo muito bem urdido, muito bem articulado”, afirmou,
desqualificando as provas apresentadas pelo procurador com base no áudio
entregue por Joesley Batista, dono da JBS.
Para Temer, o
resultado final da votação a seu favor o deixa mais fortalecido para pautas
futuras que serão defendidas pelo governo no Congresso, como a reforma da
Previdência. Nas contas do presidente, além de seus 263 votos favoráveis, ele
teve mais dois deputados que não compareceram, mas declararam ser contra o
prosseguimento da denúncia. Além deles, outros 20 que se abstiveram por, no
entendimento de Temer, não querer votar contra o relatório pelo arquivamento da
denúncia. Assim, o presidente considera que já tem 285 votos na Câmara dos
Deputados.
“Eu me sinto
fortalecido para isso [votação da reforma da Previdência]. Você sabe que eu
contei até praticamente 285 votos numa questão que foi discutida ontem e, para
aprovar a emenda da Previdência, são necessários 308 votos. Mas, de qualquer
maneira, eu sei que muitos que votaram contra [o arquivamento da denúncia] são
a favor da reforma da Previdência”, afirmou.