segunda-feira, 10 de abril de 2017

O MUNDO ESTÁ DEPRIMIDO



Depressão: falar abertamente sobre a doença é caminho para reduzir o preconceito

Flávia Ivo








   
“Mesmo que a pessoa negue os sintomas, ela percebe que algo está errado. Buscar um profissional para se tratar é essencial”, ressalta o médico Marco Túlio de Aquino


Aos 40 anos, a dentista Maria do Carmo Santos Freitas, hoje com 57, acreditava não ter mais motivos para viver. O então marido dizia com frequência que ela, mãe de seus dois filhos, era a pior mulher do mundo.
“Ele dizia tanto que comecei a admitir ser a pior mãe, esposa, amante, dentista... Só pensava em morrer”, conta.
“Eu não dormia entre 3h e 5h da manhã e foi só piorando. De madrugada, quando eu acordava, sentia tanta angústia que pedia para o mundo acabar. Então, houve uma situação tensa que foi um gatilho para que o que eu tinha de forças acabasse. Eu só chorava”
Isabela Soares
Arquiteta, 42 anos

O pensamento de que a vida havia acabado ali, levou Maria do Carmo a tentar suicídio por quatro vezes, três delas com excesso de remédios e a última cortando os próprios pulsos com um estilete.
“Meu cachorrinho me encontrou caída no chão, começou a latir, e acabou acordando minha filha, que me levou para o hospital”, lembra.
A dentista, hoje aposentada, estava em depressão, um transtorno mental frequente no mundo e que pode atingir pessoas de todas as idades, em qualquer etapa da vida. Globalmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 350 milhões sofram com a síndrome.
Neste mês, comemora-se o Dia Mundial da Saúde e a OMS elegeu a depressão para a campanha de conscientização de 2017. Com o lema “Let’s talk” (“Vamos conversar”, na tradução livre), a iniciativa busca mostrar formas de prevenir e tratar a doença.
Conforme a OMS, 5,8% dos brasileiros sofrem de depressão, o segundo maior percentual das Américas, atrás apenas dos EUA, com 5,9%.
Conscientização
A resistência que a sociedade tem em falar sobre as doenças mentais e a ignorância sobre o assunto reforçam a importância dessa tentativa de conscientização, afirma o médico psiquiatra Roberto Lúcio Vieira de Souza, diretor-técnico do Hospital Espírita André Luiz.
“Depois da terceira tentativa de suicídio, fui levada a um psiquiatra pelo meu ex-marido e meus filhos. O médico recomendou choque elétrico e internação para fazer sonoterapia. Fiquei internada por mais de mês. Tomei tantos remédios que nem me lembro mais”
Maria do Carmo Santos Freitas
Dentista aposentada, 57 anos
“A nossa cultura tem uma visão de que só é doença aquilo que é visível. Uma ferida ou uma mudança brusca na aparência, por exemplo. Os deprimidos acabam ouvindo que não têm vergonha na cara ou que lhes falta o que fazer ou até mesmo fé”, observa o psiquiatra.
Sintomas
A mudança do aspecto exterior foi o que mostrou aos conhecidos do servidor público Guilherme Neves, de 44 anos, que ele havia superado a depressão.
“Não tinha motivação pela vida e buscava auxílio na comida. Cheguei aos 152 quilos. A expectativa por um recomeço me reequilibrou e já eliminei mais de 50 quilos até agora. Resgatei minha verdadeira identidade”, afirma.
A oscilação do apetite, menor ou maior, é um dos sintomas mais comuns enfrentados por aqueles que sofrem de depressão, explica o psiquiatra Marco Túlio de Aquino, integrante do Comitê de Especialidades da Unimed-BH.
“As mulheres são mais acometidas pela depressão do que os homens. Seja por fatores hormonais, por uma maior pressão da vida, já que elas têm a preocupação com o lar, com os filhos... Além disso, expressam melhor os sentimentos do que eles”
Marco Túlio de Aquino
Médico psiquiatra
“Os sintomas variam de intensidade de indivíduo para indivíduo. Quando há o aumento do apetite, a depressão vem associada à ansiedade”, destaca.

Recusa
A negação dos sintomas é uma das situações mais comuns entre os deprimidos. É o caso da arquiteta Isabela Soares, de 42 anos.
“Eu já estava com depressão há bastante tempo, mas é difícil assumir o problema. Fui empurrando”, recorda.
Na semana passada, Isabela foi liberada dos remédios pelo psiquiatra. Hoje, percebe claramente como se sentia há dez meses, quando iniciou o tratamento. “Estava totalmente apática, sou uma pessoa muito dinâmica e otimista e tinha virado o oposto”.
Diferente da tristeza ocasional, a depressão é um distúrbio crônico em que a alteração do humor é uma das características mais presentes, como aconteceu com a bancária aposentada e designer, Regina Lúcia Metzker, de 64 anos.
“Foram vários antidepressivos e em ‘toneladas’. Comecei a não sair da cama, não cuidar da minha saúde, tampouco da aparência. Mas, em momento algum pensei em suicídio, sempre amei a vida”
Regina Lúcia Metzker
Bancária aposentada, 64 anos
“Quando me separei do meu segundo marido, entrei em estado de euforia, parei de chorar e achei que estava tudo resolvido. Mas logo comecei a sentir uma tristeza profunda, tudo parecia escuro, um poço profundo”.
Terapia e medicação são tratamentos eficazes para o transtorno
A projeção da OMS é a de que 50% das pessoas ao redor do mundo com o transtorno nem cheguem a receber tratamento. No entanto, ele existe e deve ser feito assim que ocorre a percepção dos sintomas.
“Procurar um profissional especializado é o primeiro passo para clarear a causa desses sintomas. É possível haver um quadro orgânico por trás da depressão, como uma outra doença que possa ter desencadeado o transtorno”, esclarece o psiquiatra Roberto Lúcio Vieira de Souza.
“A oscilação de humor diária não é depressão. Todos nós temos momentos de tristeza e alegria. Mas, a tristeza na depressão tem um tempo mais prolongado. Além disso, é importante dizer que, apesar de estar triste ser uma característica comum à maioria dos que sofrem com o transtorno, há pessoas que estão deprimidas e não se sentem tristes. Nestes, os principais sintomas são a apatia, a falta de ânimo e de força para executar atividades simples do dia a dia. Uma dona de casa, por exemplo, não conseguirá pensar nos pratos que irá fazer para o almoço”
Roberto Lúcio Vieira de Souza
Médico psiquiatra
Gatilho
Perdas e frustrações também podem ser gatilhos para um quadro depressivo se instalar, como aconteceu na vida da jornalista Verônica Cruz, de 34 anos.
“Não tinha condições financeiras para concluir a faculdade no tempo certo. Para um curso de quatro anos, acabei demorando nove para formar. Sentia que meus sonhos estavam ficando para trás”, relembra.
“Então, comecei a me automedicar com remédios que via outras pessoas tomarem. Só depois procurei um psiquiatra e comecei o tratamento”, diz.
Dependendo do grau da depressão, é possível que o processo psicoterápico seja suficiente, relata o médico Marco Túlio de Aquino.
“Em casos mais leves, não é necessária a medicação. No entanto, para os mais graves, a associação das estratégias – fármacos e psicoterapia – apresenta melhores resultados do que só os remédios”, explica.
Esperança
A bancária aposentada Regina Lúcia Metzker não está em depressão mais, no entanto, mantém visitas de 15 em 15 dias ao psicanalista.
“Hoje não sei como passei este tempo da minha vida, parece que sonhei. Sonho não, pesadelo. Estou feliz e amando a vida do mesmo jeito de antes”, expõe.
“As pessoas não enxergam o transtorno como uma doença. A gente acaba sofrendo sozinho, fica prostrado, desamparado”
Verônica Cruz
Jornalista, 34 anos
A dentista Maria do Carmo Santos Freitas recorda do tempo em que viveu a depressão com a certeza de que tudo já passou.
“Espero que mostrar essa história sirva de ajuda para outras pessoas que enfrentam essa doença, que tanta gente acredita não existir”, coloca.


VENENO DA ARANHA PODE CURAR DISFUNÇÃO ERÉTIL



Pesquisa com veneno de aranha pode gerar remédio para disfunção erétil

Agência Brasil
Hoje em Dia - Belo Horizonte









A aranha armadeira tem esse nome pela sua posição de defesa: ela se apoia sobre as pernas traseiras e ergue as dianteiras para dar o bote no possível agressor

A picada da aranha armadeira pode provocar, nos homens, o priapismo. Trata-se de uma ereção involuntária e dolorosa que, se não for tratada, pode levar à necrose do pênis em alguns casos.
No laboratório, porém, cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Fundação Ezequiel Dias (Funed) mostraram que o veneno desse aracnídeo pode ser manipulado em favor da saúde e levar a um novo medicamento para disfunção erétil, com algumas vantagens em relação aos já existentes no mercado. A biotecnologia desenvolvida já foi licenciada pela empresa Biozeus, que dará sequência ao projeto.
De origem sul-americana, a aranha armadeira é bem distribuída no sudeste brasileiro, tanto em áreas rurais como em áreas urbanas. Conhecida cientificamente como Phoneutria nigriventer, ela é também chamada popularmente de aranha-de-bananeira por ser constantemente encontrada em cachos de bananas. Seu veneno é extremamente potente e pode provocar a morte de pequenos mamíferos. A picada em humanos não é incomum
Segundo dados preliminares do Ministério de Saúde, o país registrou no ano passado 171.576 acidentes com animais peçonhentos. A maioria dos casos estão relacionados com escorpiões. Foram 90.026 registros. Os episódios com aranhas vêm em segundo lugar e envolvem 28.799 notificações, das quais 14% se relacionavam com a aranha armadeira. A maioria dos acidentes ocorre quando a espécie se esconde entre entulhos ou busca abrigo nas residências, misturando-se às roupas e aos sapatos.
A pesquisa da UFMG e da Funed teve início há mais de dez anos, quando a molécula responsável pelo priapismo – a toxina PnTx(2-6) – foi isolada do restante das substâncias do veneno. Os primeiros estudos buscaram mostrar o processo pelo qual essa molécula levava à ereção. A toxina mostrou atividade nos canais para sódio, que são altamente distribuídos pelo organismo e presentes, por exemplo, no sistema nervoso e nos músculos do coração.
“Nós começamos a estudar qual a parte da toxina atuava nesses canais, para que pudéssemos removê-la. Ao final, dos 48 resíduos de aminoácido que compõem a toxina, nós selecionamos um grupo de 19 aminoácidos e eliminamos o resto. E a partir desse estudo, pudemos sintetizar o peptídeo PnPP 19. Aí, já não era mais a molécula do veneno. Era outra molécula produzida em laboratório”, explica a pesquisadora Maria Elena de Lima Perez Garcia, do departamento de química e neurologia da UFMG.
O peptídeo PnPP 19 foi testado em ratos, onde foi verificada a ereção sem os efeitos indesejados. “Para nossa surpresa, ele não mostrou toxicidade nenhuma nos animais. E também não foi imunogênico, isto é, o organismo não produziu anticorpos contra a substância. Observamos que não houve nenhuma outra alteração no tecido do pênis além da ereção. E também não houve ação nos canais para sódio no restante do organismo”, relata Maria Elena.
Medicamentos
Os testes com a nova molécula vêm sendo conduzidos pela pesquisadora Carolina Nunes Silva, que desenvolve seu doutorado em cima da pesquisa. Ela acredita que um medicamento com base no peptídeo, por ter um mecanismo diferente, poderia atender pacientes com contraindicação aos que hoje estão em circulação, como o Viagra ou o Cialis.
“O grande problema do Viagra é que ele não pode ser usado por pessoas que tem problemas cardiovasculares. E, pelo que vimos, um medicamento a partir do peptídeo não teria esse problema. Nós fizemos testes isolados nos corações dos ratos e também em canais pra sódio expressos exclusivamente no miocárdio e não foi observada nenhuma ação”, diz a pesquisadora. Ela avalia ainda que é possível imaginar medicamentos que combinem as duas drogas. “O efeito aditivo pode atender a pacientes que não sejam tão responsivos ao Viagra”, acrescenta.
Resultados mais recentes mostraram que o peptídeo estimulou a ereção em ratos com diabetes ou hipertensão, enfermidades que podem provocar a disfunção erétil. A molécula também não provocou alteração na pressão arterial dos roedores. Essa é uma boa notícia para muitas pessoas diabéticas e hipertensas com contraindicação ao Viagra ou ao Cialis, pois são medicamentos que podem amplificar a vasodilatação e levar a quedas acentuadas e perigosas da pressão arterial.
Um medicamento a partir do peptídeo PnPP 19 possivelmente não geraria esse efeito indesejado. “Os avanços da pesquisa nos animam. Quando começamos os estudos, era mais pela curiosidade em entender a farmacologia do veneno. Pela toxicidade da substância, não imaginava que íamos chegar a um medicamento e hoje estamos caminhando nessa direção. Confesso que foi praticamente um golpe de sorte, porque quando passamos a trabalhar com os 19 aminoácidos, a molécula deixou de ser tóxica e, ao mesmo tempo, continuou ativando a ereção sem nenhum efeito secundário. Tem uma dose de conhecimento, mas também uma dose de sorte”, diz Maria Elena.
Patente
A UFMG detém a patente da biotecnologia que desenvolveu o peptídeo PnPP 19. Em dezembro de 2016, foi feita a transferência de tecnologia para a Biozeus, que passou a ter os direitos de exploração da molécula. A empresa, que existe desde 2012, promove a articulação entre as instituições científicas e as indústrias farmacêuticas.
“Nós mapeamos estudos com potencial para gerar fármacos que atendam a uma necessidade médica global. E fazemos os ensaios que podem comprovar a viabilidade do produto. A indústria hoje busca minimizar riscos. Então, ela evita realizar as primeiras fases dos testes, que envolvem uma aposta financeira alta. Atualmente, ela prefere licenciar projetos mais desenvolvidos. Aí, entra a nossa empresa", explica Perla Borges, analista de projetos da Biozeus.
Alguns testes mais complexos e mais caros estão sendo realizados no exterior. Se as etapas ocorrerem dentro do esperado, o produto pode chegar ao mercado em 2023. Os ensaios pré-clínicos com animais levariam mais dois anos. Os testes clínicos com humanos demandariam aproximadamente quatro anos, parte deles desenvolvidos pela Biozeus e outra pela indústria que vier a se interessar pelo remédio.
A Biozeus está estudando a melhor formulação. Uma das possibilidades é o desenvolvimento de um medicamento para aplicação tópica, como pomada, gel, creme ou adesivo. Testes preliminares na UFMG mostraram que a aplicação do peptídeo na pele dos ratos provocou ereção. Um remédio com essas características, além de reduzir bastante os riscos de efeitos adversos, pode obter uma tramitação mais rápida nos órgãos de saúde.

O OBJETIVO DOS ESTADOS UNIDOS É DERROTAR O ESTADO ISLÂMICO



EUA dizem que meta na Síria é derrotar Estado Islâmico, não expulsar Assad

Estadão Conteúdo
Hoje em Dia - Belo Horizonte











Trump enfrenta protestos da população anti-guerra do país

O governo Trump afirmou neste domingo que o seu foco na Síria é a derrota do Estado islâmico, não a retirada do presidente Bashar al-Assad do poder. O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, e o conselheiro de Segurança Nacional H.R. McMaster, em entrevistas separadas, disseram que a decisão da administração na semana passada de atacar uma base do regime de Assad não é um sinal de que os EUA estão agora concentrados em derrubar o líder sírio.

"Nossa prioridade é primeiro a derrota do Estado Islâmico", disse Tillerson em entrevista a George Stephanopoulos na rede de televisão ABC. "Uma vez que consigamos eliminar a batalha contra o Estado Islâmico, concluir isso - e está indo muito bem - então esperamos voltar nossa atenção para acordos de cessar-fogo entre o regime e as forças da oposição."

O tenente-general McMaster fez eco aos comentários de Tillerson em entrevista à rede Fox News. "Tem que haver um grau de atividade simultânea, assim como sequenciamento da derrota do Estado Islâmico primeiro." Ele disse que o ataque de mísseis de Trump foi um "sinal muito forte para Assad e seus patrocinadores "que os EUA não ficarão de braços cruzados" e que a Rússia agora deve reconsiderar o apoio ao "regime assassino".

Questionamentos sobre a política dos Estados Unidos surgiram depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou ataques aéreos contra uma base aérea do regime no noroeste da Síria que se julgava ser o local de onde partiram pilotos que realizaram um ataque com armas químicas que matou pelo menos 85 pessoas, incluindo 27 crianças.
Até a semana passada, Trump e a administração haviam falado de Assad como um parceiro potencial na luta contra o Estado islâmico. Isso mudou com o uso de armas químicas atribuído ao regime de Assad. Trump disse que as imagens de crianças sírias mortas e morrendo intoxicadas mudaram a sua opinião sobre Assad e provocaram a sua decisão de atacar.

No domingo, porém, Tillerson disse que o foco principal dos EUA na Síria é destruir o Estado Islâmico, que é o foco de uma intensa campanha militar dos EUA visando a capital de fato do grupo extremista em Raqqa. Contudo, Tillersone e McMaster, juntamente com a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Nikki Haley, disseram que os EUA não veem futuro para Assad na Síria.
Os EUA estão investigando o que a Rússia pode ter sabido sobre o ataque com armas químicas da semana passada. As forças russas operam lado a lado com as forças sírias no aeródromo de Shayrat, que foi alvo do ataque norte-americano. Oficiais militares dos EUA disseram na semana passada que estavam tentando determinar se um piloto russo atingiu um hospital de campo rebelde onde vítimas do ataque com armas químicas foram levadas para tratamento.

Embora os militares norte-americanos tenham dito não ter nenhuma evidência firme de que a Rússia estava envolvida no ataque, Nikki disse que ou Moscou sabia do uso de armas químicas ou é perigosamente ignorante do que seu aliado sírio está fazendo. "A Rússia tem que nos dizer qual dessas opções é a correta. Ou eles sabiam que havia armas químicas e sabiam que haveria uso de armas químicas e simplesmente esconderam da comunidade internacional, ou eles estão sendo feitos de tolos por Assad com relação a armas químicas e estão apenas no escuro e não sabem nada sobre isso", afirmou.


AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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