Câmara aprova projeto que libera terceirização em todas
atividades das empresas
Agência Brasil
Hoje em Dia - Belo
Horizonte
A discussão do
projeto que regulamenta a terceirização e o trabalho temporário foi iniciada na
manhã desta quarta-feira
A Câmara aprovou, na
noite desta quarta-feira (22), a redação final do projeto de lei de 19 anos
atrás que permite terceirização irrestrita em empresas privadas e no serviço
público. A proposta também amplia a permissão para contratação de trabalhadores
temporários, dos atuais três meses para até nove meses - seis meses, renováveis
por mais três.
O texto principal do projeto foi aprovado por 231 votos a 188. Houve ainda oito abstenções. O placar mostra que o governo terá dificuldades para aprovar as reformas trabalhista e, principalmente, a da Previdência, que será votada por meio de Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que exige um mínimo de 308 votos favoráveis na Câmara.
O texto principal do projeto foi aprovado por 231 votos a 188. Houve ainda oito abstenções. O placar mostra que o governo terá dificuldades para aprovar as reformas trabalhista e, principalmente, a da Previdência, que será votada por meio de Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que exige um mínimo de 308 votos favoráveis na Câmara.
A Câmara não pôde
incluir inovações no texto. Isso porque a proposta, de 1998, já tinha passado
uma vez pela Casa, em 2000, e pelo Senado, em 2002. Com isso, deputados só
puderam escolher se mantinham integral ou parcialmente o texto aprovado pelo
Senado ou se retomavam, integral ou parcialmente, a redação da Câmara.
O texto final
aprovado, que seguirá para sanção do presidente Michel Temer, autoriza a
terceirização em todas as atividades, inclusive na atividade-fim. Atualmente,
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (TSE) proíbe terceirizar a
atividade-fim da empresa. Por exemplo, um banco não pode terceirizar os
atendentes do caixa.
No caso do serviço
público, a exceção da terceirização será para atividades que são exercidas por
carreiras de Estado, como juízes, promotores, procuradores, auditores, fiscais
e policiais. Outras funções, mesmo que ligadas a atividade-fim, poderão ser terceirizadas
em órgãos ou empresas públicas.
O projeto final
também regulamentou a responsabilidade "subsidiária" da empresa
contratante por débitos trabalhistas e previdenciários dos trabalhadores
terceirizados, como acontece hoje. Ou seja, a contratante só será acionada a
arcar com essas despesas se a cobrança dos débitos da empresa terceirizada
contratada fracassar.
O texto que segue
para sanção prevê ainda um escalonamento do capital social mínimo exigido de
uma empresa de terceirização, de acordo com o número de funcionários. O capital
social mínimo exigido vai de R$ 10 mil, para companhias com até 10
funcionários, a R$ 250 mil, para empresas com mais de 100 trabalhadores.
Hoje, não há essa
exigência na iniciativa privada. Já no serviço público, a empresa contratante é
que determina na hora da contratação qual deve ser o capital social mínimo da
companhia de terceirizados.
Inicialmente
inserida na proposta, a anistia de "débitos, penalidades e multas"
impostas até agora às empresas foi retirada do texto pelo relator para
facilitar a aprovação do projeto. O governo era contra a medida. Segundo o
relator do projeto na Câmara, Laércio Oliveira (SD-SE), essas dívidas hoje
somam R$ 12 bilhões.
A oposição criticou
a votação do projeto, sob o argumento de que ele representa um retrocesso e
precariza o trabalho. Opositores tentaram negociar, sem sucesso, o adiamento da
votação. Eles queriam que, em vez da proposta de 1998, fosse votado um projeto
de 2015 que regulamenta a terceirização, que já foi votado na Câmara e está
parado no Senado.
Na avaliação de
deputados da oposição e das centrais sindicais, a proposta mais recente oferece
mais salvaguardas aos trabalhadores. O projeto de 2015 traz garantias como a
proibição de a empresa contratar como terceirizado um funcionário que trabalhou
nela como CLT nos últimos 12 meses. Já o projeto aprovado não prevê esse veto.
O texto aprovado
também não restringe os calotes nos direitos trabalhistas. O projeto de 2015,
por exemplo, obrigava o recolhimento de impostos antecipadamente e a retenção
de valores. A proposta que seguiu para a sanção também não garante aos
terceirizados os mesmos direitos a vale-transporte, refeição e salários dos
demais.
Para opositores, a
aprovação do projeto anula a reforma trabalhista que está em discussão na
Câmara. "Se a terceirização for votada hoje, ela anula esta comissão. Se
for votada, a reforma trabalhista vai perder muito o sentido", disse o
deputado Paulão (PT-AL).
O líder do governo
na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), por sua vez, saiu em defesa da proposta.
Segundo ele, o projeto vai permitir a geração de empregos. "O Brasil
mudou, mas ainda temos uma legislação arcaica. Queremos avançar em uma relação
que não tira emprego de ninguém, que não vai enfraquecer sindicatos",
disse.


