quarta-feira, 9 de novembro de 2016

ELEIÇÃO DE TRUMP CONFIRMA QUE OS ELEITORES NÃO QUEREM SABER DE POLÍTICOS - PREFEREM GESTORES



Donald Trump surpreende e é eleito presidente dos Estados Unidos

AFP
Hoje em Dia - Belo Horizonte








O magnata que venceu as eleições até então não tinha nenhuma experiência política

O magnata Donald Trump, sem nenhuma experiência política, venceu a eleição presidencial dos Estados Unidos, superando a democrata Hillary Clinton, um terremoto político que leva o país e o mundo a um período de incerteza, que já provocou uma queda brutal nos mercados."Serei o presidente de todos os americanos", anunciou Trump exultante no discurso da vitória, ao lado da mulher, Melania Trump, e de seus filhos.
"Isto foi muito duro", completou, ao agradecer à família. "Chegou o momento de os Estados Unidos fecharem as feridas da divisão, devemos nos unir: aos republicanos, democratas e independentes desta nação afirmo que é hora de união", disse Trump.
Em uma mensagem à comunidade internacional, que acompanhou com apreensão a eleição americana, Trump disse: "Vamos tratar a todos com justiça. Todos os povos e todas as nações. Buscaremos terreno comum e não hostilidade; associação e não conflito".
O presidente eleito americano afirmou que a adversária, Hillary Clinton, telefonou para felicitá-lo por sua vitória. Trump disse que os Estados Unidos têm uma "dívida de gratidão" com Clinton.
Pouco antes, o diretor de campanha de Hillary, John Podesta, anunciou que a ex-secretária de Estado não discursaria porque até o momento considerava a eleição indefinida.
Alguns minutos depois, no entanto, a imprensa revelou que ela havia ligado a Trump para reconhecer a derrota.
Até o momento, Trump tem 279 votos no colégio eleitoral, de um total de 538, contra 218 de Hillary. Para assegurar a vitória era necessário alcançar 270.
Um a um, após meses de uma campanha repleta de insultos e ataques, o bilionário de 70 anos, conhecido por sua rede de hotéis cassinos, venceu nos estados-chave da Flórida, Pensilvânia e Ohio, que optaram pelo polêmico candidato republicano, acusado de ser xenófobo e sexista, para suceder o democrata Barack Obama.
Os mercados financeiros, que tinham uma clara preferência pela candidata democrata Hillary Clinton, fecharam em forte queda na Ásia e operavam em baixa na Europa.
Hillary Clinton, que sonhava em se tornar a primeira mulher presidente dos Estados Unidos aos 69 anos, também venceu em estados-chave, como Virginia e Nevada, além dos já esperados Califórnia e Nova York.
Mas isto não foi suficiente. Para garantir a presidência, o candidato precisava alcançar o número mágico de 270 votos no colégio eleitoral, obtidos, na realidade, em 51 mini eleições em cada estado e na capital, Washington.
"Estou devastada, perdi a fé em meus compatriotas, não sei o que nos espera no futuro, me sinto perdida", afirmou Kate Kalmyka, uma advogada de 36 anos que acompanhava, indignada, os resultados em um bar de Nova York.
Divisões
Poucas vezes nas últimas décadas uma eleição presidencial americana foi disputada por dois candidatos tão antagônicos, com visões tão distintas. A mensagem contra o "establishment" representado por Hillary Clinton e seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, funcionou para o republicano.
Trump soube captar o mal-estar profundo com as instituições e os políticos tradicionais. "Votei em Trump e contra o sistema. Trump diz muitas bobagens porque ele não é um político, não está adestrado. Mas o mais importante para o país é o comércio, as relações internacionais e a economia. E as pessoas estão quebradas, precisam de uma mudança", disse Abteen Daziri, de 38 anos e de origem iraniana.
Depois de 693 dias de drama, insultos e escândalos, a campanha deixou uma população profundamente dividida e exausta. De acordo com uma pesquisa recente, 82% dos americanos se declararam cansados.
Os dois candidatos eram como água e azeite: a advogada Hilarry Clinton é uma figura política há 25 anos, detestada por metade dos americanos, que duvidam de sua honestidade. Esposa do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001), foi primeira-dama, senadora e depois secretária de Estado do presidente Barack Obama.
Trump também soube interpretar como ninguém os temores de uma classe média branca frustrada em um mundo em mutação.
Com seu discurso anti-imigração, impulsivo e corrosivo, denunciado por várias mulheres que afirmaram ter sido apalpadas por ele, Trump marcou para sempre um estilo de fazer campanha política. A liderança do Partido Republicano praticamente deu as costas a ele.
A trajetória de Hillary Clinton como candidata democrata rumo à Casa Branca foi ofuscada pela investigação do FBI contra ela pelos e-mails enviados a partir de um servidor privado no momento em que era secretária de Estado.
O medo de uma vitória de Trump, que chamou os mexicanos de "estupradores" e "narcotraficantes" e que prometeu construir um muro nos 3.200 km de fronteira com o México, além de deportar 11 milhões de pessoas sem documentos no país, mobilizou muitos latinos, a principal minoria do país.
Mas a mobilização não teve o efeito esperado por muitos, já que o candidato republicano venceu na Flórida, que tem uma grande comunidade latina, em um golpe para as aspirações de Hillary Clinton.
Os desafios são enormes e atualmente existe uma grande incerteza no cenário político e diplomático, como as relações com a Rússia ou o envolvimento dos Estados Unidos no conflito da Síria. Na economia, ele terá que lidar com o Tratado Transatlântico de Comércio e Investimentos (TTIP) ou o TPP.
Outra incógnita diz respeito à normalização das relações com Cuba, iniciada pelo democrata Barack Obama.
Maioria no Congresso
Os republicanos conquistaram a maioria no Senado nas eleições de terça-feira e continuarão controlando o conjunto do Congresso americano, algo muito importante para o presidente eleito Donald Trump.
Controlando a Casa Branca e o poder Legislativo, os republicanos terão a capacidade de anular as reformas do presidente Barack Obama e principalmente seu controverso programa de seguro-saúde batizado de "Obamacare".
O controle do Senado, que se soma ao da Câmara de Representantes, também lhes permitirá controlar o processo indicação dos funcionários governamentais de mais alto escalão e dos juízes da Suprema Corte.
O Senado, um terço do qual foi renovado na terça-feira (34 membros), havia oscilado para o campo republicano em 2014, limitando consideravelmente a margem de manobra do presidente Obama.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

O MUNDO PRECISA DE SNOWDENS PARA REVELAR AS VERDADES SECRETAS



Em 'Snowden', Oliver Stone vê perigo no sistema que vigia seus cidadãos

Estadão Conteúdo 





Oliver Stone terá um dia de agenda lotada nesta terça (8) em São Paulo. Seus compromissos não incluem passar no consulado para votar, nessa renhida eleição norte-americana. Ele anuncia que já votou antes de viajar ao Brasil. E...? "Não posso lhe dizer em quem votei, se é isso que deseja saber." Mas ele não se furta a comentar que as coisas vão piorar "com Hillary (Clinton)", deixando claro que não acredita numa vitória do republicano Donald Trump. "As coisas já não andam bem com (Barack) Obama", avalia. O repórter observa que Stone é muito crítico com a administração Obama no filme que o trouxe ao Brasil, Snowden - Herói ou Traidor, sobre o analista da NSA, Edward Snowden, que denunciou o gigantesco esquema de supervigilância montado na ‘América’.

Em nome da segurança, até o mais comum dos cidadãos passou a ser vigiado pelo governo. Mas Stone reage quando o repórter lhe diz que é crítico com Obama. "Nem preciso ser. Basta prestar atenção em suas sucessivas declarações ao longo do filme. Ele se contradiz, nega, se arrepende o tema todo. A par de ter construído esse sistema para espiar o público que custou bilhões de dólares, o que o governo mais faz é mentir", ele adverte.

No original, o filme chama-se Snowden. Foi no Brasil que o distribuidor lhe colou o subtítulo - herói ou traidor. "Bullshit", diz Stone. Na sua abordagem, nem por um minuto Snowden, que colocou a vida em risco e hoje vive isolado na Rússia, pode ser considerado traidor. Como todo herói de Stone, é um idealista confrontado com o poder. "Tive vários encontros com ele. Estava interessado em seu patriotismo. Tudo o que ele fez foi baseado num amor sincero pela América e na certeza de que estava defendendo princípios que fizeram sua grandeza." Em nome desse amor, Snowden libera, no filme, informações consideradas de segurança máxima. Enfrenta, como se diz, o sistema mais poderoso do mundo.

Nesse sentido, não difere muito de Jim Garrison, o promotor de JFK - A Pergunta Que Não Quer Calar nem do Ron Kovic de Nascido em 4 de Julho. "A diferença é que Snowden não é um herói como Kevin Costner ou Tom Cruise. Ron (Kovic) alistou-se na guerra por patriotismo. Acreditava, como muita gente (nos EUA), que a guerra (do Vietnã) era necessária, mas sofreu na carne a decepção e virou ativista contra todas as guerras. Snowden teve decepção parecida. Acreditava que fazia parte de um grupo de eleitos fazendo as coisa certas, mas percebeu que não era nada disso. O problema é que ele é tímido, introvertido, não sorri. Não é o tipo de herói com quem as pessoas se identifiquem facilmente."

Stone deixa subentendido que foi um desafio fazer um filme de mais de duas horas com esse tipo de herói. Está feliz de ter conseguido. Há uma frase repetida como um mantra em Snowden. "As pessoas não querem liberdade, querem segurança." É contra esse pensamento totalitário que Stone se insurge. O repórter lembra 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick. Hal 9000, o poderoso supercomputador que quer controlar tudo. Numa cena, Snowden está na cama com a namorada quando vê a luz vermelha do laptop ligada. O olho que tudo vê, como Hal 9000. "Não fiz essa associação, mas ela é possível", avalia Stone. "O filme de Kubrick é sobre o perigo representado pelas máquinas, pela inteligência artificial. Nesse sentido, 2001 iniciou uma nova era, concordo, mas agora estamos falando numa programa como nunca se viu, criado pelo governo para vigiar os cidadãos e dominar o mundo. Estamos falando de poder, de dinheiro, de supremacia."



​E o diretor só tem elogios para o ator que faz o papel, Joseph Gordon-Levitt. "Ele conheceu Snowden na Rússia. Assimilou coisas para servir ao personagem e torná-lo mais real. É o que fazem os atores realmente talentosos." Stone continua batendo em Obama. Diz que ele foi uma decepção completa. "Traiu tudo aquilo que dizia ser seu ideário para ser eleito. Obama é um caso raro de quem fez o acordo com Wall Street antes de ser eleito. Toda a sua equipe econômica veio de lá. Os liberais caíram fora de seu governo rapidinho." E Stone prossegue: "Obama é o típico nice guy. Bonzinho... Apresenta-se como homem de consenso. Nunca lutou para conseguir as coisas. E é preciso lutar - por aquilo em que se acredita. Como Snowden".

O repórter aproveita para dizer que, nesta terça, a TV paga apresenta Nascido em 4 de Julho, que deu a Stone seu segundo Oscar de direção em 1989, após Platoon, de 1986. É um de seus filmes mais belo. O que ele pensa disso? "Minhas memórias de cada filme estão ligadas aos processos que vivi. Nesse sentido, orgulho-me de todos os filmes. Nascido em 4 de Julho me lembra coisas boas." Por falar em coisas boas, como ele se sente em relação ao momento atual, se as coisas, como diz, vão piorar? Pessimismo da razão ou otimismo da vontade? "Otimismo do coração", ele prefere. E sobre o estado do mundo, nesse avanço da direita em toda parte. "É como em Star Wars. Os rebeldes enfrentam o Império querendo vencer. E vencem. Que não seja só ficção."

SNOWDEN - HERÓI OU TRAIDOR?
Direção: Oliver Stone.
Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Zachary Quinto. Estreia 10/11


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




INFLUÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS NO BRASIL



Eleições americanas: o que o Brasil ganha ou perde com a disputa entre Hillary e Trump

Bruno Moreno 





Especialistas ouvidos pelo Hoje em Dia sobre as eleições presidenciais americanas, que acontecem hoje, não são unânimes em apontar qual dos dois candidatos seria o melhor para as relações econômicas e diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos – se a democrata Hillary Clinton ou o republicano Donald Trump. Afirmam, porém, que Trump traz mais incertezas, enquanto Hillary representa continuidade do que se viu nos dois governos de Barack Obama.

Apesar de as relações diplomáticas entre os dois países terem se dado em nível alto, o que ficou evidenciado quando Barack Obama se referiu a Lula como “o cara”, a participação dos EUA na balança comercial brasileira diminuiu significativamente na última década.

Em 2015, o Brasil exportou US$ 26,47 bilhões para os EUA, o que representou 15,4% de tudo o que o país vendeu para fora. Em 2002 o valor era menor, de US$ 15,37 bilhões, mas a proporção para o total das exportações era bem maior, de 25,4%.

Os especialistas ouvidos avaliam que é possível aumentar o comércio bilateral, principalmente se Hillary Clinton vencer. Confira mais detalhes nos boxes abaixo.

Juros
Em relação ao Banco Central estadunidense (o Federal Reserve), que determina a taxa básica de juros, o economista do Santander, Luciano Sobral, avalia que o cenário não deve mudar caso a democrata seja eleita. Segundo Sobral, a candidata democrata deve, inclusive, manter Janet Yellen na presidência do banco até o final do mandato, em 2018.

“Não teria nenhuma ruptura na política econômica. O cenário é mais do mesmo”, avalia.

No entanto, se Trump for eleito, a presidência do Fed deverá ser trocada, apesar de o mandato de Yellen estar previsto para até 2018. “Como o Trump já manifestou que queria trocar a presidência do FED, ela pediria para sair”, avalia Sobral.

Para ele, qualquer que seja o vencedor, o Fed deverá aumentar os juros para atrair mais capital, o que é ruim para todos os países emergentes, incluindo o Brasil.

Mas, como a economia depende de previsibilidade de cenários, a vitória do republicado poderia abalar as bolsas no curto prazo.

“No curto prazo, a reação do mercado é sempre de aversão ao risco. Trocar um cenário mais previsível (Hillary), de continuidade, por um presidente totalmente fora do sistema, que tem ideias pouco convencionais (Trump), acabaria por depreciar o câmbio por aqui”, avalia.

Comércio exterior
No entanto, o economista não arrisca em dizer o que poderia acontecer no médio e longo prazos, já que há muitos fatores em questão. Ele ressalta que não há garantias de que Trump faria tudo o que ele está falando como candidato.

“Se ele assume, uma das possíveis mudanças seria os Estados Unidos fechando para comércio exterior. A consequência disso para o Brasil é incerta. O Brasil já é um país muito fechado. Por um lado é ruim. As coisas aqui ficariam muito caras, com a pouca competição. Mas quando o comércio mundial retrai, o Brasil é mais resiliente que os outros países. O mundo sofrendo com essa retração do comércio global, para o Brasil pode não ser tão ruim”, avalia.

Ele ressalta que, para o Brasil, o impacto de os EUA fecharem a economia seria menor do que para o México, por exemplo. Enquanto o vizinho de fronteira dos americanos tem 69% do PIB atrelado ao comércio exterior com os EUA, no Brasil esse percentual é de apenas 21% do PIB.

A projeção do Santander é a de que o dólar feche 2016 em R$ 3,45, independentemente de quem vencer as eleições. “Não acho que revisaríamos a projeção se Trump ganhasse. Só se tiver alguma uma mudança nos fundamentos”, argumenta.

Política externa
“De maneira geral, não tem muita diferença. O que vai mudar, na verdade, é maneira como eles fazem as coisas. Mas, no fundo, eles compartilham das mesmas coisas”.
Onofre dos Santos Filho, professor do departamento de Relações Internacionais da PUC Minas

“Hillary tende a seguir a política do Obama porque foi a Secretária de Estado no governo Obama. A gente tem ideia do que ela vai fazer. Já o Trump tende mais ao enfrentamento e à retórica. A política extrema americana, com o Trump, vai fazer os EUA se isolar. A América Latina está em segundo plano para eles. O primeiro foco deles é a Ásia, a Europa. Para o Brasil, não faz a menor diferença (quem vencer). Os dois não vão ser bons para o Brasil porque são candidatos que defendem um protecionismo da indústria norte americana”.
Márcio Coimbra
Coordenador do MBA Relações Institucionais do Ibmec/DF

“A política da Hillary seria semelhante à do Obama, com mais negociações, menos belicosa do que a do Trump. O Trump não tem noção de nada. Tem uma visão simplória e reducionista das relações internacionais. A tendência do Trump é fazer com que os EUA se voltem mais para dentro. Tende a negligenciar as relações com os parceiros tradicionais – Japão, Canadá, México. Existe o risco de o Trump se cercar da extrema direita, aliados radicais, fazendo com que os EUA batam de frente no mundo com uma série de países. Pensando em como afetaria o Brasil, o Trump iria dar as coisas para a América do Sul. E quando se tem um presidente incompetente e muito agressivo, como foi o Bush, afeta o mundo inteiro, no sentido de gerar uma instabilidade na política internacional. As guerras são inimigas dos negócios”.
Ricardo Ghizi Corniglion
Doutor em geografia e professor de política internacional da PUC Minas

Migração
“O Trump é mais retórica do que qualquer coisa. Nunca ninguém expulsou e deportou tanto como Obama. Uma política do Trump não seria diferente. Só que o Trump vai para a TV e fala que faz. A Hillary promete, nos primeiros 100 dias de governo, mandar reforma da imigração para o Congresso. Quem é melhora para imigração é a Hillary”.
Márcio Coimbra
Coordenador do MBA Relações Institucionais do Ibmec/DF

“Hillary, quando se trata de migração, não tem perspectiva muito favorável. O que acontece com ela é que grande parte dos votos vem de negros, latinos, hispânicos. Consequentemente, ela não pode tocar nesse ponto. Ela não chega a ser muito radical, como Trump, mas não tem nenhuma proposta para resolver. Já o Trump, ao falar que vai mandar embora os árabes, fazer um muro na fronteira com o México, é jogo de cena para o eleitorado dele, conservador. A retórica dele é mais xenofóbica porque ele parte do princípio que os EUA fazem muito para o mundo, e o mundo não faz para eles. Em relação a brasileiros, é claro que se tiver uma política restritiva consequentemente eles vão ser atingidos, mas o grande problema são haitianos, dominicanos, panamenhos e mexicanos”.
Onofre dos Santos Filho
Professor do dpto. de Rel. Internacionais da PUC-MG

“Trump provavelmente vai adotar linha muito mais dura. A tendência é de política de extrema direita, deportação de ilegais, dificultar a vida de quem é imigrante e está mais ou menos legalmente, recusar refugiado. Hillary seria o oposto. Talvez abra a porta com mais força. Ela tem boa parte do eleitorado hispânico, de negros, das minorias”.
Ricardo Ghizi Corniglion
Doutor em geografia, professor de política internacional da PUC Minas

Economia
“Para a economia, Hillary é a melhor. Ela representa uma continuação do governo Obama, que é muito voltado para o diálogo e cooperações. Do ponto de vista econômico, o Brasil deveria fazer uma aliança estratégica com os EUA. Eles importam aproximadamente US$ 2 trilhões de dólares por ano. A China superou os EUA como o maior parceiro do Brasil, mas só quer soja e minério. Os EUA compram produtos industrializados que o Brasil precisa vender. O Trump – embora seja republicano e os republicamos sejam mais liberais – , diz que adotará uma política mais protecionista e tende, eventualmente, a criar dificuldades para a entrada de produtos brasileiros nos EUA - açúcar, álcool, algodão, aço, suco de laranja, celulose. Do ponto de vista econômico em geral, a eleição do Trump é um perigo, porque representa a incerteza”
Ricardo Ghizi Corniglion
Professor de política internacional da PUC Minas (doutor em Geografia)

“A grande ameaça em relação à economia dos EUA e o problema central é o acordo transpacífico. Isso sim seria uma ameaça em termos de reduzir mercado exportador. Isso tudo é resultado da disputa com a China, e pode sim afetar o Brasil negativamente. Aí existem duas situações: Trump é contrário ao acordo. Para ele, as empresas têm que voltar a produzir nos EUA, porque está muito dependente do comércio exterior. Se esse acordo se concretiza, nós teremos muito problema em relação à exportação dos nossos produtos. Se o Trump ganha, vai adotar essa política de repatriar empresas. Os dois candidatos são ruins, mas a Hillary é menos pior. A economia americana está patinando. Não se recupera desde a crise de 2008. Ela é pouco atrativa do ponto de vista de produto. O que acontece é que a China é muito mais atrativa do ponto de vista econômico do que os EUA.
Onofre dos Santos Filho
Professor do departamento de Relações Internacionais da PUC Minas

QUEM MATA POR MOTIVO FÚTIL DEVERIA RECEBER A MESMA PENA



Cármen Lúcia afirma que número de homicídios no Brasil é 'incompreensível'

Estadão Conteúdo 








Cármen Lúcia, atual presidente do Supremo Tribunal Federal.

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, afirmou nesta segunda-feira, 7, que o número de homicídios no Brasil, superior ao de países que estão em guerra, é 'incompreensível". No ano passado, 58 mil pessoas foram assassinadas, resultando em uma média de 170 assassinatos por dia. Cármen discursou durante a cerimônia de abertura do Mês Nacional do Júri, no Tribunal de Justiça do Distrito Federal.

Com a ação, estima-se que somente no DF serão julgados 201 casos no tribunal de júri até dezembro. O foco da mobilização será dar maior celeridade à análise de crimes de violência doméstica contra a mulher, crimes cometidos por policiais no exercício de suas funções e crimes nos arredores de bares e casas noturnas. Carmen defendeu os temas prioritários da mobilização. "O número de mulheres assassinadas só pela circunstância de ser mulher não condiz com nenhuma situação aceitável no momento em que vivemos", avaliou Cármen. "Onde uma mulher é assassinada, todas as mulheres também são."

Além disso, ela defendeu que as instituições de segurança pública sejam repensadas para fortalecer os policiais como agentes do Estado e evitar que se tornem um instrumento contrário à sociedade. "Mais do que uma Justiça que está julgando os casos, estamos trabalhando para que a conflituosidade possa ser solvida e prevenida." Na abertura do evento, Carmen também defendeu um "esforço concentrado" entre o Judiciário, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Defensoria Pública. "Um Estado nacional que tem o número de homicídios superior ao de Estados que estão em guerra, não é algo compreensível", disse. A ministra ressaltou que "não é o momento de culpar o governo", e sim de ter "responsabilidade" para que a comunidade jurídica dê uma resposta aos cidadãos, a fim de recuperar a confiança nas instituições e evitar a sensação de impunidade.

"O cidadão precisa dormir sabendo que o alto número de homicídios não ficará sem resposta. Por isso é preciso que as metas sejam cumpridas. Se inicia esforço concentrado para que o cidadão saiba que nos preocupamos, sim, com cada um que é morto e que a lei que fixa esse crime é de ser dado cumprimento em tempo que a Constituição chama de razoável. Para que cidadão saiba que estamos comprometidos para que crimes não fiquem impunes, nas prateleiras, para evitar a sensação de impunidade. Temos que trabalhar para que cidadão acredite no Estado para mudar esse quadro que não é aceitável", declarou a ministra. A presidente do STF destacou que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está reunindo dados sobre o número de presos no Brasil e as suas características justamente para estabelecer medidas que melhorem a segurança pública.