segunda-feira, 15 de agosto de 2016

TRABALHADOR BRASILEIRO EM APUROS FINANCEIROS



Busca por adiantar o décimo terceiro salário subiu 60% nos bancos

Tatiana Lagôa 






Em um cenário de renda em queda livre e aumento do endividamento, nem mesmo o décimo terceiro salário, que costuma ser a salvação no fim do ano, ficou ileso. Muitos brasileiros já recorreram à antecipação do valor nos bancos.
A demanda pela modalidade de crédito teve alta de quase 60% em algumas instituições financeiras no primeiro semestre comparado com o mesmo período do ano passado. Boa notícia apenas para os bancos, que têm garantia de recebimento do dinheiro, acrescido de juros mensais de 1,5% a 5%.
As exigências para a tomada desse crédito são poucas. De um modo geral, quem tem vínculo empregatício no setor público ou privado, além de aposentados e pensionistas, podem pegar o crédito atrelado ao décimo terceiro salário.
Mudam apenas algumas questões de um banco para banco. Uma delas é o percentual do recurso conseguido. Em alguns casos, chega à totalidade do salário. Em outros, apenas a uma fatia.
“O Brasil vive aumento do desemprego e encolhimento da renda familiar. Com a inflação em alta, não sobra dinheiro. Nesse contexto, é normal que as pessoas busquem recursos onde houver disponibilidade”
Andrew Storfer - Diretor de economia da Anefac
Diferenciais
A taxa de juros cobrada pelas instituições financeiras é definida conforme o relacionamento com o cliente.
São critérios diferentes para funcionários públicos, para aqueles que trabalham em empresas conveniadas ao banco, para os que possuem investimentos nas instituições e, o mais subjetivo de todos os fatores, de acordo com o histórico que aquele cliente tem junto ao banco. Ou seja, é uma “loteria” o valor que será cobrado de cada correntista.
“Os bancos costumam divulgar a taxa média ou a inicial mas a verdade é que quase ninguém paga o menor valor. São muitas variáveis envolvidas”, afirma o diretor de economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Storfer.
Os trâmites para antecipar o décimo terceiro salário também são muito simples. Basta o cliente seguir para a agência bancária onde tem conta levando documentos que comprovem o vínculo empregatício e a renda. Alguns bancos exigem que o trabalhador tenha pelo menos seis meses de carteira assinada. O crédito pode ser aprovado e sacado no mesmo dia.
Não podem tentar o crédito aqueles que já receberam parte do décimo terceiro nas férias na empresa, o que é garantido em lei.
Pela facilidade de acesso, essa modalidade tem sido bastante usada pelos brasileiros, cada vez mais necessitados de dinheiro para complementar a renda.
Corrida
No banco Santander, a procura aumentou 57% no primeiro semestre frente ao mesmo período do ano passado. No Itaú, a alta foi de 25% e na Caixa Econômica Federal, de 14%.
“Acho que esse crescimento está alinhado com os indicadores que o Brasil tem de queda da economia e crescimento da inadimplência. Em momentos como esse as pessoas precisam recorrer ao crédito”, observa o diretor de educação financeira da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fábio Moraes.
Além disso, os próprios bancos têm ligado para os clientes oferecendo o serviço. Fator que também tem colaborado com o aumento da demanda.
Segundo o vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, essa é uma modalidade de crédito muito interessante por ser atrelada ao salário. Ou seja, o recebimento é certo.
Em um momento em que o giro de recursos na economia está menos intenso e as instituições têm apresentado resultados menos robustos, os bancos tentam “pegar cliente no laço”.
Decidir pela antecipação do benefício requer cautela
Na teoria, receber o décimo terceiro no meio do ano parece ser o melhor negócio do mundo. Afinal, quem não quer ter em mãos agora um dinheiro que só sacaria em dezembro?
Mas, como nada vem de graça, o custo pode ser alto. Sem contar que o recurso pode fazer falta na hora de quitar as contas de início do ano como material escolar, IPTU e IPVA.
“A antecipação da gratificação tem garantia para os bancos. Por isso, as taxas são mais interessantes”
Fábio Moraes - Diretor de educação financeira da Febraban
O que poucas pessoas param para pensar, no entanto, são os valores envolvidos na transação. Além do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a taxa de administração do banco, serão incluídos os juros, que variam de acordo com cada instituição financeira.
Quem tomar o recurso na Caixa Econômica Federal, por exemplo, pagará uma taxa de 3,47% ao mês. Em uma conta seca, sem incluir as outras taxas, quem adiantar R$ 1 mil agora em agosto, em dezembro vai dever R$ 1.146,19.
Por isso, especialistas alertam: “Esse crédito só é indicado em duas situações. Para adquirir um bem que é prioritário ou em casos em que está inadimplente e o crédito pode servir para substituir uma conta com juros mais altos”, afirma o diretor de educação financeira da Febraban, Fábio Moraes.
Comparativo
Se a mesma pessoa que antecipou o décimo terceiro estivesse no cheque especial, de agosto a dezembro, deveria R$ 1.579, considerando uma taxa média de 12,1% estimada pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Esse é um dos casos em que a antecipação do recurso seria uma boa estratégia. “Se for antecipar porque tem uma dívida com juros mais baixos não é uma boa saída. Se for para comprar algo tem que pensar que é uma época muito difícil para consumo”, afirma o diretor de economia da Anefac, Andrew Storfer.
“Antes de antecipar o décimo terceiro, é preciso avaliar detalhadamente os custos envolvidos. São muitos”
Marcelo Barbosa - Coordenador Procon Assembleia
Em alguns casos, a busca por outra modalidade de crédito pode ser mais interessante. É o caso do crédito consignado, que tem uma taxa entre 1,8% e 2,5% ao mês.
O coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa, lembra que o dinheiro pode fazer muita falta no futuro. “É preciso ter em mente que é um empréstimo como qualquer um. Então está sendo criado um compromisso financeiro. E aquela pessoa deixa de receber o recurso no momento em que mais vai precisar. Indico que tudo isso seja colocado no papel”, afirma.

domingo, 14 de agosto de 2016

Homenagem ao dia dos Pais - Pai - Fábio Jr.

A POPULAÇÃO PRECISA SE ENVOLVER MAIS COM OS PROBLEMAS DO SEU MUNICÍPIO

Força e fraqueza das economias municipais

Paulo Haddad 



Como a recessão está impactando as economias dos municípios? A resposta a essa indagação não é única para os 5.570 municípios brasileiros, pois eles apresentam dimensões multifacetadas e diferenciadas.

Podemos, entretanto, definir de maneira simplificada quatro arquétipos de municípios quando combinamos o grau de desenvolvimento do município com um indicador do seu ritmo de crescimento econômico. Os arquétipos são os seguintes: municípios desenvolvidos em expansão, municípios desenvolvidos em declínio ou decadência, municípios em processo de desenvolvimento e municípios economicamente deprimidos.

A preocupação das políticas públicas é relativamente menor com os municípios desenvolvidos que ainda mantêm o seu ritmo de expansão acima da média nacional, pois eles dispõem de estruturas produtivas dinâmicas e competitivas, como é o caso de municípios no Eixo Campinas-Sorocaba, no Estado de São Paulo, onde tem ocorrido um expressivo progresso científico e tecnológico em diferentes setores da base produtiva.

Da mesma forma, municípios em desenvolvimento estão a merecer menor ênfase relativa de políticas públicas específicas. São aqueles com ritmo de crescimento em inequívoca expansão, porém com nível de desenvolvimento eventualmente em processo de convergência para a média nacional (catch-up). Nesse arquétipo está um grande número de municípios na fronteira agrícola do país (Centro-Norte do Mato Grosso, Oeste da Bahia, Sul de Rondônia, etc.), com elevados níveis de produtividade total de fatores e de progresso tecnológico.

Na ordem hierárquica do escopo de ações do poder público para atenuar os impactos adversos e as mazelas sociais da recessão econômica sobre a qualidade de vida dos cidadãos, aparecem os municípios economicamente deprimidos. São aqueles com nível de desenvolvimento e ritmo de crescimento bem abaixo da média histórica nacional. Formam um conjunto de quase 2.500 municípios espalhados pelo Agreste e pelo Sertão da Macrorregião do Nordeste, pelo Vale do Jequitinhonha, pelo Norte de Minas, por quatro Microrregiões do Vale do Rio Doce, por áreas desmatadas da Amazônia, etc. Como dependem de transferências do governo federal - ao nível das famílias, na escala de 60 por cento (Bolsa Família, Lei Orgânica de Assistência Social, Previdência Rural), e ao nível das prefeituras, na escala de quase 80 por cento (Fundos de Participação) -, o risco maior de se aprofundar sua crise social está na queda recessiva da arrecadação tributária federal vir a dificultar o financiamento das políticas compensatórias.

Finalmente, temos os municípios desenvolvidos em processo de decadência econômica, onde o desemprego cresce em áreas industriais que não reestruturaram suas atividades econômicas no período pós-abertura da economia brasileira (municípios monoindustriais nos segmentos siderúrgicos, metalúrgicos e mecânicos, por exemplo) ou que sofreram os impactos negativos da queda nos preços internacionais de commodities (municípios mineradores, por exemplo).

Desta forma, muitos municípios brasileiros, para revitalizar a geração de emprego e renda, irão necessitar do apoio de políticas públicas do governo federal, mas principalmente do aprofundamento da sua capacidade de mobilização social e política para remodelar endogenamente o seu próprio futuro. Não há chances de sucesso nessa empreitada se não houver inconformismo da população quanto à degradação econômica e socioambiental do município em que habita.


TRANSTORNOS PSÍQUICOS



Doenças psíquicas ligadas ao trabalho já são a 3ª causa de auxílio-doença

Janaína Oliveira 






Transtornos mentais relacionados ao trabalho, como depressão, estão cada vez mais presentes na vida dos brasileiros. Prova disso é que o afastamento superior a 15 dias por esse motivo já ocupa o 3º lugar na lista de pagamento por benefícios da Previdência Social. São aproximadamente 13 mil casos de afastamentos por ano em todo o país.
E esse número vem crescendo, assim como a dificuldade dos trabalhadores doentes em obter o aval dos peritos do INSS para ter o direito a auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez.
“A tomada de decisões por minuto disparou nos últimos anos e o ambiente nas empresas é cada vez mais tenso. Tanto que as doenças psíquicas têm gerado cada vez mais benefícios por afastamentos no INSS, embora existam dificuldades de diagnósticos”, diz o desembargador Sebastião Geraldo de Oliveira, do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG).

Invisível
Segundo ele, uma lesão no corpo é visível, mas não é fácil enxergar se o trabalhador está deprimido, ou em nível de ansiedade muito grande.
“Há aqueles que não se ausentam do trabalho, que continuam trabalhando mesmo afetados, o que provoca a baixa produtividade e protela o tratamento médico adequado”, diz o desembargador.
Oliveira é integrante do Comitê Gestor do Programa Trabalho Seguro da Justiça do Trabalho. Nos próximos dois anos, o grupo nacional focará as atividades relacionadas ao tema.
O objetivo é debater a questão do aumento dos transtornos psíquicos e realizar um trabalho de conscientização sobre a importância da prevenção, especialmente em tempos de turbulência na economia e no mercado de trabalho.
“A crise e o medo do desemprego contribuem para a piora da tensão da vida moderna”, diz o desembargador.
Para ele, as pessoas têm medo de perder o emprego e se sujeitam a situações de estresse.
Entre as causas das patologias da mente, Oliveira cita a exposição ao assédio moral e sexual, jornadas exaustivas, atividades estressantes, eventos traumáticos, discriminação, perseguição da chefia e metas abusivas no ambiente de trabalho.
Profissionais ligados à área de vendas, bancos e telemarketing são as principais “vítimas”. No rol dos transtornos mais frequentes, estão ansiedade, estresse pós-traumático e a depressão.
Outros exemplos comuns de adoecimento psicológico são o transtorno obsessivo compulsivo (TOC), o transtorno bipolar, a síndrome de burn out, causada pelo esgotamento físico e mental, e a síndrome do anancástico, que é a mania de perfeição.

Depressão é motivo para aposentadoria por invalidez
Trabalhadores que sofrem de depressão, estresse e outros males psíquicos podem conseguir se aposentar por invalidez pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Apesar de o órgão negar frequentemente o benefício para segurados que alegam essas condições, na Justiça essas doenças já são consideradas motivos para a incapacidade total para o mercado de trabalho.
Segundo o advogado Leonardo Passafaro, especialista em relações do trabalho, as doenças psiquiátricas, principalmente, têm índice alto de negativa de aposentadoria por invalidez nos postos da Previdência.
No entanto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já mandou o INSS conceder o benefício à segurada que tinha um histórico de crises de depressão profunda e síndrome do pânico. Em outro caso, a aposentadoria foi concedida a uma segurada diagnosticada com quadro de transtorno de ansiedade e de depressão.

Incurável
“As doenças psíquicas permitem o mesmo amparo que as doenças físicas. Portanto, desde que o quadro de depressão seja considerado incurável, ele poderá gerar o direito a obtenção de aposentadoria por invalidez”, diz.
Presidente do Instituto Brasileiro de Direito Tributário (IBDT), Jane Berwanger diz que a oscilação característica das doenças psíquicas é um dificultador do diagnóstico.
“Muitas vezes os médicos peritos avaliam que as pessoas estão capacitadas ao trabalho, mesmo doentes. Pensam que elas estão fingindo ou exagerando. E essa situação tem se repetido com mais frequência desde que o governo interino começou a fazer mudanças na Previdência”, afirma.

Bancários
Representante de um dos setores mais atingidos pelo estresse, depressão e síndrome do pânico, a presidente do Sindicato dos Bancários da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Eliana Brasil, diz que não são raros os casos de trabalhadores que são obrigados a retomar as funções mesmo sem condições.
“Os peritos colocam em xeque até o atestado de médicos do banco”, diz. As metas abusivas, assédio e medo da violência são apontados como os principais problemas da categoria.
Em nota, o INSS informou que a aposentadoria por invalidez é um benefício devido ao trabalhador permanentemente incapaz de exercer qualquer atividade laborativa e que também não possa ser reabilitado em outra profissão, de acordo com a avaliação da perícia médica. O benefício é pago enquanto persistir a incapacidade e pode ser reavaliado a cada dois anos.
Inicialmente, o cidadão deve requerer um auxílio-doença, que possui os mesmos requisitos da aposentadoria por invalidez. Caso a perícia-médica constate incapacidade permanente para o trabalho, sem possibilidade de reabilitação em outra função, a aposentadoria por invalidez será indicada.





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REUNIÕES INÚTEIS



Sempre reunidos, jamais unidos

Frei Betto 




Reunite aguda é uma grave enfermidade que já deveria figurar nos anais da medicina. Há governos que fracassam porque o funcionalismo público se consome em excessivas reuniões para decidir se devem comprar clipes prateados ou coloridos. Nas igrejas se diz que, quando Jesus voltar, encontrará o rebanho reunido, mas não unido.
A soma de reuniões dos dirigentes da Olimpíada do Rio para reduzir o caos no trânsito da cidade já supera o número de eventos, entre treinos e competições, de todo o torneio. E o caos só aumenta...
Cura-se mais rápido uma doença quando se conhece a sua etiologia. Quando surgiu, pela primeira vez, a síndrome da reunite?
Consta que a primeira reunião foi há um tempo inqualificável pela ciência – até porque não havia tempo –, quando as três Pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo, se reuniram para decidir quando haveriam de criar o Universo.
Hoje sabemos que teve início no Big Bang, ocorrido a 13,7 bilhões de anos. Se houvesse o fator tempo para medi-la, a primeira reunião da Santíssima Trindade teria se dado 20 bilhões de anos antes da explosão primordial.
O Filho mostrava-se ansioso por iniciar o processo que, 13,698 bilhões de anos depois, o levaria a se encarnar em terras palestinas. O Pai cofiou suas longas barbas e mostrou-se de acordo, pois se sentia um pouco velho e temia que as criaturas inteligentes previstas no projeto não tivessem suficiente fé em sua onipotência.
O Espírito Santo, sempre cauteloso, objetou que convinha não se precipitarem. “A pressa é inimiga da perfeição”, disse, criando o jargão que, séculos mais tarde, se tornaria lugar comum. O projeto poderia dar errado e, no futuro, em vez de uma Criação paradisíaca, a mais inteligente das espécies, picada pela mosca azul, ousaria querer se comparar a Deus e inventar artefatos de guerra, para ceifar vidas, e alquimias biogenéticas para produzir seres destituídos de livre arbítrio.
A Trindade, então, descansou sempiterna por mais 20 bilhões de anos, até que o Pai e o Filho detonaram o ovo cósmico que deu origem ao Universo. O Espírito Santo não aprovou e, democrático, se admitiu como voto vencido. Previu, porém, que os seres inteligentes que resultariam do processo evolutivo da Criação jamais estariam unidos mas, como Sísifo, buscariam incessantemente tal utopia teimando em estar sempre reunidos.
Hoje, há reuniões para preparar reuniões, e reuniões para avaliar reuniões. Na Cúria Romana, são infinitas as reuniões para decifrar se o pecado original consistiu em a serpente convencer Adão e Eva de comerem a maçã ou o fato de o casal não comparecer à segunda reunião na qual o Criador ficara de explicar por que semeara um fruto proibido no Jardim do Éden.
Como castigo, estamos todos condenados a fazer reuniões sem nunca chegar a duradouras uniões.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...