segunda-feira, 16 de novembro de 2015

LEI DE GERSON: LEVAR VANTAGEM EM TUDO




Quero é me arrumar!
Eduardo Costa


Com esse título, o professor e palestrante Sérgio Marchetti publicou um texto no blog “Observação e Análise” que gostaria de compartilhar com todos vocês, na íntegra:
Não desejo falar de crise econômica. Tampouco falar de corrupção e de violência. Estes assuntos preenchem vinte quatro horas as mídias… e só progridem. A impressão que temos é que nossos governantes moram em outro país. As mais de 50 mil mortes anuais por violência (extraoficialmente passam de 60 mil) não tocam seus corações. Mas queria falar mesmo era de amor, de felicidade, de solidariedade, de prosperidade, porém, sendo filho de Deus e habitando este mesmo latifúndio podre, também fui picado pelo mosquito da descrença (pensou que fosse da dengue?). Passar incólume pelo momento Brasil é como caminhar por um lixão que exala um fedor insuportável e dizer que não sente o cheiro. Um país sem lei e sem regra, onde prevalece acentuada desigualdade e se pratica uma das maiores injustiças sociais sobre cidadãos honestos do planeta. Mas, apesar de todo o desânimo, falar do que está mal sem buscar uma solução é cultivar a semente negativa dentro de nós. Lembro aos caríssimos leitores de que o mal possui uma força muito maior do que o bem e um poder de disseminação que corre na velocidade da luz. Os efeitos negativos ou acontecimentos não desejáveis acontecem frequentemente na vida pessoal e na profissional. São inevitáveis. Então, o caminho para quem pretende continuar lutando começa na descoberta do efeito. Depois se identifica a causa e busca-se a solução. Ocorreu-me a fórmula dos seis “Ms”, de Ishikawa, para chegar à causa do problema: método, matéria-prima, mão de obra, máquinas, medição e meio ambiente. Mas no caso do Brasil é falta de caráter mesmo. A origem de todos os problemas está nas pessoas.
Na sociedade, em casa, nas empresas “gente” é sempre a causa dos episódios indesejáveis. Por quê? Porque pessoas são diferentes, possuem idiossincrasias próprias. Mas o item que causa mais problema é o bendito interesse pessoal. Lamentavelmente há muito mais pessoas interesseiras do que pessoas interessantes. Para alcançarem seus objetivos muitos desses seres lançam mão de atitudes desonestas. Denigre-se a imagem alheia com inverdades que podem destruir suas vidas pessoais e profissionais. Sem nenhum peso na consciência traem alguém que lhes estendeu a mão. Caluniam, acusam. Não há mais a lealdade e gratidão. Outras pessoas lançam mão de trabalhos em terreiros de macumba para destruir relações, fechar caminhos alheios e obter ganhos. Não sei dizer sobre seus efeitos, mas o que vale é a intenção. A impressão que temos é que para sobreviver neste País precisamos abrir mão dos escrúpulos e aprender a jogar o novo jogo da vida. Nele as regras incorporaram conceitos que menosprezam integridade, honestidade, honra, entre outros valores que antes eram pilares sociais. Confunde-se anarquia com democracia e liberdade com promiscuidade. Hoje, sob o manto da falsa liberdade – conveniente a um governo corrupto e a um povo indolente – desonestidade passou a ser sinônimo de esperteza.
Afirmei que desejava falar de amor, mas não consegui. Infelizmente, no enredo que descrevemos, não há como esperar que muitos cidadãos brasileiros escolham registrar as suas realizações nas páginas da história. Ao contrário e, a exemplo dos governantes, estão deslumbrados pelo “ter” em detrimento do “ser”, e optam por marcar seus nomes nas páginas policiais e deixar para a posteridade um rastro de podridão humana.



TRAGÉDIA IRRECUPERÁVEL



Tragédia em Minas Gerais deve secar rios e criar 'deserto de lama'

Danilo Verpa/Folhapres





As toneladas de lama que vazaram no rompimento há dez dias de duas barragens da empresa Samarco em Mariana (MG) são protagonistas do maior desastre ambiental provocado pela indústria da mineração brasileira –a Samarco é empresa fruto da sociedade entre a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton.
Sessenta bilhões de litros de rejeitos de mineração de ferro –o equivalente a 24 mil piscinas olímpicas– foram despejados ao longo de mais de 500 km na bacia do rio Doce, a quinta maior do país.
Segundo ecólogos, geofísicos e gestores ambientais, pode levar décadas, ou mesmo séculos, para que os prejuízos ambientais sejam revertidos.
Destruídos pelo tsunami marrom, que deixou ao menos sete mortos e 15 desaparecidos, os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo devem se transformar em desertos de lama.
"Esse resíduo de mineração é infértil porque não tem matéria orgânica. Nada nasce ali. É como plantar na areia da praia de Copacabana", diz Maurício Ehrlich, professor de geotecnia da Coppe-UFRJ (centro de pesquisa em engenharia da Federal do Rio).
"Nada se constrói ali também porque é um material mole, que não oferece resistência. Vai virar um deserto de lama, que demorará dezenas de anos para secar", diz.
Segundo ele, a reconstituição do solo pode levar "até centenas de anos, que é a escala geológica para a formação de um novo solo".
RIO DOCE
Transformado em uma correnteza espessa de terra e areia, o rio Doce não pode ter sua água captada. O abastecimento foi suspenso, e cerca de 500 mil pessoas estão com as torneiras secas.
Especialistas que conhecem a região descrevem o cenário como "assustador".
Para Marcus Vinicius Polignano, presidente do Comitê de Bacia do rio das Velhas e professor da UFMG (Federal de Minas Gerais), um dos mais graves efeitos do despejo do rejeito nas águas é o assoreamento de rios e riachos, que ficam mais rasos e têm seus cursos alterados pelo aumento do volume de sedimentos, no caso, de lama. "É algo irreversível. Fala-se em remediação mas, no caso da lama nos rios, não existe isso. Não tem como retirá-la de lá."
Enquanto está em suspensão no rio, a lama impede a entrada de luz solar e a oxigenação da água, além de alterar seu pH, o que sufoca peixes e outros animais aquáticos. A força da lama ainda arrastou a mata ciliar, que tem função ecológica de dar proteção ao rio.
"A perda da biodiversidade pode demorar décadas para ser reestabelecida. E isso ainda vai depender de programas montados para esse fim", diz Ricardo Coelho, ecólogo da UFMG. "Existe ainda a possibilidade de espécies endêmicas [que existem só naquela região] serem extintas."
"Há espécies animais e vegetais ali que podemos considerar extintas a partir de hoje", diz o biólogo e pesquisador André Ruschi, diretor de uma das mais antigas instituições de pesquisa ambiental no país, a Estação de Biologia Marinha Augusto Ruschi.
Ele chama a atenção para o fato de que o rompimento das barragens coincidiu com o período de reprodução de várias espécies de peixes. "É o maior desastre ambiental da história do país", avalia.
Mariana entra para a história como uma "ferida aberta", diz Polignano. "É a prova de que nossa gestão ambiental está falida."



DANO BILIONÁRIO
A Samarco, empresa fruto de sociedade entre a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, responsável pela exploração de minério de ferro nas barragens de Fundão e Santarém, no município de Mariana (MG), já foi multada pelo Ibama em R$ 250 milhões pelos danos ambientais causados pelo desastre.
Na última sexta-feira, dia 13, a Justiça de Minas Gerais determinou o bloqueio de R$ 300 milhões na conta da Samarco. A decisão liminar decorre de ação civil pública do Ministério Público Estadual, que listou mais de 500 desabrigados pelo rompimento das barragens. O valor deve ser revertido para reparação dos danos às vítimas.
Ainda assim, segundo estimativa de Alessandra Magrini, professora de planejamento energético e ambiental da Coppe-UFRJ e especialista no cálculo de prejuízos em desastres ambientais, os danos causados pelo desastre de Mariana "serão da ordem de bilhões".
"É preciso contabilizar a produção sacrificada, ou seja, pesca, criações, plantações e outras atividades econômicas perdidas, mas também os danos aos recursos naturais, à fauna e à flora e às funções ambientais que eles exercem", declara.
Magrini foi uma das responsáveis pelo cálculo da indenização do acidente que despejou 1,3 milhão de litros de óleo pela Petrobras na baía de Guanabara em 2000. À época, a reparação foi avaliada em cerca de R$ 350 milhões.
Segundo ela, "recursos naturais são de valoração pouco trivial". "Quanto custa a perda de uma espécie, de um rio ou de um manguezal?"
Ela destaca o acordo feito há menos de dez dias entre EUA e a petroleira BP, responsável pelo vazamento de óleo no Golfo do México: US$ 20 bilhões (R$ 76,7 bilhões).
"Para se chegar a este valor, são necessários estudos do impacto do desastre que levem em conta não só a extensão do dano no espaço mas também o prejuízo ao longo do tempo", diz. "Isso deveria ser feito no caso de Mariana", avalia.
DESOVA DE TARTARUGAS
Desde o dia 5, quando as barragens romperam, toneladas de lama tomaram o rio Doce em direção a sua foz, no litoral do Espírito Santo.
O movimento vem sendo monitorado pelo Serviço Geológico do Brasil, órgão do governo federal, e a lama está prevista para chegar à cidade de Linhares (ES) na próxima terça-feira, dia 17.
Essa zona costeira é área de desova da tartaruga-de-couro, espécie que mede até 170 centímetros de comprimento e que está ameaçada de extinção. O mês de novembro corresponde justamente ao pico da desova da espécie.
Biólogos do Projeto Tamar efetuaram a retirada de alguns ninhos do local. Técnicos do Ibama também desenvolvem ações nos trechos do rio ainda não atingidos pelo rejeito. Segundo o órgão, o resgate de peixes vivos e sadios e sua preservação em tanques é das ações mais importantes agora.
TÓXICO OU ATÓXICO?
O rejeito de mineração de ferro, segundo especialistas, é composto por terra, areia, água e resíduos de ferro, alumínio e manganês.
Apesar de a composição não ser considerada tóxica para humanos, a lama funciona como uma "esponja" e arrasta para dentro do rio outros poluentes. Essa é uma das explicações possíveis para os altos níveis de mercúrio encontrados em amostras de água coletadas em Governador Valadares (MG).
"Elementos como mercúrio têm efeito cumulativo. Uma vez ingeridos, vão passando de um ser vivo a outro na cadeia alimentar, concentrando-se cada vez mais", explica o biólogo André Ruschi.
A contaminação dos organismos por determinados tipos de metais e outros poluentes pode demorar para aparecer. "Mas esse impacto pode permanecer durante anos em todo o rio Doce", completa o biólogo da UFMG Ricardo Coelho.
Para Denis Bessa, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Poluição Aquática da Unesp, "a esperança é que os riachos que deságuam no rio Doce tenham muitas espécies de forma que possam repovoar toda a extensão do rio atingida pela lama".
Colaborou ALEX CAVALCANTI, de Vitória

TEM ÁGUA PARA LAVAR MINÉRIO MAS NÃO TEM ÁGUA PARA A POPULAÇÃO



Em meio à crise hídrica, minerodutos utilizam água dos rios para levar polpa de ferro ao porto

Bruno Porto - Hoje em Dia


A seca prolongada ameaça o abastecimento de água e energia elétrica, mas a crise hídrica passa longe das atividades de mineração em Minas Gerais. Os minerodutos – tubulações que levam o minério de ferro em estado arenoso misturado com água, como se fosse uma polpa – operam a todo vapor, e novos projetos estão em andamento, sinalizando para a continuação do desperdício de um recurso precioso.

Os quatro projetos de mineração do Estado que têm dutos para o transporte do ferro contam com uma outorga de captação de água suficiente para suprir uma cidade de 1,6 milhão de habitantes. O uso de água pelos minerodutos chama a atenção porque muitas vezes não há o reaproveitamento do recurso hídrico, que é descartado no mar.

A Manabi, por exemplo, mineradora em implantação no município mineiro de Morro do Pilar, tem outorga para uso de 2.847 metros cúbicos (m3) de água por hora. Deste volume, um terço, ou 949 m3 por hora serão usados no mineroduto, que irá até Linhares, no Espírito Santo. A própria empresa informa: “o projeto não prevê reuso da água usada no mineroduto, mas para essa mistura que segue para Linhares, a Manabi projetou um sistema de tratamento e filtragem, garantindo atendimento da qualidade definida pelo Conama, antes do seu descarte no mar”.

Os volumes de água utilizados pelos minerodutos não foram informados, mas, caso as três outras empresas com minerodutos em operação ou em licenciamento ambiental no Estado utilizem a mesma proporção de um terço da outorga para uso no transporte via dutos, seriam 3.711 m3 por hora de água retirada dos mananciais mineiros que teriam como destino o descarte no mar. Esse volume equivale a 3,711 milhões de litros de água por hora, e é suficiente para abastecer um município com 558 mil habitantes, mais do que a população de 546 mil pessoas de Juiz de Fora, a quarta cidade mais populosa de Minas Gerais.

A conta considera o diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades, que apontou um consumo médio per capita de água, em Minas Gerais, de 159 litros por dia, ou 4.782 litros mensais.
Atualmente, quatro minerodutos estão em operação com captação de água em rios de Minas Gerais (três da Samarco e um da Anglo American) e outros dois (Ferrous e Manabi) estão em fase de licenciamento ambiental junto ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). A permissão para captação de água nos cursos de água é concedida pelo Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam), órgão subordinado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).

Lei prevê cobrança pelo uso de recursos hídricos

As quatro mineradoras com atuação em Minas Gerais que utilizam o mineroduto como meio de escoamento da produção foram procuradas pelo Hoje em Dia. Samarco e Ferrous foram as únicas que não informaram as outorgas que possuem, mas os dados foram informados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).

A Anglo American, que possui um mineroduto em operação, sustenta que parte da água usada nos dutos de transporte de minério de ferro é reutilizada, mas não informa o volume e não detalha como o reuso se tornou viável.

A Manabi, em resposta aos questionamentos apresentados, ressaltou que nos estudos para verificação da viabilidade de seu projeto de mineração, a avaliação da disponibilidade hídrica foi um dos temas principais, “cercado dos cuidados demandados pela questão, com antecipação das tratativas legais associadas à obtenção da outorga de direito de uso das águas”.

Infraestrutura

A proliferação do uso do mineroduto surgiu como alternativa para o escoamento da produção, devido aos altos custos do transporte rodoviário para volumes elevados de minério de ferro e à saturação da malha ferroviária.

O investimento em novos ramais de ferrovias é considerado muito alto, o que assegura atratividade ao mineroduto. O ganho logístico gerado pelos minerodutos está ainda no fato de operarem 24 horas por dia, todos os dias.

A Política Nacional de Recursos Hídricos e a Política Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais, regulamentada pelo Decreto 44.046, de 13 de junho de 2005, estabeleceu a cobrança pelo uso da água, até então sem nenhum ônus para as empresas.

Samarco e Ferrous não informaram o valor que pagaram pelas captações. A Anglo American informou que, em 2014, o pagamento foi de cerca de R$ 900 mil. A Manabi declarou ter pago R$ 542,3 mil.








AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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