O DINHEIRO ROUBADO DO
POVO BRASILEIRO FINANCIOU AS CAMPANHAS PARA PRESIDENTE DO PARTIDO PT EM 2006
(MENSALÃO), EM 2010 (PETRO-ROUBALHEIRA) E AGORA EM 2014 (QUAL O ORGÃO DO
GOVERNO QUE ESTÁ FINANCIANDO?). O PT ESTÁ ESPERNEANDO DIZENDO QUE TUDO É
MENTIRA, COMO FIZERAM NO MENSALÃO. COMO DESMENTIR UMA SUJEIRA DESSAS? ACORDA
BRASIL! VAMOS MUDAR E APURAR TUDO ISSO.
Desvios na Petrobras
aumentaram após desmontagem do esquema do mensalão
Josias de
Souza
No
depoimento que prestou à Justiça Federal do Paraná na quarta-feira (8), o
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa expôs uma cronologia reveladora.
Segundo o delator, o balcão de negócios instalado na maior estatal brasileira
passou a operar mais intensamente a partir de 2006. Pouco depois, portanto, do
fechamento dos guichês do mensalão, em 2005.
PAULO
ROBERTO COSTA, O DELATOR - Investigado pela Operação Lava Jato da Polícia
Federal, que apura esquema bilionário de lavagem de dinheiro, Paulo Roberto
Costa é ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras, cargo que ocupou
entre 2004 e 2012. Foi preso em março deste ano por tentar ocultar provas que o
incriminavam. Solto em maio, foi preso novamente em junho, e fez acordo de
delação premiada com a PF em agosto, o que possibilitaria uma redução de sua
pena em caso de condenação. Em depoimentos gravados feitos à polícia, ele cita,
segundo a revista "Veja", ao menos 25 deputados federias, 6
senadores, 3 governadores, um ministro de Estado e pelo menos três partidos
políticos (PT, PMDB e PP), que teriam recebido propina de 3% do valor dos
contratos da estatal.
Paulo
Roberto assumira a diretoria de Abastecimento da Petrobras em 2004, sob Lula. O
delator explicou que, no alvorecer de sua gestão, as oportunidades de negócios
eram escassas: “Em 2004 e 2005, nós tivemos pouquíssimas obras, porque o
orçamento era muito restrito e também não tinha projeto”, disse Paulo Roberto.
“Então,
as obras na área de Abastecimento praticamente começam no ano de 2006”, ele
acrescentou. No ano anterior, 2005, outro delator, o ex-deputado Roberto
Jefferson (PTB-RJ), jogara o mensalão no ventilador. Sem vincular um escândalo
ao outro, Paulo Roberto deixou transparecer que a Petrobras converteu-se numa
rendosa fonte alternativa de trambiques.
Foi nessa
época, segundo o delator, que ganharam impulso as obras da refinaria Abreu e
Lima, hoje célebre por seus superfaturamentos. “Vai ficar pronta em novembro
deste ano”, previu Paulo Roberto. “A parte de terraplanagem começou em 2007.”
Antes, segundo suas palavras, “teve um período de pouquíssima realização
financeira.”
A
corrupção aumentou na proporção direta da elevação da “realização financeira”.
De acordo com o delator, os contratos celebrados na Petrobras rendiam um
pedágio político de 3%, que desciam às arcas de pelo menos três legendas: PT,
PMDB e PP. A campanha eleitoral de 2002 fora irrigada com as verbas sujas do
mensalão. A de 2010, informou Paulo Roberto, foi besuntada com verbas do
petrolão, como vem sendo chamado o novo escândalo.
Um dos
pontos áureos do depoimento de Paulo Roberto Costa foi o instante em que,
autorizada pelo juiz Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato, a defesa do
doleiro Alberto Youssef formulou um lote de perguntas ao depoente. O inquisidor
fez os questionamentos sabendo quais seriam as respostas do delator.
Interessava-lhe deixar assentado nos autos que Youssef era um mero operador,
não o mentor da petro-roubalheira.
— O
senhor disse que Alberto Youssef procurava pessoas nas empreiteiras para pegar
o dinheiro. É isso?, indagou o defensor do doleiro.
—
Correto, respondeu Paulo Roberto, seco.
— As
empresas sabiam que esse dinheiro que estava sendo pago ia para agentes
públicos?
— Sim.
Na
abertura do depoimento, o juiz determinara que não fossem mencionados os nomes
das autoridades e dos políticos suspeitos de corrupção. Eles dispõem de
prerrogativa de foro. Estão sendo investigados pelo STF. Daí o advogado ter
tratado os beneficiários das propinas apenas como “agentes públicos”.
— Eles
[os representantes das empresas] tinham convicção de que esse dinheiro ia
financiar políticos e campanhas políticas?, prosseguiu o defensor de Youssef.
—
Certamente. Sim, a resposta é sim, disse Paulo Roberto, em timbre categórico.
— Ou
seja, esse esquema, me perdoe a expressão, de propina era também usado para
financiar políticos brasileiros e o esquema de financiamento de campanhas
políticas?, insistiu o advogado de Youssef.
— A
resposta é sim.
— Em
2010, o senhor disse que esse dinheiro financiou campanhas políticas?
— Sim.
— Várias
campanhas?
— Várias.
—
Inclusive majoritárias?
Candidatos
majoritários concorrem ao Senado, aos governos estaduais e à Presidência da
República. O juiz farejou as intenções do advogado. E interveio: “Não, aí não
vamos entrar nessa questão, doutor”, brecou. “Eu disse campanhas, Excelência,
não disse de quem era”, tentou justificar o defensor do doleiro. E o
magistrado: “Doutor, está indeferida a questão.”
“O senhor
concorda que esse sistema acaba prejudicando um pouco o meu cliente?”, indagou
o advogado. O juiz ironizou: “Bem, mas seu cliente é um político ou é o senhor
Alberto Youssef?” O advogado tentou esticar a prosa: “A partir do momento que
ele tem…” Mas não teve tempo de completar a frase: “Está indeferida a pergunta,
doutor!”
Operação Lava Jato da PF33 fotos
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8.out.2014
- O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa viajou do Rio de Janeiro para
Curitiba para prestar seu primeiro depoimento à Justiça Federal depois do
acordo de delação premiada. Costa e o doleiro Alberto Youssef disseram que o
tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, intermediava os recursos desviados
de obras da estatal para o partido. Costa também declarou em depoimento à
Justiça que existe um cartel de cerca de dez empresas que controla grande obras
dentro e fora da Petrobras.
Nada mais
revelador da encrenca que está por vir do que o silêncio sobre os nomões
escondidos atrás do escândalo. As cifras desviadas são bilionárias. A Polícia
Federal estima que apenas o doleiro Alberto Youssef, que operava em nome do PP,
lavou o equivalente a R$ 10 bilhões em dinheiro sujo. E ele não era o único a
atuar na Petrobras.
Pelo PT,
disseram Paulo Roberto e Alberto Youssef, operava o diretor Financeiro da
legenda, João Vaccari Neto. Pelo PMDB, quem passava o chapéu era um cidadão
chamado Fernando Soares. O esquema se servia de propinas pagas por pelo menos
12 empresas: Camargo Corrêa, OAS, UTC, Odebrecht, Queiroz Galvão, Toyo Setal,
Galvão Engenharia, Andrade Gutierrez, Iesa, Engevix, Jaraguá Equipamentos e
Mendes Junior. Todas negaram participação no esquema. Operavam sob a forma de cartel. Dentro e
fora da Petrobras, disse Paulo Roberto.
Youssef
prestou depoimento na sequência. Confirmou a maioria das informações de Paulo
Roberto. Ecoando as preocupações de sua defesa, o doleiro qualificou-se como parte
da engrenagem, não como mentor. A certa altura o juiz Sérgio Mouro pediu a
Youssef que esclarecesse como funcionava o recebimento das propinas de 3%
que o PP (1%) era obrigado a dividir com o PT (2%). O doleiro expressou-se com
um didatismo hediondo:
“Vou
explicar, para Vossa Excelência entender: o contrato é um só. Uma obra da
Camargo Corrêa, de R$ 3,480 bilhões —R$ 34 milhões ela tinha que pagar para o
PP. Eu era responsável por esse aporte [referente à diretoria de
Abastecimento]. A outra parte eu não era responsável. A empresa tinha que pagar
mais 1%, mais R$ 34 milhões, ou 2%, como o Paulo Robeto está dizendo, para
outro operador, no caso o João Vaccari”, já que o PT controlava a diretoria de
Serviços, responsável por orçar, licitar e fiscalizar as obras tocadas por
outras diretorias.
No
instante em que encerrava o interrogatório de Paulo Roberto Costa, o juiz
Sérgio Moro perguntou ao delator se ele queria “dizer alguma coisa”. E o
interrogado: “Queria dizer só uma coisa, Excelência. Eu trabalhei na Petrobras
35 anos. Vinte e sete anos do meu trabalho foram trabalhos técnicos,
gerenciais. E eu não tive nenhuma mácula nesses 27 anos.”
Paulo
Roberto prosseguiu: “Se houve erro —e houve, não é?— foi a partir da entrada
minha na diretoria por envolvimento com grupos políticos, que usam a oração e
São Francisco, que é dando que se recebe. Eles dizem muito isso. Então, esse
envolvimento político que tem, que tinha, depois que eu saí não posso mais
falar, mas que tinha em todas as diretorias da Petrobras é uma mácula dentro da
companhia…”
A ser
verdade o que disse Youssef em seu depoimento, o próprio Paulo Roberto é fruto
de uma chantagem política
dos aliados do Planalto. Nessa versão, ele foi alçado ao posto de diretor
depois que deputados governistas bloquearam as votações na Câmara por 90 dias.
Se a prisão dos mensaleiros ensinou alguma coisa foi que a ética não pode ser
ensinada a quem não quer aprender. Quem sai aos seus não endireita.