O QUE É A ENGENHARIA DE PETRÓLEO?
É o conjunto de técnicas usadas para a descoberta de poços e jazidas e
para a exploração, produção e comercialização de petróleo e gás natural. O
bacharel em Engenharia de Petróleo, ou engenheiro de petróleo, tem como campo
de atividade, petroleiros, refinarias, plataformas marítimas e petroquímicas.
Com seus conhecimentos em engenharia, geofísica, mineração e geologia, ele
trabalha na descoberta de jazidas de petróleo e também em poços de gás natural.
É da responsabilidade desse profissional desenvolver projetos que visem à
exploração e à produção desses bens sem prejuízo ao meio ambiente nem
desperdício de material. Além disso, cuida do transporte do petróleo e seus
derivados, desde o local da exploração até a chegada na refinaria. Esse
especialista também pode atuar em consultorias ambientais e no setor de
exportação e importação, fazendo pesquisas de preços de matérias-primas ou
captando compradores. É requisito da profissão, conhecer a legislação internacional que regula
as atividades ligadas ao petróleo e seus derivados e, como a maior parte das
empresas do setor é estrangeira, é necessário ter fluência em inglês.
Com o propósito de informar
aos leitores desse blog sobre esta importante profissão do momento, solicitamos
a devida licença aos autores da Apostila para a sua divulgação.
Introdução
à Engenharia de Petróleo-Apostila
Enviado
por:
Arquivado
no curso de Engenharia de Petróleo na UNIRADIAL
FONTE: http://www.ebah.com.br/engenharia-petroleo
UNISUAM Raquel G. Gonçalves
INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE PETRÓLEO
CAPÍTULO I – O PETRÓLEO
O
petróleo foi um dos primeiros recursos naturais que nossos antepassados
aprenderam a usar, sua participação remota a tempos bíblicos. No entanto, sua
utilização mais intensa se deu, realmente, em torno de 1847, quando um
comerciante de Pittsbourg, na Pensilvânia, EUA, começou a engarrafar e vender
petróleo de vazamentos naturais, oil seeps, para ser utilizado como
lubrificante. Cinco anos depois, em 1852, um químico canadense descobriu que o
aquecimento e a destilação do petróleo produzia querosene, um líquido que podia
ser utilizado em lâmpadas. Essa descoberta condenou as velas e as lâmpadas de
óleo de baleia. Em 27 de agosto de 1859, em Titusville, Pensilvânia foi
perfurado o primeiro poço de petróleo, com profundidade de apenas 21,2 metros,
do qual se obteve 2 m3 por dia de óleo. O petróleo foi rapidamente
descoberto em outros locais dos EUA, como West Virginia (1860), Colorado
(1862), Texas (1866) e Califórnia (1875).
O Petróleo e sua Origem
Do latim petra
(pedra) e oleum (óleo), o petróleo no estado líquido é uma substância
oleosa, inflamável, menos densa que a água, com cheiro característico e cor
variando entre o negro e o castanho-claro. O termo petróleo é utilizado
para designar tanto o óleo quanto o gás natural.
O
petróleo é um combustível fóssil, originado da decomposição não-oxidante de
matéria orgânica armazenada em sedimentos, que migra através de aqüíferos e
fica aprisionado em reservatórios. A interação dos fatores – matéria orgânica,
sedimento e condições termoquímicas apropriadas – é fundamental para o início da
cadeia de processos que leva à formação do petróleo. A matéria orgânica
proveniente de vegetais superiores também pode dar origem ao petróleo, todavia
sua preservação torna-se mais difícil em função do meio oxidante onde vivem.
O tipo de
hidrocarboneto gerado, óleo ou gás, é determinado pela constituição da matéria
orgânica original e pela intensidade do processo térmico atuante sobre ela. A
matéria orgânica proveniente do fitoplâncton, quando submetida a condições
térmicas adequadas, pode gerar hidrocarboneto líquido. O processo atuante sobre
a matéria orgânica vegetal lenhosa poderá ter como conseqüência a geração de
hidrocarbonetos gasosos.
Acumulações de Petróleo
A existência de acumulações de petróleo depende das características e do
arranjo de certos tipos de rochas sedimentares no subsolo. Basicamente, é
preciso que existam rochas geradoras que contenham a matéria-prima que se
transforma em petróleo e rochas-reservatório, ou seja, aquelas que possuem
espaços vazios, chamados poros, capazes de armazenar o petróleo. Essas rochas
são envolvidas em armadilhas chamadas trapas, compartilhamentos isolados
no subsolo onde não tem condições de escapar.
A
ausência de qualquer um desses elementos impossibilita a existência de uma
acumulação petrolífera. Logo, a existência de uma bacia sedimentar não garante,
por si só, a presença de jazidas de petróleo.
As rochas
geradoras são assim chamadas por tratar-se de um mineral formado
principalmente pelo acúmulo de fragmentos de outros minerais e detritos
orgânicos, e que, quando se encontra num ambiente de pouca permeabilidade – o
que inibe a ação de água circulante e diminui a quantidade de oxigênio
existente – cria as condições necessárias para a formação do petróleo.
Após o
processo de formação do petróleo, para que o mesmo se acumule, formando
posteriormente um reservatório, é necessário que após a geração ocorra a
migração do petróleo, e que no percurso desta migração exista alguma armadilha
geológica que permita a acumulação do óleo. Esta “migração” ainda é um assunto
que gera certa polêmica entre os geólogos; no entanto, o que se percebe é que o
petróleo é expulso da rocha onde foi gerado, talvez pelo microfraturamento já
observado nas rochas geradoras ou devido ás altas pressões de compactação
existentes.
Detalhe –
rocha reservatório
Assim, o
petróleo migra da rocha geradora para outra rocha, porosa e permeável, chamada Rocha
Reservatório, e continua seu fluxo no interior da mesma, até ser contido
por uma armadilha, isto é, uma estrutura geológica compreendida dentro de uma
rocha selante (impermeável), que permita que o óleo ali se confine.
Não
havendo a presença de uma rocha selante e de uma armadilha (trapa), o petróleo
não se acumularia, e continuaria seu fluxo rumo a áreas de menor pressão,
culminando em exsudações ou perda por degradação bacteriana e oxidação.
Armadilha
estrutural. É a
forma mais comum de acumulação de petróleo. Ocorre em regiões em que a crosta
esteve sujeita a compressão horizontal.
Armadilha
estratigráfica. Essas
armadilhas ocorrem em regiões em que a crosta esteve sujeita a compressão
vertical
O Petróleo e seus Constituintes
O
petróleo é constituído, basicamente, por uma mistura de compostos químicos
orgânicos: hidrocarbonetos parafínicos, isoparafínicos, naftênicos e
aromáticos. Além dos hidrocarbonetos mencionados, o petróleo apresenta outros
constituintes em menor percentual, compostos orgânicos contendo elementos
químicos como nitrogênio, enxofre, oxigênio (chamados genericamente de
compostos NSO) e metais, principalmente níquel e vanádio. Tais
constituintes são considerados nocivos aos produtos, equipamentos e ao meio
ambiente, sendo por isso considerados impurezas, devendo ser removidos em
processos de tratamento específicos. Juntamente com o petróleo são também
encontradas outras impurezas, como a água, sais e sedimentos.
A
presença destes contaminantes irá implicar numa maior ou menor qualidade do
petróleo. Quanto mais contaminantes, orgânicos ou inorgânicos, pior será sua
qualidade. O quadro abaixo mostra alguns prejuízos a constituição dos produtos
derivados dos hidrocarbonetos:
CONTAMINANTE:
|
ELEMENTO
QUÍMICO PRESENTE:
|
PREJUÍZO:
|
Compostos
Orgânicos Sulfurados
|
Enxofre
(S)
|
Corrosão,
Toxidez, Poluição.
|
Compostos
Orgânicos Nitrogenados
|
Nitrogênio
(N)
|
Retenção
de água emulsionada, Contaminação de catalisadores, Alteração da coloração de
produtos finais.
|
Compostos
Orgânicos Oxigenados
|
Oxigênio
(O)
|
Acidez,
Corrosividade, formação de gomas, odor.
|
Compostos
Orgânicos Metálicos
|
Metais
(principalmente Ni e V)
|
Agressão
a materiais, Contaminação de catalisadores.
|
Quando a
mistura contém uma maior porcentagem de moléculas pequenas seu estado físico é
gasoso e quando a mistura contém moléculas maiores seu estado físico é líquido,
nas condições normais de temperatura e pressão.
O
petróleo contém centenas de compostos químicos, e separá-los em componentes
puros ou misturas de composição conhecida é praticamente impossível. O petróleo
é normalmente separado em frações de acordo com a faixa de ebulição dos
compostos. A tabela a seguir mostra as frações típicas que são obtidas do
petróleo.
Fração
|
Temperatura
de Ebulição (ºC)
|
Composição
aproximada
|
Usos
|
Gás
Residual
|
-
|
C1 – C2
|
Gás
combustível
|
Gás
liquefeito de petróleo – GLP
|
Até 40
|
C3 – C4
|
Gás
combustível engarrafado, uso doméstico e industrial.
|
Gasolina
|
40 –
175
|
C5 –
C10
|
Combustível
de automóveis, solvente.
|
Querosene
|
175 –
235
|
C11 –
C12
|
Iluminação,
combustível de aviões a jato.
|
Gasóleo
leve
|
235 –
305
|
C13 –
C17
|
Diesel,
fornos.
|
Gasóleo
pesado
|
305 –
400
|
C18 –
C25
|
Combustível,
matéria-prima para lubrificantes.
|
Lubrificantes
|
400 –
510
|
C26 –
C38
|
Óleos
lubrificantes.
|
Residuo
|
Acima
de 510
|
C38+
|
Asfalto,
piche, impermeabilizantes.
|
Os óleos
obtidos de diferentes reservatórios de petróleo possuem características
diferentes. Alguns são pretos, densos, viscosos, liberando pouco ou nenhum gás,
enquanto que outros são castanhos ou bastante claros, com baixa viscosidade e
densidade, liberando quantidade apreciável de gás. Outros reservatórios, ainda
podem produzir somente gás.
A Classificação do Petróleo
Dependendo
de sua densidade (gravity), os óleos são classificados pelo American
Petroleum Institute – API – em vários graus (specific gravity), sendo
que os com maior graduação são os melhores, ou seja, são petróleos mais leves.
Como exemplo, um óleo de 17º API é muito pesado e um de 30º API é mais leve.
Alguns
fatores podem afetar o ºAPI dos óleos, tais como:
- A idade geológica: as rochas antigas tendem a ter maior graduação; mas, rochas terciárias podem ter cerca de 40º API, como as do Mar do Norte.
- Profundidade do reservatório: quanto maior a profundidade, maior a graduação.
- Tectonismo: altas graduações são mais comuns em regiões com muitas tensões nas camadas geológicas.
- Salinidade: os reservatórios de origem marinha tendem a ter maiores graduações do que os de origem de ambientes com água salobra ou fresca.
- Teor de enxofre: este teor é alto em óleos de baixa graduação.
A
classificação do petróleo, de acordo com seus constituintes, interessa desde os
geoquímicos até os refinadores. Os primeiros visam caracterizar o óleo para
relacioná-los à rocha-mãe e medir o seu grau de degradação. Os refinadores
querem saber a quantidade das diversas frações que podem ser obtidas, assim
como sua composição e propriedades físicas.
Assim, os
óleos parafínicos são excelentes para a produção de querosene de aviação (QAV),
diesel, lubrificante e parafinas. Os óleos naftalênicos produzem frações
significativas de gasolina, nafta petroquímica, QAV e lubrificantes, enquanto
que os óleos aromáticos são mais indicados para a produção de gasolina,
solventes e asfalto.
FAMÍLIA
|
PRODUTO
|
CARACTERÍSTICA
|
Parafínicos
|
QAV
|
Combustão
limpa
|
Diesel
|
Facilidade
ignição
|
|
Lubrificantes
|
Constância
da viscosidade com temperatura
|
|
Parafinas
|
Facilidade
na cristalização
|
|
Naftênicos
|
Gasolina
|
Solução
de compromisso entre a qualidade e a quantidade do derivado.
|
Nafta
petroquímica
|
||
QAV
|
||
Lubrificantes
|
||
Aromáticos
|
Gasolina
|
Ótima
resistência à detonação
|
Solventes
|
Solubilização
|
|
Asfaltos
|
Agregados
moleculares
|
|
Coque
|
Elevado
|
- CLASSE PARAFÍNICA (75% ou mais de parafinas)
Nesta
classe estão os óleos leves, fluidos ou de alto ponto de fluidez, com densidade
inferior a 0,85. A maior parte dos petróleos produzidos no Nordeste brasileiro
é classificada como parafínica.
Este tipo
de petróleo produz subprodutos com as seguintes propriedades:
- Gasolina de baixo índice de octanagem.
- Querosene de alta qualidade.
- Óleo diesel com boas características de combustão.
- Óleos lubrificantes de alto índice de viscosidade, elevada estabilidade química e alto ponto de fluidez.
- Resíduos de refinação com elevada percentagem de parafina.
- CLASSE PARAFÍNICO-NAFTÊNICA (50 – 70% parafinas, >20% de naftênicos)
Os óleos
desta classe são os que apresentam densidade e viscosidade maiores do que os
parafínicos, mas ainda são moderados. A maioria dos petróleos produzidos na
Bacia de Campos, RJ, é deste tipo.
- CLASSE NAFTÊNICA (>70% de naftênicos)
Nesta
classe enquadra-se um número muito pequeno de óleos. Apresentam baixo teor de
enxofre se originam da alteração bioquímica de óleos parafínicos e
parafínico-naftênicos. Alguns óleos da América do Sul, da Rússia e do Mar do
Norte pertencem a esta classe.
O
petróleo do tipo naftênico produz subprodutos com as seguintes propriedades
principais:
- Gasolina de alto índice de octonagem.
- Óleos lubrificantes de baixo resíduo de carbono.
- Resíduos asfálticos na refinação.
- CLASSE AROMÁTICA INTERMEDIÁRIA (>50% de hidrocarbonetos a aromáticos)
Compreende
óleos freqüentemente pesados, contendo uma densidade usualmente é maior que
0,85. Alguns óleos do Oriente Médio (Arábia Saudita, Catar, Kuwait, Iraque,
Síria e Turquia), África Ocidental, Venezuela, Califórnia e Mediterrâneo
(Sicília, Espanha e Grécia) são desta classe.
- CLASSE AROMÁTICO-NAFTÊNICA (>35% de naftênicos)
Óleos
deste grupo sofreram processo inicial de biodegradação, no qual foram removidas
as parafinas. Eles são derivados dos óleos parafínicos e parafínico-naftênicos.
Alguns óleos da África Ocidental são deste tipo.
- CLASSE AROMÁTICO-ASFÁLTICA (>35% de asfaltenos e resinas)
Estes
óleos são oriundos de um processo de biodegradação avançada em que ocorreria a
reunião de monocicloalcenos e oxidação. Podem também nela se enquadrar alguns
poucos óleos verdadeiramente aromáticos não degradados da Venezuela e África
Ocidental. Entretanto, ela compreende principalmente óleos pesados e viscosos,
resultantes da alteração dos óleos aromáticos intermediários. Nesta classe
encontra-se os óleos do Canadá ocidental, Venezuela e sul da França.
CAPÍTULO II – O HISTÓRICO DO PETRÓLEO NO MUNDO E NO
BRASIL
A
indústria do petróleo é um dos setores que mais tem registrado avanços
tecnológicos nos últimos tempos, sobretudo no segmento upstream. Este
segmento, relativo às atividades de exploração e produção, consiste em uma
série de atividades complexas, que demandam vultosos investimentos e
profissionais altamente qualificados para em prática seu objetivo: descobrir e
produzir petróleo.
A partir
da industrialização do petróleo, em 1859, o dinamismo experimentado pelo setor
fez com que novas tecnologias evoluíssem. Hoje, as atividades de pesquisa têm
início em satélites que captam dados geológicos e indicam a provável
localização de bacias petrolíferas. Uma coisa, no entanto, não mudou: o
espírito aventureiro daqueles que se dedicam a esta atividade. Embrenhar-se em
matas ou em regiões inóspitas ainda é tarefa de técnicos, pesquisadores e
geólogos, que têm de ir a campo realizar testes sísmicos e geológicos,
delimitar a área e até perfurar poços para mensurar a qualidade e quantidade do
reservatório. É com este mesmo espírito de aventura que as páginas seguintes
deste capítulo convidam você a uma incursão neste apaixonante mundo da
indústria do petróleo.
A História do Petróleo no Mundo
Existem
relatos da existência e utilização do petróleo que remontam à antiguidade.
Muitos povos utilizavam-se dos vazamentos naturais e os registros dão conta da
utilização na Torre de Babel e na Arca de Noé, no embalsamento de mortos
ilustres pelos egípcios, na pavimentação de estradas pelos Incas, como
aglutinante de tijolos pelos Sumérios, para fins bélicos por gregos e romanos,
entre outros.
Desde o
século XVI, o principal motivo das expansões marítimas e das atividades
econômicas européias, como é sabido, foi á busca do ouro. Reis, navegantes,
soldados e mercadores de Portugal, da Espanha, da Holanda e da Inglaterra, cada
um por si, lançaram-se na localização e exploração do precioso mineral em
qualquer parte do mundo. Entretanto, a partir do século XIX, um outro tipo de
ouro vai atiçar a cobiça humana.
Em torno
de 1847, o petróleo começou a ser utilizado comercialmente, quando um
comerciante de Pittsbourg, na Pensilvânia, EUA, começou a engarrafar e vender
petróleo de vazamentos naturais (oil seeps) para ser utilizado como
lubrificante. Cinco anos depois, em 1852, um químico canadense descobriu que o
aquecimento e a destilação do petróleo produzia querosene, um líquido que podia
ser utilizado em lâmpadas.
As
primeiras tentativas de perfuração de poços de petróleo aconteceram nos Estados
Unidos, com Edwin L. Drake. Após meses de perfuração, Drake encontra petróleo,
a 27 de agosto de 1859, em Titusville, Pensilvânia. O poço encontrado possuía
uma profundidade de apenas 21,2 metros, do qual se obteve 2 m3 por
dia de óleo. Passados cinco anos, achavam-se constituídas nos Estados Unidos,
nada menos que 543 empresas entregues ao novo e rendoso ramo de atividades.
É fácil
perceber o rápido avanço da indústria em função da enorme demanda. Para
começar, as principais matérias-primas utilizadas na época eram o óleo de
baleia para a iluminação, bem como velas de cera, carvão e alcatrão. O uso do
querosene obtido com a destilação do petróleo, bem mais barato, revolucionou a
sociedade da época. Com a posterior criação da indústria automobilística e do
avião, somada à sua utilização nas guerras, o petróleo tornou-se o principal
produto estratégico do mundo moderno, sedimentando-se de vez seu uso como
matriz energética.
De 1908 a
1950, as companhias multinacionais formaram verdadeiros impérios monopolizando
todas as zonas produtoras de petróleo espalhadas pelo mundo, mas concentradas
basicamente no Oriente Médio. Vale ressaltar que a supremacia americana como
maior produtor mundial de petróleo se deu, em parte, à atuação do empresário
John Rockefeller (fundador da Standar Oil, em 1870) que, de modo bastante
arrojado, conduziu seus negócios tendo sempre em vista a expansão de suas
atividades, aperfeiçoando produtos, investindo em tecnologia, construindo novas
refinarias e abrindo novos mercados. No período situado entre 1920 e 1930,
Rockfeller viu sua Standard Oil (mais tarde Exxon) liderar o grupo que ficou
conhecido no mundo como “as sete irmãs”: Exxon, Chevron, Móbil, Texaco, Gulf,
British Petroleum e Shell.
Durante a
Segunda Guerra Mundial a demanda por petróleo e derivados atingiu proporções
gigantescas; afinal, as forças armadas necessitavam de combustíveis para
movimentar suas máquinas de guerra. Também no pós-guerra a procura se
intensificou e, à medida que um novo quadro geopolítico se desenhava, alguns
fatos pertinentes à indústria do petróleo se desenvolviam.
Em 1950 o
Oriente Médio tem um desenvolvimento notável em sua produção, e outros
resultados importantes forma registrados no Norte da África, no Canadá e na
Nigéria. Não obstante, os Estados Unidos continuam detendo metade da produção
mundial, condição francamente ameaçada pelos novos pólos surgentes. Em
paralelo, começa também o maior incremento das atividades exploratórias e o
advento de novas tecnologias, permitindo cada vez mais experiências no mar.
Neste
período de franca expansão destas atividades, os países começaram a se
preocupar com a regulação das mesmas, a fim de defender seus interesses e
garantir a divisão dos lucros obtidos pelas companhias multinacionais. Alguns
adotaram um sistema de concessão de áreas limitadas, como a Venezuela e Canadá,
enquanto outros permitiram a exploração indiscriminada de seus recursos em
troca de valores predeterminados, pagamento de royalties, emprego de
mão-de-obra local, etc.
A maioria
dos países em desenvolvimento seguiu a política adotada pela Venezuela,
gradativamente as empresas foram vendo diminuir suas regalias sendo obrigadas a
aceitar o pacto dos cinqüenta mais cinqüenta, que tornava os estados-nacionais
sócios iguais delas.
A década
de 60 é marcada por dois fatos principais, que terão reflexo futuro. O primeiro
diz respeito ao consumo desenfreado do petróleo, em virtude do excesso na
produção mundial e conseqüente diminuição dos preços do mercado. O segundo foi
a fundação da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), por
iniciativa da Venezuela, Arábia Saudita, Kuwait, Iraque e Irã, representando
80% da exportação mundial de petróleo.
Tais
fatos contribuíram para a primeira crise do setor, quando, em 1972, o Clube de
Cientistas de Roma alertou o mundo para um déficit que poderia ocorrer em uma
década, em função da projeção produção x demanda, e do consumo sem
critério, levando à estimativa de que o petróleo acabaria em 50 anos, caso tal
situação permanecesse. Foi o suficiente para que a OPEP reduzisse sua produção,
embargasse as exportações e triplicasse os preços do barril de petróleo (de U$
2,9 para U$ 11,65). No plano político a justificativa aduzida foi em função do
apoio que os americanos deram aos israelenses na guerra do Yon-Kippur contra os
árabes, sendo a formação do cartel uma forma de represália. Essa crise assinala
uma mudança substancial dos conflitos. Agora não se trata mais de um
enfrentamento entre estados-nacionais e companhias multinacionais, mas entre
países produtores e consumidores.
Mais a
diante, em 1979, outra crise mundial abalou o mercado, ficando conhecida como o
segundo grande choque do petróleo: foi a revolução Islâmica no Irã, um dos
maiores exportadores de petróleo. Este momento foi marcado por interesses
políticos, cujos objetivos, além de depor do poder o Xá Reza Phalevi (aliado do
Ocidente no mundo árabe) e promover o aiatolá Khomeini, eram de duplicar o
preço do barril de petróleo.
A crise do Golfo
Depois de
ter-se envolvido numa desgastante guerra de fronteiras com o Irã, o ditador
iraquiano Saddam Hussein resolveu atacar, em 1990, o emirado do Kuwait, um dos
maiores produtores de petróleo do mundo. Saddam o transformou na 19ª província
da República Iraquiana. Tinha início mais uma crise do petróleo do após-Guerra.
O Kuwait era considerado fornecedor estratégico pelos Estados Unidos, fazendo
com que os americanos temessem que Saddam Hussein pudesse açambarcar o controle
de metade do fornecimento do petróleo na região. Igualmente receavam que ele
pudesse alastrar-se para a Arábia Saudita.
Em 1991,
com o apoio da ONU, liderando uma força multinacional (composta por ingleses,
franceses, italianos e outros países árabes), os Estados Unidos reconquistaram
o emirado e expulsou as tropas iraquianas de volta para suas fronteiras. Ao
bater em retirada os iraquianos incendiaram todos os poços de extração
provocando uma das maiores catástrofes ecológicas do mundo, fazendo com que
grande parte da vida animal do Golfo Pérsico fosse destruída.
As
principais crises do petróleo - todas elas depois da 2ª Guerra Mundial - que
abalaram de algum modo a economia mundial por terem interrompido o fluxo do seu
fornecimento, mostraram um cruzamento de conflitos. Podemos dividi-los em
dois tipos:
1) Os
primeiros conflitos que ocorreram entre os estados-nacionais em formação no
mundo árabe e as grandes empresas multinacionais euro-americanas visando
diretamente o controle do processo produtivo e distributivo. Tratou-se de uma
luta em torno do dinheiro e do poder.
2) As
crises de segundo tipo deram-se numa etapa posterior, envolvendo os países
produtores e os países consumidores.
A História do Petróleo no Brasil
A
história do petróleo no Brasil começa em 1858, onde o decreto n° 2266 assinado
pelo Marquês de Olinda, concede a José Barros Pimentel o direito de extrair
mineral betuminoso para fabricação de querosene de iluminação, em terrenos
situados nas margens do Rio Marau, na Província da Bahia.
Contudo,
as primeiras notícias sobre pesquisas diretamente relacionadas ao petróleo
ocorrem em Alagoas a partir de 1891, em função da existência de sedimentos
betuminosos no litoral. Em 1897, o fazendeiro Eugênio Ferreira de Camargo
perfurou, na região de Bofete (SP), o que foi considerado o primeiro poço
petrolífero do país, muito embora a iniciativa não foi coroada de êxito, visto
que o poço produziu apenas algo em torno de dois barris, além de água
sulfurosa.
Além das
iniciativas particulares, em 1919 foi criado o Serviço Geológico e Mineralógico
do Brasil, que perfura, sem sucesso, 63 poços nos estados do Pará, Alagoas,
Bahia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Em 1938,
já sob a jurisdição do recém-criado Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM), inicia-se a perfuração do poço DNPM-163, em Lobato, Bahia. O poço foi
perfurado com uma sonda rotativa e encontrou petróleo a uma profundidade de 210
metros. Apesar de não ser considerado economicamente viável, os resultados do
poço foram de fundamental importância para o desenvolvimento das atividades
petrolíferas no país.
O êxito
obtido em Lobato reforçou a necessidade do país diminuir a dependência em
relação às importações de petróleo. Conseqüentemente, em 1939 o governo de
Getúlio Vargas instala o Conselho Nacional do Petróleo (CNP), com a primeira
Lei do Petróleo do país, para estruturar e regularizar as atividades
envolvidas, desde o processo de exploração de jazidas, importação, exportação,
transporte, distribuição e comércio de petróleo e derivados. Este decreto
tornou o recurso patrimônio da União.
A
descoberta de petróleo em Lobato (1939) incentivou o CNP a continuar as
pesquisas naquela região do Recôncavo Baiano, resultando na descoberta da
primeira acumulação comercial de petróleo do país, o Campo de Candeias, em
1941.
Face ao
aumento crescente da demanda por petróleo e derivados no país, começam a
surgir, nos aos 50, conflitos de interesses quanto à melhor política a ser
adotada para regular a exploração do petróleo. Alguns grupos políticos
defendiam a liberdade da iniciativa privada, enquanto outros eram favoráveis a
um regime de monopólio estatal. Muitas campanhas e debates forma realizados por
ambas as partes, devido á importância do assunto.
Os
partidos políticos de esquerda que defendiam o monopólio estatal viram seus
anseios acolhidos, quando, após intensa campanha democrática, Getúlio Vargas,
em seu segundo governo, agora presidente eleito pelo povo, assina a Lei nº
2004, de 3 de outubro de 1953, que instituiu a Petróleo Brasileiro S/A
(Petrobras) como monopólio estatal de pesquisa e lavra, refino e transporte do
petróleo e seus derivados.
A partir
deste momento a Petrobras avança na descoberta de novas reservas, passando a
formar e capacitar seu quadro técnico, além de investir na ampliação do parque
de refino, visando reduzir os custos com a importação de derivados. Cabe
registrar os significativos avanços na exploração em águas profundas da bacia
de Campos – Rj, datados de meados da década de 80, cujas pesquisas confirmaram
como uma das maiores bacias produtoras do mundo.
Com o
passar do tempo a idéia da manutenção do monopólio não resistiu às pressões dos
grandes capitais externos, que, fazendo-se valer dos princípios do livre
comércio de uma economia cada vez mais globalizada, acabou por levar os
governantes da época à opção de abrir o mercado de exploração das reservas de
petróleo.
Neste
sentido, a Lei do Petróleo, de 1997, inicia uma nova fase na indústria
petrolífera brasileira. Entre as mudanças está a criação da Agência Nacional do
Petróleo (ANP), que substituiu a Petrobras nas responsabilidades de ser o órgão
executor do gerenciamento do petróleo no país, e na nova tentativa de
internacionalização do petróleo no Brasil. Esta Lei permitiu a formação de
parcerias com empresas interessadas em participar do processo de abertura do
setor, numa tentativa de trazer novos investimentos para o país.
Entre as
mais de 20 bacias petrolíferas conhecidas no país, a produção ultrapassa 1,5
milhão de barris ao dia. Atualmente, a Petrobras detém o recorde mundial de
perfuração exploratória no mar, com um poço em lâmina d'água de 2.777 metros.
Ela exporta a tecnologia de exploração nesses ambientes para vários países.
A
Petrobras tem cerca de 65% da área de seus blocos exploratórios offshore em
profundidades de água de mais de 400 m. Em conseqüência, nos últimos anos, a
empresa tem aumentado suas atividades de perfuração exploratória em águas cada
vez mais profundas.
Em
resumo, podemos dizer que a história do petróleo brasileiro encontra-se
dividida em quatro fases distintas:
- 1ª fase: Até 1938, com as explorações sob o regime da livre iniciativa. Neste período, a primeira sondagem profunda foi realizada ente 1892 e 1896, no Município de Bofete, Estado de São Paulo, por Eugênio Ferreira Camargo.
- 2ª fase: Nacionalização das riquezas do nosso subsolo, pelo Governo e a criação do Conselho Nacional do Petróleo (CNP), em 1938.
- 3ª fase: Estabelecimento do monopólio estatal, durante o Governo do Presidente Getúlio Vargas que, a 3 de outubro de 1953, promulgou a Lei nº 2004, criando a Petrobrás. Foi uma fase marcante na história do nosso petróleo, pelo fato da Petrobrás ter nascido do debate democrático, atendendo aos anseios do povo brasileiro e defendida por diversos partidos políticos.
- 4ª fase: A partir da queda do monopólio da Petrobrás, através da Lei do Petróleo, de 1997, que revoga a 2004 e também cria a Agência Nacional do Petróleo.
CAPÍTULO III – A INDÚSTRIA DO
PETRÓLEO
A
localização, produção, transporte, processamento e distribuição dos
hidrocarbonetos existentes nos poros e canais de uma rocha reservatório, que
pertence a um determinado campo petrolífero, estabelecem os cinco segmentos
básicos da indústria do petróleo:
Exploração: A reconstrução da história
geológica de uma área, através da observação de rochas e formações rochosas,
determina a probabilidade da ocorrência de rochas reservatório. A utilização de
medições gravimétricas, magnéticas e sísmicas permitem o mapeamento das
estruturas rochosas e composições do subsolo. A definição do local com maior probabilidade
de um acúmulo de óleo e gás é baseada na sinergia entre a Geologia, a Geofísica
e a Geoquímica, destacando-se a área de Geo-Engenharia de Reservatórios.
Explotação:
A fase
explotatória do campo petrolífero engloba as técnicas de desenvolvimento e
produção da reserva comprovada de petróleo de um campo petrolífero.
Exploração
e Explotação
O termo
exploração, em geologia, relaciona-se à fase de prospecção: busca e
reconhecimento da ocorrência dos recursos naturais, e estudos para determinar
se os depósitos têm valor econômico. A explotação é a retirada do recurso com
máquinas adequadas, para fins de beneficiamento, transformação e utilização.
Transporte: Pelo fato dos campos
petrolíferos não serem localizados, necessariamente, próximos dos terminais e
refinaria de óleo e gás, é necessário o transporte da produção através de
embarcações, caminhões, vagões, ou tubulações (oleodutos e gasodutos).
Processamento
e Refino: Apesar da
separação da água, óleo, gás e sólidos produzidos, ocorrer em estações ou na
própria unidade de produção, é necessário o processamento e refino da mistura
de hidrocarbonetos proveniente da rocha reservatório, para a obtenção dos
componentes que serão utilizados nas mais diversas aplicações (combustíveis,
lubrificantes, plásticos, fertilizantes, medicamentos, tintas, tecidos...)
Distribuição: Os produtos finais das estações
e refinarias (gás natural, gás residual, GLP, gasolina, nafta, querosene,
lubrificantes, resíduos pesados e outros destilados) são comercializados com as
distribuidoras, que se encarregarão de oferecê-los, na sua forma original ou
aditivada, ao consumidor final.
A Engenharia de Petróleo
A
Engenharia de Petróleo envolve o desenvolvimento das acumulações de óleo e gás
descobertas durante a fase de exploração de um campo petrolífero, sendo
associada, primordialmente, à área de explotação. Apesar de sua
característica marcante, a multidisciplinaridade, a Engenharia de
Petróleo pode ser dividida em quatro áreas básicas de atuação:
Reservatórios
Engloba
as seguintes atividades:
- Determinação das propriedades petrofísica das rochas reservatório e das propriedades dos fluidos da formação produtora de óleo e gás;
- Estimativa da reserva;
- Acompanhamento, planejamento e desenvolvimento de campos;
- Interpretação de resultados de testes de pressão;
- Simulação e previsão de comportamento de reservatórios de óleo e gás;
- Métodos de recuperação.
Perfuração
Contempla
as atividades relacionadas ao projeto e perfuração propriamente dita do poço
que faz a comunicação do reservatório com a superfície. O projeto do poço
determina as várias fases de perfuração, envolvendo a seleção da técnica
apropriada (para a perfuração, cimentação e revestimento do poço), do tipo de
sonda, da unidade de perfuração, dos vários equipamentos (brocas, colunas de
perfuração e revestimento, ferramentas de monitoração e controle de trajetória
do poço, ferramentas de perfilagem...) e dos fluidos de perfuração. No projeto
e execução do poço são considerados os fatores econômicos e, principalmente, os
aspectos de segurança inerentes à operação.
Completação
Trata da
preparação do poço para a produção, envolvendo técnicas de isolamento das zonas
produtoras e testes de vazão e pressão do poço. Dependendo-se do potencial
produtor do reservatório, vinculado às propriedades petrofísicas da rocha e das
propriedades dos fluidos do reservatório, há necessidade da utilização de
técnicas de estimação química (acidificação), mecânica (fraturamento
hidráulico) ou químico-mecânica, para se aumentar a produtividade do poço.
Produção
Envolve o
projeto, monitoração e garantia do fluxo de óleo/gás, do reservatório até a
superfície, na planta de superfície, e o envio para os sistemas externos de
transporte, ou armazenagem. Na linha de produção, são estudadas as propriedades
de fluidos e comportamento de fases, fluxo de óleo e/ou gás no reservatório,
escoamento multifásico no poço e nos dutos de produção, instalações de produção
terrestres e marítimas, separação de óleo, gás e água, métodos de elevação
artificial (bombeio de petróleo no caso de poços sem surgência natural),
automação e controle de processos, sistemática de projeto de desenvolvimento de
campo e gestão de produção.
CAPÍTULO VI – A PROSPECÇÃO DO
PETRÓLEO
A
Geologia busca, através de estudos que obedecem às Leis fundamentais da natureza
relacionadas com a física, a química e a matemática, entender a história da
Terra e a origem do seu relevo complexo. As observações feitas pelos geólogos
podem ser diretas, nos locais que permitem acesso, ou indiretas, através de
perfurações de poços ou de instrumentos de medidas indiretas de fenômenos que
ocorrem no interior da Terra.
Histórico
Na década
de 1930, descobriu-se que os cascalhos originados na perfuração de poços podiam
fornecer dados sobre as formações atravessadas, dependendo de sua profundidade,
assim como trouxe o desenvolvimento dos métodos de determinação do tipo de
petróleo e gás encontrado nas formações perfuradas.
As
previsões feitas através destes métodos eram muito elementares e variadas, pois
os mesmos não davam informações mais precisas. Mas, a partir destes cascalhos,
dos dados da perfuração e das características das rochas encontradas,
iniciou-se o desenvolvimento da tecnologia da análise, da interpretação e da
correlação das rochas, que possibilitaram a descoberta de muitos campos de
petróleo. Isto pode ser feito pela correlação entre poços perfurados numa mesma
área, identificando-se as rochas atravessadas e comparando-se com as dos poços
vizinhos.
Hoje em
dia, modernos métodos de avaliação, seja de perfis elétricos (uma espécie de
eletrocardiograma do poço), seja através de testes de formação (que podem obter
os tipos de fluidos existentes nas formações) e dos registros da perfuração,
permitem avaliar com maior precisão o tipo, quantidade e características do
óleo/gás encontrado.
A
identificação de uma área favorável à acumulação de petróleo é realizada
através de métodos geológicos e geofísicos, que, atuando em conjunto, conseguem
indicar o local mais propício para a perfuração. Todo o programa desenvolvido
durante a fase de prospecção fornece uma quantidade muito grande de informações
técnicas, com um investimento relativamente pequeno quando comparado ao custo
de perfuração de um único poço exploratório.
Métodos
Potenciais
A
gravimetria e a magnetometria, também chamadas métodos potenciais, foram muito
importantes no início da exploração de petróleo por métodos indiretos,
permitindo o reconhecimento e mapeamento da grandes estruturas geológicas que
não apareciam na superfície.
Gravimetria:
Atualmente
sabe-se que o campo gravitacional depende de cinco fatores: Latitude, elevação,
topografia, marés e variações de densidade em subsuperfície. As variações de
densidade em subsuperfície são, na verdade, o único item de interesse na
exploração gravimétrica para petróleo, pois permite fazer estimativas de
espessura de sedimentos em uma bacia sedimentar, presença de rochas com
densidades anômalas como as rochas ígneas e domos de sal, e prever a existência
de altos e baixos estruturais pela distribuição lateral desigual de densidades
em subsuperfície.
O mapa
gravimétrico obtido é denominado mapa Bouguer, em homenagem ao matemático
francês Pierre Bouguer (1698-1758). A interpretação do mapa Bouguer é ambígua,
pois diferentes situações geológicas podem produzir perfis gravimétricos semelhantes.
Portanto, a utilização individual do método não consegue diagnosticar com
confiabilidade a real estrutura do interior da Terra, apesar de mostrar a
existência de algum tipo de anomalia.
Magnetometria:
A
prospecção magnética para petróleo tem como objetivo medir pequenas variações
na intensidade do campo magnético terrestre, conseqüência da distribuição
irregular de rochas magnetizadas em subsuperfície.
Nos
levantamentos aeromagnéticos as medidas obtidas pelos magnetômetros dependem de
vários fatores, dos quais se destacam: latitude, altitude de vôo ou elevação,
direção de vôo, variações diurnas e presença localizada de rochas com
diferentes susceptibilidades magnéticas. As rochas sedimentares apresentam, em
geral, valores de susceptibilidade magnética muito baixos.
Da mesma
forma como os mapas Bouguer, os mapas magnéticos obtidos após as devidas
correções das medidas de campo podem apresentar interpretações ambíguas e devem
ser utilizados em conjunto com outros métodos. O exame cuidadoso destes mapas pode
fornecer estimativas da profundidade do embasamento e presença de rochas
reservatórios.
Métodos
Sísmicos
Sísmica
de refração:
O método
sísmico de refração registra
somente ondas refratadas com ângulo crítico e tem grande aplicação na área de
sismologia*. Foi através deste método que a estrutura interior da Terra foi
desvendada. Na área de petróleo sua aplicação é bastante restrita atualmente,
muito embora este método tenha sido largamente utilizado na década de 1950 como
apoio e refinamento dos resultados obtidos pelos métodos potenciais.
*Parte da
geologia e da geofísica que se dedica a estudar e prever os terremotos e as
ondas sísmicas artificiais e, associadamente, determinar a estrutura da Terra.
Sísmica
de reflexão:
O método
sísmico de reflexão é o método
de exploração mais utilizado atualmente na indústria do petróleo, destaca-se
pelo alto grau de eficiência, a um custo relativamente baixo. Mais de 90% dos
investimentos em prospecção são aplicados em sísmica de reflexão. Por este
método obtém-se excelente definição da formação geológica da subsuperfície,
permitindo a análise da probabilidade do acúmulo de hidrocarbonetos.
O levantamento sísmico baseia-se nas reflexões de
ondas elásticas geradas artificialmente, por exemplo, por explosões de cargas de
dinamite ou de ar comprimido que se propagam pelo interior da Terra, onde são
refletidas pelas interfaces das diversas formações rochosas. As reflexões são
captadas por equipamentos especiais denominados geofones (para registros
em terra) ou hidrofones (para registros no mar), os quais convertem as
vibrações mecânicas em oscilações elétricas que são transmitidas e registradas
nos sismógrafos.
A sísmica
convencional é chamada 2D (duas dimensões). Já a sísmica tridimensional, 3D,
permite uma melhor definição, pois determina a imagem tridimensional das
feições geológicas de subsuperfície.
O avanço
tecnológico já permite a utilização de sísmica 4D, em que a quarta dimensão é
representada pelo fator tempo. Trata-se da repetição da sísmica 3D em
intervalos periódicos (entre 6 a 12 meses), com o objetivo de monitorar a
movimentação de fluidos (extração, injeção de água, etc.) num campo de
petróleo, sendo por isso mais empregada num campo em produção, onde a extração
continuada acaba por acarretar queda de pressão no reservatório.
CAPÍTULO VII – A PERFURAÇÃO DOS
POÇOS DE PETRÓLEO
A
perfuração de um poço de petróleo, em terra (onshore) ou no mar (offshore),
é um trabalho contínuo e que só se conclui ao ser atingida a profundidade final
programada pelos estudos geológicos. A perfuração é feita utilizando-se uma
estrutura metálica, torre ou mastro, de 30 a 40 metros de altura, assim como de
seus equipamentos auxiliares, tais como: bombas de lama; colunas de tubos e
comandos; tanques de lama, de diesel, de cimento, etc; e outros mais.
A torre
ou mastro tem a finalidade de sustentar a tubulação vertical, em cuja
extremidade é colocada uma broca, a qual irá perfurar as rochas da
subsuperfície, através de rotação e peso sobre elas.
A fim de
evitar a entrada de fluidos de formações, desmoronamentos e para trazer o
material perfurado (cascalho) do fundo do poço para a superfície, são
utilizados fluidos especiais, chamados, vulgarmente, de lama de
perfuração.
Assim que
os cascalhos perfurados atingem a superfície, arrastados pela lama de
perfuração eles são analisados por um geólogo, para identificar as formações
geológicas atravessadas pela broca e, com isto, identificar se há ou não a
ocorrência de petróleo. Mesmo que não ocorram estes indícios, os poços sempre
fornecem maiores conhecimentos sobre a região explorada, possibilitando novas
interpretações geológicas da área.
Classificação dos Poços
- Quanto à Finalidade
- Exploração
- Pioneiro – descobrir jazida com base em dados geológicos ou geofísicos
- Estratigráfico – obter dados geológicos
- Extensão – ampliar limites conhecidos da jazida
- Pioneiro Adjacente – extensão que descobre novo campo
- Jazida mais Rasa – dentro dos limites do campo para descobrir
- Jazida mais Profunda – similar ao anterior
Os poços
exploratórios trazem um grau de incerteza elevado, dado que sua execução se dá
em área onde se possui pequeno conhecimento no que se refere às rochas e ao
reservatório. Os principais desafios se relacionam à pressões anormais, a
perdas de circulação devido a formações com baixa resistência. Estes aspectos
podem levar à perda de equipamentos e do próprio poço. Normalmente problemas de
logística também ocorrem (áreas remotas) e, principalmente, o poço pode ser
“seco”. Habitualmente, porém, são poços verticais. Há distintas estratégias
para a execução deste tipo de poço, que vão desde seu abandono até seu
aproveitamento como poço produtor, caso a reserva seja extraída. Estas
alternativas levam a tempos e custos diferentes.
- Explotação
- Desenvolvimento – drenar racionalmente HC
- Injeção – de fluidos no reservatório para aumentar recuperação
- Especial – sem o objetivo de procurar ou produzir HC
Os poços
explotatórios são aqueles dedicados ao desenvolvimento da produção. Sua locação
já é planejada com a certeza de se encontrar o HC. Atualmente, na Bacia de
Campos, estes poços são sempre horizontais, devido ao domínio tecnológico para
sua execução e por serem de maior produtividade – atravessam o reservatório
garantindo maior área de drenagem.
- Quanto à Profundidade Final
- Rasos (< 1500 m)
- Médios (entre 1500 m e 2500 m)
- Profundos (> 2500 m)
No Brasil
encontram-se em perfuração poços com até 7000 m de profundidade (Bacia de Santos,
poços exploratórios).
- Quanto à Geometria
Vertical
- Direcional
- Horizontal
A Coluna de Perfuração
Esta é
constituída de tubos de aço, tendo em uma de suas extremidades (tool-joints)
uma caixa e na outra um pino rosqueado, que permitem que sejam conectados uns
aos outros, constituindo assim a coluna de perfuração.
Abaixo
destes tubos são colocados os Comandos, também conhecidos em
inglês por drill collars, que são tubos de aço de peso elevado e que têm
por finalidade dar peso sobre a broca de perfuração. Entre os tubos e os
comandos são empregados pequenos tubos para fazer a transmissão entre os tubos
e os comandos, face terem diferentes tipos de roscas, são chamados subs.
Detalhe
de um tool-joints
Nas
colunas de perfuração ainda são empregados outros tipos de tubos menores e que
dependem do tipo de perfuração e das necessidades do poço, a saber:
- Estabilizadores: são tubos que possuem em seu corpo lâminas de tungstênio soldadas, ou camisas acopladas, para evitar o contato dos comandos com a parede do poço, ou para evitarem que este incline durante a perfuração;
- Amortecedores de choque: são tubos especiais que minimizam as vibrações e impactos sobre a broca e coluna;
- Percussores: que são utilizados para dar pancadas na coluna de perfuração, quando ocorrem prisões da coluna;
- Tubos de perfuração pesados (hevi-wate drill pipes): que são tubos de perfuração mais pesados que os normais, mas menos pesados que os comandos.
As Brocas de Perfuração
Há uma grande variedade de brocas de perfuração e
de seus fabricantes. Elas são manufaturadas para cada tipo de formação e para
todos os diâmetros de poços. As brocas de perfuração são classificadas quanto à
sua dureza e fabricadas para perfurar formações moles, médias, duras e para
toda a variedade de formações intermediárias entre estas.
O princípio fundamental do trabalho das brocas,
para perfurar as formações, é o de raspagem ou de trituramento do fundo do
poço, e para isso são empregados lâminas ou dentes, que podem ser de aço ou de
pastilhas de tungstênio. Além disso, elas possuem canais dentro de sua
estrutura, ligados em peças de tungstênio, especialmente manufaturadas,
chamadas de jatos – para conduzir a lama de perfuração, que incidirá sobre o
fundo do poço, com enorme impacto, o que auxiliará a perfuração e arrastará os
cascalhos para a superfície, mantendo o fundo limpo.
Como as
brocas de perfuração são um dos itens mais onerosos na perfuração de um poço de
petróleo, torna-se necessário o estudo muito cuidadoso, para a otimização de
sua utilização, a fim de serem empregadas em menor número possível e com máximo
rendimento. Além disso, é calculada a melhor hidráulica para os jatos da broca,
otimizando o seu impacto sobre as formações, bem como produzindo o melhor
arraste dos cascalhos, com isto, varia-se o diâmetro destes jatos, para que
sejam obtidos os melhores resultados possíveis.
Os Fluidos (Lama) de Perfuração
Os
fluidos de perfuração são misturas complexas de sólidos, líquidos, produtos
químicos e, por vezes, até gases. Do ponto de vista químico, eles podem assumir
aspectos de suspensão, dispersão coloidal ou emulsão, dependendo do estado
físico dos componentes.
Os
fluidos de perfuração devem ser especificados de forma a garantir uma
perfuração rápida e segura. Assim, é desejável que o fluido apresente as
seguintes características:
- Ser estável quimicamente;
- Estabilizar as paredes do poço, mecânica e quimicamente;
- Facilitar a separação dos cascalhos na superfície;
- Manter os sólidos em suspensão quando estiver em repouso;
- Ser inerte em relação a danos às rochas produtoras;
- Aceitar qualquer tratamento, físico e químico;
- Ser bombeável;
- Apresentar baixo grau de corrosão e de abrasão em relação à coluna de perfuração e demais equipamentos do sistema de circulação;
- Facilitar as interpretações geológicas do material retirado do poço;e
- Apresentar custo compatível com a operação.
Os
fluidos de perfuração possuem, basicamente, as seguintes funções:
- Limpar o fundo do poço dos cascalhos gerados pela broca e transportá-los até a superfície;
- Exercer pressão hidrostática sobre as formações, de modo a evitar o influxo de fluidos indesejáveis e estabilizar as paredes do poço;
- Resfriar e lubrificar a coluna de perfuração e a broca.
Sistemas Auxiliares
Preventor
de Erupções: (Blowout preventer – B.O.P.): É um conjunto de válvulas
utilizado para evitar que erupções de gás, óleo, água ou outros fluidos venham
a chegar na superfície. Quando uma ameaça (kick) ou mesmo uma erupção (bowout)
destes fluidos ocorre, estes equipamentos são acionados para fechar o poço e
desviar estes fluxos para o tanque de lama. O conjunto é constituído por uma
série de válvulas de alta pressão, colocadas uma em cima da outra e fixadas por
parafusos.
As
Operações de perfurações
Operações
de Rotina
As
operações normais que envolvem a atividade de perfuração são ditas de rotinas.
A conexão dos tubos de perfuração é um exemplo bem típico de tais operações.
Cumpre à equipe da sonda executa-las acrescentando seções de três tubos à
coluna de perfuração, deste modo penetrando aos poucos as formações. Ao se
perceber o término da vida útil da broca, necessária se faz sua substituição,
operação conhecida como manobra da coluna.
Tal
operação consiste em se retirar toda a coluna do poço, a fim de que uma broca
nova seja instalada. Tanto na decida quanto na retirada da coluna, as seções de
tubos, formadas por três unidades, são devidamente posicionada na torre, na
posição vertical, de modo a permitir maior agilidade e racionalidade no
manuseio das ferramentas.
Operações
Específicas
São
operações diferenciadas indispensáveis em casos específicos. Apresentam-se a
seguir alguns exemplos:
1) Perfilagem
Uma vez
perfurado o poço, são descidos em seu interior alguns equipamentos especiais
cuja finalidade é mensurar algumas propriedades das formações que farão parte
da caracterização e avaliação econômica do mesmo.
A
operação consiste no levantamento de características e propriedades das rochas
perfuradas, que são registradas, graficamente, em função da profundidade,
mediante o deslocamento de um sensor dentro do poço. As principais
características registradas são resistividade elétrica, radioatividade,
potencial eletroquímico, velocidade sísmica etc.
Da
análise dos perfis pode se identificar, por exemplo, as formações rochosas
atravessadas, calcular suas espessuras e porosidades, e identificar os tipos de
fluidos presentes nos poros das rochas.
Os
princípios utilizados são muitos variáveis, como o potencial espontâneo das
formações, raios gama, indução, reflexão sonora, entre outras.
2) Revestimento de poço
A
principal necessidade de se revestir um poço total ou parcialmente é devida à
proteção de suas paredes. Os riscos de desmoronamento são consideráveis,
havendo também diversos outros motivos que prescindem do revestimento.
Sendo o
poço perfurado em fases, vão sendo revestidos com tubos de aço especial,
colocados uns por dentro dos outros, formando as colunas de revestimentos. No
começo da operação, o tubo inicial tem pequena extensão, e diâmetro maior do
que os posteriores, formando um ajuste tipo telescópio para formar a coluna de
revestimento. À medida que o diâmetro diminuiu, o revestimento inicial, antes
dito de superfície, passa a ser chamado de intermediário e, depois, de
revestimento de produção.
Além da
proteção das paredes, são estas as principais funções da coluna de
revestimento:
- Não permitir a perde de fluido de perfuração para as formações.
- Permitir o retorno do fluido de perfuração à superfície, para o devido tratamento.
- Evitar a contaminação da água de possíveis lençóis freáticos.
- Dar suporte para os equipamentos de cabeça do poço etc.
3)
Cimentação de Revestimento
Uma vez instalada a coluna de revestimento do poço,
o espaço anular entre a coluna e a parede do poço é cimentado (preenchido com
uma mistura cimento/água), visando uma melhor fixação da coluna e isolamento
das zonas porosas e permeáveis atravessadas pelo poço. Esta operação é feita
por tubos condutores auxiliares, sendo que no revestimento de superfície toda a
extensão é cimentada e, nos demais, normalmente só a parte inferior, ou
intervalos predefinidos.
4) Testemunhagem de Poço
A
testemunhagem consiste na obtenção de uma amostra da formação rochosa de
subsuperfície, o testemunho, cuja finalidade é analisar informações úteis e
pertinentes à avaliação do poço, à equipe de engenharia de reservatórios, aos
geólogos etc.
A
operação é realizada com uma broca vazada e dois barriletes, um externo que
gira com a coluna, e outro interno, que aloja o testemunho. À que a broca
avança o cilindro, vai se alojando no interior no interior do barrilete interno
durante a perfuração.
5)
Completação de Poços e Petróleo
Após a
perfuração de um poço vem a fase da completação, que consiste numa série de
operações que têm por objetivo permitir a produção econômica e segura de
hidrocarbonetos, bem como injetar fluidos no reservatório quando necessário.
Entre as operações destacam-se a descida do revestimento de produção, com o
posterior “canhoneio” (utilização de uma carga explosiva que rompe o
revestimento e coloca o reservatório produtor em comunicação com o poço) e a
instalação da cabeça de poço.
O Canhoneio
A última
coluna de revestimento, a de produção, é canhoneada, isto é, perfurada
horizontalmente, por certo tipo de cargas explosivas, bem em frente à formação
produtora, de modo a permitir que o petróleo possa atravessar a pasta de cimento
existente em volta do revestimento, assim como as suas paredes metálicas, e
chegar ao interior do poço, para ser produzido.
A figura
acima mostra o resultado de disparos para canhoneio da formação produtora. Na
prática, vários disparos podem ser necessários e recomendáveis, com o fim de
abranger toda a espessura produtora.
Por dentro do revestimento de produção se desce a
coluna de produção, um tubo de pequeno diâmetro, da ordem de 3 polegadas, por
onde se produz o petróleo. A produção pode ser natural ou artificial, isto é,
bombeio ou injeção de gás no poço.
Os
Equipamentos de Cabeça de Poço
Em sua
parte superior, o poço recebe equipamento chamado cabeça de poço, com
configurações diferentes, conforme se esteja perfurando ou produzindo através
do poço. Este equipamento tem como função primordial a vedação das colunas de
revestimento, bem como servir de ancoragem para as mesmas.
Durante a produção, instala-se sobre a cabeça de
poço um conjunto de válvulas chamado de árvore de natal, com dispositivos de
segurança e controle de produção, além de vários outros itens possíveis.
N
Esquema
de uma Árvore de Natal Molhada
o caso de
completação de poços em terra, a árvore de natal fica na superfície. No caso de
completação de poço de mar, tais equipamentos são bem mais complexos, podendo
estar alocados na superfície (na plataforma) ou na água (submarina); as
submarinas podem ser do tipo árvore de natal seca, em cápsula, (protegida da
água e da pressão atmosférica) ou molhada (exposta à água).
Segurança
no Poço – Você já ouviu falar em Blowout?
À
ocorrência do fluxo indesejável de quaisquer fluidos para dentro do poço,
determinando a perda de controle em sua operação, dá-se o nome de Blowout.
Tal ocorrência pode acarretar sérias conseqüências, como acidentes pessoais,
dano ao reservatório e aos equipamentos, agressão ao meio ambiente, etc.
Um
blowout pode lançar toneladas de petróleo no oceano, além de, quando associados
a fogo, lançarem enormes to quantidades de poluição na atmosfera em um curto
espaço de tempo.
O maior
blowout de que se tem notícia ocorreu no México, em 1979, derramando mais de 1
milhão de toneladas de óleo cru no mar (estimativa moles –
http://www.moles.org/projectundergraund/drillbits/7_10/vs.html).
No
Brasil, um campo de gás batizado Mapele, localizado na Bacia do Recôncavo, a
cerca de 20km de Salvador e a poucos metros do acostamento da estrada
Rio-Bahia, tornou-se atração turística em 1962. Na finalização da perfuração do
poço, iniciou-se um blowout que se estendeu por um ano e meio, alimentando uma
chama que atingiu altura aproximada de 80 metros. A pressão do reservatório
superou a pressão da lama de perfuração e venceu os equipamentos de segurança,
e não obstante todos os esforços para controlar o fogo (perfuração de poços
para injeção de água), a chama só parou de queimar quando o reservatório se
exauriu.
Devido à
probabilidade de eventos dessa natureza, e tendo em vista que o fator segurança
é primordial em todos os aspectos, os poços são dotados de equipamentos de
segurança que permitem controla-los e até fecha-los se necessário.
Merece
destaque o Blowout Preventer (BOP), que é um conjunto de válvulas que
possibilita o fechamento do poço.
CAPÍTULO VIII – A PRODUÇÃO
OFFSHORE
Segurança
no Poço – Você já ouviu falar em Blowout?
À
ocorrência do fluxo indesejável de quaisquer fluidos para dentro do poço,
determinando a perda de controle em sua operação, dá-se o nome de Blowout.
Tal ocorrência pode acarretar sérias conseqüências, como acidentes pessoais,
dano ao reservatório e aos equipamentos, agressão ao meio ambiente, etc.
Um
blowout pode lançar toneladas de petróleo no oceano, além de, quando associados
a fogo, lançarem enormes quantidades de
poluição na atmosfera em um curto espaço de tempo.
O maior
blowout de que se tem notícia ocorreu no México, em 1979, derramando mais de 1
milhão de toneladas de óleo cru no mar (estimativa moles – http://www.moles.org/projectundergraund/drillbits/7_10/vs.html).
No
Brasil, um campo de gás batizado Mapele, localizado na Bacia do Recôncavo, a
cerca de 20km de Salvador e a poucos metros do acostamento da estrada
Rio-Bahia, tornou-se atração turística em 1962. Na finalização da perfuração do
poço, iniciou-se um blowout que se estendeu por um ano e meio, alimentando uma
chama que atingiu altura aproximada de 80 metros. A pressão do reservatório
superou a pressão da lama de perfuração e venceu os equipamentos de segurança,
e não obstante todos os esforços para controlar o fogo ( perfuração de poços
para injeção de água ), a chama só parou de queimar quando o reservatório se
exauriu.
Devido à
probabilidade de eventos dessa natureza, e tendo em vista que o fator segurança
é primordial em todos os aspectos, os poços são dotados de equipamentos de
segurança que permitem controla-los e até fecha-los se necessário.
óleo no
mar são utilizadas técnicas bem semelhantes às utilizadas em terra. As
primeiras sondas para perfuração marítima eram as mesmas sondas terrestres
adaptadas a uma estrutura que permitisse perfurar em águas rasas. No entanto,
diante da necessidade de se perfurar cada vez mais em águas profundas, novas
técnicas forma surgindo, orientadas especificamente para o atendimento dessas
necessidades.
As
plataformas podem ser classificadas de várias formas, como, por exemplo, pela
finalidade (perfuração de poços, produção de poços, sinalização, armazenamento,
alojamento...), pela mobilidade (fixas ou móveis), pelo tipo de ancoragem etc.
Os Tipos de Plataformas
As
plataformas têm sua utilização condicionada a alguns aspectos relevantes como a
profundidade da lâmina d’água, relevo do solo submarino, a finalidade do poço e
a melhor relação custo/benefício. Assim, temos os seguintes tipos de
plataformas:
- Plataformas Fixas
Em geral,
são estruturas espaciais em aço, formadas por elementos tubulares e apoiadas no
fundo do mar por meio de estacas cravadas no solo com o objetivo de
permanecerem no local de operação por longo tempo.
Caracterizam-se
por praticamente não apresentarem movimentos, e permitem a utilização de
árvores de Natal na superfície (completação seca), bem como a perfuração e
intervenção nos poços a partir de sonda instalada no seu convés.
As
plataformas fixas foram as primeiras a serem utilizadas, mas têm como limitante
a utilização em lâmina d’água em até 450 metros. Devido ao custo elevado,
compreendido entre projeto, montagem e instalação, sua aplicação é restrita a
campos que já tiveram sua exploração comercial comprovada.
As
plataformas fixas podem ser do tipo:
- Jaquetas;
- Estruturas de gravidade; ou
- Torres de Complacentes.
Torres
Complacentes
Jaquetas
Estruturas de Gravidade
As
plataformas fixas apresentam todas as utilidades necessárias ao seu bom
funcionamento, como equipamentos para perfuração e produção, alojamento etc.
As
Plataformas Fixas no Brasil:
Primeira
Plataforma Fixa: PGA-1, Instalada em 1969 em SE – LDA 26 m
Atualmente
existem 81 plataformas fixas de aço e 3 de concreto.
- Plataformas Submersíveis
Neste
tipo de plataforma, a estrutura e todos os equipamentos estão sobre um
flutuador, que se desloca com auxílio de rebocadores. Ao chegar no local, a
plataforma é lastreada até seu casco inferior se apoiar no fundo, em geral
macio e pouco acidentado. A sua aplicação é restrita a águas rasas e calmas,
pois sua limitação é justamente quanto à lâmina d’água, proporcional à altura
do casco inferior.
- Plataformas Auto-Eleváveis
As
plataformas auto-eleváveis (PAs) são constituídas, basicamente, de um balsa
equipada com estruturas de apoio, ou pernas, que acionadas mecânica ou
hidraulicamente movimentam-se para baixo até atingirem o fundo do mar. Em
seguida, inicia-se a elevação da plataforma acima do nível da água, a uma
altura segura e fora da ação das ondas.
São plataformas móveis, sendo transportadas por
rebocadores ou propulsão própria, destinadas à perfuração de poços
exploratórios na plataforma continental, em lâmina d’água que variam de 5 a 130
metros.
Devido à
estabilidade desta unidade, as porções de perfuração são semelhantes às
realizadas em terra. Os revestimentos são assentados no fundo do mar e
estendidos até a superfície, abaixo da subestrutura. Aí é conectado o
equipamento de segurança e controle de poço (ESCP), que é similar ao utilizado
em terra.
Estatisticamente,
este é o tipo de unidade de perfuração marítima que tem sofrido maior número de
acidentes. As operações de elevação e abaixamento são críticas e sofrem
bastante influência das condições de tempo e mar. Nos deslocamentos apresentam
dificuldades quanto ao reboque e, para grandes movimentações, devem ser
retiradas seções das pernas para melhorar sua estabilidade.
- Plataformas Flutuantes
As
plataformas flutuantes podem ser semi-submerssíveis ou navios-sonda.
As primeiras são compostas, basicamente, de uma estrutura com um ou mais
conveses, apoiada por colunas em flutuadores. Os navios- sonda forma
inicialmente adaptados, mas hoje são projetadas especialmente para a
perfuração.
Semi-submersível
Navios-sonda (FPSO)
Uma
unidade flutuante sofre movimentação devido à ação das ondas, correntes e
ventos, com, possibilidade de danificar os equipamentos a serem descidos no
poço. Assim é, necessário que ela fique posicionada na superfície do mar,
dentro de um círculo a ser executada e lâmina d’água. Dois tipos de sistemas
são responsáveis pelo posicionamento dinâmico.
O sistema
de ancoramento é constituído por oito a 12 âncoras e cabos e/ou correntes
atuando como molas que produzem esforços capazes de restaurar a posição do
flutuante, modificada pela ação das ondas, ventos e correntezas.
No sistema de posicionamento dinâmico não existe
ligação física da UPM com o fundo do mar, exceto a dos equipamentos de
perfuração. Sensores de posição determinam a deriva e propulsores no acaso
acionados por computadores restauram a posição da plataforma.
Devido ao
alto grau de liberdade dos movimentos da UPM durante as operações de
perfuração, os revestimentos ficam apoiados no fundo do mar por intermédio de
sistemas especiais de cabeça de poço, sendo que o retorno do fluido de
perfuração à superfície é feita através de uma coluna, chamada Riser, que se
estende até a plataforma.
As
plataformas flutuantes podem ter ou não propulsão própria. De qualquer forma,
possuem grande mobilidade, sendo preferidas para a perfuração de poços
exploratórios.
- Plataforma Tension Leg
São plataformas usadas para desenvolvimento de
campos. Sua estrutura é bastante similar a plataforma semi-submerssível, sendo
que suas penas principais são ancoradas no fundo do mar por meio de cabos
tubulares.
O grau de
flutuação da plataforma possibilita que as pernas mantenham-se tracionadas,
reduzindo severamente o movimento da plataforma. Assim, as operações de
perfuração e de completação são iguais às das plataformas fixas.