quarta-feira, 26 de junho de 2024

LULA PRECISA EVITAR A GASTANÇA DO SEU GOVERNO PARA DERRUBAR OS JUROS

História de Rolf Kuntz – Jornal Estadão

Para derrubar os juros, favorecer o consumo, baratear a dívida pública e estimular o investimento produtivo, o presidente Lula terá de fazer algo mais do que xingar o presidente do Banco Central e indicar aliados para o Copom, o Comitê de Política Monetária. Precisará evitar a gastança, cuidar das contas de governo e dar maior segurança a quem se preocupa com a evolução das finanças públicas. Esta é a mensagem clara e unânime dos membros do Copom na ata de sua última reunião, divulgada nesta terça-feira, 25.

A unanimidade talvez seja decepcionante para o chefe do governo. Afinal, nem os diretores por ele indicados há pouco tempo destoaram do recado severo e, pelos velhos padrões petistas, antipopular e contrário ao desenvolvimentismo.

Por esses padrões, o Copom, ao manter em 10,5% a taxa básica de juros, a Selic, favoreceu de novo os especuladores financeiros e continuou prejudicando o Brasil. Segundo a ata, no entanto, é preciso levar em conta o cenário externo adverso, as incertezas fiscais e as expectativas de inflação.

A “reancoragem das expectativas”, de acordo com o comitê, “requer uma atuação firme da autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação tanto das instituições como dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira”. Isso se traduz, na prática, na continuação do aperto monetário e, portanto, na sustentação de juros elevados.

Essa política seria dispensável, obviamente, se o governo assumisse a tarefa de estimular, no mercado, expectativas mais favoráveis. Isso envolveria uma gestão mais cuidadosa das finanças do poder central. Conduzido de forma ambiciosa, esse trabalho incluiria uma ampla revisão da natureza dos gastos. Em prazo mais longo, essa revisão poderia resultar numa reestruturação do orçamento, no rumo de maior flexibilidade, com menor peso das despesas obrigatórias.

Seria um trabalho técnica e politicamente complicado, com importantes consequências para a modernização administrativa do País. A curto prazo, o governo teria de se contentar com um pouco mais de racionalidade orçamentária, mas já haveria algum ganho para suas finanças e para seus planos e programas. Avanços maiores dependeriam de mudanças constitucionais e, portanto, de negociações complicadas e potencialmente custosas.

Lula tem feito críticas constantes ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por manter os juros em patamar elevado Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Lula tem feito críticas constantes ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por manter os juros em patamar elevado Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO© Fornecido por Estadão

Em prazo muito mais curto, e com efeitos projetados para este ano e, talvez, para os dois seguintes, o governo poderia empenhar-se numa severa revisão de gastos, em busca de equilíbrio orçamentário e, logo depois, de algum superávit. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já indicou disposição de trabalhar por esses objetivos. Depois de uma resistência inicial, o presidente mostrou alguma receptividade a uma proposta desse tipo. Um compromisso dessa natureza envolverá uma reavaliação de prioridades e, quase certamente, algumas negociações complicadas. Falta, no entanto, a fixação de um compromisso sério e sustentável do presidente com essa política.

Se avançar claramente nessa direção, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abrirá espaço para a redução de juros — sem brigar com o Banco Central e sem motivar incertezas perigosas. Com juros menores, condições fiscais mais previsíveis e maior segurança no mercado, será criado um ambiente mais favorável ao crescimento da produção e do emprego. Mesmo com muitas dúvidas em relação ao futuro, o consumo e as oportunidades de ocupação têm aumentado.

O presidente poderá obter maior proveito dessas condições se cuidar mais de suas tarefas, passar mais tempo no Brasil e encerrar a guerra com o Banco Central. Uma das condições favoráveis ao crescimento, a inflação razoavelmente contida, é produto do trabalho desse mesmo Banco Central. O presidente da República tropeçaria menos se abandonasse algumas tolices petistas, como a crença no desenvolvimento com inflação, e desse mais atenção à segurança proporcionada por uma política monetária séria e bem conduzida.

 

VOTO DOS RURALISTAS VÃO DEFINIR A ELEIÇÃO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

História de Redação – IstoÉ Dinheiro

Antes de se posicionar na disputa pela sucessão na Câmara, a bancada do agronegócio espera o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), definir qual candidato terá seu apoio. Parlamentares ligados à direção da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) afirmam considerar o momento ainda prematuro para essa discussão e dizem que qualquer costura política depende das sinalizações de Lira. De antemão, deputados ruralistas consideram que um candidato com “sensibilidade” às pautas do agro terá a preferência.

Há uma avaliação de que a bancada do agro apenas tentaria um caminho alternativo, ou seja, emplacar um candidato que não tenha as bênçãos de Lira, caso o presidente da Câmara escolhesse apoiar um nome muito governista. Os deputados, na visão de interlocutores da FPA, não querem mais ficar “nas mãos” do Palácio do Planalto e defendem a independência orçamentária do Legislativo, ampliada nos últimos anos, com o aumento do valor das emendas e da impositividade (pagamento obrigatório) de parte desses recursos.

O presidente da FPA, Pedro Lupion (PP-PR), é citado pelo setor e por alguns parlamentares como possível nome na disputa, mas integrantes do Centrão questionam sua viabilidade, já que as articulações para o comando da Câmara dependem mais de acordos partidários e de orientações das lideranças. Diante disso, a influência das bancadas temáticas no processo costuma ocorrer mais por meio das próprias legendas. Também dizem que as pré-candidaturas já estão consolidadas e dificilmente haverá espaço para um novo competidor.

As tratativas devem ganhar força somente após as eleições municipais de outubro, mas Lira tem dito nos bastidores que escolherá em agosto seu candidato. A eleição que renovará o comando das duas Casas do Congresso ocorrerá em fevereiro do ano que vem. Em público, o presidente da Câmara já citou três nomes: o líder do PSD, Antonio Brito (BA), o primeiro-vice-presidente da Casa, Marcos Pereira (Republicanos-SP), e o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), considerado o favorito de Lira.

A sucessão da Câmara ainda não é pauta prioritária na direção da frente parlamentar. No momento, Plano Safra, crise do arroz e reforma tributária concentram os esforços setoriais. Lupion tem dito a interlocutores que a bancada tende a avalizar e orientar o nome endossado por Lira, se o candidato também mantiver compromissos com a pauta setorial. “Lira tem compromisso conosco. Vamos aguardar a definição dele para o próximo passo”, disse ao Estadão/Broadcast. No entanto, ainda não há acordo firmado com o presidente da Câmara para isso. A FPA, maior bancada da Câmara com 324 deputados, deu apoio unânime à reeleição dele em 2023.

“Logicamente, a Frente vai ouvir todos os candidatos que se apresentem. Mas não tenho dúvida que um candidato apoiado pelo presidente Lira já tem vantagem por conta de uma relação de muita qualidade do Lira com a Frente”, afirmou o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), 1º vice-presidente da FPA na Câmara. A avaliação é de que Lira entregou o que prometeu à bancada durante seus dois mandatos no comando da Casa, inclusive em temas sensíveis, como o projeto do marco temporal para demarcação de terras indígenas e o projeto de novas regras para defensivos agrícolas. E, por isso, terá em princípio um voto de confiança para seu candidato.

O presidente da Câmara já recebeu a garantia do ex-presidente Jair Bolsonaro de que o PL, a maior sigla da Casa, estará com ele na disputa. Segundo aliados, Lira quer lançar Elmar, mas é preciso também fazer uma composição com o governo Lula, que resiste a dar aval ao líder do União.

Lira tem feito uma série de acenos às bancadas temáticas e a deputados do chamado “baixo clero” da Câmara – parlamentares com pouca expressão política – para unir apoios em torno de seu futuro candidato. De olho na FPA, colocou em votação projetos de lei contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

“Não estamos tratando isso (agora) na bancada até porque a bancada é setorial. Quem vai se envolver nessa questão são os partidos. Quando tiver candidatos anunciados, a bancada setorial vai sentar com cada um deles para entregar sua pauta”, disse o deputado Sérgio Souza (MDB-PR), ex-presidente da FPA. “O normal é conversarmos com cada um dos candidatos para debater pautas que interessam ao nosso setor. Só vamos discutir isso depois das eleições municipais, acrescentou.

“Reconheço que Arthur (Lira) foi um parceiro na maioria das causas do agro. Então, obviamente gostaríamos que fosse alguém que tivesse esse espírito de nos ouvir de modo semelhante ao do presidente Arthur. Não podemos negar que há também um fator forte de questão partidária”, afirmou à reportagem o deputado Zé Vitor (PL-MG), coordenador da comissão de Meio Ambiente da FPA.

O líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), também é mencionado para a disputa pelo comando da Câmara. Outros nomes citados são o do líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), e o do líder do PP, Doutor Luizinho (RJ).

Nome de Lupion é lembrado entre possíveis candidatos

Lupion é citado entre os potenciais candidatos à sucessão de Lira. A menção parte de deputados da oposição e de entidades setoriais. A viabilização da sua candidatura, contudo, é vista como pouco provável por depender de indicação das legendas. “Presidência da Câmara é questão partidária. O PP não discute o nome do Lupion”, afirmou um interlocutor que lembra que Lira e Lupion são próximos e da mesma sigla.

Outro fato que pode inviabilizar Lupion são posições tidas como “bolsonaristas” pelo Executivo, como a defesa da anistia a Bolsonaro e a assinatura de um pedido de impeachment de Lula protocolado pela deputada Carla Zambelli (PL-SP).

“Ele se consolida como a principal voz da oposição contra o governo, movimenta muita estrutura econômica e política contra o governo, mas falta traquejo partidário”, diz uma fonte. O perfil combativo de Lupion é classificado por interlocutores como positivo para a base, mas desfavorável a planos maiores em âmbito nacional. Outros lembram do seu papel de liderança à frente da coalizão das frentes parlamentares produtivas e da capacidade de unificar posições dissonantes. “Ele acumula uma série de vitórias setoriais. É natural figurar entre os cotados”, observa um parlamentar

Aliados de Lupion garantem que a sucessão na Câmara não está nos seus planos neste momento. O deputado busca a reeleição na FPA, que depende de mudança no estatuto da bancada. Seu mandato à frente do grupo se encerra em fevereiro de 2025.

Questionado sobre a adesão de deputados da oposição ao seu nome para disputar a presidência da Câmara e uma eventual candidatura, Lupion se limitou a dizer que fica honrado com a citação por colegas. “Essa candidatura não cabe a mim. Candidatura depende de composição partidária e de diversos fatores. Está cedo para falar disso ainda”, afirmou.

O maior movimento de endosso ao nome de Lupion vem de entidades setoriais, ligadas ao Instituto Pensar Agro (IPA). O pontapé inicial foi dado pelo ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que suscitou o tema em um evento do setor sucroenergético em Brasília no início de abril. “Certamente haveria consenso entre as entidades de classe para apoio a esse projeto. Ele está preparado para isso, mas se não for agora, no futuro próximo”, disse uma liderança do agronegócio. Existe um entendimento, entretanto, de que há uma influência menor dos setores econômicos em assuntos internos da Casa do que nas pautas e projetos legislativos.

 

STF CONCLUI NESTA SEMANA A LEGALIZAÇÃO DA DESCRIMINALIZAÇÃO DA POSSE DE MACONHA

História de JOSÉ MARQUES – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O STF (Supremo Tribunal Federal) retoma nesta terça-feira (25) o julgamento que pode levar à descriminalização do porte de maconha para uso pessoal, com os votos restantes dos ministros Luiz Fux e Cármen Lúcia. O processo se arrasta há nove anos, sem uma definição.

Falta apenas um voto para que o tribunal forme maioria para declarar inconstitucional —apenas em relação à maconha— o artigo da Lei de Drogas que considera crime a posse de entorpecentes para uso pessoal.

Até o momento, cinco ministros se manifestaram a favor desse entendimento: o presidente da corte, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Rosa Weber (já aposentada) e Gilmar Mendes.

Há também três votos contra a descriminalização, proferidos pelos ministros Cristiano Zanin, André Mendonça e Kassio Nunes Marques.

Na última quinta-feira (20), o ministro Dias Toffoli abriu um terceiro entendimento e interpretou que a legislação que trata do assunto é constitucional e não criminaliza o usuário. Também defendeu que a sanção administrativa deve ser analisada pela vara criminal.

Caso Fux e Cármen votem pela constitucionalidade da lei, o voto de Toffoli deve ser considerado maioria pela manutenção do texto da norma, e os ministros teriam que discutir qual interpretação prevalecerá.

No entanto, a expectativa é de que ao menos Cármen Lúcia siga a corrente de descriminalizar o porte de maconha e se manifeste pela inconstitucionalidade.

Os ministros também terão que definir qual a quantia que configura uso pessoal. Esse limite diferencia o usuário do traficante.

Quatro ministros (Gilmar, Moraes, Barroso e Rosa) fixaram a quantidade de 60 gramas ou seis plantas fêmeas para diferenciar usuário e traficante. Já Zanin e Nunes Marques defenderam que o limite seja de 25 gramas, enquanto Mendonça disse que deveriam ser 10 gramas.

Para Fachin, cabe ao Congresso definir a quantia, e Dias Toffoli defendeu que a Anvisa é quem deve definir os parâmetros em até 18 meses.

O processo sobre drogas começou a ser julgado em 2015 e foi paralisado em diversas ocasiões, por pedidos de vista (mais tempo para análise) de ministros.

O relator do processo é Gilmar Mendes, que defendeu inicialmente que a medida fosse estendida para todas as drogas e argumentou que a criminalização compromete medidas de prevenção e redução de danos, além de gerar punição desproporcional.

Ano passado, no entanto, ele ajustou seu voto e o restringiu à maconha, já que era a tendência a ser formada pela maioria dos seus colegas.

ENTENDA AS DIFERENÇAS

– Despenalizar: Conduta não deixa de ser crime, mas deixa de haver previsão de pena de prisão quando ela ocorre

– Descriminalizar: Conduta não se torna legal, mas deixa de ser tratada como crime e pode ser objeto ou não de sanção administrativa

– Legalizar: Conduta deixa de ser ilícito e e passa a ser regulada por lei

Em março, quando o Supremo voltou a julgar o tema, o Congresso Nacional reagiu. O Senado, presidido por Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aprovou uma PEC (proposta de emenda à Constituição) para incluir a criminalização de porte e posse de drogas na Constituição.

O texto foi validado em abril pelos senadores, por ampla maioria, e no último dia 12 a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados aprovou a proposta.

Ao anunciar que apoiaria a PEC, Pacheco disse que uma eventual decisão do STF pela não descriminalização seria bem vista pelo Congresso. “Não concordamos, obviamente, com a desconstituição daquilo que o Congresso Nacional decidiu que deve ser crime”, afirmou, à época.

A ação no STF pede que seja declarado inconstitucional o artigo 28 da lei 11.343/2006, a Lei de Drogas, que considera crime adquirir, guardar e transportar entorpecentes para consumo pessoal e prevê penas como prestação de serviços à comunidade. Já a pena prevista para tráfico de drogas varia de 5 a 20 anos de prisão.

A lei, no entanto, não definiu qual quantidade de droga caracterizaria o uso individual, abrindo brechas para que usuários sejam enquadrados como traficantes

QUAIS OS VOTOS?

– Cinco ministros votaram para descriminalizar o porte de maconha e para derrubar a lei

– Três ministros votaram para manter a situação atual, com pena alternativa, mas mantendo a criminalização do porte

– Toffoli abriu uma nova corrente. Para ele, a Lei de Drogas já não criminaliza o usuário

– Faltam votar os ministros Luiz Fux e Cármen Lúcia

QUANTIDADE

– Sete ministros votaram para fixar quantias para diferenciar tráfico de porte

– Dois ministros avaliam que o Congresso ou Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) devem deliberar

COMO VOTARAM SOBRE AS QUANTIAS PARA DIFERENCIAR PORTE DE TRÁFICO:

– 60 gramas: Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Alexandre de Moraes

– 25 gramas: Cristiano Zanin e Kassio Nunes Marques

– 10 gramas: André Mendonça

– Cabe ao Congresso Nacional definir: Edson Fachin

– A Anvisa deve definir os parâmetros em até 18 meses: Dias Toffoli

 

MINISTRO DA SECRETARIA-GERAL DA PRESIDÊNCIA ENFRENTA DESGASTE COM LULA

 

História de CATIA SEABRA, MARIANNA HOLANDA E RENATO MACHADO – Folha de S.Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, vem passando por um processo de desgaste interno no Palácio do Planalto, com críticas nos bastidores de pessoas próximas ao presidente Lula (PT).

Macêdo não é recebido por Lula para uma audiência exclusiva desde o 1º de Maio, de acordo com a sua agenda oficial. Na ocasião, o ministro sofreu críticas do presidente por não ter articulado com o movimento sindical o ato em São Paulo com Lula, que acabou esvaziado.

Levantamento feito pela reportagem com a agenda do ministro mostra 14 reuniões na presença de Lula. Destas, em 3 estavam apenas os dois: todas antes do evento do Dia do Trabalhador.

De acordo com relatos de assessores do presidente, Macêdo não é mais consultado para pautas centrais do núcleo de governo —hoje esses temas ficam mais restritos a Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais).

Procurada pela reportagem, a Secretaria-Geral não se manifestou. Aliados de Macêdo apontam que, mesmo sem reuniões exclusivas com Lula, o ministro costuma ser chamado de última hora para encontros fora da agenda, sem citarem mais detalhes.

Eles também atribuem as críticas a fogo amigo, sobretudo de governistas que atuam no Congresso —foco principal das derrotas do governo nas últimas semanas.

Macêdo é o responsável no governo pela relação com os movimentos sociais. No 1º de Maio, Lula citou nominalmente Macêdo ao criticar que o ato havia sido mal convocado.

E aquela não foi a primeira vez em que Lula o criticou publicamente. No fim do ano passado, o presidente reclamou de Macêdo durante a celebração do Natal dos Catadores. Disse que seu ministro “fala demais”.

“E hoje, Márcio, eu esperava que você e os catadores tivessem feito mais. Eu esperava que a gente tivesse aqui uma pauta de grandes conquistas”, afirmou o presidente, no discurso.

Um mês antes, ele já tinha sido alvo de queixas por ter organizado um encontro sem a participação de todas as centrais sindicais e marcado pela ausência de representantes de movimentos sociais do porte do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).

Macêdo conta com o apoio das centrais sindicais, cujas lideranças dizem ter pleno acesso a ele. Delas, as queixas estão mais voltadas para o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Além de as sindicais terem poupado o ministro pelo fracasso do 1º de Maio, ele também foi aplaudido durante a posse da nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, pela FUP (Federação Única dos Petroleiros).

Macêdo tem buscado apoio de parlamentares petistas para evitar maior isolamento, mas não tem sido poupado durante jantares com a bancada do PT. Ele foi apelidado, entre correligionários, de Zé Gotinha — uma alusão ao mascote da campanha de vacinação que faz figuração.

Auxiliares de Lula dizem que a crítica pública do presidente, em maio, ampliou um desgaste interno que o ministro já vivia por causa de uma atuação considerada apagada à frente da pasta que outrora mobilizava mais fortemente a sociedade civil e movimentos sociais.

Ainda que admitam a menor capacidade de mobilização da esquerda hoje, eles afirmam que o ministério não tem buscado se aproximar de setores distantes do Executivo. Há uma avaliação de que Macêdo deveria atuar mais na articulação política, não partidária, junto à sociedade.

Eles se queixam de pouca expressividade da Secretaria-Geral em momentos em que o governo precisaria de mais apoio, como no projeto de lei da regulamentação dos aplicativos —uma prioridade para o governo, mas que permanece travado no Congresso. Faltou aproximação com os representantes dos motoboys, categoria ainda não regulamentada.

Auxiliares também citam o PL Antiaborto por Estupro. Apesar de ser uma pauta do Congresso, coube mais ao ministro Alexandre Padilha receber secretárias estaduais e movimentos de mulheres contrárias à pauta –à qual o governo também foi contrário.

A proposta enfrentou uma grande resistência da sociedade, um dos raros momentos em que os setores à esquerda prevaleceram sobre os bolsonaristas, seja nas ruas ou nas redes sociais. A reação, no entanto, se deu de maneira espontânea, sem participação do Planalto ou mais especificamente da Secretaria-Geral da Presidência na mobilização.

Houve também muito desgaste envolvendo a exoneração da então secretária-executiva Maria Fernanda Coelho, bem cotada no PT. Ela pediu demissão no episódio em que Macêdo viajou com outros três servidores para o Carnaval fora de época de Aracaju, capital de Sergipe, base eleitoral do ministro.

Segundo interlocutores, ela teria recusado aprovar a viagem dos servidores. O ministério abriu sindicância interna para apurar o episódio.

O desempenho de Macedo à frente da pasta é apontado como uma das causas pelas quais seu nome deixou de ser cogitado para a presidência do PT, na vaga hoje ocupada por Gleisi Hoffmann (PR).

Durante a montagem do governo, a aposta era de que ele viesse a suceder Gleisi no ano que vem, hipótese que acabou descartada. O ministro também é constantemente citado quando surgem rumores de reforma ministerial.

Macêdo conquistou a confiança do presidente como coordenador das caravanas encabeçadas por Lula, entre outubro de 2017 e março de 2018. Após a prisão do petista, em abril de 2018, Macêdo foi um dos organizadores da vigília em solidariedade a Lula, em acampamento montado diante da sede da Polícia Federal em Curitiba.

É considerado um amigo do presidente e da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, sendo um dos poucos ministros a frequentar sua casa. Foi, por exemplo, o único a passar o Ano Novo com o casal, na restinga da Marambaia.

Ex-tesoureiro do PT, foi também coordenador de finanças da campanha de Lula nas eleições de 2022, relação que pavimentou sua nomeação para a Secretaria-Geral, com apoio de Gleisi.

MODELOS DE PRIVATIZAÇÃO DE ESCOLAS PÚBLICAS ADOTADOS POR VÁRIOS ESTADOS

História de Renata Cafardo – Jornal Estadão

Projetos que repassam custos de escolas públicas para a iniciativa privada, como os dos Estados do Paraná e de São Paulo, têm ganhado espaço este ano no País. Os modelos que existem no Brasil são distintos, mas vistos por parte dos gestores como promessa de mais eficiência para um sistema educacional burocratizado. Por outro lado, pesquisas sobre experiências internacionais não mostram ganhos de aprendizagem dos alunos e apontam para riscos de aumento da desigualdade.

Paraná aprovou projeto de lei que prevê a gestão de 200 escolas pela iniciativa privada Foto: Lucas Fermin/SEED-PR

Paraná aprovou projeto de lei que prevê a gestão de 200 escolas pela iniciativa privada Foto: Lucas Fermin/SEED-PR© Fornecido por Estadão

Há programas que preveem construção e manutenção de escolas por empresas, outros fazem repasses de dinheiro público para gestão privada ou entidades do terceiro setor. Enquanto os Estados se recusam a usar o termo “privatização”, sindicatos de professores falam em “venda” de escolas.

Especialistas ainda dizem que não é fácil diferenciar questões administrativas da função pedagógica na gestão da escola, o que pode trazer desafios para a relação entre esferas pública e privada.

“No fundo, é uma escolha dos governos, de dar subsídio público para entidade privada ou não governamental. Os bons sistemas do mundo não estão indo por esse caminho”, diz a professora de Gestão Pública da Fundação Getulio Vargas (FGV), Lara Simielli.

Segundo ela, as experiências internacionais exitosas – como Finlândia, Estônia, Canadá e Cingapura – têm sido com investimento em redes públicas, com foco na carreira docente e na gestão escolar.

Em parceria com o professor da Universidade de Stanford (EUA) Martin Carnoy, Lara analisou 150 pesquisas sobre iniciativas pelo mundo de escolas charters – cuja gestão é repassada a uma empresa privada – ou vouchers – quando o governo compra a vaga em escolas particulares.

Os resultados mostraram “impactos muito pequenos ou nulos” na qualidade da educação. Mesmo quando não há seleção explícita dos alunos (em alguns casos há), essas iniciativas têm levado à segregação, diz ela. “E a rede pública vai ficando com os alunos mais vulneráveis”, completa.

Já a presidente do Instituto Singularidades e ex-diretora de Educação do Banco Mundial, Claudia Costin, diz que já iniciativas de sucesso como as escolas charters de Nova York e as técnicas na Coreia do Sul, que têm diretor pedagógico e um ex-CEO de empresa privada para cuidar da administração.

Claudia ressalta ainda que os bons modelos de sistemas educacionais do mundo contratam seus professores por seleção feita nas escolas – o que é previsto em alguns modelos de parceria no Brasil, como o do Paraná – e não por concursos públicos. “Mas para transformar a qualidade da educação é preciso ter boa gestão de todas as escolas. Uma abordagem sistêmica que não vai passar só pela parceria público-privada”, afirma.

Estudo do Banco Mundial sobre as parcerias público privadas (PPPs) na educação também afirma que os resultados sobre a eficácia das experiências ainda são inconclusivos, já que alguns estudos indicam aumento da desigualdade e outros mostram que “os efeitos positivos da competição beneficiam apenas os alunos de alto desempenho”.

Segundo a organização, no entanto, as parcerias podem “melhorar a entrega de serviços ao atribuir claramente responsabilidades entre esses atores, identificar objetivos e resultados”.

A Unesco também tem um material sobre o tema em que diz que “ganhos de custo-efetividade não são claros a longo prazo” e que “evidências sobre diferentes dimensões (resultados de aprendizagem, desigualdades educacionais, eficiência, etc.) parecem desafiar concepções muito simplistas sobre as expectativas e sucessos das PPPs na educação”.

Como são os modelos que existem ou estão em discussão no Brasil?

Paraná

A iniciativa mais polêmica foi aprovada este ano na Assembleia Legislativa do Paraná, em regime de urgência, de autoria do governo de Ratinho Junior (PSD). Houve confronto e greve dos professores no Estado, mas o projeto virou lei e deve começar no ano que vem.

Segundo o secretário da educação do Estado, Roni Miranda, a intenção é livrar os diretores de escolas dos trabalhos administrativos que os impedem de cuidar “da aprendizagem, olhar para o estudante, dar feedback para professor, acompanhar aula”.

O projeto Parceiro na Escola transfere a administração de 200 unidades da rede paranaense para instituições de ensino privada Foto: Gabriel Rosa/AEN

O projeto Parceiro na Escola transfere a administração de 200 unidades da rede paranaense para instituições de ensino privada Foto: Gabriel Rosa/AEN© Fornecido por Estadão

“Não tem nenhuma chance de interferirem no pedagógico. Isso ficará com diretor da rede. Elas (as instituições privadas) podem agregar, mas desde que tenha avaliação da secretaria”, afirmou ele ao Estadão, sobre as escolas privadas que vão assumir as públicas.

O projeto Parceiro na Escola transfere a administração de 200 unidades da rede paranaense para instituições de ensino privada, que vão receber dinheiro do Estado para cuidar de materiais de higiene, funcionários da limpeza, merendeira, reposição de mobiliário, equipamentos, segurança. O valor transferido será de cerca de R$ 800 por aluno, por mês, segundo cálculos do governo.

Os diretores e professores concursados continuam sendo do Estado. Mas a empresa (que pode ser uma escola particular) também vai contratar os docentes temporários da escola, aqueles que substituem os efetivos em licenças, faltas e afastamentos. Um coordenador dessa instituição vai atuar diretamente dentro da escola, ao lado do diretor.

Um dos pontos mais questionados é que essas escolas terão de cumprir metas de aprendizagem, medida em provas de Português e Matemática, e de frequência dos estudantes. Segundo o secretário, as empresas correm o risco de serem descredenciadas se não tiverem bom resultado nas avaliações feitas pelo Estado. “Se não tiver resultado, terá desconto do repasse. Se cair, pode ter a rescisão do contrato”, disse.

A meta e contratação de professores, no entendimento do sindicato dos professores do Paraná, são indicativos de que as instituições privadas vão decidir sobre questões pedagógicas. “O Estado está fazendo mais que uma venda. É uma doação da escola para a iniciativa privada e ainda dando dinheiro”, afirma a presidente do APP Sindicato, Walkiria Olegário Mazeto. Ela questiona na Justiça a constitucionalidade da lei.

Para o superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, a possibilidade de descredenciamento se não houver cumprimento da meta pode levar a aumento de seletividade dos alunos, reprovação e segregação. “Parece pouco adequado com a missão pública de dar educação para todos”, afirma.

Ele ainda diz que, com exceção das escolas privadas de elite, não há necessariamente melhor desempenho na rede particular de ensino se comparada à pública. “Não faz nenhum sentido trazer atores privados para supostamente aumentar a eficácia da escola pública.”

Para ele, o Estado deveria estar colocando energia em desenvolver os profissionais que já estão na rede para serem melhores gestores, como fazem sistemas que são exemplos no Brasil e no exterior.

Miranda afirma que, antes da implementação, cada comunidade escolar terá de aprovar a entrada da empresa privada. Segundo ele, as escolas foram escolhidas para integrar o projeto porque tinham potencial para ter melhores desempenho. “Não é um castigo, é um upgrade para a escola”, afirma.

Ele diz ter se inspirado em iniciativas estrangeiras, como as escolas charter. O modelo americano transfere toda a gestão da escola – e recursos públicos – para uma empresa privada, que cuida de questões administrativas, curriculares e contrata professores.

Nos Estados Unidos, como há a possibilidade de as famílias escolherem a escola dos filhos, as charters aumentaram a competição e atraíram os alunos de melhor desempenho. As pesquisas indicam maior desigualdade racial e social, sem garantia de mais resultados de aprendizagem.

Estado de São Paulo

O governo paulista anunciou neste mês a construção de 33 escolas públicas em 29 cidades por meio do Programa de Parcerias de Investimentos do Estado (PPI-SP). Serão dois lotes que vão a leilão no segundo semestre, no valor de R$ 2,1 bilhões.

A empresa que vencer vai construir as escolas e ainda ser responsável durante 25 anos pela manutenção, o que inclui mobiliário, materiais de papelaria e equipamentos, limpeza, manipulação de alimentos e segurança.

Segundo a secretaria da Educação, o projeto em São Paulo é diferente do paranaense porque “a concessionária cuida exclusivamente da parte não pedagógica”. O atual secretário do Estado, Renato Feder, era o titular na pasta na gestão anterior de Ratinho Junior (entre 2019 e 2022). Miranda era o secretário adjunto de Feder no Paraná.

“Essas novas escolas que serão construídas por meio da parceria dão início a um processo de transformação de nossa rede, que tem prédios muito antigos e defasados. Durante 25 anos, a concessionária vai preservar essas escolas e ser responsável por tudo que compete à parte administrativa e de serviços, como merenda e jardinagem, por exemplo”, disse Feder.

“Esses serviços já são terceirizados hoje, mas quem cuida é o diretor. É um tempo precioso, que agora vai poder ser usado mais no aprendizado de nossos alunos”, acrescentou.

As unidades serão em cidades como Campinas, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Rio Claro, São José do Rio Preto, Diadema, Guarulhos, Itapetininga, Leme e Limeira. Não há previsão de parceria desse tipo na capital.

As escolas serão em tempo integral, segundo a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), e vão atender cerca de 35 mil estudantes do ensino fundamental e médio. São Paulo tem 5 mil escolas e 3 milhões de estudantes, na maior rede pública do País.

Para Ricardo Henriques, do Instituto Unibanco, mesmo quando a concessão é “estritamente administrativa e predial”, como ocorre com compras de livros didáticos ou contratação de limpeza, é preciso ser “bem monitorada para ter certeza que é mais eficiente”.

Ele ainda lembra que muitas vezes as atividades administrativas não se dissociam das pedagógicas. “Quando o diretor está preocupado com matrícula, tem implicações pedagógicas, porque isso incide na evasão. Ao cuidar da alimentação, precisa ter uma visão de insegurança alimentar porque isso interfere na aprendizagem.”

Cidade de São Paulo

Desde 2021, a capital tem uma parceria com o Instituto Baccarelli para administração de 12 Centros Educacionais Unificados (CEUs), que oferecem escolas municipais e são também equipamentos de cultura, esporte e lazer. Segundo a Prefeitura, a entidade recebe por mês R$ 5,5 milhões para manutenção dos prédios e oferecimento de ações culturais, biblioteca, esporte e lazer.

A Prefeitura também fez parcerias com iniciativa privada para a construção de 10 novos CEUs. A concessionária que venceu o primeiro lote está construindo cinco deles em Cidade Ademar, Grajaú, Ermelino Matarazzo, Cidade Líder e Imperador.

A empresa também ficará responsável pela manutenção e conservação dos novos equipamentos por 25 anos, incluindo mobiliário, equipamentos de informática, limpeza, segurança e internet. O aporte total, segundo a gestão Ricardo Nunes (MDB), é de R$ 290 milhões.

Minas Gerais

Desde 2022, Minas tem um programa em três escolas de ensino médio que transfere a gestão para uma organização sem fins lucrativos. A entidade faz a gestão pedagógica e administrativa da escola, com a contratação dos professores, do pessoal de apoio, da estrutura e logística. Diretores e vice-diretores continuam vinculados à secretaria.

“Ressaltamos que as unidades escolares permanecem sendo da rede estadual, pública, gratuita e orientadas pelo calendário vigente da rede”, informa a nota da secretaria da Educação, sob a gestão Romeu Zema (Novo).

Segundo o governo, as escolas são avaliadas periodicamente em itens como gestão escolar, aprendizagem, aprovação, reprovação, frequência, evasão e satisfação da comunidade.

Espírito Santo

O Estado, sob a gestão de Renato Casagrande (PSB), também estuda a concessão para a iniciativa privada da construção e manutenção de alguns prédios escolares, em um projeto piloto.

De acordo com o secretário Vitor de Angelo, o programa ainda está sendo discutido, mas não vai incluir transferência da gestão da escola.

 

PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS REAGE À DECISÃO DO STF E INSTALA COMISSÃO DAS DROGRAS

 

História de VICTORIA AZEVEDO – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), oficializou a designação da comissão especial que irá analisar a PEC (proposta de emenda à Constituição) das Drogas. O ato foi publicado nos canais oficiais da Casa nesta terça-feira (25), após decisão do Supremo Tribunal Federal em julgamento sobre o tema.

O STF formou maioria a favor da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal. A PEC das Drogas foi aprovada pelo Senado por ampla maioria neste ano e na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara no último dia 12.

Com a aprovação na CCJ, cabe ao presidente da Câmara designar a comissão especial para tratar do mérito da proposta -algo que ainda não havia sido feito. Há um prazo de 40 sessões para votar o texto no âmbito do colegiado, sendo que o período para emendas se esgota nas 10 primeiras sessões.

O ato da presidência é do dia 17, mas foi publicado nos canais oficiais da Casa e disparado pela assessoria de imprensa do alagoano na noite desta terça. Segundo o texto, a comissão será formada por 34 membros titulares e 34 suplentes, que ainda precisam ser designados.

Lira está fora do país, em Lisboa, Portugal, para participar de evento jurídico. Durante sessão de votações da Câmara nesta terça, o líder do PL na Casa, deputado Altineu Côrtes (RJ), criticou a decisão do Supremo e cobrou providências de Lira e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

“Hoje foi na matéria da liberação da maconha, mas quantas vezes o Supremo tem invadido a competência do Congresso e legislado por nós? O que vale: o voto popular que coloca aqui deputados e senadores para legislar ou o voto dos ministros do Supremo?”, disse Côrtes.

A PEC constitucionaliza a criminalização de porte e posse de drogas. Ela foi apresentada por Pacheco e aprovada por ampla maioria em abril pelos senadores, em reação ao julgamento do STF.

Mais cedo nesta terça, Pacheco afirmou que respeita o entendimento do STF, mas chamou a medida de inusitada e disse, ainda, que ela criaria um vácuo e uma distorção jurídica. “Acho inusitado que depois de 35 anos de vigência da Constituição Federal, agora se aponte uma inconstitucionalidade no artigo 28, que inclusive coibiu a existência de drogas no Brasil durante muito tempo”, afirmou.

“Respeito decisão, mas o Supremo Tribunal Federal descriminalizar a maconha cria um vácuo e quebra lógica jurídica […] Eu discordo da decisão”, disse Pacheco.

O relator da PEC na CCJ, deputado Ricardo Salles (PL-SP), diz que irá procurar Lira para ser designado o presidente do grupo. “Foi uma ação rápida do presidente da Câmara em defesa das competências e prerrogativas do Legislativo”, afirma.

FÓRUM DE MOBILIDADE URBANA UMA OPORTUNIDADE PARA DISCUTIR O DESENVOLVIMENTO E INFRAESTRUTURA DO TRANSPORTE NACIONAL

 

CNT – Confederação Nacional dos Transportes

Para discutir o tema, no dia 9 de julho acontece o 8º Fórum CNT de Debates. Uma oportunidade de dialogar com o poder público em busca de alternativas para o desenvolvimento da infraestrutura e do transporte nacionaisCNT

Imagine uma grande cidade sem transporte público. Metrópoles como São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte ou Salvador sem ônibus, metrô ou trem durante vários dias.

Provavelmente os moradores dos bairros periféricos e regiões de difícil acesso não chegariam ao trabalho. Consequentemente, serviços essenciais para a população não funcionariam.  O município, com certeza, entraria em colapso.

A situação é hipotética, mas dá para imaginar o caos que provocaria e entender o quanto a mobilidade urbana é um importante gargalo para as cidades.

Oferecer soluções eficientes de transporte coletivo, bem como multimodalidade, com a possibilidade de integração entre o transporte sob trilhos para longas distâncias e o rodoviário ou aquaviário para trajetos mais curtos são importantes desafios enfrentados por gestores, principalmente os dos grandes municípios.

E para discutir o assunto tão relevante e encontrar possíveis alternativas, a CNT (Confederação Nacional do Transporte) realizará, no dia 9 de julho, em Brasília, o 8º Fórum CNT de Debates com o tema “Mobilidade Urbana Sustentável”.

Dialogar para avançar

Com a participação de autoridades públicas, empresários e especialistas em mobilidade urbana, o evento pretende abordar ações efetivas e economicamente possíveis para municípios, empresas e usuários. Uma discussão que envolve investimentos em infraestrutura multimodal, fortalecimento de políticas públicas para o transporte coletivo e soluções sustentáveis, baseadas em boas práticas de ESG.

“Precisamos investir no transporte coletivo rodoviário e por trilhos e acreditar neles como modelos viáveis e sustentáveis. A eficiência da sustentabilidade está na integração dos modos, faixas exclusivas, uso das tecnologias da informação, micromobilidade, entre outras soluções”, destaca o diretor de Relações Institucionais da CNT, Valter Luís de Souza.

Programação

Para debater as raízes dos problemas da mobilidade urbana das cidades, sempre com um olhar voltado para a sustentabilidade econômica, social e ambiental, o 8º Fórum CNT de Debates trará temas como o Transporte público rodoviário e sobre trilhos (trem, metrô, VLT, etc.); Integração entre os modais; Financiamento público e privado; Criação de faixas exclusivas para ônibus; Uso de tecnologias da informação para otimizar serviços; Transporte de carga last mile, impulsionado pelo e-commerce, e Micromobilidade como suplemento na cadeia de transporte.

Valter Souza explica que muito se fala em eletrificação das frotas de ônibus ou do uso de combustíveis verdes, mas pouco se debate acerca da operacionalização, da eficácia de tais medidas. “Estamos em ano de eleições municipais, então este será um assunto fundamental para quem for pleitear um cargo eletivo em outubro. Convidamos esses candidatos para se juntar ao nosso debate, juntamente com as empresas do transporte, as autoridades e o usuários na busca por soluções”, diz o diretor da CNT.

Com a realização de dois painéis: um para debater os desafios da implementação de um sistema sustentável de mobilidade nas cidades; e outro sobre o novo marco legal do transporte público coletivo, o evento contará com a presença de convidados como Vander Costa, Presidente da CNT; Jader Filho, Ministro das Cidades; Paulo Roberto Ziulkoski, Presidente da Confederação Nacional dos Municípios; Aloízio Mercadante, Presidente do BNDES; Beto Simonetti, Presidente da OAB e Denis Andia, Secretário Nacional de Mobilidade Urbana, entre outros.

O 8° Fórum CNT de Debates será realizado em formato híbrido. A parte presencial ocorrerá em Brasília e será limitada a participantes selecionados. Já no online, todos são bem-vindos para acompanhar a transmissão via internet pelo canal da CNT no YouTube, ao longo de toda a manhã.

As inscrições já estão abertas para todos os interessados. Ao preencher e enviar o formulário, a participação será automaticamente confirmada na modalidade online. Para o presencial, será necessário aguardar a confirmação da equipe da CNT.

Serviço

8º Fórum CNT de Debates – Mobilidade Urbana Sustentável

Data: 9 de julho de 2024
Hora: 9h às 13h
Transmissão: Canal da CNT no YouTube
Local: Sede do Sistema Transporte
Setor de Autarquias Sul, Quadra 1, Bloco J, Ed. Clésio Andrade – Brasília (DF)

O FUNIL DE VENDAS PRECISA SER ASSERTIVO PARA ENTENDER A POSIÇÃO DO CONSUMIDOR EM RELAÇÃO À DECISÃO DE COMPRA

 

Saiba o que é o funil de vendas, suas etapas e funções para uso correto na estratégia de vendas da sua empresa.

SEBRAE-MG – Mercado e Vendas | VENDA VAREJISTA

Todo o processo de fechamento de um negócio, que vai desde o momento da captação do cliente à conversão final com a efetivação da venda, integra o conceito de funil de vendas. Por meio dele, compreende-se a posição do consumidor em relação à decisão de compra, já que é possível acompanhar o cliente desde o primeiro contato com os produtos ou serviços da sua empresa até o momento em que a venda é fechada.

Por potencializar as vendas e gerar mais oportunidades de negócio em menos tempo, o funil de vendas precisa ser assertivo, permitindo percorrer o caminho feito pelo consumidor até a decisão de comprar ou não. As etapas do funil são:

  • Topo: momento do contato inicial do cliente, que chegou a você de alguma forma, mas sobre o qual você ainda não tem nenhuma informação. Este é o momento de oferecer materiais ricos na tentativa de fazê-lo andar no funil. 
  • Meio: nesta etapa, o cliente reconhece que tem uma demanda, então estabelecer uma relação de confiança com ele é fundamental. Você precisa estar disposto a oferecer conteúdos que evidenciam para o cliente o seu objetivo de ajudá-lo, e não necessariamente de vender, por isso é o momento de oferecer várias soluções.
  • Fundo: também chamado de MQL (Marketing Qualified Leads), em referência aos leads que passaram por todo o processo de educação e que o marketing classificou como prontos para receber o contato de um vendedor. É o momento do “empurrãozinho”, ou seja, de apresentar propostas atrativas de vendas, provando o valor da sua marca e do seu produto.

Além dessas etapas, algumas empresas oferecem também uma quarta, denominada pós-venda, fundamental para fidelizar o novo cliente e transformá-lo em um promotor da sua marca. Durante o processo de venda, é fundamental fazer o controle da jornada percorrida pelo consumidor, observando como a empresa é contatada e como é feita a conversão. Para cada uma das etapas, é importante apresentar conteúdos específicos, que venham ao encontro das necessidades do cliente. Por isso, pense em técnicas e estratégias de marketing, bem como em utilizar métodos automatizados para esse fim.

Vale destacar que pensar em implementar um funil de vendas pode contribuir com a previsibilidade de resultados, com respostas para o desenvolvimento de produtos e com a otimização da gestão, gerando maior produtividade e melhor aproveitamento das oportunidades.

Tipos de funil

Existem vários tipos de funil de vendas e eles devem ser definidos conforme os objetivos que a empresa pretende alcançar. Entre eles, podem ser citados:

  • Funil de vendas com base nos objetivos de conversão: com foco na conversão de leads qualificados; na nutrição de leads; ou na tomada de decisão.
  • Funil de vendas com funcionamento automático: venda direta; conteúdo e venda direta; encantamento e venda direta; encantamento e venda postergada; encantamento e múltiplas vendas; encantamento e vendas.
  • Funil de vendas de acordo com o seu produto/serviço: funil do best-seller; de lançamento do produto; de webinário perfeito; de produtos físicos; de isca digital; de site de assinatura.

Outros tipos de funil de vendas são: funil Growth Hacking, funil das cartas de vendas, Step Tripwire, funil invisível, funil magnético de leads, funil automático de webinários e funil baseado em campanhas nas redes sociais.

Lembre-se: o Sebrae é seu parceiro nessa jornada empreendedora, então aproveite e faça o curso Marketing digital: planejar para vender pela Internet.

ESCALANDO NEGÓCIOS DA VALEON

1 – Qual é o seu mercado? Qual é o tamanho dele?

O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes, lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona. Pretendemos cadastrar todas as empresas locais com CNPJ ou não e coloca-las na internet.

2 – Qual problema a sua empresa está tentando resolver? O mercado já expressou a necessidade dessa solução?

A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer outro meio de comunicação.

Viemos para suprir as demandas da região no que tange a divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

O nosso diferencial está focado nas empresas da região ao resolvermos a dor da falta de comunicação entre as empresas e seus clientes. Essa dor é resolvida através de uma tecnologia eficiente que permite que cada empresa / serviços tenha o seu próprio site e possa expor os seus produtos e promoções para os seus clientes / usuários ao utilizar a plataforma da ValeOn.

3 – Quais métodos você usará para o crescimento? O seu mercado está propício para esse tipo de crescimento?

Estratégias para o crescimento da nossa empresa

  1. Investimento na satisfação do cliente. Fidelizar é mais barato do que atrair novos clientes.
  2. Equilíbrio financeiro e rentabilidade. Capital de giro, controle de fluxo de caixa e análises de rentabilidade são termos que devem fazer parte da rotina de uma empresa que tenha o objetivo de crescer.
  3. Desenvolvimento de um planejamento estratégico. Planejar-se estrategicamente é como definir com antecedência um roteiro de viagem ao destino final.
  4. Investimento em marketing. Sem marketing, nem gigantes como a Coca-Cola sobreviveriam em um mercado feroz e competitivo ao extremo.
  5. Recrutamento e gestão de pessoas. Pessoas são sempre o maior patrimônio de uma empresa.

O mercado é um ambiente altamente volátil e competitivo. Para conquistar o sucesso, os gestores precisam estar conectados às demandas de consumo e preparados para respondê-las com eficiência.

Para isso, é essencial que os líderes procurem conhecer (e entender) as preferências do cliente e as tendências em vigor. Em um cenário em que tudo muda o tempo todo, ignorar as movimentações externas é um equívoco geralmente fatal.

Planeje-se, portanto, para reservar um tempo dedicado ao estudo do consumidor e (por que não?) da concorrência. Ao observar as melhores práticas e conhecer quais têm sido os retornos, assim podemos identificar oportunidades para melhorar nossa operação e, assim, desenvolver a bossa empresa.

4 – Quem são seus principais concorrentes e há quanto tempo eles estão no mercado? Quão grandes eles são comparados à sua empresa? Descreva suas marcas.

Nossos concorrentes indiretos costumam ser sites da área, sites de diretório e sites de mídia social. Nós não estamos apenas competindo com outras marcas – estamos competindo com todos os sites que desejam nos desconectar do nosso potencial comprador.

Nosso concorrente maior ainda é a comunicação offline que é formada por meios de comunicação de massa como rádios, propagandas de TV, revistas, outdoors, panfletos e outras mídias impressas e estão no mercado há muito tempo, bem antes da nossa Startup Valeon.

5 – Sua empresa está bem estabelecida? Quais práticas e procedimentos são considerados parte da identidade do setor?

A nossa empresa Startup Valeon é bem estabelecida e concentramos em objetivos financeiros e comerciais de curto prazo, desconsideramos a concorrência recém chegada no mercado até que deixem de ser calouros, e ignoramos as pequenas tendências de mercado até que representem mudanças catastróficas.

“Empresas bem estabelecidas igual à Startp Valeon devemos começar a pensar como disruptores”, diz Paul Earle, professor leitor adjunto de inovação e empreendedorismo na Kellogg School. “Não é uma escolha. Toda a nossa existência está em risco”.

6 – Se você quiser superar seus concorrentes, será necessário escalar o seu negócio?

A escalabilidade é um conceito administrativo usado para identificar as oportunidades de que um negócio aumente o faturamento, sem que precise alavancar seus custos operacionais em igual medida. Ou seja: a arte de fazer mais, com menos!

Então, podemos resumir que um empreendimento escalável é aquele que consegue aumentar sua produtividade, alcance e receita sem aumentar os gastos. Na maioria dos casos, a escalabilidade é atingida por conta de boas redes de relacionamento e decisões gerenciais bem acertadas.

Além disso, vale lembrar que um negócio escalável também passa por uma fase de otimização, que é o conceito focado em enxugar o funcionamento de uma empresa, examinando gastos, cortando desperdícios e eliminando a ociosidade.

Sendo assim, a otimização acaba sendo uma etapa inevitável até a conquista da escalabilidade. Afinal de contas, é disso que se trata esse conceito: atingir o máximo de eficiência, aumentando clientes, vendas, projetos e afins, sem expandir os gastos da operação de maneira expressiva.

Pretendemos escalar o nosso negócio que é o site marketplace da Startup Valeon da seguinte forma:

  • objetivo final em alguma métrica clara, como crescimento percentual em vendas, projetos, clientes e afins;
  • etapas e práticas que serão tomadas ao longo do ano para alcançar a meta;
  • decisões acertadas na contratação de novos colaboradores;
  • gerenciamento de recursos focado em otimização.

terça-feira, 25 de junho de 2024

MATO GROSSO DO SUL DECRETA EMERGÊNCIA APÓS INCÊNDIOS NO PANTANAL

História de dw.com – DW Brasil

Decreto de emergência vale para as cidades atingidas pelos incêndios. Incêndios já destruíram mais de 600 mil hectares do Pantanal em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso este ano.

Segundo dados do início de junho, área afetada por queimadas no Pantanal é 700% maior do que no mesmo período de 2020

Segundo dados do início de junho, área afetada por queimadas no Pantanal é 700% maior do que no mesmo período de 2020© Ueslei Marcelino/REUTERS

O governo de Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste, decretou situação de emergência nesta segunda-feira (24/06) por causa dos incêndios que já consumiram cerca de 600 mil hectares no Pantanal em 2024 –

No total, o fogo já destruiu 148 mil hectares no estado vizinho de Mato Grosso e 480 mil no Mato Grosso do Sul. As estatísticas são do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O decreto de emergência vale para as cidades atingidas pelos incêndios, mas o texto publicado no Diário Oficial não cita quais são os municípios. A medida deve permitir, por exemplo, que ocorram licitações sem edital para ações emergenciais.

O texto é válido por 180 dias e autoriza ainda a convocação de voluntários para reforçar as ações de resposta ao desastre e a realização de campanhas de arrecadação de recursos com o objetivo de facilitar as ações de assistência à população afetada pelo desastre, sob a coordenação da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (CEPDEC/MS).

Ainda de acordo com o texto, as autoridades administrativas e os agentes de defesa civil, diretamente responsáveis pelas ações de resposta aos desastres, em caso de risco iminente, estão autorizadas a entrar nas casas, para prestar socorro ou para determinar a pronta evacuação; bem como a utilizar propriedades particulares.

A União também anunciou que vai enviar mais três aeronaves do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e outras quatro de grande porte do Exército para combater as queimadas – dois modelos Air Tractor já estão em Corumbá, um dos municípios mais atingidos pelo fogo.

O governo federal também autorizou o envio de 50 homens da Força Nacional para atuarem diretamente contra os focos.

Queimadas na região em 2024

Mato Grosso do Sul vem enfrentando, desde o início do ano, uma seca, com estiagem prolongada em grande parte do território. Dados do Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), mostraram que, desde o final de maio, houve uma intensificação nas condições de seca no estado, levando a um aumento exponencial dos focos de calor.

O Pantanal pode estar diante da temporada mais destruidora de toda a sua história em termos de queimadas. Nas duas primeiras semanas de junho, o número de focos de incêndio era de quase 700% maior do que no mesmo período de 2020, o ano da pior crise até então.

O fogo chegou mais cedo em 2024 e pegou algumas equipes de combate em fase de contratação de pessoal. No calendário oficial, as brigadas temporárias contratadas pelo Ministério de Meio Ambiente começam a atuar em junho e costumam, entre agosto e outubro, enfrentar a fase mais crítica.

A temporada precoce de incêndios em 2024 encontra um Pantanal ainda em recuperação. Em 2020, os grandes incêndios no bioma em território nacional consumiram 43% de locais nunca antes queimados e provocaram a mortalidade em massa da vida selvagem.

Ao todo, naquele ano, foram 39 mil quilômetros quadrados atingidos pelas chamas. Um estudo publicado na Scientific Reports, do grupo Nature, estimou a morte de 17 mil animais vertebrados em decorrência de incêndios.

Além disso, o último período chuvoso terminou com pouca água nos rios da região. O monitoramento feito pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) aponta que, de todo o volume de chuva esperado, 60% se confirmaram. O mapa que mostra as regiões sob seca produzido pela ANA alerta para zonas críticas justamente sobre o Pantanal.

Uma pesquisa divulgada recentemente pela rede de pesquisa MapBiomas apontou que, proporcionalmente, o Pantanal é o bioma mais afetado por queimadas ao longo dos últimos 39 anos. Foram 9 milhões de hectares, o que representa 59,2% do território que abrange os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Entre 1985 e 2023, o município de Corumbá f(MS) oi o que mais registrou queimadas em todo o país.

 

AGENDA AMBIENTAL DE MARINA SILVA TRAVA NAS FALAS DE LULA E NOS INTERESSES DE MEMBROS DO GOVERNO

História de JOÃO GABRIEL – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A agenda ambiental de Marina Silva, mais de um ano após sua volta ao Ministério do Meio Ambiente, trava nas contradições do discurso do presidente Lula (PT) e nas negociações da ala política do governo com grupos de interesse e com o Congresso Nacional.

Essa é a avaliação de parlamentares, integrantes do Executivo e membros do terceiro setor ligados ao tema do meio ambiente ouvidos pela reportagem.

A pauta foi central no discurso de Lula durante as eleições contra Jair Bolsonaro (PL), em 2022. O petista se reconciliou com Marina Silva após mais de uma década, a chamou para o governo e prometeu tornar as questões ambientais prioritárias e transversais no seu terceiro mandato.

Desde então, o Ministério do Meio Ambiente reverteu atos da gestão bolsonarista de Ricardo Salles (PL-SP), reduziu índices de desmatamento no país e reativou o Fundo Amazônia.

Por outro lado, o governo prevê seguir investindo em combustíveis fósseis, enquanto é seguidamente derrotado —por vezes sem apresentar resistência— pela bancada ruralista no Congresso. Os ruralistas fazem avançar um “novo pacote da destruição”, como chamam ambientalistas.

Procurados, Marina e o Palácio do Planalto não quiseram se manifestar.

“A construção da relevância e da transversalidade da agenda ambiental e climática no governo não pararam tão em pé como se esperava. A correlação de forças entre ministérios e grupos políticos se mostrou um empecilho. Marina não tem a mesma articulação com Congresso e governo que outras pastas”, afirma Mariana Mota, coordenadora de políticas públicas do Greenpeace Brasil.

“Tem sabotagem dentro do governo. O ministro de Minas e Energia anunciou, no meio da COP28, que o Brasil ia entrar na Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo]. Isso não é desaviso. E, na própria Casa Civil, o ministro Rui Costa não tem simpatia com a agenda ambiental”, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, citando a adesão do Brasil ao grupo Opep+, de aliados dos petroestados, durante a conferência da ONU sobre clima de 2023.

A lista de dificuldades de Marina é extensa.

Os incêndios no pantanal colocam o país sob risco, segundo a própria ministra, de uma tragédia tão grave quanto a do Rio Grande do Sul. Com uma temporada de queimadas antecipada e devastadora, a pasta precisou correr atrás de apoio para combate ao fogo.

Marina enfrenta também reivindicação dos servidores ambientais por melhores condições de trabalho. A pauta da categoria não foi aceita pelo Ministério da Gestão, que alega não haver orçamento para tal. Nesta segunda-feira (24), servidores do Ibama devem entrar em greve em diversos estados.

A ministra defende desde o início de 2023 o plano de prevenção a desastres, mas ele só se tornou uma prioridade de Lula após a tragédia das chuvas do Sul.

A discussão sobre a autoridade climática, órgão idealizado pela ministra e que precisaria ser aprovado pelo Congresso, esfriou.

Além disso, a pauta ambiental é usada como moeda de troca nas negociações no Legislativo. Na votação do marco temporal, por exemplo, o governo liberou sua base em vez de de orientar posição contrária.

Já na tramitação da proposta de Lula para organização da Esplanada dos Ministérios de Lula, no início do governo, parlamentares da base admitiam, sob reserva, que a prioridade era preservar outras estruturas do governo, em detrimento da ambiental, que foi desidratada.

O projeto que flexibilizou a liberação de agrotóxicos avançou com relatoria de um petista, Fabiano Contarato (PT-ES), e os vetos de Lula foram derrubados facilmente.

“A gente tem um corpo mole gigantesco dos negociadores do governo com a pauta ambiental. O governo é um para fora do Congresso e outro para dentro, uma situação politicamente constrangedora”, diz Astrini.

“Os protagonistas do governo hoje são as agendas econômica e da governabilidade. A briga é evitar derrotas no Legislativo, e o meio ambiente é o último da lista de prioridades. É uma derrota atrás da outra, com um esforço mínimo. Não é falta de vontade do ministério, mas do governo de priorizar essa agenda”, avalia Mota.

Há entre parlamentares queixas sobre a ausência de Marina em votações importantes e sobre a falta de diálogo da pasta com deputados e senadores —críticas também direcionadas a outros ministérios.

A exploração de petróleo na bacia Foz do Amazonas segue defendida pelo ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), pelo líder do governo no Legislativo, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), e pelo próprio Lula. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) já negou a licença ao empreendimento.

A reconstrução da BR-319 é prioridade da pasta dos Transportes e tem apoio de parlamentares aliados a Lula da região Norte —mesmo após o Ibama identificar que a estrada é vetor de desmatamento.

“Tem uma extrema direita antiambiental que perdeu as eleições no Planalto e transferiu sua agenda para o Congresso. E o governo poderia fazer mais, é lento: recomposição de estrutura, reajuste salarial, criação de unidades de conservação, demarcação de terras indígenas. São decisões políticas”, afirma Astrini.

A avaliação é que o Ministério do Meio Ambiente não está mais fraco que em outras gestões, mas não ganhou o peso esperado.

Em outra frente, Marina Silva é elogiada por ter tido sucesso na redução do desmatamento, sobretudo na amazônia —em que pese o aumento da destruição do cerrado.

O ministério recriou os conselhos ambientais extintos por Bolsonaro, reativou o Fundo Amazônia e o Fundo Clima e relançou o PPCDAm (o plano para preservação e recuperação da floresta amazônica).

Também desfez uma série de atos da gestão Salles e recuperou orçamentos de Ibama e do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade).

Conseguiu que tanto o Novo PAC quanto o novo Plano Safra tivessem diretrizes ambientais inéditas.

Tem atuado para recuperar o papel internacional do país no tema e ganhou a sede da COP30, a conferência de clima da ONU (Organização das Nações Unidas), que acontecerá em Belém em 2025.

“A retomada da política ambiental é louvável, mas, se vem um outro governo, desmonta os conselhos, os recursos orçamentários com facilidade, com uma canetada. É uma demonstração que não temos a agenda, no Brasil, com a força necessária para ações estruturantes”, diz Mota.

 

SERVIDORES AMBIENTAIS DO IBAMA ENTRAM EM GREVE EM 5 ESTADOS

 

História de JOÃO GABRIEL – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os servidores ambientais de cinco estados iniciaram greve nesta segunda-feira (24) e reivindicam ao governo Lula (PT) melhores condições de trabalho, a reestruturação da carreira e reajuste salarial.

A paralisação nos estados do Acre, Espírito Santo, Pará, Paraíba e Rio Grande do Norte foi oficializada ao governo na última sexta-feira (21). Os demais estados e o Distrito Federal devem aderir à paralisação no próximo dia 1º.

A categoria manterá apenas algumas atividades, sob regime especial, voltadas sobretudo a emergências.

Assim, mesmo que estados como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso ou Rio Grande do Sul entrem na paralisação, o combate ao fogo -em razão da seca histórica do pantanal- e o atendimento a desastres -como o caso das chuvas no Sul- seguem funcionando..

As operações de desintrusão e combate a crimes ambientais ficam paralisadas até segunda ordem, o que pode impactar, por exemplo, a operação na Terra Indígena Yanomami, já que Roraima já aprovou sua greve a partir da próxima semana.

“As servidoras e os servidores ambientais federais de todo o país se unirão em uma paralisação nacional, em uma greve da área, com intensificação após a adesão dos demais estados no próximo dia 1º. Somente ações essenciais e emergenciais, e em números mínimos, terão atividades realizadas”, afirmou Cleberson Zavaski, presidente da Ascema (associação nacional dos servidores ambientais).

Vídeo relacionado: Servidores ambientais iniciam greve em cinco estados (Dailymotion)

Para ele, há um “desinteresse do governo federal em realizar a justa e devida reestruturação” da carreira.

A demanda pela valorização dos profissionais de Ministério do Meio Ambiente, Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Serviço Florestal e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) vem desde o final de 2022, na transição para o terceiro governo de Lula.

O argumento dos servidores é de que a carreira foi sucateada e assediada durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, mesmo assim, resistiu ao desmonte da política ambiental, fato que deveria ser valorizado pelo petista.

O descontentamento com o governo Lula aumentou após o governo promover reajustes, por exemplo, para a PRF (Polícia Rodoviária Federal), categoria identificada com o bolsonarismo.

Uma mesa de negociação foi instalada em 2023, mas empacou no final do ano, e às vésperas da COP -a conferência climática da ONU (Organização das Nações Unidas)-, a categoria passou a criticar publicamente a gestão petista.

Desde janeiro de 2024, servidores ambientais iniciaram a paralisação gradual, que até aqui resultou na redução no número de autos de infração e multas aplicadas, além do impacto negativo sobre as análises de licenciamento ambiental.

A última proposta de reestruturação feita pelo Ministério da Gestão e Inovação aconteceu em abril, mas não agradou a categoria.

O maior problema foi uma redução de até 6% no salário de novos ingressantes na categoria, nos cálculos da Ascema.

No geral, o governo fala em um reajuste geral de 20% a 30% da remuneração geral para o setor. A associação contesta esses números e alega que ele varia, na verdade, de 19% a 26%.

A Ascema viu alguns avanços, como a melhoria na proporção entre remuneração fixa e remuneração variável -mas que ainda está aquém do que era demandado- e aceitou o escalonamento da carreira em 20 níveis.

Por outro lado, avaliou que a proposta não atendia a nenhuma das suas principais reivindicações: espelhamento da carreira com a da ANA (Agência Nacional de Águas), redução da disparidade salarial entre cargos ou benefícios por atuação de risco, por exemplo.

Os servidores fizeram uma contraproposta, mas, no último dia 7, o Ministério da Gestão afirmou à categoria que havia chegado ao “limite máximo, do ponto de vista orçamentário, do que é possível oferecer” e indicou o fim da mesa de negociação.

Diante disso, a paralisação escalou para a greve, que deve aumentar com a adesão dos outros estados a partir da próxima semana.

A categoria realizará mais assembleias nos próximos dias e, para ampliar a greve no próximo dia 1º, deve avisar oficialmente o governo até a próxima sexta-feira (28).

De acordo com o plano aprovado até agora, cinco setores seguirão em regime especial, para atender emergências climáticas, desastres naturais ou preservar a vida de populações tradicionais ou animais sob risco, por exemplo.

O combate ao fogo, por exemplo, será 100% mantido, uma vez que o pantanal vive atualmente o que pode se tornar a crise de seca mais grave de sua história.

Nesta segunda, o estado de Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência.

Nos 12 primeiros dias de junho, o bioma registrou 733 focos de incêndio, o número mais alto para toda a série histórica do mês arquivada no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que começa em 1998.

Os números são 90% maiores que os do ano de 2020 no mesmo período. Em 2020, o fogo destruiu 26% do bioma, o maior incêndio de sua história.

CINCO SETORES SEGUIRÃO REGIME ESPECIAL NA GREVE

– Licenciamento: Manutenção de 10% dos servidores, em casos de emergência ambiental ou calamidade pública;

– Unidades de conservação: Apenas demandas emergenciais que possam colocar em risco comunidades tradicionais e/ou coloquem em risco imediato a biodiversidade e conservação dos recursos naturais e valores fundamentais das unidades;

– Fauna e flora: Mantido o resgate e os cuidados de animais sob custódia;

– Incêndios florestais: Permanecem em atividade 100% das brigadas e supervisores do Ibama voltados ao combate ao fogo;

– Emergências: Atendimento de ações emergenciais em desastres ambientais que demandem intervenção imediata