Luciano Luppi

Onde está aquele cantor que fez muito
sucesso nos anos setenta e depois sumiu? E aquela atriz que ficou famosa por
causa daquela novela e não voltou mais às telas? Alguém sabe do paradeiro
daquele artista que foi a bola da vez na década passada? Propositadamente não
cito nomes, pois o objetivo deste artigo não é a investigação da vida de determinados
artistas, e sim, pesquisar o fenômeno.
Observa-se que, no mundo artístico, as carreiras, o sucesso, a fama, o
reconhecimento, passam por situações imprevisíveis e difíceis de definir. O que
leva um artista ascender a um patamar de sucesso e fama não é algo que qualquer
ciência possa determinar. As variáveis são enormes. Faz-se sucesso a partir da
qualidade do trabalho ou sem qualidade alguma (afinal, quem determina a
qualidade?). Faz-se sucesso pela persistência e dedicação ou com a inconstância
e a irresponsabilidade. Faz-se sucesso com atitudes dignas e generosas ou com
agressão e violência. Enfim, o sucesso, ou melhor, a fama, pode surgir a partir
de qualquer tipo de comportamento ou ofício.
Dependemos muito de alguém que saiba produzir a imagem do artista, de orientar
a sua carreira comercialmente, dependemos dos meios de comunicação, de
declarações e comentários acertados em momentos apropriados, dependemos de
nosso carisma, do grupo de pessoas que nos acompanham nesta trajetória, de
conhecer o perfil daqueles que nos acompanham, de retornar ao público àquilo
que espera de nós. Necessitamos de reciclar a nossa arte e nossas atitudes e
ficarmos antenados para as mudanças e transformações sociais e culturais.
Enfim, são tantas as condições e situações que fica difícil responder: “– cadê
aquele artista do meu tempo?”
Pois, assim como a vida é cheia de imprevistos e situações inusitadas, a
carreira de um artista pode passar por circunstâncias que sequer imaginamos.
Alguns, e são poucos, conseguem continuar atuando e sendo reconhecidos até a
mais elevada idade. Mas a grande maioria encerra a sua carreira no meio do
caminho, por questões de saúde. O corpo envelhece e já não consegue exercer
determinados movimentos, o vigor se esvai e a memória começa a dar sinais de
enfraquecimento. Mas isso não chega a ser uma regra, pois existem muitos
artistas que estão desfrutando de boa saúde e já abandonaram a atividade.
Presumo que aquele artista “do seu tempo”, na sua maioria, esteja sumido por
questões (além da saúde) de desgosto, de novos projetos de vida, por
necessidade de sobrevivência financeira, de abandono de amigos e colegas, por
terem falado o que não devia quando não devia, por questões familiares,
afetivas, psicológicas... e por aí vai, como todos os seres humanos.
“Necessitamos de reciclar a
nossa arte e nossas atitudes”