Retrospectiva: Relembre os
principais fatos no mundo em 2020
Derrota de Donald Trump, normalização das relações
entre Israel e países árabes, movimento Black Lives Matter (Vidas negras
importam): a pandemia de covid-19 não foi o único evento marcante no mundo em
2020
Redação, O Estado de S.Paulo
PARIS - A derrota de Donald Trump,
a normalização das relações entre Israel e países
árabes, o movimento Black Lives
Matter (Vidas negras importam): a pandemia de
covid-19 não foi o único evento marcante no mundo em 2020. Relembre os
principais eventos:
Escalada no Oriente Médio
Em 3 de janeiro, o poderoso general Qassim Suleimani,
arquiteto da estratégia iraniana no Oriente Médio, é morto no ataque de um
drone americano em Bagdá, após a invasão da embaixada americana por manifestantes pró-iranianos
na capital iraquiana.
No
dia 8, em represália, o Irã dispara mísseis contra bases onde servem militares
americanos no Iraque. Um avião civil ucraniano é derrubado "por
engano" algumas horas depois pelo Irã, deixando 176 mortos.
Resgate
de corpos na área do acidente em Shahedshahr, sudoeste da capital iraniana,
Teerã Foto: Ebrahim Noroozi/AP
Crise sanitária
Em 11 de janeiro, menos de duas semanas após o
aparecimento de uma pneumonia misteriosa na China, Pequim anuncia a primeira
morte oficialmente registrada por uma doença que seria posteriormente
denominada de covid-19, posteriormente qualificada como pandemia pela Organização
Mundial da Saúde (OMS).
Em
abril, metade da humanidade se confinava para tentar frear sua
propagação. Vários setores econômicos afetados demitem, governos anunciam
planos de recuperação maciços. Segundo o Banco Mundial, até 115 milhões de
pessoas foram jogadas na pobreza extrema.
Em outubro, uma segunda onda reinicia os
confinamentos na Europa. Em dezembro, o Reino Unido torna-se
o primeiro país do Ocidente a iniciar uma campanha de vacinação, após meses de
pesquisas para desenvolver o fármaco.
Poucos
dias antes do Natal, vários países adotam restrições, incluindo confinamentos.
A descoberta de uma nova cepa do vírus, possivelmente mais contagiosa, leva
diversas nações a proibir os voos com o Reino Unido.
A pandemia deixa mais de 1,7 milhão de
mortos. Com mais de 190 mil mortos e quase 7 milhões de contágios, o
Brasil é o segundo país do mundo mais afetado, atrás dos Estados Unidos.
Na província de Wuhan, epicentro do coronavírus,
funcionários médicos inspecionam equipamento por sinais do vírus Foto: China
Daily via REUTERS
Brexit se concretiza
Na noite de 31 de janeiro, a saída do Reino
Unido da União Europeia, decidida pelos britânicos em um
referendo em 2016, se torna efetiva após três adiamentos. Este primeiro
divórcio europeu põe fim a 47 anos de vida comum.
Em
24 de dezembro, Londres e Bruxelas alcançam um acordo comercial, negociado
durante mais de 10 meses, uma semana antes do fim do período de transição.
Manifestantes
favoráveis e contrários ao Brexit se manifestam na frente do Parlamento
britânico na véspera da votação do acordo Foto: EFE/Will Oliver
Acordo EUA-Taleban
Em
29 de fevereiro, os Estados Unidos e os taleban afegãos assinam um acordo
histórico em Doha, que abre a via para a saída de tropas americanas, após duas
décadas de guerra.
O
Pentágono anuncia a retirada de cerca de 2 mil militares americanos até 15 de janeiro
de 2021. Ficarão 2,5 mil.
Homicídio de George Floyd
Em 25 de maio, George Floyd,
um cidadão afro-americano, morre asfixiado em Mineápolis, após um policial
branco pressionar seu joelho sobre seu pescoço por vários minutos.
O
vídeo em que Floyd aparece dizendo "não consigo respirar" viraliza,
dando início a manifestações pontuadas pela violência, de uma amplitude inédita
desde os anos 60, pedindo a reforma da polícia e o fim das desigualdades
raciais sob o lema "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam).
Os
protestos se espalham pelo mundo.
Protestos foram registrados em todos os Estados
americanos Foto: Mark Malela/Getty Images/AFP
China-EUA: cheiro de guerra fria
Em maio, o presidente americano, Donald
Trump acusa a China de ter provocado um "massacre em massa
mundial" com o coronavírus, surgido em seu território. Ao sancionar
uma lei sobre a segurança nacional em Hong Kong, Washington evoca o regime
econômico preferencial do território.
Em
julho, os Estados Unidos infligem sanções a vários dirigentes da região de
Xinjiang (noroeste), acusando Pequim de manter em reclusão ao menos um milhão
de muçulmanos da minoria uigur. A China desmente, evocando centros de formação
profissional.
No fim de julho, tendo como pano de fundo acusações
de espionagem, Washington fecha um consulado da China em solo
americano, e a medida é seguida por Pequim.
Em
agosto, a ByteDance, proprietária do aplicativo de vídeos TikTok, é obrigada a
ceder seus ativos americanos. As discussões entre Washington e a TikTok
continuam.
Em
dezembro, Washington anuncia que não concederá vistos a dirigentes do Partido
Comunista Chinê (PCC) suspeitos de cometer violações dos direitos humanos.
Pequim ameaça adotar represálias.
China e o poder sobre Hong Kong e manifestações na
Tailândia
No fim de junho, um ano após manifestações
históricas, uma lei polêmica sobre segurança nacional é promulgada em Hong Kong, embora se
suponha que desfrute de uma semi-autonomia até 2047, com liberdades
inexistentes na China continental.
Uma
resolução do Parlamento chinês permite destituir qualquer legislador
considerado uma ameaça.
Em
dezembro, três célebres militantes pró-democracia, entre eles Joshua Wong, são
condenados a penas de prisão por seu envolvimento nas manifestações. O magnata
pró-democracia Jimmy Lai, processado por fraude, é colocado em prisão
provisória.
Na
Tailândia, desde julho dezenas de milhares de manifestantes pró-democracia
pedem a renúncia do primeiro-ministro, Prayut Chan-O-Cha, mudanças na
Constituição e reformas profundas da monarquia.
Explosão em Beirute
Em 4 de agosto, uma gigantesca explosão deixa mais
de 200 mortos e pelo menos 6.500 feridos, destruindo o Porto de Beirute e
causando estragos em quarteirões inteiros da capital libanesa.
A
deflagração, provocada por um incêndio em um entreposto onde eram armazenadas
toneladas de nitrato de amônio sem precaução, joga por terra uma economia já em
apuros.
Crise na Bielo-Rússia
Manifestantes fazem marcha contra
o resultado da eleição presidencial da Bielo-Rússia Foto:
Reuters
Em 9 de agosto, o presidente da Bielo-Rússia, Alexander
Lukashenko, é reeleito com folga após uma votação considerada
fraudulenta pela oposição ocidental.
Por
quase quatro meses, dezenas de milhares de manifestantes pedem sua saída a cada
domingo em Minsk. Os líderes da oposição são presos ou forçados ao exílio. Ao
menos quatro pessoas são mortas. Nas últimas semanas, o movimento perde
força.
Em dezembro, a líder opositora Svetlana
Tikhanovskaya recebe o prêmio Sakharov no Parlamento Europeu, enquanto
a UE amplia as sanções contra Minsk.
Golpe de Estado no Mali
Em 18 de outubro, o presidente do Mali, Ibrahim
Boubacar Keita, é deposto por um golpe militar após vários meses de crise
política.
O
golpe é condenado pela comunidade internacional e gera sanções. As mesmas são
suspensas em outubro, após a nomeação de um governo de transição, que deve
ceder o poder aos civis ao final de 18 meses.
Caso Navalny
Em 20 de agosto, o principal opositor russo, Alexei Navalni,
é hospitalizado após sofrer um sério mal-estar, antes de ser autorizado no dia
22 a se tratar com urgência na Alemanha. Vários exames indicam que ele foi
envenenado por um agente neurotóxico do tipo Novitchok, uma
substância desenvolvida por especialistas soviéticos com fins militares.
O opositor acusa o presidente russo, Vladimir
Putin, de estar por trás de seu envenenamento,. Moscou rejeita a
acusação. A União Europeia adota sanções contra várias pessoas do entorno
do presidente russo.
Incêndios e furacões
Em
9 de setembro, São Francisco e outras regiões do oeste dos Estados Unidos
acordaram com um céu alaranjado, digno de uma cena apocalíptica, por causa da
fumaça dos incêndios que devastam a Califórnia. Em novembro, dois furacões
devastam a América Central, deixando mais de 200 mortos e milhões de dólares em
danos.
Na
Austrália, em plena onda de calor, gigantescos incêndios destroem 40% das
florestas da ilha Fraser, a maior ilha de areia do mundo, considerada um
patrimônio mundial pela Unesco.
E
regiões inteiras da Argentina, do Paraguai, da Bolívia e do Brasil sofreram com
incêndios devastadores.
De
acordo com dados provisórios da Organização Meteorológica Mundial (OMM), 2020
será o segundo ano mais quente já registrado, depois de 2016.
Normalização com Israel
Em 15 de setembro, os Emirados Árabes
Unidos e o Bahrein assinam acordos de normalização
com Israel na Casa Branca.
Os palestinos denunciam uma traição.
Sudão e Marrocos também
normalizam as relações com Israel, em 23 de outubro e 10 de dezembro,
respectivamente.
Conflito em Nagorno-Karabakh
Em 27 de setembro, após semanas de retórica
beligerante, têm início combates entre as forças do Azerbaijão e
as de Nagorno-Karabakh, um enclave de maioria armênia, disputado há
décadas.
Erevan
acusa Ancara de enviar mercenários da Síria para apoiar as forças azerbaijanas.
Baku afirma que armênios originários da diáspora combatem em Karabakh.
Após
seis semanas de combates, que deixaram mais de 5.000 mortos, um cessar-fogo é
assinado em novembro sob a égide do Kremlin. O mesmo consagra a vitória do
Azerbaijão e concede importantes ganhos territoriais.
Atentados na França e na Áustria
Em
16 de outubro, o professor de história Samuel Paty é decapitado na região
parisiense por um islamita radicalizado, após ter mostrado caricaturas do
profeta Maomé a seus alunos durante uma aula sobre liberdade de expressão.
Após o apoio expresso do chefe de Estado
francês, Emmanuel Macron, ao direito à caricatura, o presidente
turco, Recep Tayyip
Erdogan, inicia uma campanha de boicote a produtos franceses.
Em 29 de outubro, três fiéis - entre eles uma brasileira -
são mortos a facadas na Basília de Nice, no sudeste da França, por um tunisiano
que havia chegado recentemente à Europa.
Em
2 de novembro, quatro pessoas são mortas em um atentado islamita em Viena, o
primeiro desta proporção a visar a Áustria.
Constituinte no Chile
Em 25 de outubro, os chilenos optaram por grande
maioria por mudar Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990)
e redigir uma nova, com uma Assembleia Constituinte, após os grandes protestos
que começaram em 2019.
Trump derrotado, Biden eleito
O democrata Joe Biden foi vice-presidente de Barack
Obama Foto: Angela Weiss/AFP
Em 3 de novembro, os americanos votaram para
escolher entre o presidente em fim de mandato, o republicano Donald Trump,
candidato à reeleição, e o democrata Joe Biden, em um país
extremamente dividido.
Após
quatro dias de tensas expectativas, o ex-vice-presidente de Barack Obama é
declarado vencedor. Donald Trump, que alega, sem apresentar provas, que as
eleições foram fraudadas, se recusa a admitir a derrota.
Em
14 de dezembro, o colégio eleitoral ratifica a vitória do candidato democrata,
com 306 votos, contra 232 para o republicano
Três presidentes em uma semana no Peru
Em 9 de novembro, o Congresso do Peru destitui o
presidente Martín Vizcarra, que substituído pelo presidente da
Câmara, Manuel Merino. A decisão provoca uma avalanche de protestos sociais,
que deixam dois mortos e centenas de feridos.
Merino
renuncia cinco dias depois de tomar posse e o Congresso escolhe como sucessor o
centrista Francisco Sagasti.
Etiópia: conflito no Tigré
Em 4 de novembro, o primeiro-ministro etíope, Abiy
Ahmed, prêmio Nobel da Paz, anuncia uma operação militar contra as
autoridades da região do Tigré (norte), que ele acusa de terem atacado duas
bases do exército federal.
Os
ataques foram inventados para justificar a intervenção, afirmam as autoridades
regionais da Frente de Libertação dos Povos do Tigré (TPLF). Este partido foi
marginalizado com a chegada ao poder de Abiy, após ter controlado a vida
política etíope por quase 30 anos. Dezenas de milhares de etíopes fogem
dos combates rumo ao Sudão.
Morre Diego Maradona
Em 25 de novembro morre o astro do futebol Diego Armando Maradona,
aos 60 anos, vítima de uma parada cardíaca em sua residência na Argentina,
notícia que provoca uma comoção ao redor do mundo. / AFP