Câmara vota
nesta quarta denúncia contra Michel Temer e ministros
Agência Brasil
O plenário da Câmara
deve votar nesta quarta-feira (25) a segunda denúncia apresentada pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer.
Temer é denunciado
pelos crimes de obstrução da Justiça e organização criminosa. No mesmo
processo, são denunciados ainda os ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira
Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, por organização criminosa.
Durante a votação,
os deputados irão decidir se autorizam o Supremo Tribunal Federal (STF) a
investigar o presidente e os ministros. Para isso, são necessários que 342 dos
513 deputados votem pela autorização do prosseguimento da denúncia na Justiça,
conforme determina a Constituição Federal. Se isso não ocorrer, a denúncia fica
suspensa e o presidente só poderá ser processado após deixar o mandato.
A denúncia já foi
analisada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), que aprovou
o parecer do relator Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) pela inadmissibilidade da
denúncia.
Rito da votação
A sessão no plenário
destinada a votar o parecer aprovado na CCJ está prevista para começar às 9h. O
rito da votação deve tomar todo o dia.
Para iniciar a
sessão, é preciso quórum mínimo de 52 deputados. Depois de alcançado esse
número, o relator terá 25 minutos para apresentar seu parecer em plenário.
Em seguida, cada um
dos advogados dos três denunciados poderá se manifestar pelo mesmo tempo do
relator.
Apresentados o
parecer e as defesas, deputados favoráveis e contrários à denúncia poderão
discutir a matéria por até cinco minutos cada um. Quando dois parlamentares de
cada lado tiverem falado, poderá ser apresentado um requerimento de
encerramento da discussão que deverá ser submetido à votação do plenário.
O processo de
votação só poderá ser iniciado depois de encerrada a discussão e de alcançado o
quórum de pelo menos 342 deputados em plenário.
Novamente, quatro
deputados, dois favoráveis e dois contrários ao parecer, poderão se manifestar
para encaminhar a votação. Os líderes partidários também poderão falar por até
um minuto para orientar o voto de suas bancadas.
Votação aberta
Assim como na
votação do impeachment de Dilma Roussef e da primeira denúncia contra
Temer, a votação será aberta. Cada parlamentar será chamado para proclamar o
voto no microfone do plenário. A chamada será por ordem alfabética, alternando
os representantes dos estados do Norte e do Sul do país.
Denúncia
No dia 14 de
setembro, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot apresentou ao
Supremo Tribunal Federal (STF) a segunda denúncia contra o presidente Michel
Temer. Em junho, Janot havia denunciado o presidente pelo crime de corrupção
passiva.
Desta vez, Temer é
acusado de ser o líder de uma organização criminosa desde maio de 2016 até
2017, segundo a denúncia.
De acordo com a
denúncia, o presidente e outros membros do PMDB praticaram ações ilícitas em
troca de propina, por meio da utilização de diversos órgãos públicos. Além de
Temer, são acusados de participar da organização criminosa os integrantes do
chamado "PMDB da Câmara": Eduardo Cunha, Henrique Alves, Geddel
Vieira Lima, Rodrigo Rocha Loures, Eliseu Padilha e Moreira Franco.
A acusação aponta
que os denunciados receberam pelo menos R$ 587 milhões de propina. No esquema,
Temer seria o responsável por negociar cargos de órgãos públicos, como a
Petrobras, a Caixa Econômica Federal e Furnas, que seriam ocupados pelos
acusados em troca de apoio à base do então governo. Na denúncia, Janot cita que
a organização contaria com a participação de integrantes do PP, do PT e do PMDB
no Senado.
Em relação à
denúncia de obstrução da Justiça, Janot diz que o presidente teria incentivado
os executivos da JBS, Joesley Batista e Ricardo Saud, a pagar vantagens a uma
irmã do doleiro Lúcio Funaro para evitar que ele firmasse acordo de colaboração
premiada com o Ministério Público Federal.
Os empresários e o
doleiro são denunciados pela tentativa de impedir as investigações sobre a
organização criminosa. Funaro acabou firmando acordo com os investigadores, que
se basearam nas informações de sua delação para elaborar a denúncia contra
Temer e os demais.
Todos os denunciados
negam as acusações.



