terça-feira, 23 de junho de 2015

TRAVESSIA DE FERNANDO BRANT





João Carlos Martins




“O que foi feito amigo
De tudo que a gente sonhou
O que foi feito da vida
O que foi feito do amor...”

Da vida um sonho, do amor uma vida e depois da tua partida ficamos sós com uma saudade menina a passear com aquele verso menino que escreveste há tantos anos atrás...

A pedra no meio do nosso caminho na sua solidão concreta tornou-se mais fixa e solar.

Serão sete chaves e um coração suficientes para guardar tanto gosto pela amizade?

Se quem cantava chorou, quem escreve agora também chora, ao ver o ”escritor de canções” partir... Canções principais da trilha sonora da nossa juventude; as descobertas, os primeiros amores, as primeiras estradas, os sonhos, as melodias e até mesmo a fé!

Como grande poeta, teu nome se mimetiza no brilho dos teus versos e Fernando Brant se torna “Manoel, o Audaz”, se torna “Diana quase humana”, se torna “Maria som e cor”, se torna canção, se torna “Travessia”...

Os lugares? Como Minas, são muitos. Um vitral colorido e singelo de paisagens da mais pura mineiridade: Praças, igrejas, estradas, trilhos, pó, poeira, janelas, caminhos, pedras, pranto, brisa, sonhos, corpo, amizade, liberdade, voz. Mercado Central, fígado acebolado, cerveja gelada, uma boa conversa, uma pinga e a piada. Roupas nos varais, quintais, noites e principalmente, aonde começou a história: Uma esquina.

Uma esquina que virou clube; Clube da Esquina, que virou canções que hoje habitam as esquinas dos corações de Minas!

Simplicidade. “Um mineiro tranquilo”, como de ti dizias, traço que nos possibilitou essa e outras tantas travessias: Chorar não é fraqueza, aonde esse não lugar? – que pulsa e pede passagem – antes mesmo da voz, começa a viagem: Um choro e a estranheza. Diante de certas dores tudo parece perder o sentido, a vida, os lugares... Caminho de pedra, sem sonho ou esperança... A solidão quebrando a timidez, soltar a voz nas estradas... A voz abrindo caminhos para a vida, não querendo parar...

Soltar a voz nas estradas, não querer parar...

Construir estradas entre palavras sem parar não perder a voz soltar nas estradas a voz através do canto caminho de pedra letra sonho feito de brisa vento vem terminar começar outro canto soltar a voz nas estradas nas estrelas vida vento velas entre palavras caminhos a brisa o pranto querer amar de novo amar de novo cantar de novo cantar amor fazer com o braço o viver amar de novo sofrer fazer com o braço o viver não sonhar não sofrer aprender fazer com o braço o viver tempo distância dizer sim e não fazer com o braço o viver... Cantar... Escrever...

Tempo, distância, sim e não. Pontos cardeais do caleidoscópio incandescente das possibilidades, fechando o pranto, se abrindo para a vida!

Ficarão para sempre essa saudade e canções,

“No lado esquerdo do peito!”

SORTE MALEDETTA




  

Manoel Hygino




Não desejava voltar a comentar problemas da política e da administração pública, por motivos que os brasileiros conhecem e sentem. Os cidadãos dignos deste país (que o jornalista Eduardo Almeida Reis classifica de grande e bobo) repudiam o estado a que chegamos, uma barafunda que depõe contra nossos foros de civilidade e patriotismo.

Na verdade, o povo, que sente na pele e no estômago os erros e falcatruas (os malfeitos, se quiserem este substantivo, no plural), não alimenta benévolas expectativas sobre seu futuro. Os escândalos que abalam a nação demonstram à suficiência, para onde e para quem foram os vultosíssimos recursos subtraídos do orçamento. Os nomes dos beneficiários pelo logro, para não dizer crime, se tornaram conhecidos porque a imprensa não os omite.

O brasileiro não os perdoa, indigna-se e exige punições à altura dos danos causados à nação por falsos mensageiros do bem, da paz e do progresso. Para o contribuinte anônimo mas consciente, são pessoas que deveriam estar na cadeia, como os indivíduos que praticam ilícitos penais estabelecidos na legislação específica.

Se tudo o que se desfalcou no país fosse devolvido, em termos de dinheiro e patrimônio, somando-se juros, multas e correção monetária, não se precisaria evidentemente dos cortes orçamentários que os ministros da área econômica propuseram. Os poderes da República não têm como impedir redução de verbas, porque não há outro caminho ou proposta a seguir, para evitar a bancarrota.

Vive a nação um dos piores períodos de sua história nem sempre tranquila, como se desejaria e se poderia. Em meado de ano, não se sabe o que será o segundo semestre, senão pela projeção de dados e previsões nem sempre confiáveis.

Em meio a tudo, a certeza única de que a segunda metade de 2015 será mais difícil. Um ministro da presidente declarou: “Vão ocorrer várias reclamações sobre paralisação de obras. Pararam, sim. Não há cortina de fumaça e não posso esconder o que está acontecendo”.

O Ministério da Saúde teve seu orçamento reduzido em R$ 103,2 bilhões, o segundo maior corte entre todas as pastas. Quem tem coração forte para sofrer as consequências saberá do desfecho. A morte pode bater à porta de inúmeros lares.

O desenlace seria mais suave se as autoridades se conscientizassem de seu papel na sociedade cristã ou solidária em que nos encontramos. Seria menos penoso para a população, se se diminuísse o número de ministérios e, não só eles; que se extinguissem as mordomias, com gabinetes, secretarias, adjuntos, assessores, suportes burocráticos, carros, motoristas, 14º e 15º salários nos três poderes da República. E há muito mais a se fazer com idêntico objetivo.

Já nem falo em criminalizar o enriquecimento ilícito com maior velocidade – evidentemente sem objetivo persecutório, mas confiscando os bens dos que construíram fortunas e adquiriram patrimônios de forma indevida, tudo rigorosamente dentro da lei, não acorrentada a expedientes protelatórios sobremaneira conhecidos.

POR QUE O INTERIOR DA TERRA É QUENTE?



Clique Ciência: por que o interior da Terra é quente?
Tatiana Pronin



No passado geológico, nosso planeta era muito quente. Pesquisas indicam que ele se originou há cerca de 4,6 bilhões de anos, após uma grande explosão. Com o passar do tempo, houve um resfriamento lento e gradual, mas o interior da Terra, rico em ferro e níquel, ainda guarda bastante calor.
"A radioatividade, ou seja, a emissão espontânea de partículas radioativas pela desintegração de isótopos que existem em minerais e rochas do interior da Terra, também explica o calor no interior do planeta", afirma Alexandre Uhlein, professor e pesquisador do departamento de geologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Quanto mais profunda a camada, mais quente fica o interior da Terra, o que constitui um gradiente geotérmico. "Nas primeiras centenas de quilômetros, a temperatura aumenta cerca de 30 ou 40 graus centígrados. Porém, a partir de uma certa profundidade, essa variação muda, com grande redução nessa taxa de profundidade, pois entra em ação o fator pressão", continua o professor e pesquisador Norberto Sgarbi, também do departamento de geologia da UFMG.
Até 6.000 graus
Os especialistas estimam que o núcleo da Terra tenha 5.000 graus centígrados, ou seja, é muito quente. Mas, em uma pesquisa recente, publicada na revista Science, pesquisadores do Laboratório Europeu de Radiação Síncroton (ESRF, na sigla em inglês) defenderam que a estimativa mais precisa é de 6.000 graus.
A verdade é que nenhuma sonda até hoje conseguiu alcançar o núcleo do planeta, que fica a milhares de quilômetros do solo. O que a equipe do ESRF fez foi utilizar um feixe de raios-X para analisar uma amostra. De qualquer forma, ainda são necessárias confirmações até que o novo valor - 1.000 graus superior ao atual - seja utilizado como referência.
Resfriamento
Existe risco de que o interior da Terra resfrie com o passar do tempo? "Não existe risco, mas certeza desse resfriamento", responde Sgarbi. Como as rochas que cobrem o interior não são boas condutoras de calor, no entanto, isso só deve ocorrer de forma gradual, dentro de bilhões de anos.
Quando o resfriamento total ocorrer, o provável é que o campo magnético que protege a Terra diminua muito ou se encerre, e a radiação solar acabe com a nossa atmosfera, ou torne muito difícil viver nela. Portanto é bom que o processo seja bem lento, mesmo.
Veja, a seguir, as camadas que compõem o interior da Terra:
Crosta - a camada mais externa é subdividida em continental e oceânica. A primeira é rica em silício e alumínio. As rochas principais são o granito e também há potássio, urânio e tório. As espessuras são de 25 a 70 km. Já a crosta oceânica é rica em sílica e magnésio. Suas rochas principais são os basaltos, e as espessuras são de 7 a 10 km.

Manto - é a camada mais espessa, com 2.885 km. Os principais minerais são a olivina magnesiana e os piroxênios, além de granadas e espinélio.

Núcleo - é subdividido em externo e interno. O externo é uma camada líquida, constituída por metais fundidos como ferro e níquel. Já o interno é formado por ligas metálicas sólidas, também de ferro e níquel. Juntas, as camadas alcançam a espessura de 1.271 km.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

TIME DA DILMA É IGUAL AO TIME DA SELEÇÃO BRASILEIRA



  

Ricardo Galuppo


Existe uma semelhança incrível entre a Seleção Brasileira, essa que disputa a Copa América, e a tal reforma fiscal levada adiante pelo ministro Joaquim Levy. Explica-se. Depois do desempenho bisonho do time de Luiz Felipe Scolari no último Mundial, a torcida esperava uma mudança profunda na organização do nosso futebol. No calor da derrota, muito se falou, muito se prometeu — e ficou a impressão de que não restaria pedra sobre pedra da antiga organização do esporte no país. Na hora do vamos ver, no entanto, percebe-se que as mudanças foram pífias e geraram um time parecido com o de Felipão. E o que se vê no time treinado por Dunga (desde a convocação até a postura dos jogadores em campo) é uma incompetência semelhante à que levou ao vexame histórico diante da Alemanha.

Onde está a semelhança com a reforma de Levy? Bem, depois do forrobodó fiscal tocado pelo ex-ministro Guido Mantega no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (cujo resultado está para a economia brasileira assim como aqueles 7 a 1 estão para o futebol), prometeram-se mundos e fundos para colocar as contas públicas em ordem. O novo técnico chegou com um discurso duro, garantindo a austeridade necessária para colocar ordem na bagunça. Mas o que se vê na Esplanada é um time perdidão. Um time que não sabe o que fazer com a bola nos pés e quer se livrar de seus problemas com chutões para frente. Exatamente como a seleção de Dunga nos campos do Chile.

FALTA ESQUEMA DE JOGO

A Seleção de Dunga culpa a arbitragem por seus tropeços. O time de Levy joga sobre o Congresso a responsabilidade por sua paralisia. Tudo bem: nem os árbitros são santos nem os chefes de nosso legislativo são flores que se cheirem. Mas uns e outros não causariam embaraços se os propósitos das equipes (tanto a do futebol quanto a da economia) fossem claros e elas estivessem talhadas para vencer. Não estão. Uma reforma que mereça este nome é algo muito mais sério e profundo do que meras elevações de impostos e promessas nunca cumpridas de seriedade no gasto do dinheiro do povo. Longe de promover uma transformação virtuosa na forma de lidar com o dinheiro, as medidas do ministro não passam de improvisações fiscais que buscam única e tão somente evitar que a vaca vá para o brejo antes do final do primeiro tempo.

CABO DE VASSOURA

OK. Mais de uma vez já se falou neste espaço que as providências de Levy são melhores do que deixar tudo como estava e que a substituição do ministro por outro técnico, neste momento, pode ser trágica — mil vezes mais trágica do que seria para a Seleção a troca de Dunga por um cabo de vassoura. É a mais pura verdade. Mas sejamos sinceros: o que o ministro está fazendo é um remendo fiscal, jamais uma reforma. Falta esquema de jogo. Falta saber alcançar o gol.

P.S.

O time de Dunga pode até ganhar o torneio, embora isso seja improvável. Dilma, da mesma forma, pode eleger seu sucessor daqui a três anos e meio — embora isso seja mais improvável ainda. Mas é evidente que a sociedade já se deu conta que um e outra são incapazes de produzir uma solução de longo prazo para os problemas que têm nas mãos.


AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...